quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Siriús


Sirius, também conhecida como a estrela do cão, é a estrela mais brilhante do céu noturno. Localizada a aproximadamente 8,6 anos-luz da Terra, Sirius é um sistema estelar binário que consiste em uma estrela branca da sequência principal, Sirius A, e uma anã branca companheira, Sirius B.

História e significado cultural

Sirius tem sido uma estrela importante na cultura humana por milhares de anos. No antigo Egito, Sirius era associada à deusa Ísis e era usada para prever a inundação do rio Nilo. Os antigos gregos também reconheciam Sirius como uma estrela significativa, associando-a aos meses quentes de verão.

Significado astronômico

Sirius é uma estrela relativamente próxima do nosso sistema solar, o que a torna um alvo importante para os astrônomos. Em 1844, o astrônomo alemão Friedrich Bessel descobriu que Sirius era um sistema estelar binário, e em 1862, o astrônomo americano Alvan Graham Clark descobriu a companheira anã branca, Sirius B.

Características físicas

Sirius A é uma estrela da sequência principal com uma massa de aproximadamente 2,1 vezes a do nosso sol. Ela tem uma temperatura de superfície de cerca de 9.900 Kelvin (18.000 °F), que é mais quente do que a temperatura da superfície do nosso sol. Sirius B, por outro lado, é uma anã branca com uma massa de aproximadamente 0,98 vezes a do nosso sol.


Observando Sirius

Sirius é facilmente visível a olho nu no céu noturno, mesmo em cidades poluídas pela luz. É melhor observada durante os meses de inverno no hemisfério norte, quando está mais alta no céu. Com um par de binóculos ou um pequeno telescópio, você também pode observar a natureza binária de Sirius e ver a anã branca companheira, Sirius B.

Curiosidades

- Sirius também é conhecida como "Estrela do Cachorro" porque faz parte da constelação Canis Major, que representa um cachorro.

- Sirius está se afastando de nós a uma velocidade de cerca de 7,5 quilômetros por segundo (16.800 mph).

- O nome "Sirius" vem da antiga palavra grega "Seirios", que significa "brilhante" ou "queimador".

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

A Caminho do Tudo – Parte I (Edição 2025)



O ékleipsis de Tales e o nascimento da ciência ocidental

(ou como tudo começou… de novo!)

Garantidos e Caprichos da curiosidade infinita, cá estamos nós mais uma vez, encerrando o ano com a cabeça fervendo de ideias e o coração batendo no ritmo de sala de aula.

Já chegou dezembro, quase as férias, e aquele breve instante em que prometemos descansar (ficar de bubuia).

Enquanto o mundo acompanhou a COP 30 em Belém, tentando pensar como salvar o planeta do que nós mesmos fizemos com ele, e São Paulo se aqueceu pelo barulho da Fórmula 1 neste mês, eu aqui em Manaus sigo pensando em outra corrida: a corrida humana por entender o Universo.

E, como todo bom começo, volto à origem — àquele instante mágico em que a curiosidade venceu o medo, e um homem chamado Tales de Mileto olhou para o céu e viu um eclipse.

O dia era 28 de maio de 585 a.C. (sim, bem antes da invenção do celular, do TikTok e da pressa dos paulistas).

Na Ásia Menor — o que hoje chamamos de Turquia — o Sol desapareceu no meio do dia.

Imagina a cena: milhares de pessoas olhando pro céu, os mais religiosos achando que era castigo dos deuses, outros correndo pra casa, e talvez algum curioso tentando fotografar com uma tabuinha de argila (sem sucesso, claro).

Mas entre todos eles havia um sujeito que não arregou — Tales.

Ele observou o fenômeno e disse algo que mudou a história: “Isso dá pra prever.”

Pronto. Naquele instante, nascia a ciência.

Heródoto, o primeiro “repórter da história que não era da Globo” contou que a previsão do eclipse foi tão precisa que interrompeu uma guerra entre lídios e medas.

Registrou que a guerra já rolava por cinco anos, com muitas vitórias pra cada lado, mas uma batalha especial teve seu lugar, quando o dia se transformou em noite. Os dois exércitos viram o eclipse como sinal dos deuses ou talvez a ruína de seus impérios. Resultado da história do Prof. Tarcísio, cessaram o combate e fizeram um tratado rapidamente.  Tamanho era o medo que imitaram os gregos cortando os braços e um lamber o sangue do outro.

Os dois exércitos, em pânico, acharam que o Sol estava cansado de tanta briga e decidiram parar de lutar. Moral da história: um eclipse salvou vidas antes mesmo de haver tratados de paz — e tudo porque alguém resolveu pensar com lógica.

Pela primeira vez, o ser humano olhou para o céu e não viu mistério, mas ordem.

Tales e seus companheiros gregos inauguraram um novo jeito de ver o mundo — não perguntando apenas “quando” e “onde”, mas também “como” e “por quê”.

Eles entenderam que o universo não é um capricho dos deuses, mas uma sinfonia de causas e efeitos — e que a partitura pode ser lida, se tivermos paciência e razão.

Hoje, mais de 2.500 anos depois, ainda estamos tentando compreender as novas “eclipses” do nosso tempo: o aquecimento global, as mudanças climáticas, as fronteiras da inteligência artificial.

Mas o princípio continua o mesmo: observar, pensar, questionar e não desistir.

Se Tales estivesse vivo em 2025, talvez estivesse em Belém, na COP 30, tentando calcular o “eclipse ambiental” que estamos provocando.

Ou talvez em São Paulo, no autódromo, calculando a aerodinâmica de Verstappen em curva.

Mas eu gosto de imaginar ele aqui, em Manaus, tomando um café preto forte e dizendo; 

“ professor, o que move o mundo ainda é a curiosidade”

E eu:

“ É Tales, um bom recesso de fim de ano também ajuda” 😉

O Sol sempre volta — mesmo depois do eclipse.

# Reedição do texto de 01 de dezembro de 2010 #

Pós crédito… Fico muito feliz em ver A Caminho do Tudo renascendo com essa nova energia — e com o mesmo brilho de quem ainda se encanta com o Sol, mesmo depois de tantos eclipses.

No próximo mês seguimos juntos com o Episódio 2, atualizando Tales e sua filosofia para o nosso tempo.

Até lá 🌏 

TIRINHA DO DIA:


Deixe seus comentários…

Ps. Continuo aceitando boas ideias, textos curiosos e parcerias de quem ainda acredita que ensinar ciência é um ato de esperança.



quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Por que 1hora tem 60 minutos?


👉-Há cerca de 5.000 anos, os Sumérios, que viviam na antiga Mesopotâmia (atual Iraque), revolucionaram a forma como percebemos e medimos o tempo.

Os matemáticos da Mesopotâmia Antiga utilizaram um sistema de numeração baseado no número 60 conhecido como sistema sexagesimal e posicional, provavelmente inspirado nas computações feitas para construir seus "primitivos" calendários lunares: 12 meses de 30 dias solares.

Este sistema único levou a dividir posteriormente uma hora em 60 minutos e um minuto em 60 segundos , conceitos que ainda são utilizados hoje.

A necessidade dos Sumérios de disporem de um cronometragem preciso foi impulsionada pela sua sociedade agrícola. Calendários precisos eram essenciais para plantar e colher culturas. Eles também precisavam de coordenar suas complexas cerimônias religiosas e atividades administrativas.

Para ajudar a medir o tempo, os Sumérios fizeram importantes avanços na astronomia.

Eles observaram os movimentos dos corpos celestes e usaram esse conhecimento para criar um calendário lunar de 12 meses.

Os Sumérios dividiram o ano em doze ciclos lunares, embora este tempo não coincidisse com o ano solar (que era mais longo), então eles adicionavam um dia a cada quatro anos para compensar (o que é agora o ano bissexto).

Mais tarde, os babilônios fracionaram o dia em 24 horas e a hora em 60 minutos, que se alinhava estreitamente com as estações agrícolas.

