A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

quarta-feira, 28 de maio de 2025

O Teflon e as nanopartículas


Panelas de Teflon são frequentemente usadas em nossas cozinhas. O Teflon é um plástico sintético (polímero) - composto por átomos de carbono e flúor - que reveste essas panelas e confere a propriedade antiaderente. 

Embora o Teflon (ou politetrafluoroetileno) ofereça benefícios e conveniência, a segurança desse tipo de revestimento plástico tem sido alvo de investigações, devido a suspeitas de riscos à saúde.  Há sugestões e evidências da associação de certos tipos de câncer à ingestão dessa substância, embora a quantidade ingerida deva ser considerada - ver referências. 

Panelas perdem gradualmente o revestimento de Teflon à medida que são usadas. Um estudo utilizando sofisticada técnica e métodos avaliou a quantidade desse revestimento que pode ser desprendido durante os cozimentos nessas panelas.

A técnica "Imagem Raman" permitiu estudar os microplásticos (<5 mm) e nanoplásticos (<1 μm) no revestimento de Teflon em nível molecular por meio de espalhamento de fótons. Os pesquisadores também aplicaram algoritmos personalizados para calcular a quantidade do revestimento desprendido.

Foi constatado que o abrasão e riscos de um espátula sobre o revestimento de Teflon de uma panela podem liberar até 2,3 milhões de pequenas partículas no alimento.

Para aumentar a preocupação, o Teflon (politetrafluoroetileno) faz parte da família das substâncias perfluoroalquiladas (PFAS, na sigla em inglês) chamadas "produtos químicos eternos" que não degradam no ambiente.

Se você não quer arriscar, prefira as panelas de ferro. Se prefere arriscar, evite riscar a sua panela de Teflon. 

Referências

Estudo sobre liberação de microplásticos

Luo, Y., Gibson, C. T., Chuah, C., Tang, Y., Naidu, R., & Fang, C. (2022). Raman imaging for the identification of Teflon microplastics and nanoplastics released from non-stick cookware. Science of The Total Environment, 851, 158293.

Estudos PFAS X Câncer

Steenland, K., & Winquist, A. (2021). PFAS and cancer, a scoping review of the epidemiologic evidence. Environmental research, 194, 110690.

Van Gerwen, M., Colicino, E., Guan, H., Dolios, G., Nadkarni, G. N., Vermeulen, R. C., ... & Petrick, L. M. (2023). Per-and polyfluoroalkyl substances (PFAS) exposure and thyroid cancer risk. EBioMedicine, 97.

Winquist, A., Hodge, J. M., Diver, W. R., Rodriguez, J. L., Troeschel, A. N., Daniel, J., & Teras, L. R. (2023). Case–cohort study of the association between PFAS and selected cancers among participants in the American Cancer Society’s Cancer Prevention Study II LifeLink Cohort. Environmental Health Perspectives, 131(12), 127007.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

A dupla fenda de Young


No século XVII Isaac Newton propôs que a natureza física da luz era material, ou seja, ela consistia na propagação de um fluxo de partículas microscópicas. Posteriormente, outros cientistas defenderam a natureza ondulatória da luz. Foi somente no início do século XIX que o médico e físico Thomas Young por meio de uma série de estudos demonstrou a natureza ondulatória da luz. O mais famoso foi o experimento da dupla fenda.

O EXPERIMENTO DA DUPLA FENDA - Na experiência de Young, são utilizados três anteparos. O primeiro possui uma fenda, o segundo tem duas e no último ocorre a projeção da luz. Quando passa pela primeira fenda a luz sofre difração. A difração é a capacidade da onda se espalhar e contornar obstáculos (se estivermos em uma sala escura e houver um pequeno furinho que permite a entrada de luminosidade externa podemos constatar tal fenômeno). 

Outro aspecto ondulatório da luz pode ser verificado quando ela atravessa as duas fendas do segundo anteparo. Após a luz passar pelas duas fendas, acontece o fenômeno de interferência de ondas. A interferência pode ser construtiva ou destrutiva. Na construtiva as ondas “se somam” o que resulta no aumento de intensidade (ver figura). Na interferência destrutiva as ondas podem se anular. Como consequência da interferência, o resultado da projeção da luz que atravessa as duas fendas é um conjunto de faixas bem iluminadas alternadas por áreas mal iluminadas (franjas, ver figura).

