Série de 30 episódios apresentando os principais conceitos da
Astronomia. A cada programa, o professor e Astrônomo Walmir Cardoso,
apresenta um tema derivado de uma letra do alfabeto. Animações, fotos
espaciais e imagens de arquivo complementam a viagem espacial que traz
como grande diferencial o ponto de vista do hemisfério sul.
Clique nos links abaixo para assistir aos programas:
Episódio 1 - Astronomia
Episódio 2 - Ano Luz
Episódio 3 - Big Bang
Episódio 4 - Cruzeiro do Sul
Episódio 5 - Distâncias
Episódio 6 - Estrelas
Episódio 7 - Fases da Lua
Episódio 8 - Galáxias
Episódio 9 - Heliocentrismo
Episódio 10 - Invisível
Episódio 11 - Júpiter
Episódio 12 - Kepler
Episódio 13 - Lua
Episódio 14 - Meteoros
Episódio 15 - Noite
Episódio 16 - Observatórios
Episódio 17 - Planetas
Episódio 18 - Quadrante
Episódio 19 - Rotação e Evolução
Episódio 20 - Sol
Episódio 21 - Terra
Episódio 22 - Universo
Episódio 23 - Via Láctea
Episódio 24 - Wolf
Episódio 25 - Raios X
Episódio 26 - Yuri Gagarin
Episódio 27 - Zodíaco
Episódio 28 - Constelações
Episódio 29 - Vida
Episódio 30 - Buracos Negros
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UMA HISTORINHA NO ESPETO –
Texto de Rodolpho Caniato
Era uma vez um frango que se chamava Fazde Konta. Nosso Fazde Konta era um
frango muito especial. Era um visionário, um predestinado. Desde
pinto ele já manifestava dotes de grande imaginação e
curiosidade. Apesar de todos os hábitos semelhantes aos demais
galináceos, ele se perdia a observar coisas que passam despercebidas
aos demais habitantes de um galinheiro. Ele era, por isso, considerado
pelos demais como um “visionário”. FazdeKonta foi
crescendo, até que lhe veio a vontade de cantar. Sem perceber, ele
se havia tornado um “galleto”: um “galleto di primo
canto” isto é, um frangote.
Seus colegas de galinheiro o viam como um “diferente”. Havia
até quem achasse que ele não era “deste mundo”.
De fato, ele era muito diferente. Nosso frango estava mesmo muito acima do
que habitualmente pensam os galináceos normais. Além de
observar o mundo, ele era até capaz de tirar conclusões
surpreendentes, especialmente se comparadas ao que geralmente se
pensa em um galinheiro. Como os demais ele via o nascer e o por do sol,
coisas muito importantes para regular a vida de sua comunidade. Cada novo
dia era precedido e anunciado pelo canto do galo chefe daquele
galinheiro.
FazdeKonta já estava
ultrapassando sua adolescência e começava a ensaiar suas
primeiras tentativas de cantar, ainda muito desafinado e esganiçado.
Ele já estava se tornando um “galeto”, ou melhor, um
frangote. Já os hormônios o estavam dotando de melhor
plumagem e até de um novo interesse. Vez por outra, ele já
começava a “arrastar asa” para as frangas e galinhas.
Tanto as frangas quanto as galinhas mais velhas não aceitavam a
“corte” de qualquer frangote. O grande galo, o
galo-mor, era o chefe incontestável daquele terreiro e não
havia lugar para quem lhe quisesse ameaçar a autoridade e,
sobretudo, no domínio de seu “harém” emplumado.
Todos deviam obediência à autoridade máxima do
galinheiro. Também à tarde, logo depois do por do sol, todos
deviam se recolher ao galinheiro, como convém a todos os membros de
uma “comunidade de respeito”. Um “verdadeiro”
frango não fica “andando por aí”, depois que
escurece. Esse era um dos preceitos do galinheiro.
Nosso frango, bem que andava muito curioso para saber o que se passa fora
do galinheiro, especialmente à noite. Ele nunca vira as estrelas,
nem o luar. Seus anseios de liberdade e de conhecimento eram barrados pelas
“necessidades” impostas pela comunidade. Era preciso se
“enquadrar” como frango para ser alimentado e mantido seguro e
protegido pelo galinheiro. “O galinheiro é uma
instituição que precisa ser preservada”, era a ordem.
Por tudo isso nosso frango cresceu sem poder sentir e ver aquelas coisas
com que sonhara, mas que ficavam para além do seu seguro galinheiro.
Essas limitações eram o “preço” para viver
na “segurança de nossas
instituições”, em termos de galinheiro.
