A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 18 de setembro de 2011

A Semana na Ciência


Efeito colateral

Pesquisas revelam que fontes limpas de energia como a 

eólica e processos ditos sustentáveis, como a reciclagem 

de água, também podem prejudicar o ambiente e os 

humanos

André Julião
img.jpg
PERIGOAlemães vizinhos de turbinas eólicas correm mais risco de sofrer ataques cardíacos
É inegável a importância das fontes renováveis de energia para a redução das emissões de gases do efeito estufa. Por essa contribuição no combate ao aquecimento global, outras tecnologias também ganham cada vez mais espaço, entre elas a reciclagem de água e a captura e estocagem de carbono no subsolo. O que pouca gente leva em conta é que as gerações de energia solar, hidrelétrica e eólica, além de outras soluções ditas sustentáveis, também provocam impacto no ambiente – e nas pessoas.

A energia solar, festejada por não emitir carbono na atmosfera, mostrou recentemente que tem um lado sombrio. Uma pesquisa da Universidade do Tennessee, nos EUA, concluiu que a fabricação de baterias para armazenar o que é captado pelos painéis fotovoltaicos tem potencial para emitir mais de 2,4 milhões de toneladas de chumbo. Isso só na China e na Índia, países cuja demanda por fontes renováveis só aumenta. A contaminação pelo metal provoca males à saúde como danos aos rins e aos sistemas cardiovascular, nervoso central e reprodutivo, além de problemas de aprendizagem em crianças.

“Compostos do chumbo são pesados e normalmente não flutuam pelo ar muito além do ponto de origem”, disse à ISTOÉ Chris Cherry, engenheiro ambiental responsável pela pesquisa. “Mas os trabalhadores e a população próxima às fábricas são particularmente vulneráveis às altas concentrações desse metal”, explica. Outras desvantagens podem ser vistas ainda na geração de energia eólica e hidrelétrica (leia quadro). Também a demanda cada vez maior, por água, está gerando um efeito colateral improvável. A reciclagem do recurso natural, que evita a retirada de rios e aquíferos, contribui para as mudanças climáticas.

Pesquisa da Universidade da Califórnia, também nos EUA, mostra que a purificação da água por um processo conhecido como nitrificação e desnitrificação emite altas quantidades de óxido nítrico, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Isso acontece porque as bactérias usadas na remoção de impurezas inevitavelmente produzem esse elemento químico. “O processo, porém, evita o transporte de água por longas distâncias em caminhões, que gera monóxido de carbono e consome energia”, diz Amy Townsend-Small, principal autora do estudo. 

Outro exemplo de que um equilíbrio é possível é o fato de a China ter fechado, recentemente, mais de 500 fábricas de baterias, por gerarem muitos poluentes. “O desafio é ter uma estrutura regulatória contínua e sustentável”, diz Cherry, da Universidade do Tennessee. “Países ocidentais já reduziram as emissões nesses processos em cerca de 1% a 5%. Há muito espaço para melhorar”, finaliza.
img1.jpg


Impressora de comida

Pesquisadores de universidade americana desenvolvem 

equipamento capaz de fabricar alimentos com um 

simples apertar de botão

Edson Franco
Assista a vídeo que demonstra o funcionamento da impressora tridimensional Fab@Home :
ImpComida_site.jpg
 


img1.jpg
PERFEIÇÃO
Com precisão milimétrica, o equipamento fabrica e decora cookies
Daqui a cinco anos, caso bata aquela vontade de fazer um lanche de madrugada, não será necessário colocar roupa, pegar o carro e ir a um posto 24 horas. Bastará apertar o botão de uma impressora para que uma porção de fritas e uma barra de chocolate se materializem na cozinha. As batatinhas podem ter textura de torrada, e o chocolate pode assumir as formas da Scarlett Johansson. Isso é o que prometem os pesquisadores da Faculdade de Engenharia da Computação da Universidade Cornell, nos Estados Unidos. Eles são responsáveis pela impressora tridimensional Fab@Home – expressão que significa “fabrique em casa”.

Quando iniciaram o projeto, há quatro anos, os cientistas planejavam criar um robô capaz de fabricar as peças do seu próprio corpo e substituí-las na medida em que fossem vencidas pela fadiga. O projeto seria uma bênção para a Nasa, dona dos robôs atualmente mais distantes das oficinas. Os homens de Cornell não chegaram lá, mas tiveram um momento iluminado. Entediados por ver a Fab@Home gerar peças de xadrez e miniaturas de carro, tiveram a ideia de, em vez de plástico ou metal, abastecer o aparelho com chocolate derretido. Nascia a impressora de alimentos.

A máquina veio à luz com algumas limitações. Suas seringas funcionam como os cartuchos das impressoras convencionais, o que obriga a matéria-prima a ter consistência próxima à das tintas ou, no máximo, em ponto de purê. Na velocidade atual de suas seringas, a produção de um singelo biscoito decorado pode levar horas. Superadas essas questões, tudo o que a máquina provoca é uma fornada de perspectivas animadoras. A começar pelos ingredientes, que, liquefeitos, ocupam menos espaço na cozinha. Qualquer mortal terá acesso a feitos gastronômicos dignos dos maiores chefs. Por fim, boa parte do desperdício envolvido com a confecção de comida desaparecerá, muita louça permanecerá limpa e o custo de transportar alimentos irá despencar. 

Como é projeto de uma universidade, ele é totalmente aberto. Na internet é possível encontrar esquemas para montar a sua própria impressora. Um kit com as peças sai por US$ 2.400 lá fora. A empresa nextfabstore.com vende uma versão já montada por preços que começam em US$ 3.300. “Essa tecnologia permite imaginar um futuro em que você baixa receitas na internet, aperta um botão e a impressora prepara um banquete”, diz Hod Lipson, um dos responsáveis pelo projeto. Só resta a questão final: o sabor é bom? Para tentar tornar a resposta afirmativa, a universidade se associou ao Instituto de Culinária da França. Se a impressora de fato vingar, pelo menos um homem vai ficar chateado. Depois de revolucionar a cozinha passando horas esferizando e espumando alimentos, o chef catalão Ferran Adrià terá uma concorrente que fará isso brincando.
img.jpg


Nenhum comentário:

Postar um comentário