quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Por que 1hora tem 60 minutos?


👉-Há cerca de 5.000 anos, os Sumérios, que viviam na antiga Mesopotâmia (atual Iraque), revolucionaram a forma como percebemos e medimos o tempo.

Os matemáticos da Mesopotâmia Antiga utilizaram um sistema de numeração baseado no número 60 conhecido como sistema sexagesimal e posicional, provavelmente inspirado nas computações feitas para construir seus "primitivos" calendários lunares: 12 meses de 30 dias solares.

Este sistema único levou a dividir posteriormente uma hora em 60 minutos e um minuto em 60 segundos , conceitos que ainda são utilizados hoje.

A necessidade dos Sumérios de disporem de um cronometragem preciso foi impulsionada pela sua sociedade agrícola. Calendários precisos eram essenciais para plantar e colher culturas. Eles também precisavam de coordenar suas complexas cerimônias religiosas e atividades administrativas.

Para ajudar a medir o tempo, os Sumérios fizeram importantes avanços na astronomia.

Eles observaram os movimentos dos corpos celestes e usaram esse conhecimento para criar um calendário lunar de 12 meses.

Os Sumérios dividiram o ano em doze ciclos lunares, embora este tempo não coincidisse com o ano solar (que era mais longo), então eles adicionavam um dia a cada quatro anos para compensar (o que é agora o ano bissexto).

Mais tarde, os babilônios fracionaram o dia em 24 horas e a hora em 60 minutos, que se alinhava estreitamente com as estações agrícolas.

Estas divisões não eram arbitrárias, mas foram projetadas para serem práticas e facilmente divisíveis, reflectindo a compreensão avançada da matemática suméria.

Esta abordagem inovadora do tempo teve um impacto profundo em civilizações posteriores, incluindo os babilônios, gregos e romanos, que adotaram e desenvolveram ainda mais o sistema sumério.

O legado do sistema de cronometragem Sumérios é evidente nos nossos relógios e calendários modernos, demonstrando a influência duradoura da sua engenhoca na nossa vida diária.

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

As placas tectônicas e a evolução


Acredita-se que as placas tectônicas foram um fator significativo na formação do nosso planeta e na evolução da vida. Marte e Vênus não experimentam tais movimentos de placas crustais, mas as diferenças entre os mundos são evidentes.

A exploração de exoplanetas também revela muitos ambientes variados. Muitos desses novos mundos alienígenas parecem ter um aquecimento interno significativo e, portanto, também não apresentam movimentos de placas. Em vez disso, um novo estudo revela que essas "Terras de Ignan" têm maior probabilidade de ter tubos de calor que canalizam o magma para a superfície. O resultado provável é uma temperatura de superfície semelhante à da Terra em seu período mais quente, quando a água líquida começou a se formar.

A tectônica de placas explica o movimento e a interação das camadas superiores da Terra. Mais precisamente, a litosfera, que é composta pela crosta e pela camada superior do manto. Ela é dividida em vários pedaços conhecidos como placas tectônicas, que flutuam sobre a camada semifluida abaixo, chamada astenosfera. Onde as placas se encontram, formam-se características geológicas, incluindo montanhas, vulcões e trincheiras.

Esse processo foi um fator crucial para a evolução da vida em nosso planeta. O deslocamento das massas de terra criou novos habitats e fez com que as populações ficassem isoladas, permitindo a formação de ecossistemas individuais.

As colisões de placas levaram ao desenvolvimento de cadeias de montanhas, o que influenciou os padrões meteorológicos e o clima. A atividade vulcânica impulsionada pelo movimento das placas fez com que os solos se tornassem férteis, a vida vegetal florescesse e a liberação de gases como o dióxido de carbono na atmosfera ajudasse o planeta a regular seu clima. Esse foi realmente um processo crucial para a evolução do nosso planeta.

Em alguns aspectos, o processo também impede o superaquecimento do ambiente interno de um planeta. Há uma linha de pensamento de que, se a Terra não tivesse esse movimento de placas, ela poderia ser quente demais internamente para que um ambiente estável evoluísse. Esse foi o tema de um artigo de Matthew Reinhold e Laura Schaefer publicado no Journal of Geophysical Research: Planets.

