A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 26 de agosto de 2012

A Semana na Ciência


Olho biônico

Com sensível melhora na qualidade das imagens, pesquisadores 

de universidade americana desenvolvem chip que cura a cegueira 

em ratos

Juliana Tiraboschi
A pesquisadora Sheila Nirenberg, da universidade de Cornell, explica em vídeo como funciona o chip codificador para um implante de retina que conseguiu reverter a cegueira em ratos:
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MECANISMO DECIFRADO
Chip quebra o código da visão e envia imagens para o cérebro
Os fãs da série “Jornada nas Estrelas” certamente se lembram do “visor”, óculos especiais que devolviam o sentido da visão ao personagem cego Geordi La Forge. É o sonho de muitos pesquisadores criar um equipamento parecido com esse. Entre os sonhadores está Sheila Nirenberg, da Universidade de Cornell, EUA. Ela conseguiu dar um passo adiante na busca pela cura da cegueira causada por degenerações da retina. Em artigo publicado na revista científica “Proceedings of the National Academy of Sciences” na semana passada, a pesquisadora mostra como desenvolveu um implante de retina que tem o potencial de ser mais eficiente que os existentes no mercado. Por enquanto, a novidade só foi testada em ratos e ainda pode levar alguns anos para ser experimentada em humanos.
Calcula-se que entre 20 a 25 milhões de pessoas no mundo estão cegas ou correndo o risco de perder a visão por causa de doenças degenerativas da retina. Esse tipo de problema é caracterizado principalmente pela morte das células fotorreceptoras dessa parte do olho, os cones e bastonetes, responsáveis por captar a luz e transmitir sinais a outras células, que enviam essas informações ao cérebro. Sem a captação de luz, o cérebro não consegue formar imagens. E, sem isso, a pessoa fica cega (leia quadro). Alguns tipos de degeneração da retina podem ser tratados com medicamentos. Mas, quando o tratamento não funciona, a única opção para recuperar parte da visão são implantes.
Os olhos biônicos disponíveis hoje no mercado (por enquanto, usados em laboratórios pelo mundo, inclusive no Brasil, e liberados comercialmente apenas na Europa) permitem que um paciente cego volte a ver alguns pontos de luz e perceba contrastes. Para quem perdeu totalmente a visão, é um avanço. Mas esses implantes não permitem que o paciente consiga identificar um rosto, por exemplo.
O estudo da Universidade de Cornell produziu duas melhorias importantes. Uma foi criar um microchip capaz de “quebrar o código” da visão, ou seja, interpretar características da luz que entra na retina e transformar essas informações em pulsos elétricos que serão lidos pelo cérebro. “Esse codificador é formado por um conjunto de equações matemáticas que produzem padrões de pulsos semelhantes aos normais”, diz Sheila.
A outra novidade é o uso da optogenética, área da ciência que combina óptica e genética e utiliza a luz para controlar ações de células. O que os pesquisadores da Cornell fizeram foi inserir uma proteína sensível à luz dentro da retina. Ou seja, ela faz o mesmo papel das células fotorreceptoras que foram destruídas. “O uso da optogenética é inédito em implantes de retina e um grande avanço nesse tipo de pesquisa”, reforça o oftalmologista Rubens Camargo Siqueira, pesquisador da USP de Ribeirão Preto, que estuda o uso de células-tronco para tratar degenerações da retina.
Essas duas características permitiram a geração de imagens muito mais nítidas do que as formadas pelos implantes anteriores. “Essa é a primeira prótese que tem o potencial de fornecer uma visão muito melhorada, porque incorpora esse código”, diz Sheila. Ainda pode demorar muitos anos para que os óculos de “Jornada nas Estrelas” se tornem uma realidade, mas não custa se inspirar na ficção científica para sonhar com cegos que voltam a enxergar.
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Será esse o nosso fim?

Astrônomos flagram raro momento em que um planeta é 

devorado por sua estrela, destino reservado para a Terra daqui 

a cinco bilhões de anos

Edson Franco
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EFÊMERO
Um fugaz rastro de lítio é a evidência que restou do finado planeta
Os maias erraram feio. Caso a descoberta de um grupo de astrônomos publicada nesta semana se aplicar à Terra, o mundo vai acabar sim, mas só daqui a 5 bilhões de anos. E o apocalipse será bem quente. A partir de observações feitas com o telescópio Hobby Eberly, instalado no Texas, cientistas americanos, poloneses e espanhóis encontraram evidências do primeiro planeta que teria sido “devorado” por sua estrela.
Batizada de BD 48 740, a faminta estrela tem um raio 11 vezes maior que o do nosso Sol e faz parte da categoria de astros chamada de gigantes vermelhas. Quando se aproximam do fim, essas estrelas vão crescendo e absorvendo tudo o que estiver por perto. Foi o que aconteceu com o planeta “engolido”, que não partiu sem deixar sua marca. Os astrônomos notaram um incomum acúmulo de lítio na superfície da BD 48 740. É um material raro, criado principalmente durante o Big Bang (há 14 bilhões de anos) e que é rapidamente destruído em estrelas antigas. E foi isso o que os astrônomos diagnosticaram: o breve momento em que o finado planeta deixou um rastro de lítio atrás de si.
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Algo semelhante irá acontecer no nosso sistema solar? “Sim, quando Mercúrio e Vênus forem devorados pelo Sol, irão alterar a composição da estrela e produzir um efêmero excesso de lítio”, disse à ISTOÉ Alexander Wolszczan, da Pennsylvania State University, nos EUA, coautor do estudo. Segundo ele, esse é um caminho inevitável e sem volta no nosso caso. O Sol deve se tornar uma gigante vermelha em cerca de cinco bilhões de anos. Mas o nosso prazo de validade é bem menor. “Nossa estrela vai se tornar quente demais para a vida como a conhecemos em um bilhão de anos”, diz o pesquisador. Esse é o tempo que temos para descobrir uma nova casa e desenvolver formas de chegar até ela.

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