A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 31 de julho de 2011

A Semana na Ciência


Energia salgada

Americanos anunciam a criação de usina que alia geração solar e 

térmica, capaz de criar eletricidade a partir do aquecimento do sal

André Julião
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POTENCIAL
Ilustração revela detalhes do projeto criado por empresa americana
A inovação tem sido um dos principais motores das mentes dos cientistas desde que o mundo encarou o desafio de buscar fontes renováveis de energia. Mas, mesmo nesse universo de invenções cada vez mais surpreendentes, há quem ainda consiga se superar. Uma das mais novas candidatas à vedete da área combina a geração solar com a térmica – aquela em que o vapor d’água movimenta turbinas. Para que a receita chegasse ao ponto certo, a empresa americana Solar Reserve adicionou um ingrediente inusitado: o sal.

Os americanos devem inaugurar duas dessas instalações até 2012. A primeira será na cidade de Tonopah, no Estado de Nevada, e deve ficar pronta em setembro. A segunda, em Alcázar de San Juan, na Espanha, só começa a operar em meados do ano que vem. O acordo com o governo espanhol acaba de ser firmado. “Temos mais quatro projetos naquele país e começamos a negociar empreendimentos no Oriente Médio, norte e sul da África, Austrália, China e América Latina”, diz Kevin B. Smith, presidente da empresa.

A estrutura consiste basicamente em um campo de cinco km2 cheio de painéis solares, muito parecidos com os existentes hoje. A diferença é que a energia não será gerada diretamente pela radiação solar. As placas de vidro vão refletir a luz numa torre central dotada de um compartimento cheio de sal. O calor ultrapassará os 500°C, o suficiente para derreter o mineral que, depois, transformará em vapor a água de outro tanque. Por sua vez, este movimenta uma turbina, como a das usinas termoelétricas movidas a carvão.

Como o sal demora a se resfriar, ele pode continuar evaporando água – e gerando energia – mesmo em dias menos ensolarados ou durante a noite –, outra vantagem em relação aos painéis fotovoltaicos atuais. Segundo Smith, a unidade americana vai produzir mais kW/h do que a mesma quantidade de painéis solares tradicionais, que convertem a luz do Sol diretamente em eletricidade. E ainda mais energia do que as imundas usinas movidas a carvão. 
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Missão: Júpiter

Sonda não tripulada da Nasa será lançada em agosto com o 

objetivo de descobrir detalhes a respeito da formação do maior 

planeta do Sistema Solar

André Julião
Assista ao vídeo :
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A sonda Juno percorreu seus últimos quilômetros em terra na semana passada. A nave deixou o Astrotech Space Operations, na cidade de Titusville (EUA), e viajou 25 km até a base de onde será lançada, em Cabo Canaveral, na Flórida. O que virá a seguir será uma rota épica. Entre os dias 5 e 26 de agosto, dependendo das condições climáticas, a missão rumo a Júpiter será lançada ao espaço a bordo de um foguete. Depois, Juno terá pela frente nada modestos 2,9 bilhões de km, a ser percorridos em cinco anos. Assim que entrar na órbita do maior planeta do Sistema Solar, em 2016, a sonda terá todas as condições de desvendar os mistérios do gigante gasoso – e, quem sabe, da formação do Universo.

Entender como e em que ponto da galáxia Júpiter se formou pode turbinar nosso conhecimento sobre o nascimento dos planetas e como eles acabaram ficando onde estão. “Buscamos a receita de como eles são feitos”, disse o chefe da missão, Scott Bolton, do Southwest Research Institute (EUA). Uma das dúvidas dos cientistas é se o planeta gasoso possui um núcleo sólido. Se não o tiver, provavelmente nasceu do mesmo jeito que o Sol, “sugando” os gases ao redor durante uma instabilidade gravitacional. 

Se existir um centro duro, porém, isso quer dizer que esses elementos rochosos precisaram de tempo para se formar antes de serem cercados pelos gases que hoje constituem a maior parte de Júpiter. A confirmação de uma teoria ou de outra – ou a formulação de uma terceira – vai ajudar a determinar o tempo de formação do Sistema Solar e como funciona a dinâmica da sua criação. 