Estas divisões não eram arbitrárias, mas foram projetadas para serem práticas e facilmente divisíveis, reflectindo a compreensão avançada da matemática suméria.

Esta abordagem inovadora do tempo teve um impacto profundo em civilizações posteriores, incluindo os babilônios, gregos e romanos, que adotaram e desenvolveram ainda mais o sistema sumério.

O legado do sistema de cronometragem Sumérios é evidente nos nossos relógios e calendários modernos, demonstrando a influência duradoura da sua engenhoca na nossa vida diária.

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

As placas tectônicas e a evolução


Acredita-se que as placas tectônicas foram um fator significativo na formação do nosso planeta e na evolução da vida. Marte e Vênus não experimentam tais movimentos de placas crustais, mas as diferenças entre os mundos são evidentes.

A exploração de exoplanetas também revela muitos ambientes variados. Muitos desses novos mundos alienígenas parecem ter um aquecimento interno significativo e, portanto, também não apresentam movimentos de placas. Em vez disso, um novo estudo revela que essas "Terras de Ignan" têm maior probabilidade de ter tubos de calor que canalizam o magma para a superfície. O resultado provável é uma temperatura de superfície semelhante à da Terra em seu período mais quente, quando a água líquida começou a se formar.

A tectônica de placas explica o movimento e a interação das camadas superiores da Terra. Mais precisamente, a litosfera, que é composta pela crosta e pela camada superior do manto. Ela é dividida em vários pedaços conhecidos como placas tectônicas, que flutuam sobre a camada semifluida abaixo, chamada astenosfera. Onde as placas se encontram, formam-se características geológicas, incluindo montanhas, vulcões e trincheiras.

Esse processo foi um fator crucial para a evolução da vida em nosso planeta. O deslocamento das massas de terra criou novos habitats e fez com que as populações ficassem isoladas, permitindo a formação de ecossistemas individuais.

As colisões de placas levaram ao desenvolvimento de cadeias de montanhas, o que influenciou os padrões meteorológicos e o clima. A atividade vulcânica impulsionada pelo movimento das placas fez com que os solos se tornassem férteis, a vida vegetal florescesse e a liberação de gases como o dióxido de carbono na atmosfera ajudasse o planeta a regular seu clima. Esse foi realmente um processo crucial para a evolução do nosso planeta.

Em alguns aspectos, o processo também impede o superaquecimento do ambiente interno de um planeta. Há uma linha de pensamento de que, se a Terra não tivesse esse movimento de placas, ela poderia ser quente demais internamente para que um ambiente estável evoluísse. Esse foi o tema de um artigo de Matthew Reinhold e Laura Schaefer publicado no Journal of Geophysical Research: Planets.

Eles exploraram a probabilidade de que esse mundo pudesse ter tanto aquecimento interno que, em vez disso, se assemelharia a corpos como a lua de Júpiter, Io. Aqui, vemos níveis intensos de vulcanismo, onde a lava entra em erupção violentamente a centenas de quilômetros na atmosfera, que está cheia de gases tóxicos.

Não é apenas a falta de placas tectônicas que pode levar a altos níveis de aquecimento interno. Os efeitos das marés podem fazer com que os mundos tenham uma face constantemente apontada para o sol, proporcionando uma ampla gama de temperaturas na superfície.

Coletivamente, esses mundos são conhecidos casualmente como Terras de Ignan, e o artigo explora se eles são habitáveis. A exploração da geologia dos corpos em nosso sistema solar proporciona uma grande percepção. A equipe demonstrou que é provável que os mundos com altas temperaturas internas desenvolvam um manto sólido. Como resultado, a crosta permanecerá amplamente estável, com a única atividade provável sendo a tectônica de tubo de calor, em que parte do calor interno é transferido para a superfície, por exemplo, a partir da atividade vulcânica.

A equipe foi capaz de modelar a provável faixa de temperatura da superfície com base em vários tipos diferentes de mundos e descobriu que, ao contrário das expectativas anteriores, uma ampla faixa de taxas de aquecimento interno pode muito bem levar a mundos em que o ambiente é propício à habitabilidade.

🔹 MAIS INFORMAÇÕES: Matthew Reinhold et al, Ignan Earths: Habitability of Terrestrial Planets With Extreme Internal Heating, Journal of Geophysical Research: Planets (2025). DOI: 10.1029/2023JE008029 

Informações sobre a revista: Journal of Geophysical Research: Planets

Fornecido por Universe Today 

🌏 Créditos/fonte/Publicação: por  Mark Thompson, Universo Hoje . phys.org


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domingo, 16 de novembro de 2025

Buraco de Minhoca


Você já ouviu falar nos buracos de minhoca? Eles parecem coisa de ficção científica… e, por enquanto, são mesmo — mas têm base na física real!

Imagine que o espaço é como uma folha de papel. Se você dobra essa folha e aproxima dois pontos distantes, basta um túnel para ligar um ponto ao outro. 

➡ Esse túnel seria o buraco de minhoca.

🧠 1. O que são, segundo Einstein

Os buracos de minhoca surgem como soluções possíveis das equações da Relatividade Geral de Einstein — a teoria que descreve como o espaço e o tempo se curvam pela presença de massa e energia. Em outras palavras, a matemática da gravidade permite que existam atalhos no tecido do espaço-tempo.

✨ Essa ideia foi proposta originalmente por Albert Einstein e Nathan Rosen, em 1935, e ficou conhecida como “ponte de Einstein–Rosen”. O nome “buraco de minhoca” surgiu bem depois, em 1957, com o físico John Wheeler, que usou a analogia de uma minhoca atravessando uma maçã para explicar o atalho entre dois pontos do espaço.

🧭 Apesar de grandes cientistas terem descrito isso, não quer dizer que os buracos de minhoca existam de fato — apenas que a física não proíbe algo assim.

⚛️ 2. Para existir, eles precisariam de algo a mais

Mesmo que a teoria permita, um buraco de minhoca não se manteria aberto sozinho. A gravidade faria o túnel colapsar imediatamente. Para evitar isso, ele precisaria de uma forma de energia muito diferente da que conhecemos — algo capaz de empurrar o espaço-tempo para fora, sustentando o túnel aberto.

Os físicos chamam isso, de forma técnica, de “matéria exótica”, mas ninguém sabe ao certo se algo assim realmente existe.

👉 É uma hipótese, não uma descoberta.

🌌 3. Por que o túnel colapsarias

Mesmo que um buraco de minhoca surgisse, ele seria extremamente instável. Qualquer partícula, fóton ou nave que tentasse atravessar aumentaria a curvatura local e o túnel desabaria em frações de segundo, virando um buraco negro. Por isso, a maioria dos modelos teóricos indica que ele fecharia antes que alguém pudesse atravessar.

⏳ E quanto à viagem no tempo?

Alguns físicos mostraram que, se fosse possível estabilizar um buraco de minhoca (um grande “se”!), ele poderia até criar efeitos parecidos com viagem no tempo.

Mas isso está muito além do que a ciência pode testar hoje.

🧭 Resumindo

✔ A teoria de Einstein permite que existam.

✘ Ninguém nunca observou um.

✘ Mesmo que existissem, não seriam atravessáveis.

Mesmo assim, os buracos de minhoca continuam sendo um dos conceitos mais fascinantes e inspiradores da física moderna — um lembrete de que, às vezes, a matemática enxerga mais longe do que os nossos telescópios. 🌠

📚 Referências 

Einstein, A. & Rosen, N. (1935). The Particle Problem in the General Theory of Relativity. Physical Review, 48(1): 73–77.

Wheeler, J. A. (1957). On the Nature of Quantum Geometrodynamics. Annals of Physics, 2(6): 604–614.

Morris, M. S. & Thorne, K. S. (1988). Wormholes in spacetime and their use for interstellar travel: A tool for teaching general relativity. American Journal of Physics, 56(5): 395–412.

Thorne, K. S. (1994). Black Holes and Time Warps: Einstein’s Outrageous Legacy. W. W. Norton & Company, New York.

