A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

A Experiência de Millikan

 

Em um engenhoso experimento, realizado em 1909, Robert Millikan conseguiu determinar pela primeira vez a carga elétrica de um único elétron. 

Millikan borrifou no interior de uma câmara gotas de óleo que caíam pela força da gravidade. Algumas gotas atingiam uma segunda câmara através de um pequeno orifício. 

Essa segunda câmara tinha um campo elétrico devido a presença de duas placas de metais, uma positiva e outra negativa, alimentadas por uma bateria.

Nessa câmara, feixes de raio X foram usados para ionizar moléculas do meio que produziram elétrons livres que se ligavam às gotículas de óleo. Assim, as gotas de óleo adquiriram carga negativa.

Uma vez que a placa positiva estava no topo a força elétrica que atuava nas gotas de óleo teria um sentido ascendente. Portanto, as gotas de óleo ficavam sujeitas a força gravitacional (descendente) e a força elétrica (ascendente). 

A massa de uma única gota carregada pode ser calculada observando a velocidade com que ela caia. Ao mudar a voltagem entre as duas placas a velocidade da gota podia ser aumentada ou diminuída. Se a quantidade de força elétrica ascendente for igual a força gravitacional, a gota poderia ficar parada. A quantidade de voltagem necessária para suspender uma gota foi usada junto com a sua massa para determinar a carga elétrica total na gota. 

Millikan calculou a carga para numerosas gotículas de tamanhos diferentes. Ele constatou que as cargas de gotículas de massas distintas tinham sempre um valor múltiplo de um número elementar. Este número foi determinado como 1,59 x 10 -19 Coulomb*, que foi considerado a carga elétrica de um elétron. A determinação da carga elétrica de Millikan foi muito precisa, dado que o valor atual aceito é de 1,602 x 10 -19 Coulomb. 

Usando a física clássica e gotas de óleo Millikan conseguiu um feito inédito que possibilitou desvendarmos ainda mais o universo atômico. O seu experimento, que contou com a participação de outro cientista (Harvey Fletcher), ficou conhecido como "Experimento da gota de óleo". Mais tarde, em 1923, Millikan foi agraciado com o Prêmio Nobel de Física.

*Coulomb corresponde a carga elétrica transportada em 1 segundo por uma corrente de 1 ampere. 

REFERÊNCIAS

https://scienceready.com.au/pages/millikans-oil-drop-experiment 

https://www.britannica.com/science/Millikan-oil-drop-eexperiment

https://www.nobelprize.org/prizes/physics/1923/millikan/facts/

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Caçando exoplanetas


Dia 1 de setembro foi anunciado que o Telescópio Espacial James Webb da NASA capturou as imagens de um planeta (HIP 65426 b), na constelação do Centauro, a cerca de 385 anos-luz do nosso sistema solar, tal descoberta completa o catálogo de 5.159 exoplanetas (planetas além do nosso sitema solar). 

No entanto, apenas uma pequena parcela desses exoplanetas foram descobertos por imagem direta. A maioria foi detectada essencialmente por três métodos indiretos:

FOTOMETRIA DE TRÂNSITO

O brilho do disco de uma estrela diminui um pouco ao longo do tempo, o que indica que um planeta está cruzando na sua frente.

VELOCIDADE RADIAL

Sabemos que o universo está em expansão e as estrelas estão usualmente se afastando de nós. Existe uma mudança aparente na frequência de onda da luz em objetos que estão se aproximando ou se afastando de nós (Efeito Doppler). Isso faz com que a luz seja deslocada para o azul (aumento de frequência), quando o objeto se aproxima, ou para o vermelho (diminuição da frequência), quando se afasta. Se há uma alternância na frequência da onda emitida (azul e vermelha) significa que há mudança de velocidade da estrela em relação à Terra. Tal mudança de velocidade é causada por efeitos gravitacionais, o que indica a presença de um planeta..

MICROLENTE

Microlente é um efeito astronômico previsto pela Teoria Geral da Relatividade de Einstein. De acordo com tal teoria podemos dizer que a gravidade de uma estrela faz o espaço dobrar perto dela. Quando uma estrela passa na frente da outra, ela dobra a luz estelar distante como uma lente, tornando-a mais brilhante. Se a estrela da lente tiver um exoplaneta, ela age como outra lente, tornando a estrela ainda mais brilhante.

Já temos certeza de que vários planetas fora do nosso sistema solar orbitam estrelas, mas ainda estamos longe de saber se algum desses mundos também abriga algum ser vivo. Por enquanto, continuamos sendo o único sinal de vida nesse imenso universo!

REFERÊNCIAS

ATUALIZAÇÃO DOS EXOPLANETAS DESCOBERTOS http://exoplanet.eu/catalog/

https://www.nature.com/articles/d41586-022-02807-4

https://www.planetary.org/articles/space-warping-planets-the-microlensing-method?fbclid=IwAR1EXXgyMHWHW8cHtkvWKLJq1EZkmDZOTTvxjcvM-xxWFy2ct6yvh-8EfEk

https://www.researchgate.net/.../A-cartoon-illustrating... Ver menos

domingo, 27 de agosto de 2023

Viagem na Eletricidade

  Episódio 13 - Elétrons, Radio e TV


Kleber Bastos
Prof. IFAM/CMC
Colaborador: GEDEP-fis / GIRPEN
Instagram: @fisikanarede

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Einstein e a Relatividade

 

A relatividade geral é uma teoria da gravidade. Na verdade, é a teoria da gravidade. Nos cem anos desde a sua descoberta, não encontrámos nada melhor para substituí-lo. É a teoria que explica porque é que as maçãs caem das árvores e porque estamos todos presos à Terra. Mas realmente se torna quando pensamos em grande. Isso explica porque é que a Lua orbita a Terra, porque é que a Terra orbita o Sol e porque é que o Sol é uma entre 100 bilhões de estrelas que orbita um enorme buraco negro que se situa no centro da nossa galáxia Via Láctea. É a teoria que governa a dinâmica do cosmos nas maiores escalas imagináveis.

Einstein descobriu a relatividade geral em 1915 quando tinha 36 anos. Ele ainda não tinha o status de celebridade que teria depois, mas nos círculos científicos ele já era uma estrela. Tinha acabado de ser contratado para Berlim onde ocupou o cargo mais prestigiado da Europa, era o membro mais jovem da Academia Prussiana de Ciências, tinha feito muitas contribuições importantes para a ciência. Mas a sua teoria geral da relatividade seria de longe a sua maior conquista. Continua a ser uma das maiores conquistas na história da ciência.

