A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Velas solares

 

“À medida que a humanidade continua a expandir a exploração espacial, a propulsão química atingirá seu limite."

♦   As velas solares, que aproveitam a luz do sol como os veleiros aproveitam o vento, podem ser sondas acessíveis na busca por vida alienígena em pelo menos duas luas geladas do nosso sistema solar - Europa, de Júpiter, e Enceladus, de Saturno, sugere um novo estudo.

Ao contrário dos foguetes convencionais, que exigem muito combustível para gerar impulso, as velas solares aproveitam o impulso sutil da luz solar para navegar pelo espaço. Elas são impulsionadas quando fótons, ou partículas de luz, as atingem e transmitem seu impulso. Dessa forma, "a própria luz funciona como o vento", disse Manasvi Lingam, astrobióloga do Instituto de Tecnologia da Flórida e principal autora do novo artigo, ao Space.com.  

O impulso dado pelas partículas de luz é leve, mas contínuo, o que significa que elas podem acelerar uma sonda de vela solar a velocidades inatingíveis com foguetes convencionais, que são mais pesados graças ao propulsor que carregam - um problema que aumenta com o tamanho da espaçonave. As velas solares, entretanto, ganham impulso com a luz do sol que captam, de modo que "não precisam carregar combustível a bordo", disse Lingam.

Como as velas dependem da luz solar, seu uso poderia ser limitado ao sistema solar interno, onde a luz solar é abundante. Entretanto, pelo menos em teoria, uma rede de minúsculos lasers aqui na Terra ou colocados em órbita em um dos pontos de Lagrange poderia adicionar mais impulso e, por fim, impulsionar as velas solares para o sistema solar externo, disse Lingam.

Por exemplo, no novo estudo, sua equipe estima que uma vela solar de 100 quilos poderia chegar à lua Europa de Júpiter em apenas um a quatro anos e à lua Enceladus de Saturno em três a seis anos.

Acredita-se que ambos os mundos abriguem um oceano salgado global sob suas superfícies cobertas de gelo, o que os torna alvos tentadores na busca por vida alienígena em nosso sistema solar. Enceladus é conhecido por lançar gêiseres aquosos de sua região polar sul, e indícios de plumas também foram vistos em Europa.

A amostragem dessas plumas, que podem conter biomoléculas intrigantes, como aminoácidos, permitiria que os cientistas estudassem a composição dos oceanos das luas sem a necessidade de pousar uma espaçonave e perfurar gelo espesso.  


Essa tecnologia espacial específica não é inédita. Por exemplo, a LightSail 2, uma espaçonave do tamanho de uma caixa de sapatos, financiada por crowdfunding e operada pela organização sem fins lucrativos Planetary Society, foi lançada na órbita da Terra em 2019. Em novembro de 2022, a LightSail 2 já havia alcançado 18.000 órbitas e viajado cerca de 8 milhões de quilômetros durante seus três anos em órbita - três vezes mais do que a vida útil de seu projeto original.

As velas solares também funcionaram mais longe de casa: A espaçonave Ikaros do Japão demonstrou a tecnologia de vela solar no espaço profundo em 2010.

Alguns cientistas acreditam que as velas solares poderiam até mesmo impulsionar as primeiras missões interestelares da humanidade. Por exemplo, a Breakthrough Starshot Initiative, de US$ 100 milhões, anunciada em 2016, tem como objetivo construir um enxame de espaçonaves leves do tamanho de microchips e enviá-las para Alpha Centauri, o sistema estelar mais próximo da Terra. Impulsionadas por lasers a 20% da velocidade da luz, essas velas leves poderiam chegar a Alpha Centauri em apenas 20 anos - dentro de nossas vidas.

Depois de 65 anos explorando nosso sistema solar com a tecnologia de foguetes convencionais, "em algum momento, encontraremos os limites do que pode ser explorado com propulsão química", disse Lingam. A tecnologia de vela solar poderia muito bem anunciar uma nova era de exploração espacial, acrescentou ele, especialmente se for adequada para procurar sinais de vida em locais "considerados entre os habitats mais promissores para a vida". 

🌏 Créditos/fonte/Publicação: por Sharmila Kuthunur. space. com

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