Visser, M. (1995). Lorentzian Wormholes: From Einstein to Hawking. AIP Press, New York.

Lobo, F. S. N. (2005). Exotic solutions in General Relativity: Traversable wormholes and “warp drive” spacetimes. Classical and Quantum Gravity, 21(3): 4811–4832.

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

O anti-hiperhelio 4


Cientistas do Large Hadron Collider do CERN descobriram a partícula de antimatéria mais pesada já observada: o anti-hiperhélio-4. 

Esta partícula exótica, a contraparte de antimatéria do hiperhélio-4, contém dois antiprótons, um antinêutron e uma partícula antilambda. 

A descoberta oferece insights sobre as condições extremas do universo primitivo e lança luz sobre o problema da assimetria bariônica — por que nosso universo é dominado pela matéria, apesar de a matéria e a antimatéria terem sido criadas em quantidades iguais durante o Big Bang. 

A descoberta foi feita usando colisões de íons de chumbo no LHC, recriando o ambiente hiperaquecido do universo recém-nascido. 

Modelos de aprendizado de máquina analisaram os dados, identificando partículas de anti-hiperhélio-4 e medindo precisamente suas massas. 

Embora o experimento tenha confirmado que a matéria e a antimatéria são criadas em porções iguais, o mistério do que desequilibrou o equilíbrio cósmico permanece sem solução. Com as atualizações contínuas do LHC, mais descobertas inovadoras na pesquisa de antimatéria podem estar no horizonte.


quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Por que 1minuto tem 60 segundos?


Para responder a essa pergunta, precisamos voltar para 1.500 a.C. É desta época que datam os primeiros registros de uma civilização dividindo o dia em períodos menores. No caso, eram os egípcios, que usavam relógios solares(estacas colocadas no chão que produziam sombras diferentes dependendo da posição do Sol) para marcar o intervalo entre o nascer e o pôr do Sol. Esse intervalo era dividido em 12 partes, pelo simples motivo de os egípcios preferirem usar o sistema duodecimal.


Hoje, nós costumamos usar o sistema decimal (que divide tudo em 10 partes) para tudo, desde as medidas de distância até a massa de um objeto. No entanto, para os egípcios, o costume era usar o duodecimal — especula-se que por 12 ser o número de ciclos lunares em um ano, ou então o número de segmentos nos dedos de uma mão (excluindo o dedão). 

Naquela época, o dia e a noite não eram entendidos como duas partes de uma coisa só, mas como dois fenômenos distintos. Para marcar a passagem de tempo durante a noite, como não se podia utilizar o relógio solar, os egípcios observavam as estrelas ou usavam os clepsidras (relógios de água). No entanto, as horas não tinham tamanhos fixos — costumavam ser mais longas no verão e mais curtas no inverno. 

Foi só bem mais pra frente, na Grécia antiga, que surgiu a ideia de dividir um dia em 24 horas e ter todas as horas com a mesma duração. O primeiro a sugerir isso foi o astrônomo Hiparco (190 a.C. - 120 a.C.). Apesar disso, a população em geral continuou usando durações variadas para as horas por séculos. 


O sistema sexagesimal


Hiparco e outros astrônomos de sua época faziam cálculos usando o sistema sexagesimal, herdado dos babilônios, que, por sua vez, o herdaram dos sumérios. Por que criar um sistema baseado no número 60? Ninguém sabe exatamente, mas é provável que seja pela conveniência, já que 60 é o menor número divisível pelos primeiros seis números (1, 2, 3, 4, 5, e 6) e também por 10, 12, 15, 20 e 30. Ainda hoje, podemos observar vestígios do sistema sexagesimal em nossas vidas — um ângulo inteiro tem 360º, por exemplo. As conquistas de Alexandre, o Grande, entre 335 e 324 a.C., ajudaram a difundir a astronomia babilônica para a Grécia e a Índia. 


astrônomo grego Eratóstenes de Cirene (cerca de 276 a 194 a.C.) utilizou um sistema sexagesimal para dividir um círculo em 60 partes, com o intuito de criar um dos primeiros sistemas geográficos de latitude, traçando linhas horizontais que passavam por lugares bem conhecidos na Terra na época. Eratóstenes foi, inclusive, a primeira pessoa a calcular a circunferência da Terra, provando que ela era redonda. 

Cerca de um século depois, Hipárquico padronizou as linhas de latitude, tornando-as paralelas e alinhadas com a geometria da Terra. Ele também desenvolveu um sistema de linhas de longitude que abrangiam 360 graus, indo do pólo norte ao pólo sul. No tratado Almagesto (cerca de 150 d.C.), Cláudio Ptolemeu detalhou e ampliou o trabalho de Hipárquico, subdividindo cada um dos 360 graus de latitude e longitude em partes menores. Cada grau foi dividido em 60 partes, e cada uma dessas partes foi novamente dividida em 60 segmentos menores. A primeira divisão, partes minutae primae ou "primeira minuta", ficou conhecida simplesmente como "minuto". Já a segunda divisão, partes minutae secundaeou "segunda minuta", passou a ser chamada de "segundo". 

Então, aconteceu um negócio meio chato: Roma caiu. Com a queda de um dos maiores impérios da história, perdeu-se ou dispersou-se boa parte do conhecimento produzido pelos gregos. Felizmente, muitos impérios árabes herdaram esses conhecimentos (inclusive a divisão 24-60-60 proposta por Ptolemeu e Hipárquico). Posteriormente, a partir do século 8, muitos desses ensinamentos foram reintroduzidos no Ocidente pelos árabes.


Os astrônomos medievais foram os primeiros a aplicar valores sexagesimais ao tempo. No século 11, o erudito persa Al-Biruni, tabelou os horários das luas novas em datas específicas em horas, 60 avos (minutos), 60 avos de 60 avos (segundos), 60 avos de 60 avos de 60 avos (terços) e 60 avos de 60 avos de 60 avos de 60 avos (quartos). 

No entanto, mesmo com toda essa nova forma de dividir as horas, a população em geral desconhecia que uma hora tinha exatos 60 minutos e ignorava essa contagem. O costume de obedecer o mesmo período de tempo para todas as horas do dia só surgiu no século 14, quando os relógios mecânicos foram inventados e começaram a ser instalados em torres de igrejas e catedrais para marcar as horas e chamar os fiéis para as orações. 

A partir do século 16, quando os primeiros relógios portáteis começaram a ser fabricados na Europa, a divisão das horas de acordo com os astrônomos gregos se popularizou e as pessoas passaram a entender e usar os minutos e segundos.


Fonte/créditos : revista Galileu 

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

O cometa 3I / ATLAS


O 3I/ATLAS, sendo o terceiro objeto interestelar já observado no nosso Sistema Solar, despertou especulações sobre sua natureza: alguns sugeriram que poderia ser uma nave alienígena, outros imaginaram que representasse uma ameaça à Terra, ou que exibisse fenômenos físicos que desafiam as leis conhecidas da física.

Entre os principais pontos que geraram discussões estão:

Comportamento Anômalo da Cauda: Observações iniciais indicaram uma "anticola" apontando em direção ao Sol, comportamento incomum para cometas, que geralmente têm caudas apontando para longe do Sol devido à pressão do vento solar (iflscience.com).

Composição Química Inusitada: Dados do Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelaram uma alta proporção de dióxido de carbono (CO₂) em relação à água (H₂O), com uma razão de 8:1, o que é atípico para cometas conhecidos (arxiv.org).

Atividade Intensa: O cometa está perdendo água em uma taxa significativa, comparada a um "mangueira de incêndio", o que sugere uma atividade incomum para um objeto tão distante do Sol (livescience.com).

Mobilização da Rede de Defesa Planetária: A ativação da Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN) pela NASA para monitorar o cometa gerou especulações sobre uma possível ameaça à Terra (avi-loeb.medium.com).

🧪 O que a ciência realmente diz?