Será um grande avanço em relação a Galileo, outra missão ao gigante gasoso, que durou de 1989 a 2003 e apontou suas lentes e antenas para as 64 luas de Júpiter. “Desta vez, vamos estudar mais profundamente os campos magnético e gravitacional do planeta”, disse à ISTOÉ David J. McComas, um dos responsáveis pela criação da sonda e também pesquisador do Southwest Research Institute. 

Outra inovação tecnológica de Juno é a não utilização de combustíveis nucleares, como é o padrão em empreitadas desse tipo. A missão, de custo considerado intermediário (US$ 1,1 bilhão de dólares), terá seus instrumentos alimentados apenas por energia solar. Como o grau de radiação do Sol em Júpiter é cerca de quatro centésimos da que chega à Terra, os três painéis de captação têm nove metros cada. 
Uma câmera instalada na sonda deve registrar as belas imagens das auroras que ocorrem no planeta, um espetáculo mais interessante do ponto de vista estético do que propriamente científico. Esse fenômeno é o mesmo que acontece nos polos da Terra – um deles é a Aurora Boreal, no Polo Norte. Ele é causado pela colisão de partículas carregadas de energia com os átomos, gerando um espetáculo de cores.

Um ano depois de chegar ao planeta gigante, girando 33 vezes em torno dele, Juno será lançada nas profundezas de Júpiter. É uma forma de não contaminar o ambiente das luas do astro e evitar a colisão com outras sondas que possam visitar o local no futuro. Será o fim da missão, mas o começo de um novo tempo. 
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Os famosos e a Cabala

Eles estão à frente da ascensão, no Brasil, desta filosofia milenar 

judaica, que prega a humildade e o cuidado com o outro

João Loes e Francisco Alves Filho
Confira, em vídeo, a entrevista com o diretor do Kabbalah Centre do Brasil, Yonatan Shani, e saiba mais sobre essa filosofia milenar :
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ADEPTOS
Ronaldo, Bia Antony, Wanessa Camargo e
Jesus Luz: fisgados pelos ensinamentos da cabala
Foi-se o tempo em que a cabala (pronuncia-se cabalá) era conhecida pelos brasileiros apenas como a filosofia de vida de superestrelas como Madonna, Demi Moore e Naomi Campbell. Nos últimos anos a prática tem ganhado cada vez mais adeptos brasileiros. A procura por cursos, por exemplo, dobrou entre 2010 e 2011 em todos os cinco grandes centros de estudo de cabala ouvidos por ISTOÉ. Multiplicam-se as correntes do ensino milenar judaico e, com elas, ampliam-se as opções para quem quer segui-la. “Não estamos dando conta da demanda”, diz Yonatan Shani, representante do Kabbalah Centre no Brasil, um dos maiores do País. “Não temos professores para atender à quantidade de alunos que querem se inscrever.” Espelhando um movimento que se viu em torno da cabala em países como os Estados Unidos e a Inglaterra, os famosos, em especial, têm mostrado cada vez mais interesse pela prática por aqui.

“Independentemente da profissão, quem é famoso tem o ego estimulado constantemente”, diz o cantor e compositor Paulo Ricardo, 48 anos, que estudou com o mestre Shmuel Lemle, da Casa da Kabbalah, no Rio de Janeiro, e hoje pratica a disciplina sozinho. “E o ego, para a cabala, é uma espécie de Satã, a origem de todos os males”, explica. Aprender a administrar o ego para que a luz da vida se manifeste com toda força é um dos principais objetivos da cabala (leia quadro na página 70). Essa característica, de vilanizar o ego e propor uma espécie de controle dele, explica o crescente interesse pela disciplina entre as celebridades, mesmo as que não são chegadas aos holofotes. É o caso da discreta Bia Antony, mulher de Ronaldo Nazário, o Fenômeno, praticante da vertente mais popular da cabala, ensinada no Kabbalah Centre. Ronaldo também tem dado sinais de que aderiu. Ele já foi visto, em diversas ocasiões, com a tradicional pulseirinha vermelha, símbolo de compromisso com a causa e amuleto contra o olho gordo. Não se sabe, porém, se ele é tão dedicado quanto Bia, que diz ler a “Torá”, o livro sagrado dos judeus, diariamente e, sempre que pode, cumprir o shabat, dia reservado exclusivamente à fé – começa no pôr do sol da sexta-feira e vai até o pôr do sol do sábado.

