A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 1 de abril de 2012

A Semana na Ciência

Luxo ecológico

Mercado de produtos de altíssimo padrão abraça a causa verde 

e adota cada vez mais critérios de sustentabilidade

André Julião
Assista ao vídeo e conheça produtos verdes de altíssimo padrão:
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SÍMBOLO MÁXIMO 
O primeiro Rolls-Royce elétrico é
exibido nas ruas de Paris

Embora a ideia de luxo sustentável pareça uma contradição em termos, um mercado cada vez maior tenta abarcar a demanda por produtos de alto padrão que respeitem o meio ambiente. Estudiosos do assunto acreditam que o público de grande poder aquisitivo é o primeiro a adotar bens de consumo que sigam critérios de sustentabilidade, mesmo pagando mais caro por isso. 

O segmento conquistou tanta importância que ganhou um evento só para ele, o “1.618 Sustainable Luxury”, que ocorre de 29 de março a 2 de abril, na Cidade da Moda, em Paris. A feira promete aproximar o universo do altíssimo padrão à consciência ambiental como nunca se viu antes, apresentando produtos e conceitos que vão do estilo de vida aos meios de transporte típicos dos endinheirados – ou de peças de roupa e mobiliário a iates e carros movidos a combustíveis alternativos. “O evento alcança consumidores exigentes, com alto poder de compra, ávidos por produtos honestos, mas cujas opções estão faltando no mercado”, define o comunicado dos organizadores.
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NO MAR 
Projetos de iates elétricos, como o da
esquerda, são destaque no evento em Paris

Não é de hoje que grandes marcas estão atentas a essa demanda. A britânica Rolls-Royce, uma das maiores fabricantes de automóveis de luxo do planeta, mostrou seu primeiro modelo elétrico no último Salão de Genebra. Na ocasião, o especialista em carros das revistas “Wired” e “Automobile”, Ben Oliver, definiu a razão da existência de um carro com esses atributos, que deverá custar em torno de US$ 3 milhões. “A marca sabe que deve se adaptar aos novos tempos para sobreviver. Seus clientes podem não se preocupar com coisas como economia de combustível ou emissão de carbono, mas legisladores nos dois lados do Atlântico, com certeza, sim.” A Lexus, segmento de luxo da Toyota, também já apresentou seu modelo movido a bateria de íons de lítio.
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EM CASA
A exposição “1.618 Sustainable Luxury”, em
Paris, mostra objetos de desejo sustentáveis

Mas por que só carro, quando se pode ser sustentável mesmo comprando um iate? Esse é o discurso dos italianos da Ferretti, que comercializam, por algo em torno de US$ 4 milhões, o modelo Mochi Craft Long Range 23, com três andares e 75 pés (23 metros) de extensão. O barco tem um sistema de propulsão que combina óleo diesel e baterias elétricas. Usando apenas combustível, emite dez quilos de dióxido de carbono por milha náutica (1,85 km); com a ajuda das baterias, apenas meio quilo de CO2 é lançado na atmosfera para a mesma distância.

Roupas, joias, acessórios, cosméticos e móveis de alto padrão são outros itens que entraram na onda do respeito ao meio ambiente. A estilista britânica Stella McCartney (filha do ex-beatle Paul McCartney), por exemplo, é internacionalmente reconhecida por não usar couro nem pele de animais em suas roupas. É chique ser verde.
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Piratas no ar

Um dos maiores sites de compartilhamento de arquivos quer 

guardar seus servidores nas nuvens. Literalmente

Larissa Veloso
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TECNOLOGIA 
Transmissão seria feita por computadores (abaixo) instalados em aviões não tripulados
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Depois de esconder seus servidores em cavernas da Suécia, os criadores do site de compartilhamento de arquivos Pirate Bay querem levar a segurança de seu serviço a outro nível. Mais precisamente, para as nuvens. De acordo com comunicado divulgado pela entidade, o plano agora é colocar os servidores em pequenos aviões não-tripulados, conhecidos em inglês como drones. A ideia é mudar o cérebro do compartilhamento de arquivos para pequenos computadores e inseri-los nas aeronaves. 

Dessa forma, o serviço de downloads procura evitar que a página seja tirada do ar caso a localização dos seus servidores seja descoberta pela polícia, assim como aconteceu com o já extinto Megaupload. Com a nova estratégia, o coração do sistema não poderia ser destruído porque estaria a vários quilômetros de altitude. A única alternativa seria usar outras aeronaves para abater os drones, o que os donos do Pirate Bay classificaram como “um verdadeiro ato de guerra”. O site ainda não revelou que modelo de aeronave será usado ou quando o sistema ficará pronto. “É apenas uma primeira tentativa, mas não podemos mais nos limitar a hospedar apenas em terra”, afirma o comunicado oficial.