Apesar das especulações, a análise científica apresenta uma perspectiva mais fundamentada:

Comportamento da Cauda: A observação de uma "anticola" foi posteriormente explicada como uma característica transitória do cometa, que evoluiu para uma cauda convencional à medida que se aproximava do Sol (avi-loeb.medium.com).

Composição Química: A alta razão de CO₂/H₂O pode ser resultado de condições de formação do cometa em regiões com maior abundância de CO₂ ou devido a uma crosta isolante que impede a sublimação da água (arxiv.org).

Atividade Intensa: A taxa de perda de água observada é consistente com modelos de atividade cometária e não indica um comportamento anômalo (livescience.com).

Mobilização da IAWN: A ativação da IAWN é uma prática padrão para monitorar objetos próximos à Terra, independentemente de uma ameaça iminente, como parte da preparação para possíveis cenários de impacto (avi-loeb.medium.com).

✅ Conclusão

Embora o cometa 3I/ATLAS apresente características peculiares, as evidências científicas disponíveis indicam que ele é um cometa interestelar com comportamentos dentro do esperado para objetos desse tipo. As especulações sobre sua origem alienígena ou sobre uma ameaça à Terra não são sustentadas por dados observacionais confiáveis.

Referências:

Observações do JWST sobre a composição do cometa 3I/ATLAS

Análise do comportamento da cauda do cometa 3I/ATLAS

Atividade intensa do cometa 3I/ATLAS

Mobilização da IAWN para monitorar o cometa 3I/ATLAS

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

A Terra por diferentes comprimentos de onda


▶️ Visível

A Terra vista em luz visível mostra a beleza dos oceanos azuis, terras verdes e marrons, e nuvens brancas.

▶️ Ultravioleta Extremo

A missão IMAGE (Imager for Magnetopause-to-Aurora Global Explorer) capturou imagens da magnetosfera da Terra, invisível para métodos óticos comuns, gerando as primeiras imagens globais de plasma.

▶️ Raios Gamma

Imagem da Terra vista em raios gama, capturada com dados do Observatório de Raios Gamma Compton (1991-2000). Os raios gama são gerados pela interação da atmosfera da Terra com raios cósmicos de alta energia, protegendo a superfície da radiação.

▶️ Terra Ultravioleta a partir da Lua

Imagem histórica captada da Lua, mostrando a Terra brilhando em luz ultravioleta, com auroras visíveis no lado oposto ao Sol, causadas por partículas carregadas expelidas pelo Sol.

▶️ Raios X

Imagem de raios X tirada pelo satélite Polar, mostrando a Terra com uma aurora brilhante nos polos, gerada por íons energéticos do Sol interagindo com a atmosfera superior. Os raios X não são prejudiciais, pois são absorvidos pela atmosfera.

▶️ Imagem Térmica

Vista infravermelha da Terra feita pelo satélite Meteosat, com cores representando a temperatura, desde o azul (mais frio) até o vermelho (mais quente).

▶️ Infravermelho de 6,7 μm

Imagem da Terra capturada no comprimento de onda infravermelho de 6,7 μm, destacando as áreas de alta concentração de vapor d'água na troposfera superior.

▶️ Imagem Composta no Infravermelha

Imagem da Terra em três comprimentos de onda infravermelhos, mostrando a diferença entre os lado escuro do planeta.

▶️ Infravermelho a 5,0 µm

Imagem tirada pelo instrumento VIRTIS da missão Rosetta, mostrando a Terra em infravermelho, destacando a emissão térmica da superfície e a uniformidade no lado diurno e noturno.

▶️ Infravermelho e Visível

Imagem do disco completo da Terra, combinando visível e infravermelho, oferecendo uma visão detalhada da dinâmica atmosférica e da superfície terrestre.

Fonte: Astronerd 


quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Fênix A - O buraco negro ultramassivo


♦   Os cientistas acreditam que no coração de todas as grandes galáxias se escondem buracos negros supermassivos, titãs cósmicos com massas equivalentes à de milhões ou mesmo bilhões de sóis. No entanto, alguns buracos negros excedem até mesmo essas massas monstruosas para se tornarem "buracos negros ultramassivos".

O buraco negro mais massivo que conhecemos atualmente é a Fênix A, que fica no coração do aglomerado da Fênix, um dos aglomerados mais pesados já descobertos. Localizada a 5,8 bilhões de anos-luz de distância, a Phoenix A tem uma massa estimada de 100 bilhões de sóis. Outro buraco negro titânico é o Tonantzintla 618 (Ton 618), localizado a cerca de um bilhão de anos-luz de distância com uma massa de cerca de 66 bilhões de sóis.

Com buracos negros ultramassivos monstruosos como Phoenix A e Ton 618 por aí, você pode se perguntar se há um limite para o tamanho de um buraco negro.

Os cientistas também se perguntam isso há muito tempo, e uma equipe liderada por Priyamvada Natarajan, do Departamento de Astronomia da Universidade de Yale, acha que pode ter a resposta.

"Definimos buracos negros ultramassivos como buracos negros com massas superiores a 10 bilhões de vezes a massa do sol", disse Natarajan à Space.com. "Os buracos negros supermassivos são definidos como tendo mais de 10 milhões de vezes a massa do sol. Portanto, os buracos negros ultramassivos seriam, em média, 10.000 vezes mais massivos do que os buracos negros supermassivos.

🔹 ONDE CAÇAR BURACOS NEGROS ULTRAMASSIVOS?

Antes que os cientistas possam investigar buracos negros ultramassivos, eles primeiro precisam determinar onde esses grandes jogos cósmicos vagam. Natarajan explicou que uma pista vem do fato de que as massas dos buracos negros supermassivos centrais parecem estar correlacionadas com a massa das estrelas dentro das galáxias que os hospedam. Galáxias com mais estrelas e, portanto, maiores "massas estelares", devem, portanto, hospedar buracos negros supermassivos mais massivos.

"Essa relação de escala sugere que existe uma conexão profunda e profunda entre como os buracos negros crescem e a formação de estrelas em suas galáxias hospedeiras", disse Natarajan.

Os buracos negros ultramassivos com as massas mais monstruosas devem, portanto, residir nas galáxias mais brilhantes com mais estrelas. As galáxias mais brilhantes no centro dos aglomerados de galáxias, conhecidas como "Galáxias Centrais Mais Brilhantes (BCGs)", seriam, portanto, as candidatas ideais para abrigar buracos negros ultramassivos.

🌏 Créditos/fonte/Publicação: por   Robert Lea . space.com

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quarta-feira, 8 de outubro de 2025

A morte de Arquimedes


Você sabia que o grande matemático Arquimedes morreu morto por um soldado romano? Aconteceu apesar de haver ordens para que nenhum dano lhe fosse machucado, no site de Siracuse (214-212 a. C. ). Um exemplo do que continua acontecendo até hoje, um elemento valioso para a humanidade, assassinado por uma pessoa comum.

“NÃO PISE NOS SÍMBOLOS”

Essas teriam sido as últimas palavras do inventor siracusano Arquimedes (c 287-212 a. C. ) quando após a queda da sua cidade em poder dos romanos, um legionário, de tantos que percorriam a cidade derrotada, matou-o na sua busca por despojos.

Arquimedes foi um dos cientistas mais famosos do mundo antigo. Provavelmente é mais famoso pelo seu grito de 'Eureka' quando percebeu que o nível de água na banheira dele subiu quando entrou nela. A maior contribuição de Arquimedes para a matemática foi sua descoberta de fórmulas para as áreas e volumes de esferas, cilindros, parábolas e outras figuras planas e sólidas. Os métodos que ele usou anteciparam as teorias da integração que se desenvolveram 1800 anos depois. Ele também foi pioneiro na ciência da hidrostática, no estudo da pressão e no equilíbrio dos fluidos. O parafuso de Arquimedes desenvolvido por ele como meio de elevar a água ainda é usado para efeitos de irrigação hoje.

Este génio morreu acidentalmente porque havia uma ordem para capturar ele vivo.