Física no escritório de patentes

As sementes para a teoria da gravidade de Einstein foram semeadas em 1905. Acho justo dizer que Einstein era um jovem arrogante naquela época. Ele não tinha um cargo numa universidade, ele nem sequer tinha um doutorado. A principal razão foi que ele conseguiu irritar todos os cientistas que conheceu, geralmente com alguma combinação de arrogância, preguiça e grosseria. Então, em 1905 ele estava a trabalhar como funcionário público na Suíça, no degrau mais baixo da escada como secretário júnior de patentes em Berna. O bom desse trabalho era que era fácil. Deixou Einstein com muito tempo livre para pensar sobre ciência. Naquele ano Einstein escreveu quatro artigos. Um destes foi simplesmente um trabalho muito bom e finalmente lhe ganhou um doutoramento, mas os outros três revolucionaram uma área da ciência.

Um destes trabalhos foi sobre a teoria especial da relatividade. Relatividade especial é de onde vem a famosa equação $E=mc^2$. A ideia central da teoria é que existe um limite de velocidade no nosso Universo. As leis da física conspiram para que nada possa viajar mais rápido do que a velocidade da luz. Einstein foi levado a esta ideia ao pensar nas leis recém-descobertas do eletromagnetismo e fazendo perguntas como "como seria um feixe de luz se estivesses a correr ao lado dele? ". Não percebemos este limite de velocidade do Universo no nosso dia a dia porque a velocidade da luz é muito rápida: cerca de 700 milhões de milhas por hora.

Explodindo o sol

A relatividade especial colocou Einstein em conflito com uma teoria que foi então considerada o alicerce da ciência: a teoria da gravidade de Isaac Newton que já existia há quase 250 anos (você pode descobrir mais sobre ela aqui).

Einstein perguntou-se o que aconteceria se o Sol explodisse subitamente. Uma vez que o Sol está tão longe que demora oito minutos de luz para viajar para a Terra, não saberíamos sobre a explosão imediatamente. Por oito minutos gloriosos estaríamos completamente alheios à coisa terrível que estava prestes a acontecer.

Mas e a gravidade? A Terra move-se numa elipse ao redor do Sol, devido à gravidade do Sol. Se o Sol não estivesse lá, ele iria sair em linha reta. O quebra-cabeças de Einstein era quando isso aconteceria: imediatamente, ou após oito minutos?

De acordo com a teoria de Newton, a Terra deveria saber imediatamente que o Sol tinha desaparecido. Mas Einstein disse que isso não podia estar certo. Porque, segundo ele, nada pode viajar mais rápido do que a velocidade da luz — nem mesmo os efeitos da gravidade.

Caso não seja óbvio, devo salientar que Einstein não era um homem pragmático. O Sol explode e tudo o que ele se preocupa é se a Terra viaja em círculo ou em linha reta. Mas era assim que ele fez ciência. Ele cozinhava estes cenários na sua cabeça e levava-os até ao limite. Ele tentava encontrar alguma contradição e quando havia algo que não fazia sentido, era nisso que ele se focava.

Oito anos de pensamento

Primeiro Einstein pensou que podia resolver o problema mexendo nas equações de Newton, construindo num atraso de tempo, mas isto não funcionou. Em 1907 Einstein começou a pensar mais profundamente sobre a gravidade, voltando ao básico. Demorou oito anos a chegar à resposta final e, durante a maior parte deste tempo, ele foi a única pessoa no mundo que se importava com o problema. Este foi um tempo emocionante na física: os básicos da estrutura atômica estavam a ser descobertos e foram os primeiros dias da mecânica quântica. Einstein estava na vanguarda de todos estes desenvolvimentos, mas o que ele realmente se importava era se a Terra continua a mover-se em torno do Sol depois de explodir.

Einstein pensou pela primeira vez que o tinha decifrado em 1913 quando inventou o que chamou de "esboço" da teoria. Ele percebeu que não era perfeito, mas achou que estava basicamente certo e só precisava de um pouco de polimento. Durante dois anos ele tentou consertá-lo, mas de alguma forma ele simplesmente não conseguiu fazê-lo — as dúvidas irritantes começaram a surgir. As coisas vieram à cabeça no verão de 1915, quando ele foi à cidade alemã de Gotinga para dar uma série de palestras sobre a sua teoria. Em Gotinga, havia um tipo chamado David Hilbert, que foi reconhecido como o maior matemático vivo naquela época. Einstein passou uma semana lá e Hilbert interessou-se muito pelo que tinha a dizer.

Quando Einstein regressou a Berlim duas coisas aconteceram. Primeiro, ele percebeu que sua teoria era lixo. As ideias básicas estavam certas, mas toda a estrutura que ele construiu estava errada. Em segundo lugar, ele recebeu uma carta de Hilbert dizendo "Bem, eu realmente gostei das suas palestras, mas não tenho a certeza se está certo. Então eu decidi trabalhar nisso eu mesmo." Depois de oito anos a trabalhar no seu próprio Einstein de repente teve concorrência do melhor matemático do mundo.

Einstein ficou deprimido no início, mas depois apertou o cinto e focou tudo no seu problema. Trabalhou meses, às vezes esquecendo-se de comer ou dormir. Eventualmente, chegou a novembro de 1915. Einstein deveria dar uma série de quatro palestras — uma por semana — sobre relatividade geral na Academia Prussiana de Ciências, a todos os cientistas mais brilhantes em Berlim. Ele concordou em fazer isto quando ainda pensava que sabia do que estava a falar. Mas agora ele não tinha uma teoria. Ele conseguiu reunir material suficiente para dar a primeira palestra, mas a partir daí, ele estava trabalhando em tempo real. Durante a semana, ele passou o seu tempo a tentar resolver o problema com o qual lutou durante oito anos. No final de cada semana ele levantou-se e deu uma palestra sobre o que tinha acabado de descobrir. Entretanto, Hilbert estava a respirar em cima do seu pescoço, enviando-lhe cartas que mostravam que ele também estava mais ou menos no caminho certo.

Finalmente, na semana antes da sua última palestra, Einstein resolveu. No final da semana, levantou-se na Academia Prussiana e anunciou ao mundo a teoria geral da relatividade que tinha descoberto dias antes.

https://plus.maths.org/content/einstein-relativity

Frases da Vida e da Ciência


Feynman: Eu sou Feynman.

Dirac: Eu sou Dirac.
(silêncio)

Feynman: Deve ser maravilhoso ser o descobridor dessa equação.

Dirac: Isso foi há muito tempo.
(pausa) Em que estás a trabalhar?

Feynman: Mesons.

Dirac: Você está tentando descobrir uma equação para eles?

Feynman: É muito difícil.

Dirac: É preciso tentar.

— como mencionado em "Gênio: A Vida e a Ciência de Richard Feynman" por James Gleick (1992)

[Fotografia de Marek Holzman, cortesia: Caltech Archives]

v/@fisinhistória


 

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

O parafuso de Arquimedes

 

O parafuso de Arquimedes resolveu um dos maiores problemas práticos da antiguidade, que foi encontrar uma maneira fácil de levantar líquidos. Arquimede criou uma máquina que permitiu que esta operação fosse realizada com relativa simplicidade: o parafuso Arquimedes. A máquina é feita de um parafuso grande e colocada dentro de um tubo, não necessariamente soldado à prova de água. A parte inferior do tubo é imersa num líquido e, ao girar o parafuso, cada degrau recolhe uma certa quantidade de substância que é levantada ao longo da espiral até sair da parte superior, para ser descarregada numa bacia de armazenamento.


