A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Outra lua na vida da Terra


Como nasceu a Lua?

Chamamos-lhe Lua como se fosse a única lua que existe no espaço. Mas a lua da terra é apenas mais uma das muitas do nosso sistema solar. Tal como os planetas giram em torno das estrelas as luas fazem-no em torno dos planetas. O termo "satélite" significa "companheiro", que é outra palavra para lua. A nossa lua pode ter tido um nascimento particularmente violento e dramático. Pelos estudos feitos às rochas que a constituem e por comparação com as existentes na Terra, os cientistas conseguem ter ideias mais ou menos claras sobre a forma como surgiu. Há mais de 4 mil milhões de anos, a jovem Terra encontrava-se ainda muito quente, de tal forma que a superfície era rocha em fusão (como a lava dos vulcões). A colisão de uma asteróide (ou de um planeta menor) disparou para o espaço líquido quente da parte exterior de ambos, numa tremenda explosão. Algum material caiu na Terra, mas muito do material disparado para o espaço permaneceu aí, formando um núcleo de rocha muito quente que passou a orbitar a Terra. Ao longo de milhões de anos este núcleo arrefeceu e tomou formas arredondadas, originando a Lua que conhecemos hoje.

Uma representação do impacto


A Lua mostra sempre a mesma cara, por isso só quando os primeiros satélites deram a volta ao astro é que os cientistas se aperceberam do mistério que o lado de lá guardava. A Lua oculta tem montanhas e crateras numa densidade tal que fazem parecer plano e aborrecido o lado que já se conhecia. Apesar de existirem várias teorias que tentam explicar esta dicotomia, não há ainda nenhuma prova. No entanto, um artigo publicado hoje na prestigiada revistaNature sugere que há muito tempo uma segunda lua que também girava à volta da Terra, mais pequena, chocou contra a maior.


É preciso voltar muito atrás na história do nosso satélite para seguir a hipótese proposta por Martin Jutzi e Erik Asphaug, os dois autores do estudo que trabalham na Universidade da Califórnia, Estados Unidos. Uma das teorias mais consensuais que explicam a formação da Lua refere que um objecto do tamanho de Marte chocou contra a Terra no início da sua formação.
Este choque lançou para o espaço uma quantidade de material que passou a orbitar o nosso planeta. Uma parte importante desse material deu origem à Lua, que foi aos poucos limpando o resto dos detritos graças à força gravítica que exercia. Hoje, no céu à volta da Terra, é o único satélite natural que existe, ao contrário de Marte, que tem duas luas, ou Júpiter, que tem 64.
Jutzi e Asphaug observaram as características da topografia da Lua, o tamanho da crosta nos dois lados e a química das rochas, e acrescentaram à história do satélite um novo capítulo que simularam no computador. “O impacto produziu um disco de detritos à volta da Terra e a partir disto tivemos a Lua, mas não há razão para só se ter formado uma lua”, disse aoGuardian Jutzi.
O segundo satélite teria cerca de 1200 quilómetros de diâmetro – um terço do tamanho da Lua – e estaria na mesma órbita mas mais afastada. Esta pequena lua ter-se-á mantido estável durante algumas dezenas de milhões de anos até que a órbita “se teria tornado instável e qualquer objecto preso nela ficaria à deriva”, explicou por sua vez Aspaugh numa notícia da Nature.
O resultado, segundo o estudo, é que as luas colidiriam. Mas como estavam na mesma órbita (embora com 60º graus de avanço ou de atraso), esta colisão foi suficientemente vagarosa para que não se tenha formado uma supercratera. “Formou-se uma cratera de apenas um quinto do tamanho do objecto que colidiu e que se desfez na cavidade formada”, disse o cientista.
Na altura, esta nova lua, por ser mais pequena, já teria solidificado. Ao contrário, a Lua que conhecemos, só teria uma pequena crosta sólida, por baixo estaria um manto com material em estado líquido. O resultado do impacto, segundo os cientistas, explicaria muito do que se conhece hoje da Lua.
Por um lado, formaria o território irregular e montanhoso que se conhece no lado escondido do satélite. Mas também poderá explicar o facto de a crosta do lado escondido ser mais espessa do que a do outro lado, devido à acumulação de material da lua pequena.
Por outro lado, as rochas da superfície do lado virado para a Terra têm uma maior quantidade de elementos do manto. Esta característica terá sido originada pelo desarranjo do manto ocorrido durante a colisão, que terá feito com que camadas de magma viessem à superfície e trouxessem esses elementos.
Apesar de esta ideia ter sido bem acolhida pela comunidade científica, enquanto não houver provas não passará de uma teoria. A Lunar Reconnaissance Orbiter, a sonda da NASA que vai conseguir obter com mais detalhe a estrutura interna da Lua, poderá ajudar nesta investigação.
Mas a situação ideal seria analisar rochas do lado de lá da lua, para perceber se são originais da segunda lua. “Com sorte, no futuro, uma missão que traga amostras ou uma missão humana irá com certeza ajudar a revelar qual é a teoria mais provável”, disse citado pela BBC News, Jutsi. Era a hipótese de se ir até ao satélite e vir de lá com pedaços de uma antiga lua irmã.

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