A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 22 de abril de 2012

A semana na Ciência

Vidro em marte

Descoberta de região coberta pela substância é mais um indício de que o planeta vermelho pode ter sido habitado por seres vivos bilhões de anos atrás

Edson Franco

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No dia 3 de agosto está prevista a estreia nos cinemas de uma releitura do filme “O Vingador do Futuro”. Quem viu a versão original, estrelada por Arnold Schwarzenegger em 1990, deve se lembrar das cenas em que vidraças explodem e, expostos à atmosfera de Marte, os seres humanos passam por mutações terríveis. Se um dia essa ficção se materializar, o vidro das imensas janelas não precisará ser importado da Terra. Uma dupla de cientistas da Universidade do Arizona, nos EUA, descobriu que o norte do planeta abriga regiões misteriosas, escuras e forradas de vidro produzido espontaneamente por antigos vulcões. As formações se espalham por mais de dez milhões de quilômetros quadrados.

Esse tipo de vidro é formado quando o magma vulcânico é resfriado muito rapidamente. Para que isso aconteça, é preciso que ele seja quebrado em pequenos grãos durante uma explosão. No caso marciano, a hipótese mais provável é que o magma tenha entrado em contato com o gelo, que virou vapor muito rapidamente e provocou a explosão que, em velocidade recorde, espatifou e resfriou o magma. “Esses depósitos foram formados nos últimos três milhões de anos, o que faz com que as regiões em que se encontram sejam as mais jovens do planeta”, diz Briony Horgan, coautora do estudo e pesquisadora da Escola de Exploração da Terra e do Espaço da universidade.

A descoberta é mais uma evidência da presença de água em Marte (leia quadro abaixo). A diferença em relação às demais é que o calor do magma e o gelo teriam formado, pelo menos temporariamente, alguns lagos de gelo derretido. É um fenômeno parecido com o protagonizado pelos vulcões sob glaciares na terrestre Groenlândia. Só assim para abrigar vida num lugar em que a temperatura média gira em torno dos 60 graus negativos. “Esses lagos deviam ser mornos e cheios de substâncias químicas diluídas que os micróbios podem comer”, constata Briony. Agora é a vez de os astrobiólogos começarem seus estudos e, talvez, concluir que não há vida em Marte. Mas já pode ter havido.

Berçário de gigantes?

Pesquisadores chechenos afirmam ter encontrado ovos fossilizados de dinossauros, mas paleontóloga russa levanta dúvidas sobre a veracidade do suposto achado

André Julião

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Os maiores ovos de dinossauro já encontrados: um embuste criado pelo governo ou um engano cometido por cientistas? Não importa qual dessas afirmações é verdadeira: a notícia da descoberta de supostos ovos fossilizados na Chechênia – antiga república soviética famosa pela instabilidade política – está dando o que falar. Geólogos da Universidade Estatal Chechena afirmam ter descoberto pelo menos 40 fósseis, que medem de 25 centímetros a um metro, incrustados em uma montanha. Eles seriam dos répteis gigantes que habitaram a Terra há 65 milhões de anos.

“Deve haver muitos outros enterrados na região”, disse o geólogo Said-Emin Dzhabrailov. Segundo ele, só falta definir a que espécie pertencem os ovos. Uma resposta que a paleontóloga Valentina Nazarova, da Universidade Estatal de Moscou, tem na ponta da língua. “A história não é verdadeira. Dinossauros botavam ovos pequenos”, afirma.

Ainda segundo a pesquisadora, é bem provável que os dinossauros nunca tenham vivido no montanhoso norte do Cáucaso. “E eles não punham ovos enquanto pulavam, subindo montanhas”, afirma Nazarova. “Eu lamento muito, mas não posso ir contra a ciência”, reforça a russa. O achado teria acontecido depois que operários detonaram uma encosta a fim de abrir espaço para uma estrada.
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Geólogos que passavam pelo local teriam descoberto as formas ovais por acaso. Coincidência ou não, o governo pretende criar ali uma área de proteção ambiental, a fim de atrair turistas e apagar a má reputação da região, de maioria muçulmana, onde foram travadas duas guerras separatistas entre 1994 e 2001 e ainda persiste uma insurgência radical.

A violência no norte do Cáucaso tem diminuído no governo do presidente Ramzan Kadyrov, que pretende ainda valorizar a região com projetos de construção multimilionários. O que pode explicar o surgimento repentino de uma atração turística. “Se eles querem criar uma lenda, deveriam dizer que os ovos foram postos por uma ave roca”, diz Valentina, citando a figura mítica de “As Mil e Uma Noites”. Só estudos isentos poderão determinar se o mundo está diante de uma das maiores descobertas científicas da história ou de um conto da Carochinha.
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