A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 15 de abril de 2012

a semana na ciencia

Robótica verde

Equipe de estudantes da PUC-Rio vai levar suas máquinas movidas a energia solar à competição que reúne os robôs mais inovadores do mundo

Michel Alecrim
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INOVAÇÃO 
Alunas do curso de engenharia da PUC-Rio observam os
robôs movidos a energia solar feitos na universidade
Numa competição de robótica em que as atenções normalmente se voltam para as lutas entre as máquinas, numa espécie de MMA de androides, delicados robôs movidos a energia solar estão ganhando espaço. Pela primeira vez, a RoboGames, encontro considerado a olimpíada do ramo, incluirá artefatos ecológicos entre suas atrações. A equipe brasileira da PUC-Rio, a RioBotz, que é recordista de medalhas do evento, aceitou o desafio e levará dois modelos ecológicos para San Mateo, na Califórnia (EUA), onde estudantes do mundo inteiro apresentarão suas invenções entre a sexta-feira 20 e o domingo 22.

Apolo e Invictus, os nomes dos pequenos robôs, seguem à risca as regras do evento e só usam tecnologia analógica. Não podem, portanto, ser guiados por controle remoto. A leveza é outro requisito. “As placas de energia solar produzem pequena quantidade de energia. Por isso tivemos que montar maquininhas bem leves”, diz o professor responsável pela equipe carioca, Marco Antonio Meggiolaro. O desafio mexe com a criatividade dos alunos. “Acho que será bem mais fácil usar a tecnologia solar nos robôs do futuro”, diz Gabriella Mansur, 20 anos, aluna do quinto período de engenharia de controle e automação.

Numa das provas, vencerá o robô que percorrer uma distância de dois metros em menor tempo. Não é à toa que o design seja, então, parecido com o de um carrinho. Na outra disputa, a pequena máquina terá que passar por obstáculos até chegar a uma fonte de luz. Nesse caso, o formato é parecido com o de um inseto. Correndo sobre rodas ou com passos desajeitados, as criações ajudam os estudantes a percorrer caminhos que levam a importantes inovações. Da mesma universidade, veio, por exemplo, o software Ginga, adotado nas tevês digitais brasileiras. Na torcida pelos robôs brasileiros estarão, portanto, empresas e consumidores. 
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Vale mais que mil palavras

E US$ 1 bilhão. A compra do Instagram pelo Facebook reforça a tendência de uma internet cada vez mais visual e agita as redes sociais

Larissa Veloso
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BOLADA 
O brasileiro Mike Krieger (à esq.) e o americano Kevin Systrom, criadores do Instagram
Mais um negócio bilionário fechado por Mark Zuckerberg ganhou as manchetes do mundo digital na última semana. Muitos especulam o motivo que levou o Facebook à aquisição do serviço de compartilhamento de imagens Instagram por US$ 1 bilhão. Para alguns, o site, que já tem 30 milhões de adeptos, estava roubando usuários da rede social. Há também quem aposte que a compra vai aprimorar o acesso ao Facebook via smartphones – um velho ponto fraco do time de Zuckerberg.

Seja lá qual for o motivo por trás da transação, ela dá mais um empurrão em uma tendência que vem movimentando o mundo digital nos últimos anos. O fato é que temos cada vez mais fotos, vídeos e ilustrações na internet, e cada vez menos palavras escritas. Afinal, praticamente todos nós carregamos uma câmera no bolso. “Até o final do século XX as pessoas filmavam e fotografavam os outros. Hoje todo mundo adora se filmar, fazer autorretratos. O Instagram é uma dádiva para os medíocres, deixa qualquer imagem esperta, especial”, analisa o designer Ricardo van Steen, diretor de arte da revista “Select”, publicada pela Editora Três.

As últimas mudanças nas redes sociais e a popularidade crescente dos sites de compartilhamento de imagens (leia quadro) são adaptações a esse novo modo de ver o mundo. Prova disso é o mais recente fenômeno da internet, o Pinterest. Criado para funcionar como um mural de fotos e recortes inspiradores, o serviço passou a aceitar vídeos, atingiu a marca dos 10 milhões de perfis e se tornou a terceira rede social mais popular nos EUA, atrás apenas do Facebook e do Twitter.
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WEB VISUAL
Novo fenômeno da rede, o Pinterest (acima) funciona como um mural
de cortiça. Ao lado, a página do criador do Facebook, Mark Zuckerberg
Com seus cliques, o que os 40 milhões de usuários do Instagram e do Pinterest dizem é: ver fotos bonitas é muito mais interessante do que absorver o mesmo conteúdo na forma de palavras. Para quem encara os quatro mil caracteres desta reportagem, essa frase pode soar radical. Mas acredite, seu interesse não seria o mesmo se não tivéssemos fotografias de qualidade e um infográfico atrativo na mesma página.

Quem afirma isso são os cientistas. “Nossos cérebros estão conectados para fazer as coisas o mais rapidamente possível. As imagens ajudam o processo”, explica o especialista inglês em psicologia digital e autor de quase 30 livros sobre o assunto Graham Jones. Um exemplo: se alguém publica uma foto de si mesmo em uma montanha coberta de neve vestindo um par de esquis, automaticamente pensamos que a pessoa está curtindo férias em outro país e resolveu praticar o esporte. Uma conclusão que leva menos de um segundo.
Se, em vez da foto, porém, a pessoa posta um relato escrito sobre a viagem, o caminho fica muito mais longo. Nosso cérebro tem que chegar ao ponto do texto onde está a descrição, decodificar as palavras e juntar as diversas informações para chegar ao todo. Para nossa mente, esse é um longo caminho e, bem, nosso cérebro prefere os atalhos. “Essa é outra razão pela qual as imagens em redes sociais são tão populares – elas nos ajudam a usar nossos cérebros da forma como eles querem trabalhar”, diz Jones.

A invasão das fotos é só o começo. Especialistas apostam que o vídeo será o grande meio de comunicação da internet em breve. “Muitas pessoas já usam o Pinterest para compartilhar imagens em movimento. Segundo uma pesquisa da Cisco, em dois anos, 91% do conteúdo da internet será nesse formato”, afirma Gil Giardelli, consultor de redes sociais da empresa Gaia Creative.

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Para ele, esse formato estimula a co-criação. Basta lembrar de quantas paródias existem com vídeos famosos no YouTube. Mas as novas gerações já estão indo além. “Meu filho de 12 anos não usa o Google para fazer buscas. Ele pesquisa tudo que quer saber direto no YouTube, porque sempre quer ver a cara da coisa”, conta o diretor de criação da agência de conteúdo digital Gynga, André Felipe. Mas o comportamento dos mais novos também preocupa. Num mundo em que as palavras estão se escondendo atrás das fotografias, como as novas gerações vão encarar a leitura? “Tenho medo de que isso gere uma exclusão social no futuro, entre os que têm cultura suficiente para escrever um texto e os que não têm”, pondera Felipe.

Mas há quem tenha uma visão mais otimista. “Reduzir a quantidade de texto escrito não está nos tornando estúpidos, mas, sim, nos ajuda a nos comunicar melhor e mais rapidamente. Além disso, nunca iremos nos livrar totalmente das palavras”, diz Jones. Que as letras são fundamentais para se viver em sociedade, isso não se discute. O que resta saber é se vamos preferir olhar as figuras em vez de ler o livro.


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