A energia para rotação pode ser fornecida por uma alça, por animais, por hélices de moinho de vento ou por tratores agrícolas. O parafuso Arquimedes é atribuído a Arquimedes com base nos testemunhos de Diodoro Sículo e Ateneu. Estudos recentes, no entanto, indicam que pode já ter sido inventado antes de Arquimedes, pois pensa-se que tenha sido usado para irrigar os jardins suspensos da Babilônia. Arquimedes pode ter estudado o parafuso durante a sua estadia em Alexandria no Egito e pode ter importado um instrumento para a Itália que, portanto, já era conhecido no país do Oriente Médio. Os estudos de Arquimedes têm uma influência notável na história da ciência tanto na antiguidade, quando o rigor das suas manifestações é tomado como modelo, como no Renascimento quando as suas obras, publicadas em versões ou no texto original, são tema de grande interesse para aqueles que fundaram Ciência experimental moderna. Galileu Galilei pega o parafuso de Arquimedes em sua obra Le Meccaniche: na passagem "Sobre o parafuso de Arquimedes para remoção de água", ele demonstra como funciona. "Não me parece que neste lugar a invenção de Arquimedes de levantar água com o parafuso seja passada em silêncio: o que não é apenas maravilhoso, mas milagroso; pois descobriremos que a água sobe na videira, descendo continuamente. ”


Ainda hoje, o parafuso de Arquimedes é usado em vários contextos para levantar substâncias nos estados sólido, líquido e gasoso. Além disso, o auger hidráulico pode ser aplicado a níveis de água desiguais, pois explora a energia potencial numa posição estacionária. No ponto mais alto, a energia potencial da água é máxima e como resultado da consequente queda em direção ao ponto mais baixo, é transmitida para um rotor ligado a um gerador que transforma a energia cinética dada pelo movimento do parafuso em energia elétrica. O fluido entra na cóclea, designadamente os seus três ou quatro compartimentos, no ponto mais alto, enquanto um motor, iniciado por um impulso elétrico, coloca-o em movimento. Os diferentes compartimentos formam câmaras individuais nas quais a água que entra empurra, graças à força gravitacional da terra, criando um princípio de rotação. A energia produzida pela rotação do eixo de auger é transmitida, através de um multiplicador de correia, para um gerador; a velocidade de rotação é mínima, na verdade o que vence nesta tecnologia não é a velocidade, mas a força de impulso.

Fonte: Blog de Arquimede

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

O Termostato e a Dilatação Térmica


A expansão térmica (ou dilatação térmica) é a tendência da matéria em alterar a sua forma em resposta a uma mudança de temperatura. De modo geral, quando um material é aquecido, os átomos ou moléculas começam a vibrar mais, criando maior distância entre si. Dessa forma, o material se dilata, aumentando o seu volume. 

A força de ligação entre os átomos ou moléculas diferem entre os diversos materiais. Os polímeros, como a borracha, têm ligações intermoleculares fracas e podem se dilatar bastante com o calor. Por outro lado, as cerâmicas têm ligações fortes e baixa capacidade de dilatação.

A força de ligação também pode variar entre os diferentes metais. Assim, alguns metais se dilatam mais do que outros em determinadas temperaturas. 

O termostato é um dispositivo que detecta mudanças de temperatura com a finalidade de mantê-la constante em um local. Eles são usados em geladeiras, ferros elétricos, ares-condicionados e em vários outros equipamentos. Um termostato tradicional possui uma tira bimetálica, ou seja, constituída de dois metais distintos, que pode ser o cobre e o ferro. A tira funciona como uma ponte em um circuito elétrico. 

Com o calor o cobre dilata mais do que o ferro fazendo com que a tira forme um arco com a concavidade para cima, interrompendo o circuito elétrico. É por isso que o motor de sua geladeira liga e desliga a toda hora! A tira bimetálica pode ser feita com outros metais e ter vários outros formatos, como em ferradura ou em espiral.

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

JURASSIC PARK: FICÇÃO OU REALIDADE?


No filme Jurassic Park cientistas extraem o DNA de dinossauros de insetos hematófagos preservados em âmbar. A partir desse DNA recriam os grandes répteis que viveram há mais de 65 milhões de anos em nosso planeta.

O âmbar é uma resina de árvore fossilizada que pode preservar animais por muito tempo. Essas resinas naturais possuem compostos químicos com propriedades conservantes e antimicrobianas e parecem um material promissor para a preservação de DNA. Assim, esperava-se que a molécula de DNA pudesse ser facilmente extraída dos restos de tecidos desses animais. Infelizmente, tal molécula se degrada facilmente e as tentativas de se obter DNA antigo sempre foram frustradas.

Pesquisadores da Universidade de Bonn, Alemanha conseguiram extrair DNA de organismos preservados em âmbar. Embora o DNA seja uma molécula lábil, eles a encontraram em besouros incorporados em pedaços de resina de dois a seis anos de idade. Tais insetos estavam no interior da resina de uma árvore (Hymenaea verrucosa) coletada em Madagascar. O DNA desses besouros foi extraído e amplificado.

Os pesquisadores descrevem o método que agora possibilita o estudo de DNAs antigos de organismos preservados em âmbar. A questão agora é saber por quanto tempo o DNA pode permanecer intacto em âmbar. A preservação de DNA por alguns anos nessas resinas está demonstrada. No entanto, os dinossauros viveram por aqui há mais de 65 milhões! Ao longo desse tempo, eventos que incluem mudanças de pressão e de temperatura minimizam a probabilidade de preservação do DNA em âmbar. Desse modo, é melhor deixarmos o Jurrasic Park restrito ao terreno da ficção.

REFERÊNCIA

Peris et al. DNA from resin-embedded organisms: Past, present and future, PLOS ONE (2020). https://doi.org/10.1371/journal.pone.0239521

domingo, 20 de agosto de 2023

Viagem na Eletricidade

 Episódio 12 - As 3 aplicações da Eletricidade


Kleber Bastos
Prof. IFAM/CMC
Colaborador: GEDEP-fis / GIRPEN
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sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Albert Einstein - frases e contexto histórico



Albert Einstein foi um físico teórico alemão que é amplamente considerado como um dos cientistas mais influentes do século XX. Ele é conhecido por suas contribuições para a teoria da relatividade e a famosa equação E=mc², que descreve a equivalência entre massa e energia. Além disso, Einstein também fez importantes contribuições para a mecânica quântica e a física estatística.

