A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 24 de junho de 2012

A semana na Ciência

Stephen Hawking: “Não importa quanto a vida possa ser ruim, sempre existe algo que você pode fazer, e triunfar”

No debate sobre a morte digna, o físico defende a poderosa vontade de viver

FELIPE PONTES
Stephen Hawking (Foto: Sarah Lee/AP)

Não posso dizer que ter a doença foi uma sorte, mas hoje sou mais feliz que antes do diagnóstico"
STEPHEN HAWKING, FÍSICO CUJOS MOVIMENTOS DO CORPO SÃO LIMITADOS POR UMA DOENÇA DEGENERATIVA HÁ CINCO DÉCADAS
Quando era um estudante de 21 anos, Stephen Hawking descobriu que sofria de esclerose lateral amiotrófica, doença degenerativa que mata as células nervosas responsáveis pelo controle da musculatura. Na previsão dos médicos, ele teria alguns meses de vida, nos quais assistiria o corpo fugir progressivamente de seu controle. Contra fortes evidências, apostou na vida – e se tornou protagonista de uma história fantástica. Aos 70 anos, já se casou duas vezes, teve três filhos e três netos, experimentou a gravidade zero num voo sub-orbital, acrescentou dados novos à teoria da relatividade de Einstein e popularizou a ciência ao escrever livros como Uma breve história do tempo (1988) e O universo numa casca de noz (2001). “Não posso dizer que a doença foi uma sorte, mas hoje sou mais feliz do que era antes do diagnóstico”, afirma, em entrevista a ÉPOCA.
ÉPOCA - O senhor de considera uma pessoa de sorte, apesar de sua condição física. Por quê?Stephen Hawking – Eu não tenho muita coisa boa para dizer da minha doença, mas ela me ensinou a não ter pena de mim mesmo e a seguir em frente com o que eu ainda pudesse fazer. Estou mais feliz hoje do que quando era saudável. Tenho a sorte de trabalhar com Física teórica, uma das poucas áreas em que a minha deficiência não atrapalha muito.
ÉPOCA - O senhor acha que viveu até hoje uma vida boa? Por quê?
Hawking –
 Quando minha doença foi diagnosticada, nem eu nem meus médicos esperavam que eu viveria mais 45 anos. Acho que meu trabalho científico me ajudou a seguir adiante. Na primeira hora, eu fiquei deprimido. Mas a doença avançou mais devagar do que eu esperava. Comecei a aproveitar a vida sem olhar para trás. Minha doença raramente atrapalhou meu trabalho. Isso porque tive sorte de encontrar a Física teórica, uma profissão em que minha doença quase não atrapalha. Faço meu trabalho dentro da minha cabeça. Na maioria das profissões, teria sido muito difícil.
ÉPOCA – Depois do diagnóstico, o senhor pensou em abandonar a própria vida?
Hawking –
 Eu acho que as pessoas têm o direito de encerrar a própria vida, se quiserem. Mas eu acho que seria um grande erro. Não importa quanto a vida possa ser ruim, sempre existe algo que você pode fazer, e triunfar. Enquanto há vida, há esperança.
ÉPOCA – O senhor teme a morte? Por quê?
Hawking –
 Medo de morrer eu não sinto, se é essa a pergunta, mas também não tenho pressa. Tem muita coisa que eu quero fazer antes. 
ÉPOCA – O que o senhor ainda espera da vida?
Hawking – 
Todos nós vivemos com a perspectiva de morrer no fim. Comigo é exatamente igual, a diferença é que eu esperava a morte bem mais cedo. Mais ainda estou aqui. Antes de morrer, espero nos ajudar a entender o universo. 

A nova guerra dos tablets

Microsoft lança aparelho com capa que vira teclado e se junta a 

concorrentes para combater a supremacia da Apple e seu iPad

Juliana Tiraboschi
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NO ESCURO
CEO da Microsoft, Steve Ballmer, apresenta o novo aparelho,
mas não revela os preços nem diz quando chegará ao mercado
Em 2006, a Microsoft deu um grande e arriscado passo ao lançar o Zune, um aparelho reprodutor de músicas e vídeos concebido para destronar o iPod da Apple. Só conseguiu provocar bocejos na concorrência, e o aparelho foi descontinuado em março de 2011. Golpe duro para uma empresa acostumada a liderar os mercados de sistemas operacionais para computadores e navegadores de internet. Quatro anos depois, a Microsoft fez as pazes com o sucesso ao lançar o Kinect, sensor de movimentos que dispensa controles para ser usado junto com o game Xbox. Agora, a empresa anuncia seu primeiro tablet, o Surface. Desta vez, armou-se para incomodar bem mais os executivos da Apple, produtora do iPad, no mercado desde janeiro de 2010.

Seus trunfos são se apresentar como um misto de tablet e PC, ser equipado com capa que vira teclado, ter porta USB e ser compatível com softwares já populares. Ele vai competir tanto com o iPad e similares (leia quadro) quanto com os ultrabooks, os primos mais leves, finos e baratos dos notebooks. Segundo Steven Sinofsky, presidente para a divisão de Windows da Microsoft, a versão mais simples do Surface deve se comparar em preço aos tablets com capacidade de processamento parecida, enquanto o modelo mais parrudo deve chegar com um valor próximo do dos ultrabooks. Especialistas apostam em algo entre US$ 400 e US$ 500 para o primeiro e de US$ 900 a US$ 1.000 para o segundo.

“Mais importante do que ser o primeiro é ter um produto de qualidade, e o Kinect é um exemplo do potencial da Microsoft”, compara Rafael Lamardo, professor de tecnologia da informação da pós-graduação da Faculdade Getulio Vargas. Outros analistas são menos otimistas quanto ao atraso da companhia. “Acho que a Microsoft demorou porque não entendia as nuances do mercado de tablets”, diz o canadense Zeus Kerravala, consultor de negócios em tecnologia da informação. Para ele, é um erro tentar unir conceitos diferentes em um só aparelho. “Tablets funcionam por toque e são ótimos para apresentações, enquanto laptops são baseados em teclados e mouses e usados para criar conteúdo. Esse tipo de híbrido nunca foi bem-sucedido”, afirma. Outro ponto negativo é que o Surface começará com uma base de aplicativos bem menor do que o tablet da Apple.

Apesar de o Surface abrir espaço para que a empresa ofereça soluções mais completas – com hardware e software – a seus clientes, o lançamento deixou claro que faz parte da estratégia da Microsoft provocar estragos na Apple, para purgar um pouco a derrota do Zune. Segundo Kerravala, há poucas chances de isso acontecer. “O Surface pode ameaçar os aparelhos baseados no sistema operacional Android. Para ajudar nisso, ele terá mais potência e uma bateria com duração maior do que a do tablet da Apple, e o teclado pode ser um atrativo para alguns”, diz. Os números de mercado servem de incentivo e esperança para a Microsoft. A fatia da Apple na venda de tablets caiu de 68,2% no quarto trimestre de 2010 para 57,6% no mesmo período de 2011, enquanto a dos aparelhos com Android (do Google) cresceram de 29% para 39,1%, segundo a Strategy Analytics. No mundo da tecnologia, sempre vence o melhor. Só falta descobrir quem será.
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