A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 3 de junho de 2012

A semana na Ciência

A nova era dos satélites brasileiros

Empresa criada em parceria pela Embraer e a Telebras promete 

assegurar a transmissão de informações de defesa nacional e 

ampliar a oferta de banda larga para todo o Brasil

Juliana Tiraboschi
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ESTACIONADOS 
Satélites geoestacionários, como o da foto,
são ideais para telecomunicações
No último dia 29, a Embraer e a Telebras divulgaram um acordo que promete ajudar o Brasil a acelerar sua capacitação no setor aeroespacial, desenvolver novas tecnologias, ter mais autonomia no setor de defesa e, de quebra, levar a internet por banda larga aos locais mais remotos do País. As duas companhias anunciaram a formação de uma nova empresa, a Visiona, que participará do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). A primeira missão da joint venture será capitanear o desenvolvimento de um novo satélite geoestacionário, ideal para o uso no setor de comunicações (leia quadro na página a seguir). A estimativa inicial é de que o equipamento fique pronto até 2014 e custe cerca de R$ 720 milhões, mas esse prazo pode mudar dependendo da complexidade do projeto final.

A principal função do novo equipamento, prestar o serviço de transmissão de dados sigilosos ao Ministério da Defesa, é importantíssima para o País. “O Brasil carece de um satélite para transferência de informações de forma segura, especialmente de caráter estratégico”, diz Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança. Atualmente, o governo federal aluga o serviço de satélites de empresas privadas.

A máquina vai operar em duas bandas, termo usado para designar as faixas de frequência de transmissão de dados. A banda X será exclusiva para o Ministério da Defesa. Já a banda K será usada para ampliar a oferta de internet banda larga no Brasil. Segundo Bolivar Tarragó Moura Neto, diretor de administração e relações com investidores da Telebras, o plano é que o satélite ofereça cobertura de internet em todo o território nacional. “Estamos construindo nossa rede terrestre. Mas a algumas regiões, como o Norte do País, é mais difícil de chegar”, afirma Moura Neto. Hoje, a Telebras tem oito mil quilômetros de rede de fibra ótica construída, mas o sistema deve alcançar 30 mil quilômetros até o fim do ano.
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"O Brasil carece de um satélite para transferência
de informações de caráter estratégico"

Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança
Segundo a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), a internet banda larga fixa e móvel no Brasil cresceu 70% apenas no ano passado. O número de acessos passou de 34 milhões em 2010 para 58 milhões em 2011, fazendo o serviço chegar a 2.650 municípios, nos quais vivem 83% da população brasileira.

De acordo com José Mauro Fortes, professor do Centro de Estudos em Telecomunicações da PUC-RJ, um aspecto interessante sobre o projeto é que o novo satélite poderá fornecer cobertura de internet conforme a necessidade de cada região. “É possível ofertar um sinal com mais ou menos potência de acordo com a demanda dos municípios”, diz. Dessa forma, a distribuição ficaria mais precisa e o desperdício seria evitado. Vale esclarecer que a Telebras não fornecerá o acesso à internet diretamente ao consumidor final. A estatal venderá os serviços aos provedores, principalmente os de pequeno porte, que, por sua vez, atenderão os seus clientes.

Enquanto a Telebras termina de elaborar as especificações do satélite para que a Visiona corra atrás da empresa que irá construí-lo, sua parceira, a Embraer, se prepara para cuidar da integração dos sistemas ligados ao satélite, como o comando de controle terrestre. Além disso, a empresa também será responsável pelo lançamento do equipamento ao espaço. Para Aguiar, da Embraer, é natural que uma empresa que desenvolve tecnologia no setor aeronáutico ingresse no segmento espacial. “Outras companhias passaram pela mesma diversificação. É o caso da Boeing, importante no mercado de satélites, e da Airbus, cuja controladora, a EADS, também tem uma área específica para projetos espaciais”, diz o executivo.
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"A ideia é que o satélite complemente as redes terrestres de internet
por banda larga, principalmente em regiões de difícil acesso"