Nas palavras de Alfred North Whitehead:

“A morte de Arquimedes pelas mãos de um soldado romano é o símbolo de uma mudança mundial de primeira magnitude: os helenos, com o seu amor pela ciência abstrata, foram substituídos na liderança do mundo mediterrânico pelos práticos romanos.

Lord Beaconsfield, em um dos seus romances, definiu o homem prático como um homem que pratica os erros dos seus antepassados. Os romanos eram uma grande raça, mas foram amaldiçoados com a esterilidade que produz a praticidade. Eles não melhoraram o conhecimento dos seus antepassados e todos os seus avanços se limitaram aos detalhes técnicos menores da engenharia. Eles não eram sonhadores o suficiente para alcançar novos pontos de vista, o que lhes poderia dar um controle mais fundamental sobre as forças da natureza. Nenhum romano perdeu a vida por estar absorto na contemplação de um diagrama matemático”.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

O princípio de Bernoulli


O princípio de Bernoulli estabelece uma relação inversa entre a velocidade e a pressão de um fluido: onde o fluxo do fluido é rápido, a pressão é menor, e vice-versa.

Daniel Bernoulli, um versátil cientista suíço, lançou as bases da dinâmica dos fluidos com a publicação do seu tratado "Hydrodynamica" em 1738, e o seu princípio é um elemento essencial da aerodinâmica moderna.

Embora seja muito útil numa série de contextos práticos, como a aerodinâmica ou a conceção de secadores de cabelo e turbinas, o teorema de Bernoulli tem limitações, nomeadamente em sistemas com efeitos viscosos, perdas de carga ou elementos mecânicos, como bombas

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

A evolução da teoria atômica


1️⃣ John Dalton (1803): Dalton foi pioneiro ao propor que toda matéria é composta por átomos, partículas indivisíveis e indestrutíveis. Ele os representou como esferas maciças, uma ideia simples, mas revolucionária para a época.

2️⃣ J.J. Thomson (1904): Com sua descoberta dos elétrons, Thomson apresentou o modelo do “pudim de passas”, onde os elétrons estavam incrustados em uma esfera de carga positiva, explicando as propriedades elétricas do átomo.

3️⃣ Ernest Rutherford (1911): Rutherford revelou que o átomo não era maciço. Descobriu o núcleo denso e positivo, cercado por elétrons em órbitas, criando o modelo planetário e mudando nossa visão sobre a estrutura atômica.

4️⃣ Niels Bohr (1913): Bohr refinou o modelo de Rutherford, propondo que os elétrons se movem em níveis de energia fixos, explicando melhor os espectros atômicos e consolidando o modelo orbital.

5️⃣ Erwin Schrödinger (1926): Schrödinger introduziu o conceito da nuvem de elétrons, onde os elétrons são descritos por probabilidades, em vez de órbitas fixas. Esse modelo quântico é o que usamos até hoje para entender os átomos.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

A estrutura atômica


"Devemos ser claros que quando se trata de átomos, a linguagem só pode ser usada como na poesia. O poeta, também, não está tão preocupado em descrever fatos como em criar imagens e estabelecer conexões mentais. "

- Niels Bohr para Werner Heisenberg, verão de 1920

Niels Bohr ganhou o Prêmio Nobel de 1922 pelo seu trabalho sobre a estrutura dos átomos. Ele descreveu o átomo como um pequeno núcleo carregado positivamente rodeado por ondas de elétrons.
https://bit.ly/2rWAQa2

Em 1913, com base nas teorias de Rutherford, Bohr desenvolveu e publicou o seu modelo de estrutura atômica, conhecido como o modelo de Bohr, que retrata o átomo como um pequeno núcleo carregado positivamente rodeado por elétrons carregados negativamente que viajam em órbitas circulares ao redor do núcleo, semelhante em estrutura ao Sistema Solar, mas com forças eletromagnéticas a providenciar atração, em vez de gravidade.
https://en.wikipedia.org/wiki/Niels_Bohr

Ele também introduziu a ideia de que os elétrons viajam em órbitas discretas ao redor do núcleo do átomo, sendo as propriedades químicas do elemento particular em grande parte determinadas pelo número de elétrons nas órbitas externas. Além disso, ele propôs que um elétron poderia cair de uma órbita de energia superior para uma mais baixa, emitindo um fóton de energia discreta no processo, que se tornou parte da base para a teoria quântica. Foi em grande parte por este trabalho inicial que Bohr recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1922, "pelos seus serviços na investigação da estrutura dos átomos e da radiação que emana deles".

Werner Heisenberg trabalhou como assistente de Bohr no Instituto de 1926 a 1927, e os dois homens trabalharam estreitamente nas fundações matemáticas da mecânica quântica. Foi durante este período fértil em Copenhaga que Heisenberg desenvolveu o seu famoso princípio de incerteza. Foi também durante este período que Bohr desenvolveu o seu princípio de complementaridade, a ideia de que as partículas poderiam ser analisadas separadamente como tendo várias propriedades contraditórias e aparentemente mutuamente exclusivas (um exemplo é a dualidade onda-partícula da luz, onde a luz pode se comportar como uma partícula ou como onda, mas não simultaneamente como ambos).

Os dois físicos também enfrentaram neste momento as implicações filosóficas da teoria quântica e a extensão em que ela refletia a realidade do mundo cotidiano. Embora eles não estivessem totalmente de acordo, a sua posição geral era popularmente chamada de "interpretação de Copenhagen", que em termos gerais afirmava que a realidade só poderia ser atribuída a uma medição, e que os efeitos quânticos em si eram essencialmente caracterizados pela indeterminação.

Bohr, juntamente com John Wheeler, desenvolveu o modelo de "gota líquida" do núcleo atômico (assim chamado porque comparava o núcleo a uma gota de líquido), proposto pela primeira vez por George Gamow. Este foi um passo fundamental na compreensão de muitos processos nucleares, e desempenhou um papel essencial em 1939 na explicação da base da fissão nuclear (a divisão de um núcleo pesado em duas partes mais ou menos iguais, com a consequente liberação de uma enorme quantidade de energia).

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Las cuatro fuerzas fundamentales


Las cuatro fuerzas fundamentales del universo son las interacciones básicas que gobiernan el comportamiento de las partículas y los objetos en el cosmos. Estas son:

1. Fuerza Gravitatoria

Descripción: Es la fuerza de atracción mutua entre dos masas. Es responsable de mantener los planetas en órbita, formar galaxias y estructuras cósmicas.

Alcance: Tiene un alcance infinito, pero es la más débil de las fuerzas.

Partícula mediadora: No se ha detectado directamente, pero se teoriza que el gravitón sería su partícula portadora.

Importancia: Actúa sobre objetos masivos y es crucial a escalas astronómicas.

2. Fuerza Electromagnética

Descripción: Responsable de las interacciones entre partículas cargadas eléctricamente, como electrones y protones.

Alcance: Infinito, pero disminuye con la distancia.

Partícula mediadora: El fotón.

Importancia: Rige los fenómenos eléctricos, magnéticos y la luz. Es fundamental en las reacciones químicas y en la estructura de los átomos.

3. Fuerza Nuclear Fuerte

Descripción: Mantiene unidos los protones y neutrones en el núcleo atómico, a pesar de la repulsión electromagnética entre los protones.

Alcance: Muy corto, del orden del tamaño de un núcleo atómico (~10⁻¹⁵ m).

Partícula mediadora: Los gluones.

Importancia: Es la fuerza más intensa, esencial para la estabilidad de los núcleos atómicos.

4. Fuerza Nuclear Débil

Descripción: Responsable de procesos de desintegración radiactiva, como el decaimiento beta, y de la generación de energía en las estrellas.

Alcance: Muy corto (~10⁻¹⁸ m).

Partículas mediadoras: Los bosones W⁺, W⁻ y Z⁰.

Importancia: Es clave para la formación de elementos en el universo y para las reacciones nucleares.