Com tantas limitações impostas pela sua comunidade,
só restava ao nosso bom frango sonhar. Tanto ele ficava
pensando e imaginando que, muitas vezes lhe faltava o sono. Enquanto
toda comunidade dormia, em suas noites de insônia, ele
olhava pelas frestas do galinheiro. Ele já conseguira
até ver algumas estrelas e a Lua. Isso só lhe era
possível quando conseguia um lugar no poleiro bem próximo
àquela fresta. Durante suas noites de insônia, ele se
acostumara a ver uma única lâmpada que sempre ficava
acesa, num quintal das vizinhanças. Sempre sonhador,
nosso Fazde Konta já estava ficando adulto e mais
gordinho.
Por alguma razão que não vale a pena discutir aqui, o dono da
propriedade em que se situava o galinheiro, resolvera dar uma grande festa
naquela noite. Como haveria muitos convidados, o anfitrião havia
recomendado a seus empregados que começassem a preparar os assados
já no fim da tarde. Era preciso que frangos e leitões
já estivessem assando nos espetos quando chegassem os
convidados, antes do Sol se por.
Fazde Konta, como todos os frangos de sua geração, naquela
propriedade, também foi parar no espeto. Mas..... apesar de no
espeto, nosso frango, por ser um predestinado, ainda era capaz de observar
e tirar algumas conclusões do que se passava no mundo.
Indiferente ao calor do braseiro em que ele ia rodando, Fazde Konta,
continuava a observar e querer entender o que via. Sua visão agora
era muito diferente do que ele sempre observara no dia-a-dia de seu
galinheiro. Ele só conhecia os movimentos caóticos do
galinheiro. Agora o mundo todo parecia ter um sentido diferente. A primeira
grande impressão era de que toda festa girava ao seu redor. Todas as
coisas pareciam “nascer” de um lado e se “por” do
outro. Era bem clara a impressão de que tudo girava ao redor dele,
Fazde Konta. Depois de algumas voltas ficou bem clara essa impressão
de que toda a festa girava ao redor dele. “Se tudo gira a meu redor
é porque eu estou no centro”, pensou ele. “Se estou no
centro e tudo gira a meu redor, talvez eu nunca me tenha dado conta
de minha importância. Talvez a festa seja para mim”. A cada
rotação do espeto mais lhe parecia real a impressão de
ser o centro da festa.
Quando os frangos foram colocados em seus respectivos espetos ainda era dia
O Sol ainda estava sobre o horizonte. Com grande admiração,
nosso bom frango se deu conta de que o Sol também fazia voltas ao
redor dele. Ele já havia visto o Sol em seu terreiro. Agora ele via
o Sol fazer voltas a seu redor. Ele era o centro dos movimentos
também do Sol. Antes de desaparecer no horizonte, o Sol fez muitas
voltas ao redor de nosso Fazde Konta. Ora, se até o Sol fazia voltas
ao seu redor, ele devia mesmo ser muito importante: “a festa
devia mesmo ser para mim”, pensa ele..
Depois que o Sol desapareceu, a Lua apareceu do lado oposto. Era noite de
lua cheia. Ela também girava ao redor de nosso frango.
“Até a Lua gira ao meu redor. Eu sou mesmo muito
importante”, pensou o nosso frango. Isso aumenta nele ainda
mais, a convicção de ser o homenageado da festa. Antes de
desaparecer no ocaso, a Lua havia dado muitas voltas ao redor dele .
Ele era o centro dos movimentos também da Lua.
Depois da Lua, finalmente nosso frango podia ver o céu
estrelado. Era a primeira vez que ele podia contemplar o céu em todo
seu esplendor e amplitude; do nascente ao poente. No entanto, ele
logo percebe que todo o céu também fazia voltas
ao redor dele. Ele era o centro dos movimentos de todo o
céu, portanto, de todas as estrelas. A impressão de ser o
centro dos movimentos de todas as estrelas, aumenta em nosso frango a
sensação de ser o centro de tudo no Universo. Mas, porque
estaria ele no centro de todo Universo? Certamente deveria ser ele a coisa
mais importante desse Universo: a razão de ser do próprio
Universo.