Einstein era um pensador profundo e suas frases de efeito refletem sua visão de mundo única. Eis algumas de suas frases famosas:

  1. "A imaginação é mais importante que o conhecimento." - Esta frase foi dita por Einstein em uma entrevista em 1929, quando ele estava discutindo a importância da criatividade na ciência. Ele acreditava que a imaginação era fundamental para a descoberta científica e que o conhecimento sozinho não era suficiente.
  2. "Deus não joga dados com o universo." - Einstein disse isso em uma carta para seu amigo Max Born em 1926, referindo-se à teoria quântica emergente na época. Ele estava expressando sua crença de que a natureza era governada por leis determinísticas e que a aleatoriedade da teoria quântica era problemática.
  3. "A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original." - Esta frase foi dita por Einstein em uma palestra em 1954, quando ele estava discutindo a importância da mudança e do crescimento pessoal. Ele acreditava que a curiosidade e a abertura para novas ideias eram essenciais para o desenvolvimento humano.
  4. "A paz não pode ser mantida pela força; só pode ser alcançada pela compreensão." - Einstein disse isso em uma palestra em 1947, quando estava discutindo a necessidade de desarmamento nuclear e cooperação internacional. Ele acreditava que a guerra era uma ameaça existencial para a humanidade e que a paz só poderia ser alcançada através do diálogo e da compreensão mútua.
  5. "A ciência sem religião é manca, a religião sem ciência é cega." - Einstein disse isso em uma carta para um amigo em 1954, expressando sua crença de que a ciência e a religião eram complementares e que ambas eram necessárias para uma compreensão completa do mundo. Ele acreditava que a ciência fornecia uma compreensão objetiva da natureza, enquanto a religião fornecia um senso de significado e propósito.

    Essas frases refletem a visão de Einstein sobre a importância da criatividade, da compreensão mútua e da busca constante pelo conhecimento. Ele é lembrado como um dos maiores gênios da história da ciência e um defensor apaixonado da paz e da justiça.

    TIRINHA DO DIA:


Kleber Bastos
Prof. IFAM/CMC
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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Como funciona o Microondas?



Em 1945, o engenheiro norte-americano Percy Spencer estava trabalhando em um laboratório testando tubos de vácuos, chamados magnetrons, para um projeto de radares. Um dia, enquanto trabalhava perto dos magnetrons (que emitem micro-ondas), Spencer notou que uma barra de chocolate em seu bolso começou a derreter. O engenheiro percebeu que as micro-ondas geradas pelo aparelho podiam cozinhar alimentos rapidamente. E assim nasceu o forno de micro-ondas!

A ÁGUA É A CHAVE DO AQUECIMENTO

Hoje sabemos que o aumento da temperatura provocado pelas micro-ondas deve-se à interação entre tal radiação e a água presente nos alimentos. A molécula da água é polar, ou seja, ela tem uma extremidade positiva e outra negativa. Isso ocorre porque os elétrons (negativos) têm uma afinidade maior pelo oxigênio do que com o hidrogênio. Se submetermos essa molécula a um campo elétrico ela irá se alinhar a este campo (ver figura à esquerda). 

Microondas é um tipo de radiação eletromagnética longa (de 1 mm a 1 metro) e de baixa frequência (de 300 MHz a 300 GHz) em relação à luz visível e que pode interagir com as moléculas de água. A onda eletromagnética tem um campo elétrico, sendo ele composto de cristas carregadas positivamente e vales carregados negativamente. À medida que as micro-ondas passam pelo alimento, as moléculas de água tendem a se alinhar aos seus campos oscilantes positivos e negativos. Assim, as moléculas passam a girar de um lado para outro.  Quando as moléculas de água realizam este movimento giratório, elas colidem com outras partículas próximas aumentando o seu grau de vibração, o que eleva a temperatura do alimento.

A polaridade da molécula de água também explica por que muitos plásticos, vidros e cerâmicas são considerados seguros para micro-ondas - suas moléculas não são muito polares, então não são tão perturbadas pela mudança dos campos elétricos das micro-ondas.
 
REFERÊNCIAS 

https://www.businessinsider.com/how-the-microwave-oven-was-invented-by-accident-2015-4

https://www.scientificamerican.com/article/bring-science-homes-soap-microwave/

http://vophysics.weebly.com/technology/the-technology-and-the-science-behind-microwave-oven

https://en.wikipedia.org/wiki/Microwave

https://www.mcgill.ca/oss/article/general/device-causes-water-molecules-flip-back-and-forth-some-245-billion-times-second-what-it#:~:text=However%2C%20there%20is%20no%20controversy,for%20about%202.45%20billion%20seconds

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Oppenheimer - O filme

“Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; cada ser humano é uma parte do continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa ficará diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”

(John Donne, Meditações, VII).

Os mundos ficcionais são pensados até os últimos fios de cabelo de seus protagonistas, sejam eles reais ou não. A realidade, aliás, se torna paralela para esses novos sujeitos, ocupando um cargo que vai das reclamações dos puristas até a arbitrariedade de quem busca uma boa diversão por um preço justo.

Controle absoluto; essa é a regra fundamental da ficção, tão distante das milhares de chances e coincidências da vida real e do passado concreto. Essas histórias devem dar forma ao caos da experiência humana.[i] Julius Robert Oppenheimer pode não ter lido sua famosa citação “Agora eu me torno a Morte, destruidora de mundos”[ii] durante um encontro sexual, mas no filme, a cena funciona como um catalisador das ideias em volta dessa situação e do protagonista.

Nós esperamos a frase. Nós conhecemos a história e ela até já se tornou uma espécie de clichê. Por isso, pouco importa onde ou quando ela seja dita. O que possui maior destaque é o modo como essa cena sintetiza várias outras expectativas e situações, lidando com os nossos conhecimentos da situação e adicionando novas camadas. O efeito já era esperado, conferindo um ar de familiaridade para os que estão assistindo.

Em vários momentos, a ameaça da morte vem acompanhada do desejo sexual, seja na culpa pela morte da amante que não permitiu o amor, ou pelos casos de adultério que deveriam significar algo mais profundo, mas só indicam uma rápida tentativa de prazer. A empatia somente pode ser transmitida a partir do sexo, irracional e potente, carregado de uma raiva elementar, muito próxima do ato de destruição em massa.

O desespero acompanha o processo, como na cena em que em meio às pressões de fracasso do Projeto Manhattan, Oppenheimer expressa uma vontade descomunal de visitar a amante. Ele quer encontrar sentimentos simples, uma certeza durante um momento de incerteza absoluta. Se errar, a Terra literalmente irá explodir.

A ficção funciona porque nós escolhemos acreditar nessa visita, ainda que ela não possua nada de semelhante com o caos do mundo real. No caso do filme histórico, a trama se complica, pois lidamos com acontecimentos vistos por muitos como importantes e intocáveis. Mudar a história é o pecado original, caindo nas catastróficas consequências do anacronismo. Por outro lado, a função do documento fílmico é estabelecer “[…] uma relação, um reflexo, um comentário e/ou uma crítica com o corpo já existente de dados, argumentos e debates sobre o tópico em questão.