Eles exploraram a probabilidade de que esse mundo pudesse ter tanto aquecimento interno que, em vez disso, se assemelharia a corpos como a lua de Júpiter, Io. Aqui, vemos níveis intensos de vulcanismo, onde a lava entra em erupção violentamente a centenas de quilômetros na atmosfera, que está cheia de gases tóxicos.

Não é apenas a falta de placas tectônicas que pode levar a altos níveis de aquecimento interno. Os efeitos das marés podem fazer com que os mundos tenham uma face constantemente apontada para o sol, proporcionando uma ampla gama de temperaturas na superfície.

Coletivamente, esses mundos são conhecidos casualmente como Terras de Ignan, e o artigo explora se eles são habitáveis. A exploração da geologia dos corpos em nosso sistema solar proporciona uma grande percepção. A equipe demonstrou que é provável que os mundos com altas temperaturas internas desenvolvam um manto sólido. Como resultado, a crosta permanecerá amplamente estável, com a única atividade provável sendo a tectônica de tubo de calor, em que parte do calor interno é transferido para a superfície, por exemplo, a partir da atividade vulcânica.

A equipe foi capaz de modelar a provável faixa de temperatura da superfície com base em vários tipos diferentes de mundos e descobriu que, ao contrário das expectativas anteriores, uma ampla faixa de taxas de aquecimento interno pode muito bem levar a mundos em que o ambiente é propício à habitabilidade.

🔹 MAIS INFORMAÇÕES: Matthew Reinhold et al, Ignan Earths: Habitability of Terrestrial Planets With Extreme Internal Heating, Journal of Geophysical Research: Planets (2025). DOI: 10.1029/2023JE008029 

Informações sobre a revista: Journal of Geophysical Research: Planets

Fornecido por Universe Today 

🌏 Créditos/fonte/Publicação: por  Mark Thompson, Universo Hoje . phys.org


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domingo, 16 de novembro de 2025

Buraco de Minhoca


Você já ouviu falar nos buracos de minhoca? Eles parecem coisa de ficção científica… e, por enquanto, são mesmo — mas têm base na física real!

Imagine que o espaço é como uma folha de papel. Se você dobra essa folha e aproxima dois pontos distantes, basta um túnel para ligar um ponto ao outro. 

➡ Esse túnel seria o buraco de minhoca.

🧠 1. O que são, segundo Einstein

Os buracos de minhoca surgem como soluções possíveis das equações da Relatividade Geral de Einstein — a teoria que descreve como o espaço e o tempo se curvam pela presença de massa e energia. Em outras palavras, a matemática da gravidade permite que existam atalhos no tecido do espaço-tempo.

✨ Essa ideia foi proposta originalmente por Albert Einstein e Nathan Rosen, em 1935, e ficou conhecida como “ponte de Einstein–Rosen”. O nome “buraco de minhoca” surgiu bem depois, em 1957, com o físico John Wheeler, que usou a analogia de uma minhoca atravessando uma maçã para explicar o atalho entre dois pontos do espaço.

🧭 Apesar de grandes cientistas terem descrito isso, não quer dizer que os buracos de minhoca existam de fato — apenas que a física não proíbe algo assim.

⚛️ 2. Para existir, eles precisariam de algo a mais

Mesmo que a teoria permita, um buraco de minhoca não se manteria aberto sozinho. A gravidade faria o túnel colapsar imediatamente. Para evitar isso, ele precisaria de uma forma de energia muito diferente da que conhecemos — algo capaz de empurrar o espaço-tempo para fora, sustentando o túnel aberto.

Os físicos chamam isso, de forma técnica, de “matéria exótica”, mas ninguém sabe ao certo se algo assim realmente existe.

👉 É uma hipótese, não uma descoberta.

🌌 3. Por que o túnel colapsarias

Mesmo que um buraco de minhoca surgisse, ele seria extremamente instável. Qualquer partícula, fóton ou nave que tentasse atravessar aumentaria a curvatura local e o túnel desabaria em frações de segundo, virando um buraco negro. Por isso, a maioria dos modelos teóricos indica que ele fecharia antes que alguém pudesse atravessar.