No ano passado, Bia foi com as filhas e com a mãe para Israel, onde visitou vários lugares sagrados em uma espécie de “imersão espiritual”. Essa mesma viagem já foi feita inúmeras vezes pelo ator Ashton Kutcher, amigo do casal fenomenal. Quando ele e sua mulher, Demi Moore, ambos adeptos da cabala, vieram ao Brasil no início do ano, Bia Antony abriu sua casa para a dupla. “Se não fossem da cabala, não receberia”, disse, numa rara entrevista à revista “Vogue”. A vinda deles aproximou da cabala outro casal famoso, Luciano Huck e Angélica, que recebeu as estrelas hollywoodianas, na casa deles em Angra dos Reis (RJ). Eles chegaram a convocar Yonatan Shani, do Kabbalah Centre, em São Paulo, para dar uma palestra sobre o assunto no Rio de Janeiro. “Estudei várias religiões e filosofias, como budismo, catolicismo, cabala, judaísmo e peguei o melhor de cada uma para me fortalecer. No fim, Deus é quem manda”, resumiu, recentemente, Angélica.
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ESTUDO
Com salas lotadas e procura dobrando a cada ano, o
Kabbalah Centre não tem professores para dar tantas aulas
Esta abertura da cabala para conviver com outros dogmas é um dos seus atrativos. “É interessante porque ela não é bem uma religião que fica te doutrinando, é mais uma filosofia de vida”, explica a atriz e modelo Ellen Jabour. Ela se encantou pela prática há oito anos, quando cruzou, em uma livraria de aeroporto, com o livro “O Poder da Cabala”, de Yehuda Berg, fundador do Kabbalah Centre. Foi amor, e uma certa obsessão, à primeira vista, segundo ela. Ellen logo fez três módulos do curso oferecido no centro e leu seis livros sobre o assunto. Em seu site incluiu uma seção inteira dedicada à cabala, na qual explica as origens da prática, conta um pouco da experiência dela e lista as chamadas sintonias diárias, que são temas específicos para meditação e estudo. “A cabala melhora a qualidade de vida de quem a pratica porque a pessoa passa a se conhecer melhor e entender o que ela realmente quer”, diz Shmuel Lemle, da Casa da Kabbalah. Lemle só vê vantagens no crescente interesse das celebridades brasileiras pela disciplina. “Elas despertam a curiosidade pela filosofia”, diz.

Para a jornalista Glória Maria, seguidora desde 2003, não são só os relatos de famosos que trazem novos praticantes. “Hoje vivemos soterrados em informação, as coisas acontecem cada vez mais rápido e todos estão em busca de equilíbrio”, diz. A cabala, segundo Glória, ajuda a lidar, de maneira objetiva, com as agonias da vida contemporânea, além de dar ferramentas para que cheguemos ao equilíbrio. “Na nossa vida, há momentos de agir e momentos em que se deve esperar”, exemplifica. “O problema é identificar quando devemos tomar uma ou outra posição e a cabala dá o código para ajudar a desvendar esse enigma”, diz. Ela mesma admite que era mais intuitiva em suas decisões antes de se tornar cabalista. Os rumos eram definidos por impulso, subjetivamente. Hoje ela já pesa as opções, avalia os prós e os contras e só então decide, seguindo os preceitos de causa e consequência que norteiam a disciplina. Os resultados têm sido ótimos, e ela não vê a hora de voltar para as reuniões do centro que frequentava. “Quando as minhas filhas crescerem um pouco mais, retomo”, diz Glória, que adotou duas meninas em meados de 2009.
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"Na vida, há momentos de agir e momentos de esperar.
O problema é saber quando devemos tomar uma ou outra
posição e a cabala dá o código para desvendar esse enigma"
 
Glória Maria, jornalista

A prática da cabala é bem flexível. Cabe a cada um estabelecer o próprio regime de atividades espirituais, mas em geral elas se organizam em ciclos diários. A principal é a leitura de trechos da “Tora” e do “Zohar”, considerado o texto seminal da cabala. Os trechos não são aleatórios e costumam ser escolhidos por um mestre, que posteriormente ajudará no entendimento e na absorção dos vários significados dos textos. Ter aulas é a melhor alternativa para ter acesso a eles. No Kabbalah Centre, por exemplo, o curso introdutório custa R$ 500 (presencial) ou R$ 350 (online), inclui o livro “O Poder da Kabbalah” e os links para acessar as aulas gravadas online. Bolsas estão disponíveis, principalmente para universitários.