O experimento de Young demonstrou de modo inquestionável a natureza ondulatória da luz. Porém, no início do século passado o físico Albert Einstein, para a explicar o efeito fotoelétrico, considerou que luz não se comportava como uma onda, mas sim como uma partícula, o fóton! Isso lhe rendeu o prêmio Nobel de 1921 .

Hoje admite-se que a luz ora se comporta como onda, ora como partícula!

VÍDEO DO EXPERIMENTO DAS DUAS FENDAS DE YOUNG: https://youtu.be/9UkkKM1IkKg

Créditos: entenda a ciência 

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Isaac Newton


Isaac Newton, nascido em 25 de dezembro de 1642 (calendário juliano) ou 4 de janeiro de 1643 (calendário gregoriano) em Woolsthorpe, Inglaterra, é uma das figuras mais influentes na história da ciência. Seu trabalho não só transformou a física, mas também lançou as bases para a investigação científica moderna.

As três leis do movimento de Newton

Estas leis, publicadas em seu trabalho seminal Philosophi æ Naturalis Principia Mathematica (1687), são as pedras angulares da mecânica clássica, explicando a relação entre as forças que atuam sobre um objeto e seu movimento.

1. Primeira Lei: Lei da Inércia

"Um objeto permanecerá em repouso ou em movimento uniforme em linha reta, a menos que acione por uma força externa. "

Esta lei era revolucionária porque contradizia a física aristotélica, que sustentava que os objetos naturalmente descansam. Introduziu o conceito de inércia, uma propriedade da matéria para resistir às mudanças de movimento.

2. Segunda Lei: F = ma

"A aceleração de um objeto é diretamente proporcional à força líquida que atua sobre ele e inversamente proporcional à sua massa. "
Esta lei quantifica o movimento, fornecendo uma estrutura matemática para calcular como as forças afetam o movimento. A equação F=ma (Força igual à massa vezes aceleração) é amplamente aplicada em física e engenharia.

3. Terceira Lei: Ação e Reação

"Para cada ação, há uma reação igual e oposta. "

Este princípio explica as interações entre objetos, como o recuo de uma arma ou a propulsão de um foguete.

Contribuições mais amplas

1. Gravitação Universal: a lei de Newton da gravitação universal posiciona que cada massa atrai todas as outras massas com uma força proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre os seus centros. Esta mecânica terrestre e celestial unificada.

2. Cálculo: Newton co-desenvolveu cálculo (independentemente de Leibniz), uma ferramenta matemática crucial para descrever movimento, mudança e sistemas dinâmicos.

3. Ótica: Ele conduziu um trabalho pioneiro sobre a natureza da luz, mostrando que a luz branca é composta por um espectro de cores.

Contexto e legado

Newton nasceu durante um período tumultuado na Inglaterra, pouco depois do início da Guerra Civil Inglesa. Apesar destes desafios, seu gênio floresceu. Ele sintetizou as obras de predecessores como Copérnico, Kepler e Galileu, dando início à Revolução Científica.

Seus princípios governaram a física por quase 200 anos até que as teorias da relatividade de Einstein introduziram novos paradigmas para velocidades e campos gravitacionais alta

Fato divertido

Embora tenha nascido no dia de Natal sob o calendário juliano, o calendário gregoriano mudou sua data de nascimento para 4 de janeiro, alinhando-se com o acerto de contas moderno.

Os insights de Newton lembram-nos do profundo poder da curiosidade e do pensamento rigoroso — presentes tão duradouros quanto a própria época natalícia!


quarta-feira, 7 de maio de 2025

O átomo de Dalton



Por volta de 400 a.C., o grego Demócrito pensou que se pudéssemos dividir continuamente a matéria em pedaços cada vez menores, isso não seria infinito! Haveria um ponto final nessa divisão, uma unidade fundamental indivisível, o menor componente de toda a matéria existente. Essa foi possivelmente a primeira ideia do átomo feita pela mente humana.

No entanto, a ideia do átomo a partir de bases experimentais só se deu no início do século XIX com os estudos de John Dalton. O cientista realizou vários experimentos de reações químicas. Nessas reações a massa fixa de determinado elemento se combinava com diferentes massas de um segundo elemento formando diferentes compostos. Ele observou que as diferentes massas desse segundo elemento seguiam sempre a proporção de um número inteiro. Essa é a lei de múltiplas proporções, formulada em 1803.