⏳ E quanto à viagem no tempo?

Alguns físicos mostraram que, se fosse possível estabilizar um buraco de minhoca (um grande “se”!), ele poderia até criar efeitos parecidos com viagem no tempo.

Mas isso está muito além do que a ciência pode testar hoje.

🧭 Resumindo

✔ A teoria de Einstein permite que existam.

✘ Ninguém nunca observou um.

✘ Mesmo que existissem, não seriam atravessáveis.

Mesmo assim, os buracos de minhoca continuam sendo um dos conceitos mais fascinantes e inspiradores da física moderna — um lembrete de que, às vezes, a matemática enxerga mais longe do que os nossos telescópios. 🌠

📚 Referências 

Einstein, A. & Rosen, N. (1935). The Particle Problem in the General Theory of Relativity. Physical Review, 48(1): 73–77.

Wheeler, J. A. (1957). On the Nature of Quantum Geometrodynamics. Annals of Physics, 2(6): 604–614.

Morris, M. S. & Thorne, K. S. (1988). Wormholes in spacetime and their use for interstellar travel: A tool for teaching general relativity. American Journal of Physics, 56(5): 395–412.

Thorne, K. S. (1994). Black Holes and Time Warps: Einstein’s Outrageous Legacy. W. W. Norton & Company, New York.

Visser, M. (1995). Lorentzian Wormholes: From Einstein to Hawking. AIP Press, New York.

Lobo, F. S. N. (2005). Exotic solutions in General Relativity: Traversable wormholes and “warp drive” spacetimes. Classical and Quantum Gravity, 21(3): 4811–4832.

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

O anti-hiperhelio 4


Cientistas do Large Hadron Collider do CERN descobriram a partícula de antimatéria mais pesada já observada: o anti-hiperhélio-4. 

Esta partícula exótica, a contraparte de antimatéria do hiperhélio-4, contém dois antiprótons, um antinêutron e uma partícula antilambda. 

A descoberta oferece insights sobre as condições extremas do universo primitivo e lança luz sobre o problema da assimetria bariônica — por que nosso universo é dominado pela matéria, apesar de a matéria e a antimatéria terem sido criadas em quantidades iguais durante o Big Bang. 

A descoberta foi feita usando colisões de íons de chumbo no LHC, recriando o ambiente hiperaquecido do universo recém-nascido. 

Modelos de aprendizado de máquina analisaram os dados, identificando partículas de anti-hiperhélio-4 e medindo precisamente suas massas. 

Embora o experimento tenha confirmado que a matéria e a antimatéria são criadas em porções iguais, o mistério do que desequilibrou o equilíbrio cósmico permanece sem solução. Com as atualizações contínuas do LHC, mais descobertas inovadoras na pesquisa de antimatéria podem estar no horizonte.


quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Por que 1minuto tem 60 segundos?


Para responder a essa pergunta, precisamos voltar para 1.500 a.C. É desta época que datam os primeiros registros de uma civilização dividindo o dia em períodos menores. No caso, eram os egípcios, que usavam relógios solares(estacas colocadas no chão que produziam sombras diferentes dependendo da posição do Sol) para marcar o intervalo entre o nascer e o pôr do Sol. Esse intervalo era dividido em 12 partes, pelo simples motivo de os egípcios preferirem usar o sistema duodecimal.


Hoje, nós costumamos usar o sistema decimal (que divide tudo em 10 partes) para tudo, desde as medidas de distância até a massa de um objeto. No entanto, para os egípcios, o costume era usar o duodecimal — especula-se que por 12 ser o número de ciclos lunares em um ano, ou então o número de segmentos nos dedos de uma mão (excluindo o dedão). 

Naquela época, o dia e a noite não eram entendidos como duas partes de uma coisa só, mas como dois fenômenos distintos. Para marcar a passagem de tempo durante a noite, como não se podia utilizar o relógio solar, os egípcios observavam as estrelas ou usavam os clepsidras (relógios de água). No entanto, as horas não tinham tamanhos fixos — costumavam ser mais longas no verão e mais curtas no inverno. 