Recitar também é comum. O nome de Deus, sempre que invocado, abre novos canais para a entrada da Luz. Já os 72 nomes, criados pelo “Zohar” a partir de três versos seguidos do livro do Êxodo, presente na “Torá” e no Velho Testamento católico, servem como uma espécie de oração para intenções específicas como saúde, paciência, amor e serenidade. No mais, a cabala é exercida na prática, seguindo os cinco preceitos da filosofia. A maior parte do significado e da aplicação da cabala, portanto, está nas diferentes situações que encaramos no dia a dia – conversas com amigos, discussões com desafetos e decisões no trabalho, entre outras – e não concentrada em episódios esporádicos de reflexão, oração e invocação.
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"Independentemente da profissão, quem é famoso tem o ego estimulado
constantemente. E o ego, para a cabala, é a origem de todos os males"

Paulo Ricardo, vocalista e compositor da banda R.P.M.
Foram esse pragmatismo e a lógica simples dos preceitos cabalísticos que atraíram a atriz Fernanda Souza. Um amigo apresentou a disciplina a ela, que já tinha um livro sobre o assunto, mas estava esquecido em casa, sem nunca ter sido aberto. Com o estímulo, ela se empolgou e começou a ler. Era uma edição de “O Poder da Cabala”, o mesmo livro que despertou o interesse de Ellen Jabour. Logo que terminou a obra, recomeçou a leitura, tamanho o impacto dos ensinamentos do texto. “O que antes parecia complicado me pareceu muito claro naquele momento”, conta. Ela logo se matriculou no curso do Kabbalah Centre e hoje está no terceiro módulo dos ensinamentos. “Aprendemos coisas que, no fundo, já sabemos, mas não conseguíamos tornar claras para nós mesmos.” As mudanças, ela diz, foram notáveis. Mais calma e centrada, hoje ela garante que encara os problemas com mais serenidade. “Aprendi que tudo tem causa e efeito e que, se plantamos uma semente lá atrás, mais cedo ou mais tarde vamos colher”, diz. Em suma, ela aprendeu a ser bem mais cuidadosa com o que planta.

Os livros costumam ser a porta de entrada para a cabala. Os mais populares são “O Poder da Cabala”, de Yehuda Berg, disponível em mais de 40 idiomas (e com milhões de exemplares vendidos, segundo o próprio Kabbalah Centre, que o edita), e “A Cabala e a Arte de Ser Feliz”, de Ian Mecler, com 20 mil cópias comercializadas no Brasil. Mas o tema é um filão em si no ramo editorial. Uma breve visita a qualquer livraria dá a dimensão desse mercado. Um levantamento feito por ISTOÉ apontou pelo menos 76 títulos à disposição dos que buscam a disciplina milenar. Tem cabala com numerologia, astrologia, maçonaria e alquimia. Cabala dos anjos, da saúde, da psicologia e do trabalho. Há abordagens específicas para os adolescentes e para as mulheres e até o mundo corporativo foi contemplado em títulos como “A Cabala e as Empresas”, de Sandra Ayyad. O rabino carioca Nilton Bonder lançou três livros nos quais aborda três campos de interesse com olhar cabalístico: a comida, o dinheiro e a inveja. Um quarto, intitulado “Exercícios d’Alma – Cabala Como Sabedoria em Movimento”, arrematou a série.
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AFINIDADE
Luciano Huck e Angélica: visita do mestre cabalista
Yonatan Shani. Marina Lima é praticante há oito anos
Há ainda CDs e DVDs, com material introdutório em áudio e vídeo e, é claro, a internet, fonte praticamente infinita, com milhões de sites tratando das mais variadas vertentes e interpretações da cabala. “Alguns são mais tradicionais e conservadores e outros menos graves, ou mais light”, explica Ian Mecler, autor e mestre à frente do Portal da Cabala, que tem turmas de estudantes no Rio de Janeiro, em São Paulo, Brasília e Manaus. “Gosto de pensar na cabala como uma disciplina para ser estudada em camadas”, diz. “Cada um escolhe quão fundo quer ir.”

