A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

segunda-feira, 29 de abril de 2013

A Semana na Ciência


O luto dos animais

Pesquisadora americana comprova que bichos selvagens e 

domésticos sofrem e demonstram tristeza após a perda de 

companheiros

Juliana Tiraboschi
Confira cenas que demonstram o luto entre golfinhos, elefantes, gatos e macacos:
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Harper e Kohl eram amigos inseparáveis. Por causa de uma fratura mal curada, Kohl não caminhava direito. Quando parou de andar e a dor se tornou insuportável, foi sacrificado. Harper assistiu ao procedimento, deitou-se ao lado do corpo e lá permaneceu por horas. Durante semanas, Harper ia todos os dias ao local favorito da dupla, perto de uma lagoa em Watkins Glen, nos Estados Unidos. Quando as pessoas se aproximavam, ele ficava arredio e assustado. Depois de dois meses, Harper também morreu. Essa história, que descreve emoções muito humanas como tristeza e medo, aconteceu com dois patos e foi a que mais impressionou a antropóloga americana Barbara King durante suas pesquisas para o recém-lançado livro “How Animals Grieve” (Como os Animais Ficam de Luto), sem versão em português.
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SELVAGENS
Chimpanzés, pássaros e elefantes estão entre os animais
que reagem com sofrimento à morte de semelhantes
Barbara começou sua carreira estudando chimpanzés. Com o avanço das pesquisas, descobriu que um sistema emocional complexo e profundo, ainda não totalmente compreendido pelos cientistas, integra a personalidade de vários animais, indo muito além dos primatas, elefantes e golfinhos – as estrelas da inteligência entre os bichos. “Cavalos, coelhos e pássaros são muito interessantes. Dependendo da personalidade do indivíduo e do estímulo que eles recebem, podem desenvolver um grau maior de empatia por seres semelhantes”, afirma a pesquisadora. Essa empatia, que pode ser vista na tristeza demonstrada após a morte, está vinculada também à necessidade de alianças dentro de um bando. “Indivíduos dominantes sofrem mais com a morte de outro animal do grupo do que os submissos”, diz o zootecnista e especialista em comportamento animal Alexandre Rossi, apresentador do programa “Missão Pet”, do canal National Geographic.
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Entre animais selvagens, as cenas de luto e tristeza vão desde chimpanzés que observam em silêncio o companheiro morto até elefantes que estendem as trombas a um filhote moribundo. No caso de animais domésticos, as ligações são ainda mais fortes. A empresária Mariana Delbue, de São Paulo, passou por dificuldades com a labrador Luna quando a cadela perdeu a mãe, que sucumbiu a um câncer em fevereiro. “Ela ficou uma semana sem comer direito, quase não bebia água e ficava entrando e saindo da casinha, chorando”, diz. Para ajudar a cadela a superar o luto, a família a deixou dormir dentro de casa e a submeteu a um tratamento com antidepressivos. “Ela parou de chorar e voltou a comer, mas virou a minha sombra, ficou superapegada a mim”, diz Mariana.
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Embora o luto seja uma realidade entre os animais, Barbara ressalta que a ciência está longe de desvendar totalmente o grau de compreensão deles sobre o fim da vida. “Nem toda a resposta à morte significa luto”, diz. Alguns bichos reagem com curiosidade, cutucando o cadáver. Outros parecem indiferentes à perda de um companheiro e até praticam canibalismo. “O luto deles é diferente do nosso. Pessoas sofrem por estranhos e conseguem canalizar esse sentimento de várias formas”, diz. No entanto, a comprovação de que alguns bichos sentem a perda de seus semelhantes mostra que as emoções não são, definitivamente, exclusividade do ser humano.
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Fotos: Monica Szczupider/ National Geographic Stock; Gemma Catlin / Rex Features / Glow Images

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