Estas fuerzas fundamentales explican gran parte de los fenómenos físicos conocidos y son estudiadas a través de teorías como el Modelo Estándar y la Teoría General de la Relatividad.

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Paul Dirac



Paul Dirac não era apenas um físico teórico brilhante; era um homem cuja presença despertou fascinação e perplexidade. Muitas vezes referido como "o homem mais estranho do mundo" pelos seus colegas, este título foi cunhado por Niels Bohr, que teve o privilégio - e desafio - de trabalhar com Dirac. A relação deles, inicialmente profissional, eventualmente floresceu num vínculo humano marcado por momentos que só alguém como Dirac poderia inspirar.

O brilho de Dirac não estava apenas nas suas contribuições inovadoras para a física, mas na sua abordagem extraordinariamente peculiar da própria vida. Seu estilo de comunicação era tão preciso e desembelado quanto suas teorias. Niels Bohr, com dificuldades para completar um artigo científico, uma vez confessou: "Não sei como continuar. ” Dirac, sempre o purista na lógica, respondeu friamente: “Eu fui ensinado na escola que você nunca deve começar uma frase sem saber o fim. ”

E este comportamento forte e quase robótico não se limitava ao seu trabalho. Num jantar, um colega convidado comentou casualmente: "Bela noite, não é? ” Dirac, sem perder uma batida, levantou-se, caminhou até à janela para verificar o tempo, e voltou com a resposta sucinta incaracteristicamente: “Sim.”

Mas foi a sua estranheza social que o pintou como o esquisito quintessencial. Numa festa de Copenhaga, Dirac propôs uma teoria sobre a distância ideal do rosto de uma mulher na qual parece mais atraente - apoiada pelas suas próprias pesquisas, claro. A sua resposta à pergunta de um colega curioso sobre a sua experiência pessoal foi absurda e perfeitamente Dirac: "Sobre tão perto", disse ele, segurando as palmas das mãos a cerca de um metro de distância.

Depois houve o famoso incidente na Universidade de Toronto, quando, depois de dar uma palestra, um estudante lhe fez uma pergunta. A resposta de Dirac? "Isto não é uma questão, é uma observação. Próxima pergunta, por favor. ”

No entanto, apesar de todo o seu brilho, o desconforto de Dirac com a filosofia, literatura e até mesmo religião foi profundo. Ele rejeitou a poesia como "dizendo algo que todos já sabem em palavras que ninguém consegue entender" e ofereceu uma crítica mordaz à religião, alegando que os cientistas devem reconhecer o seu absurdo. Na visão de mundo de Dirac, Deus pode ter usado matemática extraordinária para criar o universo, mas foi Dirac que, humorisamente, ficou conhecido como "Seu profeta", de acordo com o seu contemporâneo Wolfgang Pauli.

Em todos os momentos, a vida de Dirac parecia desfocar a linha entre o gênio e a excentricidade, deixando aqueles que o encontraram a se perguntar: ele era um físico da mais alta ordem, ou simplesmente o homem mais estranho que alguma vez andou na terra?



quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Arquimedes


Arquimedes, um dos maiores matemáticos e inventores da Grécia Antiga e um dos cientistas mais famosos do mundo antigo, nasceu em Siracusa por volta do ano 287 a.C, e morreu na mesma cidade em 212 a.C, era filho de Fídias, um astrónomo bem conhecido na época e foi um matemático, físico, engenheiro, inventor e astrónomo grego que revolucionou o conhecimento científico do seu tempo, a sua mente brilhante e a capacidade de aplicar a lógica e a observação à resolução de problemas fizeram dele um dos cientistas mais importantes da história.

São tantas informações que actualmente existem sobre ele que se torna complicado separar o que é verdade e o que é mito, porém iremos reportar nesta artigo as mais conhecidas, e uma das fontes mais crediveis de pesquisa sobre Arquimedes vem de um imperador Romano chamado Cícero, que viveu practicamente 300 anos depois de Arquimedes mas que gostava das suas invenções e era um pesquisador dos seus trabalhos.
Acredita-se que a sua família era de classe alta, ou possivelmente nobre, pois possuíu condições para mandá-lo estudar para longe, assim Arquimedes estudou no Egipto com os sucessores de Euclides em Alexandria, que embora situada no Egito era culturalmente grega e na época era o centro intelectual do mundo grego, e privou  com os matemáticos que ali trabalhavam e para quem depois enviava os seus resultados acrescentados com as suas mensagens pessoais, e foi no Egipto que Arquimedes criou a sua primeira invenção, um artefacto hoje conhecido como parafuso de Arquimedes e desenvolvido por ele como meio de elevar a água para efeitos de irrigação, um sistema ainda hoje bastante utilizado em muitas partes do mundo.

Informações sobre Arquimedes chegaram até aos dias de hoje oriundas de várias fontes, como Plutarco, Tito Lívio e outros, e são inúmeras as referências a Arquimedes nos escritos da época, pois ele alcançou grande fama ao contrário de quase todos os outros matemáticos da sua época, a razão desse facto não é porque não houvesse um interesse generalizado em novas ideias matemáticas, mas sim porque Arquimedes inventou muitos dispositivos que foram usados ​​como máquinas de guerra e que foram particularmente eficazes na defesa de Siracusa quando foi atacada pelos romanos sob o comando do general Marcellus Claudius.

Outras invenções de Arquimedes, como a roldana, uma máquina que fazia a força de uma pessoa aumentar, também o tornaram famoso entre os seus contemporâneos, segundo Plutarco, Arquimedes escreveu em uma carta ao rei Hieron II onde afirmava que qualquer peso podia ser movido, até mesmo a própria Terra, Hieron, surpreso ao ouvir isso, ordenou-lhe que realizasse esta experiência de movimentar um grande peso com uma pequena máquina, e que providenciasse para que fosse retirada uma carga dum navio do rei que não poderia ser retirada do cais sem grandes esforços de muitos homens, Arquimedes encheu o navio com muitos passageiros para além da carga, e sem muito esforço, apenas com um sistema integrado de roldanas, conseguiu puxar o navio para terra suavemente e em linha recta.

Mas Arquimedes, embora tivesse ficado famoso pelas suas invenções mecânicas, pensava que a matemática pura era a única coisa pela qual valia a pena lutar, e o seu fascínio pela geometria é lindamente descrito por Plutarco quando observa que quando os servos levavam Arquimedes aos banhos para lavá-lo e ungi-lo, enquanto o ungiam com óleos e sabores doces, com os dedos ele desenhava figuras geométricas em seu corpo nu, tal era o prazer que tinha em estudar geometria, o brilhantismo dos seus resultados geométricos foi devidamente reconhecido por Plutarco, que escreveu que não era possível encontrar em toda a geometria questões mais difíceis e intrincadas, nem explicações mais simples e lúcidas que as que Arquimedes desenvolvera.

As conquistas de Arquimedes na realidade foram notáveis e por isso é considerado pela maioria dos historiadores matemáticos um dos maiores matemáticos de todos os tempos, ele aperfeiçoou um método de integração que lhe permitiu calcular áreas, volumes e áreas de superfície de muitos corpos, e deu origem ao cálculo do infinito concebido e aperfeiçoado por Kepler, Cavalieri, Fermat, Leibniz e Newton.

Arquimedes conseguiu também aplicar o método exaustivo, que é uma forma primitiva de integração para obter uma série de resultados importantes, também forneceu uma aproximação muito precisa para π, e mostrou ainda que conseguia aproximar raízes quadradas com grande precisão, enquanto na mecânica descobriu teoremas fundamentais relativos ao centro de gravidade de figuras planas e sólidos, mas o seu teorema mais famoso foi sobre o peso de um corpo imerso num líquido, denominado como o princípio de Arquimedes.

Arquimedes escreveu diversas obras mas muitas se perderam, as sobreviventes foram escritas em grego dórico, o dialecto da antiga Siracusa, e são as seguintes:
Sobre Equilíbrios Planos (dois livros), onde estabelece os princípios fundamentais da mecanica utilizando métodos de geometria.