De forma parecida com o discurso dialético, o filme afirma-se a partir de zonas nebulosas, pelas sombras. “Com efeito, de tudo o que dissemos resulta que um discurso só é claro, do ponto de vista da dialética, se ele for coberto por certas zonas de sombra. Só os discursos cujos fundamentos primeiros são de algum modo obscuros (isto é, afetados de ‘negação’) são discursos efetivamente claros”.[iv] Ele não se expõe muito, como se estivesse receoso de ataques vindos dos mais variados flancos. Tampouco tenta ser neutro, afinal, assim como o próprio passado, nenhum resgate do que já foi pode ser destituído de uma carga política relevante para o presente.

No caso de Oppenheimer, novo filme do cineasta Christopher Nolan, a racionalidade confere sentido ao emocional, e vice-versa, construindo uma bomba que só pode ser detonada no público, hipnotizados pelos sons e imagens do sistema IMAX. A tecnologia é o meio pelo qual o cineasta transmite sua mensagem, sua ideologia, por assim dizer, de forma metafórica e literal. O criador é um sujeito perturbado, pois a tensão entre esses dois fatores somente pode ocasionar na contradição.

Há um voyerismo perverso em curso nessas telas de IMAX, com sujeitos enaltecendo a qualidade do som e reencenação do momento. O público é tomado por uma ansiedade sem comparação, contudo, ela merecer ser problematizada. É correto criar entretenimento a partir de algo tão horroroso? Claro que a ficção não pode ser apenas um passeio no parque, mas a problemática não se esconde em uma casca de profundidade. Trata-se de indicar um fator, não propor uma solução ou um simples boicote ao filme.

A construção da tensão serve seu propósito, tanto dramaticamente quanto moralmente, inserindo a audiência dentro dos conflitos presentes no período. Ainda assim, o processo não é tão digno, imerso em uma longa tradição estadunidense de incorporar seus medos e fobias psicológicas aos eventos históricos que eles mesmos causaram. A Guerra do Vietnã é o exemplo clássico, imenso divã para os cineastas colocarem suas aspirações e frustrações.

Em uma sala de cinema, a transmissão da história acaba funcionando como um parque de diversões, um momento catártico para aqueles que não vivenciaram a dramaticidade do real e agora, podem fazer parte do processo por outros meios. O cinema, muito mais do que finalidade artística, transforma-se em um recurso para deixá-los na beira de suas cadeiras, aguardando os próximos capítulos.

Querendo ou não, por mais nobres que as aspirações e mensagens políticas sejam, o processo é perverso, violento em seu âmago. A condenação acaba virando reprodução e o propósito se perde em meio ao entretenimento hollywoodiano. A substância está presente, mas nossos sentidos são abalados de um modo distinto e ininterrupto, interferindo na forma como podemos captá-la. Algo se perdeu pelo caminho.

O ódio é instrumentalizado e despido de quaisquer individualidades. Nós sabemos quem a bomba atingiu. O objetivo era puramente instrumental, uma manobra política e militar que encerraria todas as guerras? O crime é bem abordado pelo cineasta, mas o discurso é muito mecânico. As emoções não afloram (com exceção do medo) e as consequências parecem vazias de um significado mais profundo.

Estamos diante do maior atentado terrorista do século XX, uma violência direta contra civis e a inauguração dos temores nucleares da Guerra Fria. A segunda metade do século mais longo de todos seria muito diferente sem esses personagens. A representação do passado busca ser ambígua, sem indicar heróis ou vilões (ela consegue?) A situação é uma junção de sugestões, reafirmada pelo modo como os personagens secundários se comunicam com Oppenheimer.

Ele parece não ter poder de decisão, embora seja um gênio (assim descrito pela maioria de seus colegas e antagonistas) e o líder do Projeto Manhattan. As situações chegam até ele de um outro modo, como fragmentos de um discurso que ele ainda não pode captar por completo. As pessoas lhe dizem muito, mas ele responde pouco. Em certa cena, por exemplo, Edward Teller (interpretado por Ben Safdie) afirma não compreender no que Oppenheimer acredita e por consequência, não confia plenamente no companheiro de pesquisa.

No terceiro ato, a purgação do cientista é retratada de uma forma econômica, não tão preocupada com dilemas morais, mas com a política interna pós-1945. Os fantasmas saem do armário e a questão se torna pessoal: Strauss (interpretado por Robert Downey Jr.) ressente comentários passados de Oppenheimer, planejando uma elaborada vingança contra seu sentimento de humilhação pública. O pessoal adentra a arena política e os atores podem dar corpo aos seus personagens, por meio de longos monólogos em preto e branco.

Daí os padrões do gênero de tribunal substituem a inventividade estética, apostando em cortes e ângulos seguros, com exceção das incríveis sequências oníricas. A humanização dos atos e consequências acaba perdendo fôlego e é trocada por audiências e reuniões fechadas. O mundo demanda explicações, contudo, a alma daqueles em julgamento não recebe tanto enfoque. As posições políticas são mais importantes, afinal, estamos assistindo uma representação do passado, não um confessionário.

Ainda assim, seria importante conferir mais humanismo; dramatizar a realidade, expor o horror (mesmo que ele seja imaginado), como nos impressionantes momentos em que o mundo ao redor de Oppenheimer parece tremer sem parar. A culpa não pode ser apenas política: ela necessita de um arranjo maior. Sim, estamos diante de crimes históricos. Sim, estamos vendo um contexto de guerra mundial e luta contra um inimigo muito mais nefasto.

Todavia, o processo também apresenta características elementares, pois lida com a forma como vivenciamos e entendemos a noção de vida humana. Nós todos estamos conectados por esse evento, por mais longínquo que ele possa parecer no espaço ou no tempo. Ainda hoje, vivemos as consequências diretas das decisões desses homens em salas fechadas. Por isso, uma abordagem um pouco mais humanista seria fundamental. É necessário demonstrar como as questões nucleares entram no dia a dia, como afetam as pessoas comuns.

Essas são questões que não se limitam a uma ideologia, sistema político ou polêmica indicação de cargos públicos. Elas não podem ser esquemáticas, justamente por seu alcance descomunal, abalando as certezas que tínhamos até então e questionando nosso papel em um mundo muito maior do que nossas meras aspirações pessoais.

O próprio cientista era uma contradição ambulante, visto como psicopata e humanista de esquerda conforme a mudança de interesse de seus algozes. Alguns, como o resenhista citado aqui, afirmam que essa incompletude é o ponto alto do livro que inspirou Nolan, pois seria impossível definir J. Robert Oppenheimer como isso ou aquilo.[v] Por outro lado, acredito que o enfoque desmedido na incongruência seja um erro, afinal, a vida de um homem não apresenta as respostas para um dilema mais extenso, que perpassa o período retratado na obra.

