A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O GPS dos Pombos

O GPS dos pombos

Aves são capazes de decodificar informações sobre as linhas do 

campo magnético terrestre e usam esses dados para orientar e 

direcionar seus voos

Juliana Tiraboschi
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Os humanos que não foram agraciados pela natureza com um bom-senso de direção agora têm motivos de sobra para sentir inveja dos pombos. Um estudo da Faculdade de Medicina Baylor, em Houston (EUA), publicado na prestigiada revista “Science”, identificou neurônios nos cérebros dessas aves, que são capazes de decodificar a direção e a intensidade do campo magnético da Terra. Essa habilidade faz com que esses animais desenvolvam uma espécie de GPS natural dentro de suas cabeças, capaz de apontar as direções norte e sul e de identificar as longitudes geográficas. Algumas pesquisas já sugeriam que as aves são dotadas de receptores de ondas magnéticas nos olhos, ouvidos e bicos. Outros estudos também já haviam localizado as regiões do cérebro envolvidas na tradução desses sinais para orientações espaciais concretas. Mas até agora os cientistas ainda não haviam identificado as células cerebrais exatas que decodificam essas informações.

Para desvendar o mistério, os pesquisadores usaram um aparelho para anular o campo magnético natural da Terra e criaram um campo artificial dentro de um cômodo. Depois, colocaram sete pombos dentro desse quarto. Conforme manipulavam os ângulos e a magnitude desse campo, os pesquisadores observaram respostas em 53 células cerebrais das aves. Essas respostas neuronais determinam a posição e a direção de voo dos animais, como se formassem um mapa mental. Não é de se estranhar que os pombos tenham sido usados como mensageiros na antiguidade e até durante a Segunda Guerra Mundial. Eles eram deslocados até um determinado local ­­­e depois usados para transportar cartas ao seu local de nascimento, já que eles possuem a habilidade de encontrar o caminho de casa.
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David Dickman, autor da pesquisa, acredita que nós, humanos, podemos nos beneficiar do seu trabalho com as aves. Ele já está desenvolvendo – em parceria com a Universidade Rice, também em Houston – um novo tipo de sistema de posicionamento e localização, baseado no conhecimento gerado por esse tipo de pesquisa. “Esperamos conseguir criar um protótipo em breve”, disse o pesquisador em entrevista à ISTOÉ. Segundo Dickman, ainda há algumas dificuldades a serem superadas, como mascarar os ruídos de outras fontes de energia, que podem perturbar o campo magnético terrestre. Também é necessário aumentar a sensibilidade do sistema para que pequenas distâncias possam ser cobertas. “Mas temos esperanças de que funcione”, conclui.

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