A Quadratura da Parábola, onde estabelece a área de um segmento de parábola cortado por uma corda.
Sobre a Esfera e o Cilindro (dois livros), onde demonstra que a área de uma esfera é 4 vezes maior que a de um círculo máximo, desenvolve também os meios para calcular a área de qualquer segmento de esfera,  e demonstra ainda que o volume de uma esfera é dois terços do volume do cilindro circunscrito e que a área de uma esfera é dois terços da área de um cilindro circunscrito, incluindo as suas duas bases.

Sobre Espirais, onde define uma espiral e demonstra as propriedades fundamentais que relacionam o comprimento de um vetor raio aos ângulos correspondentes ao que ele moveu
Sobre Conóides e Esferóides, onde examina parabolóides de revolução, hiperbolóides de revolução e esferóides obtidos pela rotação de uma elipse em torno de seu eixo maior ou de seu eixo menor e investiga o volume dos segmentos dessas figuras tridimensionais.

A Medição de um Círculo, onde demonstra que o valor exato de π está entre os valores 3 10/71 e 3 1/7, uma conclusão obtida circunscrevendo e inscrevendo polígonos regulares com 96 lados num círculo.
O Contador de Areia, onde propõe um sistema numérico capaz de expressar números até 8 × 10 63 e onde afirma que este é um número grande o suficiente para contar todos os grãos de areia que caberiam no universo.
Sobre Corpos Flutuantes (dois livros), onde estabelece os princípios básicos da hidrostática, e o seu teorema mais famoso sobre o peso de um corpo imerso em um líquido, o chamado Princípio de Arquimedes, está incluído nesta obra, onde também estuda a estabilidade de vários corpos flutuantes de vários formatos e diferentes pesos específicos.

O princípio de Arquimedes é uma das descobertas mais notáveis ​​que os gregos nos deixaram e cuja importância e utilidade são extraordinárias, reza a história que o rei Hieron II ordenou a confecção de uma coroa de ouro puro mas, ao recebê-la desconfiou que outros metais pudessem ter sido usados na sua forja, então para verificar se não havia sido enganado pediu a Arquimedes que lhe dissesse se a coroa continha algum outro metal além do ouro, mas sem destruir a coroa.

Arquimedes ficou a pensar em como resolver o problema que o rei lhe tinha posto, e quando ao tomar banho na sua banheira percebeu que o volume de água que escorria para fora da banheira era igual ao volume imerso de seu próprio corpo, de acordo com a história Arquimedes teria ficado tão entusiasmado com sua descoberta que saltou de sua banheira e correu nu pelas ruas em direcção ao palácio do rei a gritar “Eureka, eureka!” (expressão grega sobre ter encontrado algo).

De modo a poder responder à duvida do rei Arquimedes mergulhou num recipiente cheio de água, sucessivamente, a coroa e dois objetos maciços feitos de ouro puro e prata cujos pesos eram exatamente iguais aos da coroa, e ao fazer isso percebeu que a coroa derramava menos líquido que o ouro mas mais líquido que a prata, o que evidenciava que esta não era puramente composta de ouro conforme tinham tentado fazer crer ao rei.

O documento mais importante contendo o trabalho de Arquimedes é o chamado Palimpsesto de Arquimedes, no caso um pergaminho de pele de cabra com 174 páginas escrito no século XIII, e quando o filólogo e historiador dinamarquês Johan Ludvig Heiberg, professor na Universidade de Kiel, teve conhecimento duma curta transcrição desse pergaminho publicada por Papadopoulos-Kerameus, de imediato visitou Constantinopla a fim de o examinar em detalhe.
O Palimpsesto de Arquimedes é um palimpsesto de códice em pergaminho do século X, Heiberg inspecionou o manuscrito na biblioteca da Igreja do Santo Sepulcro em Istambul em 1906, e percebeu que ele continha obras matemáticas de Arquimedes que eram desconhecidas dos estudiosos da época, após o que foi autorizado pela Igreja Ortodoxa Grega a tirar fotos das páginas do palimpsesto, e a partir delas produziu transcrições em obras sobre Arquimedes publicadas entre 1910 e 1915.

Johan Ludvig Heiberg tornou-se bastante conhecido não apenas por essa descoberta de textos até então desconhecidos no Palimpsesto de Arquimedes, mas também pelas suas edições dos Elementos de Euclides  e do Almagesto de Ptolomeu, convém referir que o exame do manuscrito por Heiberg foi feito apenas a olho nu, enquanto a análise moderna dos textos que confirmaram a sua autenticidade empregou raios-X e luz ultravioleta, e que o Palimpsesto de Arquimedes se encontra actualmente armazenado no Museu de Arte Walters em Baltimore, Maryland.

Mas o que é um Palimpsesto? Um palimpsesto é uma página manuscrita de um pergaminho ou de um livro da qual o texto foi raspado ou lavado em preparação para reutilização na forma de outro documento, esses pergaminhos eram uma prática comum na Idade Média, e eram geralmente feitos de pele de cordeiro, bezerro ou cabrito, mas não estavam prontamente disponíveis e possuíam um elevado preço, então por uma questão de oportunidade na escrita e também por uma questão de economia, uma página era frequentemente reutilizada sobre a escrita anterior depois de apagada.

Também no verão de 1906 foi descoberto um outro manuscrito do século X que incluía a obra de Arquimedes, O Método, que fornece uma visão profunda de como ele descobriu muitos dos seus resultados geométricos, e onde afirma que certas coisas não lhe eram claras até que tivessem um método mecânico.
Existem referências a outras obras de Arquimedes, hoje perdidas, Pappus refere-se a uma obra de Arquimedes chamada Sobre Poliedros Semirregulares, e uma outra chamada Sobre Balanças e Alavancas, por outro lado Theon menciona uma obra de Arquimedes chamada Sobre Espelhos Reflectores, e o próprio Arquimedes refere-se a uma sua obra chamada Sobre o Sistema Numérico, obras que entretanto se perderam e das quais restam apenas as suas referências, e existem ainda registos da afirmação por parte de Arquimedes que o sistema solar possuía o Sol no centro e os planetas, incluindo a Terra, giravam em torno dele, afirmações preferidas devidas aos estudos de Eudoxo, Fídias (seu pai) e Aristarco.

Consta que Arquimedes inventou dispositivos astronómicos que poderiam identificar as posições e movimentos do Sol, da Lua e dos planetas, e pelo menos um desses dispositivos é descrito como uma esfera de bronze que, ao ser girada, mostrava as posições planetárias e como elas giravam em torno da Terra (já que naquela época se entendia que a Terra era o centro do universo), a menção destas engenhocas na obra do escritor e orador posterior, Cícero (106-43 a.C.) é citada entre os estudiosos modernos como sugerindo que Arquimedes é o inventor mais provável do mecanismo de Anticítera.

Uma das suas façanhas mais conhecida é a relatada pelo escritor grego Ateneu de Náucrates, que diz que Hieron II pediu a Arquimedes que projetasse para ele um enorme navio, o maior já visto, que pudesse servir para transporte, como navio de luxo, ou navio de guerra, para satisfazer o rei Arquimedes projectou o maior navio de todos os tempos, o Siracusa, que apresentava um elaborado templo de Afrodite, jardins, um ginásio, salões de fests e outras instalações, com espaço suficiente para 1.900 passageiros, tripulantes, e soldados, e possuindo torres de guerra além de uma catapulta de tamanho normal a bordo, o navio foi construído de acordo com os planos de Arquimedes, o Siracusa navegou de Siracusa a Alexandria, onde foi oferecido de presente a Ptolomeu III Euergetes (reinou 246-222 aC), e foi alvo de uma grande admiração geral pela majestosidade do seu porte, mas desconhece-se o que aconteceu ao navio depois disso.

Arquimedes, é frequentemente associado a uma série de invenções e descobertas que tiveram grande impacto na matemática, na física, e na engenharia, mas uma das histórias mais intrigantes sobre ele é a das diversos máquinas de guerra que projectou para defender a cidade de Siracusa durante o cerco romano na Segunda Guerra Púnica.

