A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 12 de agosto de 2012

A Semana na Ciência

O que podemos aprender com Marte?

A sonda Curiosity pousou no Planeta Vermelho com a missão de 

explicar questões como o que aconteceu com a água de lá, a 

existência ou não de vida fora da Terra e a própria formação do 

Sistema Solar

Juliana Tiraboschi
Assista ao vídeo no qual cientistas da Nasa explicam como esse mecanismo funciona :
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Gente gritando, sorrindo, chorando, pulando e se abraçando. Parecia final de Copa do Mundo, mas eram os cientistas da Nasa comemorando o pouso do super-robô Curiosity, que chegou a Marte na madrugada da segunda-feira 6 depois de nove meses de viagem desde a Terra.
 O entusiasmo tem razão de ser. Esse é o equipamento mais sofisticado já enviado ao Planeta Vermelho e foi o pouso mais arriscado, delicado e preciso já realizado. Muita coisa podia dar errado, tanto que os cientistas da Nasa apelidaram a última etapa da aterrissagem de “sete minutos de terror”. Mas o procedimento foi um sucesso.
A Curiosity é um veículo equipado com câmeras de alta resolução, sensores, braços mecânicos, furadeira e um complexo laboratório. A sonda vai permanecer em solo marciano por pelo menos dois anos, coletando amostras de solo e fazendo análises químicas (leia quadro para saber mais detalhes). Seu principal objetivo é procurar por vestígios de material orgânico, ou seja, condições que indiquem que há ou já houve algum tipo de vida no planeta.
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DIA DE FESTA
A alegria da equipe da Nasa em um momento histórico
Só o fato de o veículo ter pousado em segurança já é um imenso avanço de engenharia. “Foi desenvolvido um sistema de descida totalmente novo, com o uso inédito de aterrissagem guiada por piloto automático, para carregar um robô muito pesado. É o tipo de tecnologia necessário para ­levar o homem a Marte no futuro”, diz Nilton Rennó, professor de ciências planetárias e espaciais da Universidade de Michigan (EUA) e membro do grupo da Nasa que desenvolveu o sistema de monitoramento climático e ambiental da Curiosity.
A escolha do local de pouso foi estratégica, já que a região apresenta indícios de que já abrigou líquido, com o solo aparentemente argiloso e geomorfologia correspondente à existência prévia de cursos de água. “Há sinais de canais, como se fossem deltas de rios”, diz Rennó. Se houve água, é provável existir condições para o desenvolvimento de vida microbiana.
Além disso, a região montanhosa por onde a Curiosity vai se locomover abriga várias camadas de solo, que correspondem a períodos diferentes da história do planeta, que vão de centenas de milhares a dezenas de milhões de anos atrás. “Saber mais sobre o passado de Marte ajuda a entender a formação e evolução do Sistema Solar e da própria Terra”, diz Othon Winter, professor de astronomia da Unesp de Guaratinguetá.
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ESPERA
Multidão na Times Square, em Nova York, acompanha ao vivo a chegada em Marte
“Sabemos que Marte e a Terra eram muito parecidos há milhões de anos. O que aconteceu com a água que havia lá?”, questiona o também brasileiro Ramon de Paula, executivo do programa de Marte da Nasa e responsável pelas sondas orbitadoras Odissey e Mars Reconnaissance, equipamentos que vão enviar as informações da Curiosity de volta à Terra. “Eu chamo este projeto de ‘missão verde’, porque ele vai gerar conhecimento que pode ajudar a proteger o meio ambiente do nosso planeta”, diz.
A busca por formas de vida em outros planetas também procura responder a questões filosóficas. “O ser humano sempre se perguntou de onde veio, se estamos sozinhos e se a vida é oriunda de outros planetas”, diz De Paula. Além de Nilton Rennó e Ramon de Paula, outra brasileira está participando da missão da Curiosity. É a engenheira Jaqueline Lyra, que chefiou a equipe responsável por regular a temperatura da sonda.
Por fim, missões como essa servem também a um propósito educacional. “Elas inspiram crianças e jovens a estudar ciência e tecnologia”, afirma De Paula. “Na época do projeto Apollo, na década de 1960, aumentou o número de estudantes de engenharia nos Estados Unidos”, diz Rennó. Eles torcem para que os passeios marcianos da Curiosity provoquem o mesmo encantamento e empolgação nos pequenos futuros cientistas.
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Fotos: NASA/JPL-Caltech; Damian Dovarganes/AP Photo

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