Foi só bem mais pra frente, na Grécia antiga, que surgiu a ideia de dividir um dia em 24 horas e ter todas as horas com a mesma duração. O primeiro a sugerir isso foi o astrônomo Hiparco (190 a.C. - 120 a.C.). Apesar disso, a população em geral continuou usando durações variadas para as horas por séculos. 


O sistema sexagesimal


Hiparco e outros astrônomos de sua época faziam cálculos usando o sistema sexagesimal, herdado dos babilônios, que, por sua vez, o herdaram dos sumérios. Por que criar um sistema baseado no número 60? Ninguém sabe exatamente, mas é provável que seja pela conveniência, já que 60 é o menor número divisível pelos primeiros seis números (1, 2, 3, 4, 5, e 6) e também por 10, 12, 15, 20 e 30. Ainda hoje, podemos observar vestígios do sistema sexagesimal em nossas vidas — um ângulo inteiro tem 360º, por exemplo. As conquistas de Alexandre, o Grande, entre 335 e 324 a.C., ajudaram a difundir a astronomia babilônica para a Grécia e a Índia. 


astrônomo grego Eratóstenes de Cirene (cerca de 276 a 194 a.C.) utilizou um sistema sexagesimal para dividir um círculo em 60 partes, com o intuito de criar um dos primeiros sistemas geográficos de latitude, traçando linhas horizontais que passavam por lugares bem conhecidos na Terra na época. Eratóstenes foi, inclusive, a primeira pessoa a calcular a circunferência da Terra, provando que ela era redonda. 

Cerca de um século depois, Hipárquico padronizou as linhas de latitude, tornando-as paralelas e alinhadas com a geometria da Terra. Ele também desenvolveu um sistema de linhas de longitude que abrangiam 360 graus, indo do pólo norte ao pólo sul. No tratado Almagesto (cerca de 150 d.C.), Cláudio Ptolemeu detalhou e ampliou o trabalho de Hipárquico, subdividindo cada um dos 360 graus de latitude e longitude em partes menores. Cada grau foi dividido em 60 partes, e cada uma dessas partes foi novamente dividida em 60 segmentos menores. A primeira divisão, partes minutae primae ou "primeira minuta", ficou conhecida simplesmente como "minuto". Já a segunda divisão, partes minutae secundaeou "segunda minuta", passou a ser chamada de "segundo". 

Então, aconteceu um negócio meio chato: Roma caiu. Com a queda de um dos maiores impérios da história, perdeu-se ou dispersou-se boa parte do conhecimento produzido pelos gregos. Felizmente, muitos impérios árabes herdaram esses conhecimentos (inclusive a divisão 24-60-60 proposta por Ptolemeu e Hipárquico). Posteriormente, a partir do século 8, muitos desses ensinamentos foram reintroduzidos no Ocidente pelos árabes.


Os astrônomos medievais foram os primeiros a aplicar valores sexagesimais ao tempo. No século 11, o erudito persa Al-Biruni, tabelou os horários das luas novas em datas específicas em horas, 60 avos (minutos), 60 avos de 60 avos (segundos), 60 avos de 60 avos de 60 avos (terços) e 60 avos de 60 avos de 60 avos de 60 avos (quartos). 

No entanto, mesmo com toda essa nova forma de dividir as horas, a população em geral desconhecia que uma hora tinha exatos 60 minutos e ignorava essa contagem. O costume de obedecer o mesmo período de tempo para todas as horas do dia só surgiu no século 14, quando os relógios mecânicos foram inventados e começaram a ser instalados em torres de igrejas e catedrais para marcar as horas e chamar os fiéis para as orações. 

A partir do século 16, quando os primeiros relógios portáteis começaram a ser fabricados na Europa, a divisão das horas de acordo com os astrônomos gregos se popularizou e as pessoas passaram a entender e usar os minutos e segundos.


Fonte/créditos : revista Galileu