Podemos constatar a lei de múltiplas proporções, por exemplo, na reação entre os elementos carbono e oxigênio. Se tivermos a massa fixa de 12,0 g carbono (C) podemos formar, usando 16,0 g de oxigênio (O), o monóxido de carbono (CO). Essa massa fixa de carbono (C) (=12,0 g) poderá, ao reagir com 32,0 g de oxigênio (O), formar um composto diferente, o dióxido de carbono (CO2). Ou seja, para 12,0 g de carbono é necessário exatamente o dobro (número inteiro) de oxigênio para formar outro composto.

Os experimentos de Dalton o levaram a concluir que (1) - toda a matéria é composta unidades indivisíveis, os átomos; (2) - que os átomos de um determinado elemento são idênticos em massa e propriedades; (3) - que os compostos são combinações de dois ou mais tipos diferentes de átomos e (4) - que uma reação química é um rearranjo de átomos. 

John Dalton foi o primeiro cientista a relatar a dificuldade de algumas pessoas em enxergar algumas cores. E ele percebeu isso nele mesmo, pois confundia o vermelho com o verde e o rosa com o azul. O termo daltonismo empregado para as pessoas que não distinguem certas cores foi uma homenagem ao cientista.

Dalton tinha limitação para distinguir cores, mas a sua mente foi responsável por um grande passo na ciência. Passo fundamental que permitiu que outros cientistas descrevessem de modo mais preciso a unidade que forma toda a matéria do universo.

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Os modelos atômicos


1. Modelo de John Dalton (1803) – Modelo de Esfera Sólida

Visão geral:

Dalton propôs que toda matéria é composta de partículas indivisíveis chamadas átomos.

Ele imaginou átomos como esferas pequenas e sólidas - como bolas de bilhar.

Ideias principais:

Átomos do mesmo elemento são idênticos em massa e propriedades.

Átomos não podem ser criados, divididos ou destruídos.

Compostos formam-se quando átomos de diferentes elementos combinam-se em proporções fixas.

Importância:

Primeiro modelo científico do átomo baseado em evidências experimentais (como as leis do gás).

Lançou as bases para a química moderna.

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2. Modelo de J.J. Thomson (1904) – Modelo de pudim de ameixa

Visão geral:

Depois de descobrir o elétron, Thomson propôs que os átomos são feitos de uma substância carregada positivamente com elétrons carregados negativamente espalhados dentro dele - como passas em pudim.

Ideias principais:

Os átomos são divisíveis.

Elétrons são partículas subatômicas carregadas negativamente.

O resto do átomo é uma bolha de carga positiva para equilibrar os elétrons.

Importância:

Primeiro modelo a mostrar que os átomos têm estrutura interna.

Introduzi a ideia de partículas subatômicas.

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3. Modelo de Ernest Rutherford (1911) – Modelo Nuclear

Visão geral:

Conduzi a experiência de folha de ouro onde partículas alfa foram disparadas contra uma fina folha de ouro.

A maioria passou, mas alguns foram desviados em grandes ângulos.

Ideias principais:

Os átomos são principalmente espaço vazio.

Um núcleo pequeno, denso e positivamente carregado está no centro.

Elétrons orbitam ao redor deste núcleo.

Importância:

Reprovei o modelo de pudim de ameixa.

Introduzi o conceito de núcleo.

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4. Modelo de Niels Bohr (1913) – Modelo Planetário

Visão geral:

Bohr expandiu o modelo de Rutherford usando descobertas da teoria quântica.

Ideias principais:

Elétrons orbitam o núcleo em caminhos fixos ou "níveis de energia. ”

Cada nível tem uma quantidade específica de energia.

Os elétrons podem saltar para níveis mais altos quando a energia é absorvida e cair de volta quando a energia é liberada (como luz).

Importância:

Explicado porque é que os átomos emitem luz em cores específicas (espectros atômicos).

Adicionei o conceito de níveis de energia quantizados.

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5. Modelo de Erwin Schrödinger (1926) – Modelo Mecânico Quântico (Modelo Nuvem Electron)

Visão geral:

Schrödinger usou matemática complexa para descrever o comportamento dos elétrons como ondas, não partículas em órbitas.

Ideias principais:

Elétrons existem em regiões chamadas orbitais (não caminhos fixos).

Orbitais mostram onde um elétron é mais provável que seja encontrado.

A localização exata e velocidade de um elétron não podem ser conhecidas ao mesmo tempo (Princípio da Incerteza de Heisenberg).

Importância:

Modelo mais preciso e amplamente aceito hoje.

Forma a base da química quântica e da física moderna.