A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 6 de maio de 2012

A semana na Ciencia


Homem e máquina, cada vez mais unidos

Novas tecnologias desenvolvidas em vários centros de pesquisa 

pelo mundo transformam corpos humanos em telas, teclados e 

fios condutores de dados

Larissa Veloso, de Estocolmo
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Assista ao vídeo sobre novas tecnologias
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Pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon (EUA)
desenvolveram protótipo que permite que usuários possam 
usar o próprio corpo como uma tela touch screen
Quando se fala sobre o futuro da tecnologia, muita gente pensa em robôs. Mas inúmeras pesquisas e invenções demonstram que não é preciso criar máquinas parecidas com os humanos para facilitar nossa interação com os computadores. Daqui a alguns anos, muitas das suas funcionalidades estarão integradas aos nossos próprios corpos.

Um dos melhores exemplos é o protótipo que está sendo chamado de OmniTouch. Desenvolvido por pesquisadores da Microsoft e da Universidade Carnegie Mellon (EUA), o dispositivo permite que uma tela sensível ao toque seja projetada em qualquer superfície, inclusive no corpo do usuário. Isso faz com que braços e mãos possam ser usados como tela, dispensando o uso de outros aparelhos (leia quadro). Com tecnologia semelhante ao Kinect – videogame que captura os movimentos do jogador –, o OmniTouch usa uma câmera para captar os movimentos dos dedos dos usuários, que são interpretados por um cérebro digital.

E não é só a tela que pode sumir. Botões e mouse já saíram de moda com a popularização dos tablets e smartphones com telas sensíveis ao toque. No futuro, escolher programas em um computador pode ficar tão natural quanto piscar os olhos. Na Suécia, a empresa Tobii já desenvolve dispositivos de eye tracking, sistema que viabiliza o controle de um mouse por meio de movimentos oculares. “Os olhos são uma ferramenta fantástica e um método muito eficiente de se apontar para algo. É muito mais rápido do que um mouse e muito mais intuitivo”, explica o CEO da empresa, Henrik Eskilsson.
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O sistema tem duas aplicações principais em prática na Suécia. A primeira é a identificação do ponto preciso para onde um consumidor está olhando quando está em frente a uma gôndola com produtos no supermercado. De posse da informação, especialistas em marketing podem saber qual o ibope de suas embalagens e marcas. A segunda, talvez a mais importante, é possibilitar que pessoas com paralisia cerebral possam usar o computador para estudar, se comunicar e trabalhar. “Há cerca de cinco mil pessoas com dificuldades severas de fala e movimento que usam nossos sistemas ao redor do mundo”, afirma Eskilsson. A empresa trabalha agora em um protótipo de notebook para o público em geral, ainda sem previsão de lançamento.

Quem também está de olho – sem trocadilhos – nessa nova tecnologia é o Google. O gigante da internet lançou recentemente um vídeo sobre o que chama de “Project Glass”. As imagens revelam óculos que usariam a realidade aumentada e o eye tracking para permitir que o usuário visualize e acesse informações nas lentes do dispositivo. Seria como estar “vestindo” o seu próprio smartphone, praticamente 24 horas por dia. Outros objetos simples, como um anel, também poderiam esconder apetrechos tecnológicos. Um exemplo é o protótipo da “Two Finger Camera”, criado pelo designer Yeon Su Kim, que promete ao usuário o enquadramento de fotos utilizando apenas os dedos indicador e polegar.

Mas, se depender das empresas, a relação do corpo com a tecnologia poderá ser ainda mais íntima, a ponto de nossa própria pele substituir cabos e fazer o papel de transmissor de dados entre aparelhos. É nisso que apostam pesquisadores da Ericsson. A companhia desenvolveu um protótipo de caixas de som nas quais as mãos e os braços das pessoas servem de ponte para transmitir as músicas. As informações são enviadas pelo corpo da pessoa a dez megabits por segundo, o que, para o fabricante, não prejudica a saúde de quem usa o sistema.

De acordo com os especialistas, a aplicação desse princípio ainda pode ir além. “No futuro, poderíamos ter um aparelho no bolso e apenas tocar na porta de uma casa para transmitir dados sobre quem somos. Com base nessas informações, a entrada seria autorizada ou não”, explica o gerente de estratégia e inovação da Unidade de Produtos de Rádio da empresa sueca, Jan Hederen. O desenvolvimento ainda está na fase de experimentos e protótipos, mas as aplicações parecem promissoras. “Outra possibilidade é que poderemos nos comunicar com uma máquina apenas por meio dos movimentos das mãos. Hoje fazemos gestos para pegar coisas no espaço. Por que não utilizar o mesmo movimento para ‘agarrar’ links?”, completa Hederen. Prepare-se para as surpresas e maravilhas da era da imersão digital total.

A floresta que virou carvão

Como fósseis de plantas de 300 milhões de anos, preservados 

debaixo de uma mina nos EUA, estão ajudando os cientistas a 

entender os efeitos nefastos do aquecimento global

Juliana Tiraboschi
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MUNDO PERDIDO 
Pesquisador americano examina fósseis de plantas
Um lugar escondido a 76 metros debaixo da terra guarda segredos de um passado distante do nosso planeta ­­– e pode nos ajudar a compreender o que acontecerá no futuro. Escavações em uma mina de carvão na cidade de Danville, no estado de Illinois (EUA), revelaram um verdadeiro mundo perdido, formado por uma enorme floresta tropical fossilizada de 112 km de comprimento por 16 km de largura.

Lá estão preservados fósseis de plantas e árvores extintas há 300 milhões de anos, como as pteridospermas (parentes distantes das samambaias) e as lycopsidas gigantes, árvores que chegavam a 30 metros de altura. É comum encontrar fósseis botânicos em solos ricos em carvão, já que esse tipo de rocha é formado pela desintegração de plantas. Mas descobrir uma floresta inteira e preservada depois de milhões de anos é uma raridade.
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GRAVADA NA PEDRA 
Fóssil de planta encontrado na mina de carvão de Danville
O ecossistema foi sepultado quando um aquecimento global repentino derreteu as calotas de gelo dos polos, fazendo o nível de mares e rios subir, provocando enchentes e inundando as florestas tropicais costais da época, soterrando-as debaixo de sedimentos. Um pesadelo muito parecido com o anunciado pelos climatologistas do século XXI. “O passado é a chave para o futuro”, diz o paleontólgo Howard Falcon-Lang, da Universidade de Londres, que conduz pesquisas na floresta fossilizada americana. “É somente estudando eventos comparáveis em um passado distante que podemos ter uma ideia de como o aquecimento global atual nos afetará no futuro”, afirma o pesquisador.

O segredo para que tamanha riqueza tenha se mantido intacta por tanto tempo reside em sua localização. A área fica em uma área de estuário, ou seja, de transição entre rio e mar. Como as marés estuárias são pobres em oxigênio, a vegetação não se desfez totalmente e manteve-se bem preservada, já que a oxigenação acelera a decomposição.

Além disso, cientistas do Instituto de Pesquisas Geológicas do Estado de Illinois também descobriram que a área foi atingida por um terremoto, o que ajudou a enterrar o ecossistema ainda mais fundo, protegendo-o. Com base no que aconteceu em Danville, o destino das florestas tropicais parece trágico se a temperatura continuar a subir. Mas é justamente esse tipo de previsão que pode ajudar a minimizar os danos provocados pelas mudanças climáticas em curso no planeta. “O mais empolgante sobre essa pesquisa é que não sabemos o que nos espera”, afirma Howard Falcon-Lang. Quem viver verá.
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