O tal Prometeu funciona muito bem na teoria, mas acaba limitado pelas armadilhas da política e a ambição de alguns poucos homens. Como na maioria das biografias históricas, os grandes acontecimentos são o que importam, ainda que sejam filmados em salas fechadas, com sorrisos escondidos diante de uma avalanche de jornalistas.

Nesse sentido, para voltarmos a citação que inicia esse texto, o sentimento de comunidade é pouco explorado. Os homens ganham objetivos e ações muito singulares, imersas em um egoísmo deplorável (e muito real), mas a humanidade não recebe um tratamento tão longo quanto as longas horas no senado estadunidense. Há muito mais em jogo aqui; não são apenas nações ou ideologias, estamos lidando com a sobrevivência global.

A estrutura fílmica deveria ser mais plural, expandindo o modo como olhamos para nós mesmos enquanto agentes comuns, imersos em uma vida que não entendemos completamente. As coisas possuem causas, mas não quer dizer que elas expliquem tudo, como em uma longa teoria científica para alguns poucos alunos que observam uma lousa. A razão deve dar voltas em torno da emoção, por mais doloroso e complexo que isto possa vir a ser.

Com certeza, há lugares e situações melhores para explorarmos nessa provação, essa tortura. O mártir não precisa ser apenas político. Ele deve prestar contas a todos nós, por meio de um processo histórico plural. Nenhum homem é uma ilha, nem mesmo um gênio que roubou o fogo dos deuses e entregou a mortais que não sabem lidar com seus desejos de destruição.

Guilherme Colombara Rossatto é graduando em história na Universidade de São Paulo (USP).

Boa praça em Oppenheimer, Einstein detonou o Brasil

Embora J. Robert Oppenheimer seja o grande protagonista do longa de Christopher Nolan e um dos cientistas mais célebres da história moderna, sua fama ainda não chega aos pés de outro colega de profissão: Albert Einstein. Possivelmente o físico mais famoso da história, o alemão aparece em dois momentos de Oppenheimer e arranca alguns suspiros e risos da audiência.

No entanto, sua figura boa praça nem sempre esteve presente na realidade. Einstein veio ao Brasil em 1925 pela primeira e única vez para um ciclo de palestras na América do Sul. O físico já havia conquistado popularidade mundial ao revolucionar o planeta com sua Teoria da Relatividade.

No entanto, ao contrário da boa impressão causada pela natureza local, Einstein não gostou de sua estadia no país. Depois de alguns dias no calor carioca, o cientista chegou a escrever em seus diários que o Brasil é “quente e úmido demais para se efetuar qualquer trabalho intelectual”.

Sua colocação aconteceu após a dita palestra, que culminou em seu suposto desgosto pela experiência que teve no país. Em 6 de maio, no Clube da Engenharia, Einstein realizou uma palestra em francês, porém, quem o acompanhava não eram acadêmicos, mas, sim, militares e políticos acompanhados de suas famílias, resultando em choro, calor e confusão.

Nos dias seguintes, o alemão ainda realizou outras palestras, além de conversar com o presidente da República, Artur Bernardes, e de participar de eventos da comunidade judaica. No entanto, seu cerco de políticos interesseiros o fez cravar que “as pessoas lá são vazias e pouco interessantes – mais ainda do que as da Europa”.

Em Oppenheimer, vemos a construção do Laboratório Los Alamos, também conhecido como Projeto Y, cuja intenção era reunir físicos e industrialistas americanos no mesmo local. Situado em uma área remota e secreta do Novo México, o projeto tinha Oppenheimer como seu diretor e o intuito de construir uma arma letal o suficiente para encerrar de vez a Segunda Guerra Mundial.

Além de Murphy, o elenco conta com Matt Damon no papel de Leslie Groves, um oficial do Exército Americano, e Emily Blunt como Kitty Oppenheimer, sua esposa, bióloga e membro do Partido Comunista.

Florence Pugh interpreta Jean Tatlock, uma física e repórter, membro do Partido Comunista, enquanto Robert Downey Jr. dá vida ao oficial da Marinha Lewis Strauss. Rami Malek, Benny Safdie, Michael Angarano, Josh Hartnett, Kenneth Branagh, Dane DeHaan e Jack Quaid completam o elenco.



domingo, 13 de agosto de 2023

Viagem na Eletricidade

 Episódio 11 - O fio que salva 


Kleber Bastos
Prof. IFAM/CMC
Colaborador: GEDEP-fis / GIRPEN
Instagram: @fisikanarede

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Philosophi æ Naturalis Principia Mathematica

 

"Philosophi æ Naturalis Principia Mathematica" de Sir Isaac Newton foi publicado #OTD em 1687. Muitas vezes referido como apenas "o Principia", apresenta as leis do movimento de Newton e a sua lei universal da gravitação. 

Pode página digitalmente através da cópia do Principia de Newton, cortesia da Biblioteca de Cambridge. Contém muitas anotações que ele fez: https://bit.ly/2YzHhyt (v/@mcnees)

Newton descreve a sua lei universal da gravitação como produzindo uma força entre dois objetos "de acordo com a quantidade de matéria sólida que eles contêm e se propaga por todos os lados a distâncias imensas, diminuindo sempre como o quadrado inverso das distâncias. "

Esta visão deu uma explicação precisa de centenas de anos de observações astronómicas, e apesar de ter sido substituída pela relatividade geral, é suficientemente preciso que tenha sido usado para pousar pessoas na lua. O que significa, e como é que ele chegou a isso?

A primeira parte diz que a força gravitacional entre dois objetos é proporcional ao produto de suas massas. Galileu, e mais tarde Huygens, já tinham estabelecido um fato importante: a gravidade da Terra faz com que os objetos acelerem ao mesmo ritmo, independentemente da sua massa.

A 2a lei do movimento de Newton, declarada anteriormente no Principia, relaciona a aceleração de um objeto com a força que ele experimenta dividida pela sua massa: a = F/m. Aqui, a massa é uma medida de "inércia", a tendência de um objeto para resistir às mudanças no seu movimento.

Se dois objetos com massas diferentes aceleram ao mesmo ritmo, segue-se que a força gravitacional que cada um experimenta deve ser proporcional à sua massa. Então, uma bala de canhão experimenta uma força gravitacional maior do que, digamos, uma maçã.

Mas a 3a lei do movimento de Newton diz que é o objeto A exerce uma força no objeto B, então B exerce a mesma quantidade de força em A, na direção oposta. Então, pela mesma lógica, a força gravitacional que a Terra exerce numa maçã também deve ser proporcional à massa da Terra.