Por causa de sua posição estratégica, a cidade de Siracusa viria a ser envolvida numa guerra acirrada entre as duas maiores potências do Mediterrâneo da época, Cartago e Roma, Cartago era uma grande cidade na costa mediterrânea da África, mas Roma também se estava a tornar uma cidade poderosa, a as suas legiões tinham conquistado todas as cidades-estado gregas da Itália.
Roma e Cartago tentaram encontrar um meio de evitar uma guerra e fizeram um acordo que dividia o Mediterrâneo entre as duas potências, mas com a morte de Hieron II, em 216 a.C., o seu neto Hieronimus assumiu o trono, mas não reinou por muito tempo pois um traidor chamado Deinomenes, apoiado por Cartago então já em guerra com Roma assassinou Hieronimus e apoderou-se de Siracusa.

Arquimedes foi então requisitado para projectar o que veio a ser as mais poderosas máquinas de guerra de seu tempo, e no dia em que a esquadra romana tentou atracar no porto de Siracusa viu erguer-se entre as muralhas da cidade um tentáculo mecânico munido de pinças gigantescas que esfacelavam as embarcações mais próximas, enquanto as embarcações mais distantes sofriam pesados danos sob o impacto de imensas rochas que eram atiradas das catapultas projectadas por Arquimedes, ao mesmo tempo que enormes espelhos côncavos feitos de metal polido concentravam os raios solares sobre as velas dos navios inimigos, ateando-lhes fogo.

O chamado “raio solar” seria um dispositivo formado por espelhos ou superfícies polidas capazes de concentrar os raios do sol num ponto focado com o objetivo de incendiar os navios inimigos, esse conceito, que hoje chamamos de "arma de concentração solar", é discutido em fontes antigas, mas sua existência prática nunca foi comprovada, e muitos consideram a história uma lenda ou um mito.

Alguns pesquisadores no entanto acreditam que Arquimedes realmente experimentou a ideia de concentrar luz solar para gerar calor, possivelmente utilizando espelhos de bronze ou superfícies refletoras, mas devido à falta de evidências arqueológicas diretas e às limitações da física e da tecnologia da época, é difícil determinar com certeza se Arquimedes de facto construiu uma arma solar funcional ou se a história foi exagerada ao longo dos séculos.

Em tempos mais recentes, experiencias modernas tentaram replicar a ideia, utilizando espelhos ou lentes para focar a luz solar, mas essas experiencias obtiveram resultados variados, em teoria, seria possível criar um dispositivo como o "raio solar", mas as condições de tempo e a precisão necessárias para focar a luz de forma eficaz nas condições da época seriam extremamente difíceis de alcançar.

Além dessa invenção lendária, Arquimedes focou-se em trabalhar em construções de maquinas para vencer as guerras, e nesse período criou diversas ferramentas de guerra, e salientamos entre as principais
. catapultas que eram capazes se arremessar enormes rochas;
. uma ferramenta composta por um gancho que conseguia erguer os navios dos inimigos;
. uma grande lupa, o raio solar,  para incendiar os navios inimigos

Graças as suas invenções, Siracusa conseguiu “adiar” a derrota para Roma, durante três anos, liderados pelo general Marcellus Claudius, os romanos cercaram e atacaram a cidade de Siracusa mas o povo estava tão seguro que as máquinas de Arquimedes defenderiam a cidade que ficaram alheios à ameaça romana, porém, no dia da festa da deusa Ártemis, enquanto os habitantes da cidade comemoravam com muita comida e bebida, os soldados romanos escalaram as muralhas e se posicionavam em diversos pontos da cidade de Siracusa, que acabou caindo nas mãos dos romanos. mas depois de 200 anos Roma entra em guerra novamente com Siracusa e ganham, mas enquanto Arquimedes esteve vivo, Roma não conseguiu apoderar-se de Siracusa.

Arquimedes foi morto em 212 a.C. durante a captura romana de Siracusa durante a Segunda Guerra Púnica, por um legionário dos tantos que percorriam a cidade derrotada na busca por despojos, depois de todos os seus esforços para manter os romanos afastados com suas máquinas de guerra terem falhado, e a história apresenta três diferentes versões do seu assassinato.

- A primeira versão, a mais reconhecida como credível, afirma que Arquimedes encontrava-se a tentar resolver algum problema com um diagrama, e com a mente e os olhos concentrados no objecto de sua especulação, ele nunca notou a incursão dos romanos, nem que a cidade havia sido tomada e nesse transe de estudo e contemplação, um legionário, aproximou-se dele inesperadamente e ordenou-lhe que o seguisse até ao general Marcellus Claudius, o comandante romano, algo que ele se recusou a fazer antes de ter uma demonstração do seu resultado, e o legionário enfurecido desembainhou a espada e perfurou-o.

- A segunda versão afirma que um legionário romano, correu na sua direcção com a espada desembainhada para matá-lo e Arquimedes pediu-lhe que parasse a mão por alguns instantes, para não ter que deixar inacabado e imperfeito o que estava a trabalhar, mas o legionário, sem qualquer compaixão, matou-o instantaneamente.

- Finalmente, a terceira versão conta que enquanto Arquimedes trazia ao general Marcellus Claudius instrumentos matemáticos, quadrantes, esferas e ângulos, com os quais a magnitude do Sol poderia ser medida a olho nu, alguns legionários viram-no a carregar um vaso pesado, e pensando que ele carregava ouro nesse vaso  mataram-no.

Conta-se que o general Marcellus Claudius dera ordem para capturar Arquimedes vivo por o considerar um dos sábios mais venerados da época e que ficou muito zangado com o legionário que o matou, e consta também que a frase “não pise nos símbolos” teria sido as últimas palavras de Arquimedes gritadas ao legionário quando da sua morte.

Arquimedes considerava que as suas realizações mais significativas eram aquelas relativas a um cilindro circunscrevendo uma esfera, pois ele estava muito orgulhoso de seu resultado sobre a relação entre os volumes de ambos os sólidos, e sempre pediu aos seus próximos que após a sua morte o seu resultado sobre a razão entre as áreas dos dois fosse inscrito no seu túmulo.
Arquimedes deixou um legado de trabalhos fundamentais na geometria, cálculo, e física, como o princípio de Arquimedes (relacionado à flutuabilidade), o uso da alavanca e a invenção de vários mecanismos, como a famosa parafuso de Arquimedes para irrigação.

Arquimedes foi sepultado em Siracusa, e segundo os seus desejos uma esfera inscrita num cilindro foi colocada no seu túmulo, a localização do seu túmulo foi-se perdendo ao longo do tempo, mas anos depois, Cícero, em suas Disputas Tusculanas, uma de suas mais interessantes e peculiares obras de conteúdo filosófico datada de 75 a.C., conta como ajudou os siracusanos a encontrar a tumba perdida de Arquimedes que se encontrava rodeada e completamente coberta por espinheiros e arbustos.

“Enquanto olhava toda a zona - visto que existe um grande número de túmulos junto à porta de Agrigento - notei uma pequena coluna que mal se elevava acima dos arbustos, sobre a qual havia a figura de uma esfera e de um cilindro. Eu imediatamente disse aos siracusanos – as autoridades também me acompanharam – que, como eu acreditava, era exatamente isso que eu procurava. Enviando muitos homens com foices, eles limparam e desocuparam o local. Quando o acesso a ele nos foi aberto, nos aproximamos da frente do pedestal e uma inscrição era visível com as partes finais dos versos corroídas quase até a metade.”

FONTES:
Wikipédia – Arquimedes
Worldhistory - Arquímedes
EditorialHerder - Arquímedes de Siracusa
Nutshell - Arquímedes: El genio matemático de Siracusa
Unicamp - Arquimedes de Siracusa
Ebiography - Biografia de Arquimedes
MundoEducação – Arquimedes, um físico, inventor, e matemático grego