Bolivar Tarragó Moura Neto, diretor de administração
e relações com investidores da Telebras
Além de comandar o projeto do novo satélite brasileiro, a Visiona vai assumir o papel de líder do Centro de Desenvolvimento de Tecnologias Espaciais do Parque Tecnológico de São José dos Campos, em São Paulo, entidade privada sem fins lucrativos que abriga diversas empresas nas áreas de energia, aeronáutica, espaço, defesa, tecnologia da informação, telecomunicação, saúde, recursos hídricos e saneamento ambiental. A ideia é que a Visiona estabeleça parcerias com entidades de ensino e pesquisa aeroespacial.
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O leite que virou moda

Estilistas revolucionários, como a alemã que cria tecidos a 

partir do leite azedo, se reunirão no Rio de Janeiro para 

mostrar como a mistura de glamour e preocupação com o 

ambiente transformou-se em uma das tendências mais fortes 

das passarelas

Michel Alecrim
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ALQUIMIA 
A estilista alemã Anke Domaske e a matéria-prima que usa em suas peças
Tanto no closet da atriz e modelo britânica Mischa Barton quanto no da cantora americana Ashlee Simpson há roupas feitas a partir de leite estragado. Já nos armários de celebridades como Cameron Diaz, Anne Hathaway e Gwyneth Paltrow brilham calçados fabricados com tubos de televisores antigos. Quem compra em lojas famosas como as brasileiras Cantão, Animale e Isabela Capeto, ou mesmo em grifes internacionais como a inglesa Vivienne Westwood, pode até não saber, mas há grandes chances de usar roupas ou sapatos feitos com seda que a paranaense Glicinia Setenareski produz a partir de casulos rejeitados. Tudo em nome da preservação ambiental, mas sem perder o glamour. Tamanha criatividade atraiu até a top Gisele Bündchen, que participará do evento Green Nation Fest, realizado no Rio de Janeiro, até a quinta-feira 7, no qual as estilistas Anke Domaske, alemã, e a americana Elizabeth Olsen vão mostrar as roupas que fazem com leite azedo e restos de aparelhos de tevê.

Anke é designer de moda, loura, vaidosa, verde e criativa. Ela aproveita o leite que estragou para fabricar uma fibra com a leveza do algodão e a suavidade da seda (leia quadro). A estilista, que vive em Hannover, ainda produz em pequena escala, mas prospera rapidamente. Seus modelos com tecido de fibra de leite vencido são vendidos pela internet no mundo todo. O empecilho é o preço: são cinco vezes mais caros, em média, do que as roupas tradicionais. “Todos os anos, quase dois milhões de toneladas de leite impróprio para o consumo são descartadas pelas empresas agrícolas, só na Alemanha. E nós o usamos como matéria-prima. Além disso, só trabalhamos com pecuaristas sustentáveis”, diz a designer, que também cita o alto consumo de água das plantações de algodão como ponto negativo do concorrente.
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O argumento da redução de danos também é usado pela estilista americana Elizabeth Olsen, mais uma atração do evento carioca. Seus calçados, vendidos em Nova York e pela internet, usam produtos sintéticos – feitos a partir de sobras da indústria de tevês do Japão – no lugar do couro. Quem usa certamente aprova um produto que evita maus-tratos aos animais. Mas quem os vê pouco nota diferença em relação ao couro normal ou mesmo à camurça. “Eu entendo que o Brasil e muitos outros países desenvolveram suas economias com base na criação animal. Não desejo mal às pessoas que sobrevivem dessa indústria. Mas acredito que a percepção de que a pele de um animal morto é um artigo de luxo é uma farsa de marketing velha, arcaica”, afirma.

O evento Green Nation Fest também servirá para que a estilista americana tenha a oportunidade de saber que a moda ecologicamente correta conquista as passarelas, vitrines e consumidores também no Brasil. A paranaense Glicinia Setenareski desenvolve um trabalho que consiste em aproveitar casulos rejeitados do bicho-da-seda na produção de roupas, calçados e tecidos para decoração. Seu trabalho vai do acabamento rústico ao parecido com o da seda comum. “Atendo quem não abre mão de produtos sofisticados e também aqueles que não se importam em usar tecidos com imperfeições”, explica. Tomara que a moda pegue.

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