Isto é um pouco estranho. A missa aparece nas leis do movimento de Newton como uma medida de como um objeto resiste às mudanças no seu movimento (acelerações). Mas aparece na sua lei universal da gravitação como a coisa que controla o quanto um objeto "participa" na gravidade.

Newton apreciou que isto não deveria ser tomado como garantido. Ele imaginou que um objeto poderia ter uma "massa inercial" m_i para as suas leis do movimento, e uma "massa gravitacional" m_g para a sua lei da gravidade, e eles podem não ser os mesmos para objetos com diferentes composições.

Se fosse esse o caso, diferentes objetos caíriam em taxas diferentes - a aceleração de cada objeto devido à gravidade seria proporcional à sua relação m_g / m_i. Newton sabia, baseado no trabalho de Galileu e Huygens, que esta proporção deveria ser quase igual a 1.

Ele testou-o usando pêndulos. O período de um simples pêndulo depende apenas da sua massa e da aceleração experimentada pela massa ligada a ele. Então, se as propriedades inerciais e gravitacionais das massas dependem da sua composição, isto deve aparecer nos períodos.

Tanto quanto Newton pôde dizer, a proporção m_g / m_i não variava com a composição: a mesma massa apareceu em ambas as suas leis do movimento e na sua lei universal da gravitação.

Gerações posteriores de cientistas testariam esta observação com crescente precisão, mais notavelmente o Barão Loránd Eötvös numa série de experiências brilhantes que começaram em 1885:https://bit.ly/2JpqR5i

Eötvös mostrou que a proporção m_g / m_i diferia de 1 por não mais do que uma parte em 109. Este acordo fenomenal entre as duas quantidades implorou uma explicação, e na verdade é central para uma forma do Princípio da Equivalência que ajudou Einstein a formular a relatividade geral.

Na década de 1960, Robert Dicke e os seus colegas em Princeton levariam a igualdade de massa inercial e gravitacional para uma parte em 1011.

Este e os testes mais recentes são tão precisos que restringem as propriedades gravitacionais das contribuições *mecânica quântica* para a massa de um núcleo. Isto leva inevitavelmente ao problema cosmológico constante.

(Acho que é muito legal que, mais de 300 anos depois de intrigar Newton, a igualdade de massa inercial e gravitacional nos diga que provavelmente estamos faltando algo profundo sobre a relatividade geral e/ou mecânica quântica. )

E a segunda parte da lei universal da gravitação de Newton? Ele diz que a força entre dois objetos diminui como o inverso do quadrado da distância entre eles.

Johannes Kepler argumentou que a influência da gravidade nos planetas enfraqueceria com a distância do sol. Mas em 1645 o astrónomo francês Ismaël Bullialdus sugeriu que ele deveria diminuir como um sobre o *quadrado* da distância do sol ao planeta.

Então a ideia não era desconhecida quando Newton começou a trabalhar na gravidade. Mas essa afirmação anterior de Bullialdus tinha mais a ver com estética matemática do que com dedução empírica; Newton foi capaz de fornecer provas para a reivindicação.

Baseado nas suas leis do movimento, e assumindo que a lua segue mais ou menos uma órbita circular ao redor da Terra, Newton foi capaz de determinar a aceleração da lua. Está a cerca de 239.000 milhas da Terra, e completa uma órbita cerca de uma vez a cada 27,3 dias.

Portanto, a lua está a mover-se a cerca de 3360 pés/s, e o que quer que esteja a acelerar deve estar a girar o seu vetor de velocidade a cerca de 0,0089 pés/s2. Por outro lado, uma maçã numa árvore está apenas a cerca de 3960 milhas do centro da Terra.

Se os efeitos da gravidade diminuírem como um ao longo do quadrado da distância, a maçã deve experimentar uma aceleração cerca de (239.000/3960)2 = 3640 vezes maior do que a da lua. Certamente, 3640 x 0,0089 ft/s2 dá ~ 32 ft/s2, que é o que medimos aqui na Terra.

Newton provavelmente apreciou isto em meados da década de 1660, bem antes de outros membros da Royal Society como Hooke e Halley chegarem a conclusões semelhantes com base na terceira lei de Kepler e nas órbitas circulares. Claro, era bem sabido que os planetas se movem ao longo de órbitas elípticas.

Em 1684, Halley desafiou Newton a mostrar que uma lei quadrada inversa para a gravidade levaria de fato a órbitas planetárias elípticas que seguiam todas as leis de Kepler. A esta altura, Newton tinha o comando total do cálculo, e era capaz de levar a cabo isto.

Newton passou a maior parte de 1685 e 1686 a escrever o seu Principia, que deveria ser publicado pela Royal Society.

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Albert Einstein por Oppenheimer

 

 “Embora eu conhecesse Einstein por duas ou três décadas, foi apenas na última década de sua vida que fomos colegas próximos e algo como amigos.  Mas pensei que poderia ser útil, porque tenho certeza de que não é cedo demais – e talvez quase tarde demais para nossa geração – começar a dissipar as nuvens do mito e ver o grande pico da montanha que essas nuvens escondem.  Como sempre, o mito tem seus encantos;  mas a verdade é muito mais bonita.

 No final de sua vida, em conexão com seu desespero por armas e guerras, Einstein disse que se tivesse que viver tudo de novo, seria um encanador.  Este era um equilíbrio de seriedade e brincadeira que ninguém deveria tentar perturbar.  Acredite, ele não fazia ideia do que era ser encanador;  muito menos nos Estados Unidos, onde contamos a piada de que o comportamento típico desse especialista é que ele nunca traz suas ferramentas para o cenário da crise.  Einstein trouxe suas ferramentas para suas crises;  Einstein foi um físico, um filósofo natural, o maior de nosso tempo.

 Einstein é frequentemente culpado, elogiado ou creditado por essas bombas miseráveis.  Na minha opinião não é verdade.  A teoria especial da relatividade pode não ter sido bonita sem Einstein;  mas teria sido uma ferramenta para os físicos e, em 1932, a evidência experimental da interconversibilidade da matéria e da energia que ele havia previsto era esmagadora.  A viabilidade de fazer algo com isso de forma tão massiva não ficou clara até sete anos depois, e então quase por acidente.  Não era isso que Einstein realmente buscava.  Sua parte foi criar uma revolução intelectual e descobrir, mais do que qualquer cientista de nosso tempo, quão profundos eram os erros cometidos pelos homens antes disso.  Ele escreveu uma carta a Roosevelt sobre energia atômica.  Acho que isso foi em parte sua agonia com o mal dos nazistas, em parte não querendo prejudicar ninguém de forma alguma;  mas devo relatar que aquela carta teve muito pouco efeito e que o próprio Einstein não é realmente responsável por tudo o que veio depois.  Acredito que ele mesmo entendeu isso."

 -Robert Oppenheimer, 1965

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Por que o espaguete não se parte em dois ?


