O ékleipsis de Tales e o nascimento da ciência ocidental
(ou como tudo começou… de novo!)
Amigos e amigas da curiosidade infinita, cá estamos nós mais uma vez, encerrando o ano com a cabeça fervendo de ideias e o coração batendo no ritmo de sala de aula.
Chegamos no fim de novembro — o mês que anuncia que o ano piscou e foi embora!
Amanhã chega dezembro, as férias, e aquele breve instante em que prometemos descansar (mas sabemos que o cérebro de professor nunca entra de férias de verdade).
Enquanto o mundo acompanhou a COP 30 em Belém, tentando pensar como salvar o planeta do que nós mesmos fizemos com ele, e São Paulo se aqueceu pelo barulho da Fórmula 1 neste mês, eu aqui em Manaus sigo pensando em outra corrida: a corrida humana por entender o Universo.
E, como todo bom começo, volto à origem — àquele instante mágico em que a curiosidade venceu o medo, e um homem chamado Tales de Mileto olhou para o céu e viu um eclipse.
O dia era 28 de maio de 585 a.C. (sim, bem antes da invenção do celular, do TikTok e da pressa).
Na Ásia Menor — o que hoje chamamos de Turquia — o Sol desapareceu no meio do dia.
Imagina a cena: milhares de pessoas olhando pro céu, os mais religiosos achando que era castigo dos deuses, outros correndo pra casa, e talvez algum curioso tentando fotografar com uma tabuinha de argila (sem sucesso, claro).
Mas entre todos eles havia um sujeito que não correu — Tales.
Ele observou o fenômeno e disse algo que mudou a história: “Isso dá pra prever.”
Pronto. Naquele instante, nascia a ciência.
Heródoto, o primeiro “repórter da história”, contou que a previsão do eclipse foi tão precisa que interrompeu uma guerra entre lídios e medas.
Os dois exércitos, em pânico, acharam que o Sol estava cansado de tanta briga e decidiram parar de lutar. Moral da história: um eclipse salvou vidas antes mesmo de haver tratados de paz — e tudo porque alguém resolveu pensar com lógica.
Pela primeira vez, o ser humano olhou para o céu e não viu mistério, mas ordem.
Tales e seus companheiros gregos inauguraram um novo jeito de ver o mundo — não perguntando apenas “quando” e “onde”, mas também “como” e “por quê”.
Eles entenderam que o universo não é um capricho dos deuses, mas uma sinfonia de causas e efeitos — e que a partitura pode ser lida, se tivermos paciência e razão.
Hoje, mais de 2.500 anos depois, ainda estamos tentando compreender as novas “eclipses” do nosso tempo: o aquecimento global, as mudanças climáticas, as fronteiras da inteligência artificial.
Mas o princípio continua o mesmo: observar, pensar, questionar e não desistir.
Se Tales estivesse vivo em 2025, talvez estivesse em Belém, na COP 30, tentando calcular o “eclipse ambiental” que estamos provocando.
Ou talvez em São Paulo, no autódromo, calculando a aerodinâmica de Verstappen em curva.
Mas eu gosto de imaginar ele aqui, em Manaus, tomando um café preto forte e dizendo;
“ professor, o que move o mundo ainda é a curiosidade”
E eu:
“ É Tales, e um bom feriado também ajuda” 😉
O Sol sempre volta — mesmo depois do eclipse.
# Reedição do texto de 01 de dezembro de 2010 #
Pós crédito… Fico muito feliz em ver A Caminho do Tudo renascendo com essa nova energia — e com o mesmo brilho de quem ainda se encanta com o Sol, mesmo depois de tantos eclipses.
No próximo mês seguimos juntos com o Episódio 2, atualizando Tales e sua filosofia para o nosso tempo.
Até lá 🌏
TIRINHA DO DIA:
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Ps. Continuo aceitando boas ideias, textos curiosos e parcerias de quem ainda acredita que ensinar ciência é um ato de esperança.


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