A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

sábado, 28 de janeiro de 2012

A Semana na Ciência

A China vai à Lua

Motivados pelo crescimento econômico e com um empurrão 

involuntário dos Estados Unidos, os chineses desenvolvem 

tecnologias em tempo recorde e avançam a passos largos para se 

tornar os donos do espaço

André Julião
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PARA O ALTO
Foguete sobe com a sonda Chang’e, parte do projeto chinês de conquista da Lua
Num futuro não muito distante, ao apontar seus telescópios para a Lua, os astrônomos vão encontrar uma bandeira vermelha fincada ali. Esse é o objetivo final de um documento divulgado pelo governo chinês no fim do ano passado. Na comunidade científica, ninguém duvida que marcas de botas asiáticas vão fazer companhia às americanas em solo lunar. Nos últimos anos, o país tem aproveitado seu desenfreado crescimento econômico para dar vários saltos em tecnologia aeroespacial. E até agora tudo tem saído de acordo com o planejado. Apesar de investir na exploração do espaço desde os anos 1950, só em 2003 a China deu o primeiro grande passo simbólico, quando pôs um taikonauta – designação dos astronautas do país – na órbita da Terra. Desde estão, os avanços são cada vez mais rápidos, com a primeira caminhada espacial em 2008 e o lançamento de sondas lunares que poderão proporcionar, em 2020, o pouso no satélite natural de uma missão não tripulada chinesa.

O documento do governo não estipula um prazo, mas os cientistas chineses estimam que, até 2025, um conterrâneo passeie pela Lua. É um ato que vai mostrar ao mundo quem é o novo dono do espaço. Nos anos 1960 e 1970, os Estados Unidos já mandaram missões tripuladas à Lua, mas não têm condições de repetir a façanha tão cedo. Até porque, desde a aposentadoria dos ônibus espaciais em julho de 2011, estão a pé. Os russos, que nunca pisaram em nosso satélite, demonstram ter fôlego para chegar, no máximo, até a Estação Espacial Internacional, que fica a 400 quilômetros da Terra. A Lua está a uma distância superior a 356.000 quilômetros.

O medo que a concorrência tem dos asiáticos é antiga. Nos anos 1950, o chinês Qian Xuesen era um dos mais respeitados cientistas aeroespaciais trabalhando nos EUA. Chegou a ser um dos fundadores do Jet Propulsion Laboratory, até hoje um dos centros de pesquisa mais importantes da Nasa, a agência espacial americana. O país vivia o macartismo, período de intensa paranoia em torno de uma nunca concretizada “invasão comunista”. Xuesen foi demitido e voltou para a China, onde desenvolveu os primeiros foguetes do país. Daí por diante, os chineses aprenderam rápido. 

Nos anos 1990, adquiriram conhecimento em tecnologia aeroespacial graças a acordos comerciais com companhias dos EUA, particularmente quando satélites americanos foram lançados da China em foguetes baratos. Mas o maior impulso veio quando os EUA vetaram a participação chinesa no consórcio de 15 países da Estação Espacial Internacional, estrutura que começou a ser montada em 1998. Em vez de desistir dos seus planos espaciais, os chineses resolveram criar sua própria estação, que já tem um módulo em órbita e deve estar funcionando plenamente em 2016. “Não estou convencido se o que aprenderam naquele momento fez uma grande diferença, mas a verdade e que eles estão fazendo muitos progressos por conta própria”, disse à ISTOÉ Jonathan McDowell, astrônomo do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, especialista em programas espaciais.

Os chineses têm muito mais a ganhar com seu programa espacial do que simplesmente ter a bandeira vermelha fincada na Lua. A corrida ao espaço entre Estados Unidos e União Soviética promoveu um avanço tecnológico sem precedentes na história da humanidade. Muitas das tecnologias que usamos até hoje são frutos dessa disputa. Isso acontece porque, para garantir o sucesso de missões tão ousadas, é necessário produzir componentes eletrônicos extremamente confiáveis e precisos. No caso chinês, a aventura espacial pode melhorar a qualidade de todos os seus produtos. E aí o país chegará mais perto de consolidar sua supremacia. Assim na Terra como no céu.
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Bonitinho, mas predador

Atirado por acidente na Costa Leste dos EUA, o peixe-leão 

desceu o Atlântico, deixou um rastro de destruição no Caribe, 

está perto do Brasil e ameaça a população nacional de lagostas

Wilson Aquino
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Um peixe fofinho, de cerca de 30 centímetros, que encanta os aquaristas por causa de suas listras coloridas e barbatanas, é apontado pela comunidade científica como o novo terror dos mares. Desde que foi atirado acidentalmente no Oceano Atlântico, na Costa Leste dos Estados Unidos, o peixe-leão-vermelho, contrariando as expectativas dos biólogos, disseminou-se pela América Central e já chegou à América do Sul, deixando um rastro de devastação que, temem os cientistas, pode causar grave desequilíbrio ecológico. Seu apetite voraz o leva a consumir todo tipo de peixe e organismo marinho que caiba na boca – seu estômago pode se expandir em até 30 vezes, ou seja, comporta muitos camarões, siris e filhotes de lagosta, as vítimas preferidas. E o pior é que o peixinho está cada vez mais perto do Brasil. Foi avistado na costa da Venezuela, a cerca de 1.500 quilômetros do Amapá. 

Nativo das águas quentes dos recifes de corais dos oceanos Índico e Pacífico, ele se adaptou bem à temperatura do Atlântico, onde não para de se multiplicar. “Como não tem predador natural, exatamente por ser exótico, a população dele cresce muito rápido”, explica o professor do departamento de biologia marinha da Universidade Federal Fluminense (UFF) Abílio Soares Gomes. 

O peixe-leão-vermelho também não tem presa específica para devorar. “Nos Estados Unidos, constataram que apenas um peixe-leão pode arrasar um hectare de corais em uma semana”, alerta a diretora-executiva do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, Sílvia Ziller. O peixe-leão-vermelho também ameaça o ser humano, já que seus espinhos venenosos causam dor intensa. “Os pescadores do Amapá estão sob risco”, adverte Sílvia.
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