O modelo Jesus Luz, por exemplo, garante que tem interesse pelo que há de mais profundo na cabala. O primeiro contato dele com a filosofia foi em 2006, por meio da mãe de uma ex-namorada. Mal sabia ele que essa experiência acabaria servindo para aumentar a afinidade com sua namorada seguinte, a cantora Madonna, superestrela tanto da música quanto da cabala. Os dois mantiveram um relacionamento por mais de dois anos e foram vistos, em diversas ocasiões, visitando centros de cabala em Los Angeles, Nova York e Londres. Para ele, são tantos os benefícios de se aprofundar nos textos da disciplina que fica difícil listá-los. Um, porém, de grande valia para quem vive em meio à vaidade desnorteante da fama, está sempre na ponta da língua. “A cabala me ajuda muito a lidar com meu ego”, destaca, fazendo eco ao também famoso Paulo Ricardo.
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LIGHT
Yonatan Shani, do Kabbalah Centre: eles ensinam a vertente mais popular
Ciente do valor do conhecimento cabalístico para os que são sempre o foco das atenções, Jesus Luz costuma apresentar a doutrina aos colegas de holofotes, como Geovanna Tominaga, apresentadora do “Videoshow”, da Rede Globo. “No começo do ano comecei a frequentar o Kabbalah Centre com a (atriz) Cléo Pires”, conta Geovanna. Católica, ela diz que sentia dificuldades para colocar em prática os mandamentos e as orientações da religião. Acolhida no centro, absorveu a mensagem objetiva da cabala. “Encontrei um passo a passo, um guia, para colocar os ensinamentos católicos em prática”, diz. Hoje,ela pensa mais antes de tomar qualquer decisão e já não reage tão intensamente às frustrações. Um dos objetivos da cabala é esse: tornar mais tranquilas pessoas muito reativas. “Quebro menos a cara”, afirma.
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"Achei a cabala interessante porque não é bem uma
religião que fica doutrinando, mas uma filosofia de vida"

Ellen Jabour, modelo e apresentadora
A impressão que fica dos relatos de quem aderiu à prática milenar e de quem hoje guia interessados pelos caminhos da filosofia é a de que existe uma cabala para todo mundo. Flexíveis, os ensinamentos se moldariam para atender aos objetivos de cada um dos que desejam estudá-los. Mas, para algumas pessoas, esse processo pode ser perigoso. Há quem tema pela descaracterização da cabala, que, ao se diluir em milhares de vertentes, pode perder sua essência. “O que é reservado e santo está sendo popularizado e profanado”, argumenta o rabino Avraham Chachamovits, professor da cabala kasher – que segue à risca as leis judaicas – e responsável pelo site Portais da Cabala. Para ele, a cabala é o nível interpretativo mais profundo dos ensinamentos judaicos e não é possível atingi-lo sem compreensão de toda a lei judaica. “O que se vê por aí hoje surgiu há 30 anos, é uma moda”, afirma. “O que eu ensino tem mais de 3.300 anos.” Ele não cobra pelo material que usa, não mistura cabala com misticismo e não dá aulas para mulheres. “A mulher é naturalmente mais sensível que o homem, não precisa estudar”, justifica. Não judeus são bem-vindos, contanto que se convertam.
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"Aprendemos coisas que no fundo já sabemos, mas
que não conseguíamos tornar claras para nós mesmos"
 
Fernanda Souza, atriz
Embora essa corrente tenha menos entusiastas, as palavras do rabino Chachamovits encontram eco. Há outros grupos que têm se mostrado arredios aos modismos da nova cabala, embora com menos veemência. O Instituto Bnei Baruch, por exemplo, presente em mais de 30 países, condena abertamente o comércio de amuletos e o culto às personalidades. No Brasil eles têm cerca de 45 alunos fixos que organizam encontros e acompanham aulas diariamente pela internet. “Não nos envolvemos com esoterismos, estudamos a ciência da cabala”, sentencia Maurício Guiana, aluno do Bnei Baruch. Independentemente da corrente, o fato é que a cabala está no centro das atenções e cresce de maneira veloz, principalmente no Brasil. Puxada pela adesão das celebridades e por um discurso de união e humildade que tem apelo universal, ela segue arrebanhando entusiastas e críticos. Por enquanto, o discurso dos entusiastas tem sobressaído. Mas, tudo indica, com o aumento dos adeptos, as disputas pelo que é a verdadeira cabala aumentarão significativamente.
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"Penso na cabala como uma disciplina para ser estudada
em camadas: cada um escolhe quão fundo quer ir"
 Ian Mecler, mestre do Portal da Cabala
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