Se pegar esparguete cru em ambas as extremidades e dobrar até que se quebre, ele geralmente parte-se em três ou mais partes. Este problema envolveu físicos do calibre de Richard Feynman que tentaram dar uma explicação teórica da impossibilidade de partir um esparguete em dois. O resultado final da sua pesquisa foi que ele tinha passado uma noite inteira a dobrar esparguete, polvilhando toda a cozinha, mas sem conseguir encontrar uma solução.

A experiência de cozinha de Feynman só encontrou uma solução em 2005, quando Basile Audoly e Sèbastien Neukirch, pesquisadores da Pierre e da Universidade Marie Curie, desenvolveram um modelo teórico que descreveu as forças que entraram em jogo quando dobram esparguete ou qualquer tenro longo e fino. Quando um objeto longo e fino é dobrado uniformemente de ambas as extremidades, ele se quebra perto do centro, onde a curvatura é maior. Esta pausa irá resultar numa onda que irá flexibilizar ainda mais o esparguete, desencadeando um efeito cascata de pausas elementares.

Ser o processo de fragmentação é importante para diferentes setores da ciência e tecnologia, uma vez que o esparguete pode ser assimilado a uma grande variedade de objetos frágeis e pode fazer-nos entender como pontes, pilões de pontes e até ossos humanos podem quebrar de certas formas, esta pesquisa foi premiada com Prêmio Ig Nobel de 2006.

Recentemente parece que houve uma resposta para a pergunta "pode ser dividido o esparguete em dois? ” ". A pesquisa foi publicada no Proceedings of the National Academy of Sciences onde se lê que ao torcer e dobrar um leilão com uma máquina especialmente construída, ele irá partir-se em dois.

domingo, 6 de agosto de 2023

Viagem na Eletricidade

Episódio 10 - Eletricidade em movimento


Kleber Bastos
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quarta-feira, 2 de agosto de 2023

A história Judaica de Oppenheimer

"Agora eu me tornei a Morte, destruidor de Mundos”!!!

Cillian Murphy interpreta J. Robert Oppenheimer no filme de Christopher Nolan “Oppenheimer”.

Muitos esperam que ele responda a uma pergunta que há muito divide os americanos e a compreensão do país sobre sua história: quem exatamente foi J. Robert Oppenheimer, o pai da bomba atômica?

O nome de Oppenheimer tornou-se “uma metáfora para a morte em massa sob uma nuvem de cogumelo”, nas palavras de Kai Bird e Martin J. Sherwin, cujo livro de 2005 “American Prometheus” foi adaptado para o filme de Nolan. Mas, para entender completamente o físico, os biógrafos procuraram pistas em seu sistema de crenças – um código ético fundamentado na ciência e na racionalidade, um ardente senso de justiça e uma ambivalência ao longo da vida em relação à sua própria herança judaica.

Aqui está uma cartilha sobre sua história judaica, os outros personagens judeus que ele conheceu enquanto desenvolvia o Projeto Manhattan e como o filme retrata tudo isso.

O judeu alemão que não era “nem alemão nem judeu”:

Oppenheimer nasceu em 1904 de pais judeus alemães que rapidamente ascenderam à classe alta de Manhattan. Seu pai, Julius Oppenheimer, veio da cidade alemã de Hanau e chegou a Nova York ainda adolescente – sem dinheiro ou uma palavra em inglês – para ajudar parentes a administrar um pequeno negócio de importação de tecidos. Ele trabalhou até se tornar sócio pleno, ganhou reputação como comerciante de tecidos culto e se apaixonou por Ella Friedman, uma pintora cuja família judia alemã se estabeleceu em Baltimore na década de 1840.

Sua família secular abraçou a sociedade americana. Os Oppenheimers nunca foram a uma sinagoga ou fizeram um bar mitzvah para o filho; em vez disso, eles se alinharam com a Ethical Culture Society, uma ramificação do judaísmo reformista que rejeitou o credo religioso em favor do humanismo e racionalismo secular. Oppenheimer foi enviado para a Ethical Culture School no Upper West Side de Nova York, onde desenvolveu um interesse pelos princípios morais universais e uma firme distância das tradições judaicas.

Embora seus pais fossem imigrantes alemães de primeira e segunda geração, Oppenheimer sempre insistiu que não falava alemão, de acordo com Ray Monk, autor de “Robert Oppenheimer: A Life Inside the Center”. Ele também sustentou que o “J” em “J. Robert Oppenheimer” não significava absolutamente nada – embora sua certidão de nascimento indicasse “Julius Robert Oppenheimer”, indicando que seu pai havia transmitido o nome judeu.

“Para o mundo exterior, ele sempre foi conhecido como judeu alemão e sempre insistiu que não era nem alemão nem judeu”, disse Monk à Agência Telegráfica Judaica. “Mas isso afetou seu relacionamento com o mundo que é assim que ele foi percebido".

O brilhantismo acadêmico de Oppenheimer tornou-se um frágil escudo contra o antissemitismo que orbitava sua vida. Ele entrou em Harvard no momento em que a universidade adotava um sistema de cotas devido a preocupações com o número de judeus admitidos. No entanto, ele manteve seus estudos e se manteve distante da controvérsia do campus, de acordo com Monk. Ele até tentou fazer amizade com estudantes não-judeus, mas o anti-semitismo predominante condenou esses esforços e o deixou com um grupo de amigos predominantemente judeu.

Depois de se formar em Harvard em 1925, ele conduziu pesquisas no Laboratório Cavendish da Universidade de Cambridge e completou seu doutorado na Universidade de Göttingen – na Alemanha pré-nazista – sob Max Born, um pioneiro da mecânica quântica. Antes de chegar a Cambridge, porém, um professor de Harvard escreveu-lhe uma recomendação que capturava o preconceito institucionalizado na academia: “Oppenheimer é judeu, mas totalmente sem as qualificações usuais”.

Oppenheimer voltou da Europa para ensinar física no Instituto de Tecnologia da Califórnia e na Universidade da Califórnia em Berkeley.

Enquanto estava em Berkeley, ele tentou garantir uma posição para seu colega Robert Serber e foi rejeitado por seu chefe de departamento, Raymond Birge, que disse: “Um judeu no departamento é suficiente”. Ele não recuou na decisão, contratando posteriormente Serber para trabalhar no Projeto Manhattan.

O efeito nazista:

Até a década de 1930, Oppenheimer era resolutamente indiferente à política. Embora estudasse sânscrito junto com ciências e lesse clássicos, romances e poesia, ele não se interessava pelos assuntos atuais. Mais tarde, ele explicou isso em sua infame audiência de 1954 perante a Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos – que, no auge da era McCarthy, terminaria com a perda de seu certificado de segurança devido a associações anteriores com comunistas e apoio a causas de esquerda.

“Eu estava quase totalmente divorciado da cena contemporânea deste país”, disse ele.

Referência:

https://www.jta.org/2023/07/19/culture/the-jewish-story-behind-oppenheimer-explained