O plano é audacioso. Mas o diretor da empresa especializada em drones Xmobot, Giovani Amianti, não acredita que os capitães do Pirate Bay terão sucesso. “Não sei se eles têm consciência do que estão propondo. Em primeiro lugar, esses equipamentos custariam dezenas de milhões de dólares. Em segundo lugar, mesmo com rádios de longa frequência, eles não conseguiriam transmitir a informação de maneira estável a distâncias tão grandes. É impossível conseguir isso de uma base que está em movimento”, aponta Amianti.

Porém, para os piratas, nem o céu é o limite. “Haverá um tempo em que iremos hospedar os arquivos em todas as partes do espaço, sendo fiéis ao nosso slogan de sistema mais resistente da galáxia”, finaliza o texto publicado no site. 
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A ameaça do lixo espacial

Estação Internacional quase é atingida por pedaço de satélite, 

chamando a atenção para a necessidade urgente de uma faxina 

na órbita terrestre

André Julião
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Foi por pouco. No máximo, 11 quilômetros. Essa distância, mínima para padrões cósmicos, separou a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) de um pedaço de satélite russo – um choque que poderia inutilizar o conjunto de módulos de US$ 100 bilhões. O quase acidente aconteceu no sábado 24, às 4h38 no horário de Brasília. Para se ter uma ideia, o espaço entre a ISS e o lixo espacial foi tão curto que os seis astronautas a bordo tiveram de se abrigar em duas cápsulas Soyuz, prontos para voltar à Terra em caso de colisão.

O destroço era do satélite russo Cosmos 2251, que em 2009 se chocou com outro instrumento do mesmo tipo, o Iridium 33, dos EUA. Com a colisão, mais de dois mil pedaços maiores do que uma bola de tênis se espalharam pelo espaço, somando-se aos pelo menos 22 mil detritos desse tamanho que orbitam a Terra. No total, a Nasa, agência espacial americana, monitora quase meio milhão de unidades de lixo espacial – a maioria pedaços de satélites inativos. Em junho passado, um deles passou a cerca de 300 metros da estação. 

O acontecimento do sábado chama a atenção mais uma vez para o problema do lixo espacial. Em 12 anos de existência da ISS, é a terceira vez que os astronautas se preparam às pressas para fugir, já que não houve tempo suficiente para manobrar a estação. O detrito foi identificado na sexta-feira 23, tarde demais para tirar a ISS do seu percurso. Ele vagava a 30 quilômetros por hora, velocidade suficiente para causar sérios danos.

Funcionários da Nasa em terra não chegaram a acreditar que a ISS estivesse em sério risco, mas acharam melhor tomar as medidas de emergência por precaução. “Tudo correu de acordo com o planejado. A peça passou pela Estação Espacial Internacional sem nenhum incidente”, afirmou um porta-voz da agência. Os astronautas – três russos, dois americanos e um holandês – foram acordados cerca de uma hora antes do normal, no que costuma ser dia de folga da equipe, para embarcar nos dois Soyuz e fechar as escotilhas.
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AVENTURA
Astronautas fazem reparo no exterior da Estação Espacial
Eles ainda olharam pelas janelas para tentar avistar algum detrito, mas não perceberam nada. Se a ISS, com suas 450 toneladas, fosse atingida e danificada de forma irreversível, os astronautas estavam preparados para desprender os módulos e voltar para a Terra. No entanto, eles retornaram à estação e “tiveram um fim de semana normal e relaxante”, conforme descrição de Rob Navias, outro porta-voz da Nasa.

O Conselho Nacional de Pesquisa dos EUA, afirma que os destroços espaciais são uma grande ameaça à rede de satélites presente na órbita da Terra, vital para comunicações e outras atividades, e mesmo à ISS. Em resposta, nações dotadas de programas espaciais assinaram acordos para adotar melhores práticas para controlar satélites inativos e o inevitável retorno ao planeta. Pelo menos uma grande peça entra na atmosfera terrestre todo ano. Na semana passada, moradores de um vilarejo na Sibéria, na Rússia, relataram que um grande “fragmento de ovni” caiu, apesar de especialistas ainda não terem conseguido confirmar a sua origem.

Pesquisadores ainda trabalham em formas de encurralar o lixo espacial em órbita. Uma proposta consiste numa nave dotada de uma rede, que “pescaria” os detritos. Outras ideias incluem usar laser para destruir essas peças. No mês passado, uma empresa suíça divulgou o desenvolvimento de um “satélite zelador” para fazer uma faxina nos céus. É o que a órbita da Terra precisa.


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