Enquanto nosso frango-herói ia pensando nessas coisas que lhe davam
a convicção de ser o centro do Universo, duas pessoas
passando perto do espeto iam conversando. Uma delas apontava para o
céu nas proximidades do Cruzeiro do Sul e comentava com seu
interlocutor. “Você está vendo aquelas duas manchas nas
proximidades do Cruzeiro?. Aquelas são as Nuvens de
Magalhães. Elas têm aspecto de nuvens mas são duas
galáxias vizinhas da nossa . Elas estão a cerca de cem mil
anos-luz de distancia, para além, para fora de nossa grande
galáxia que se chama Via Láctea. Elas receberam o nome de
Magalhães em homenagem ao grande navegador que fez a primeira viagem
de circunavegação da Terra, em 1520. Pelo fato de ter sido o
primeiro homem civilizado a passar perto do Polo Sul da Terra, no estreito
que também leva o seu nome, ele foi o primeiro a ver e registrar a
presença dessas nubéculas (pequenas nuvens). Essas Nuvens de
Magalhães ficaram bem visíveis para o navegador pelo fato de
serem vistas bem próximas do Zênite, o ponto mais alto do
céu. Isso porque ele estava numa latitude Sul em que nunca
ninguém havia estado antes. Além dessas
informações nosso frango ouvira que aquelas duas
galáxias estão a uma distância de cerca 100.000
anos –luz, uma distância
“astronômica”.
Mesmo aquelas galáxias tão distantes, faziam, como todo o
resto do céu, voltas ao redor de nosso frango. Todo o mundo
visível, desde as coisas próximas como
também o Sol, a Lua, as estrelas e mesmo as galáxias, tudo
girava ao redor de nosso herói. Ele era mesmo o centro dos
movimentos de tudo no Universo. Essa observação
reforça nele a impressão, mais que isso, a certeza, de ser o
centro do Universo. Ser o centro do Universo lhe da a certeza de ser a
coisa mais importante desse Universo.
Curiosamente, enquanto todo o Universo parecia girar ao redor daquele
frango sonhador, um único ponto ficara imóvel. Por
coincidência, o único ponto imóvel de toda a paisagem,
era bem conhecido de Fazde Konta. Era aquela lâmpada de um quintal
vizinho, tão conhecida de suas noites de insônia. Por que
estaria imóvel aquele único ponto enquanto todo o resto da
paisagem, Sol, Lua, estrelas e galáxias faziam voltas ao redor
dele?
Com essa dúvida mas com a certeza de ser a coisa mais importante do
Mundo, nosso “galeto", percebe que aquelas duas pessoas que haviam
dito coisas tão novas para ele, dele se aproximam. Certamente viriam
homenagea-lo como centro de todo o Universo. Grande foi sua
decepção ao perceber que, em vez de ser homenageado, ia
simplesmente ser comido
Caro leitor, você já deve ter percebido que Fazde
Konta, nosso frango sonhador esteve representando um pouco da
história do que o homem pensava de si mesmo e do Universo. Quando
observamos os movimentos do céu temos a nítida
impressão de que tudo gira ao nosso redor, com se
estivéssemos no centro de todo o Universo. Essa
sensação de estarmos no centro, deu-nos a impressão e
a convicção de que éramos mesmo e centro de tudo
e, portanto, a obra prima e a razão de ser de todo o Universo.
Parece difícil entender que durante tanto tempo tenhamos sido
tão iludidos por nossa impressão de sermos o centro de tudo e
por aqueles interessados nisso.
Um grego famoso foi o primeiro a indagar sobre a falsidade dessa
impressão e chegou a propor um sistema diferente, o sistema
heliocêntrico. Esse prodígio de pensamento se deveu a
Aristarco de Samos que viveu entre os anos de 325 a 230 aC. Suas ideias
foram consideradas subversivas e abandonadas. Só muitos
séculos depois essas ideias foram retomadas, num período da
história que, também por isso, se chama
renascimento.
Por mais absurdo que nos pareça hoje, a ideia de que
não estamos no centro do Universo foram ferozmente combatidas,
especialmente pelas igrejas católica e protestantes. Até hoje
muita gente acha que o homem é o centro e a razão de ser de
todo Universo. Mas, voltemos à história de nosso frango.
Você já descobriu porque a tal lâmpada era o
único objeto imóvel no Universo visto pelo frango?
– Pare um pouco e pense..........(discuta com seus
amigos).
E’ isso mesmo que você imaginou. A lâmpada foi o
único objeto imóvel pelo simples fato de estar bem na
direção para onde apontava o espeto ao redor do qual o frango
girava. Se você entendeu isso, você acaba de entender uma coisa
muito importante em muitos aspectos do conhecimento humano, relacionado
à Astronomia
Analogamente ao caso do frango, também estamos girando com a Terra
que tem seu “espeto”, quer dizer, seu eixo sempre apontado numa
mesma direção. No caso da Terra, nosso eixo está
sempre apontado para uma mesma “lâmpada”, quer dizer,
para uma mesma estrela. Por isso essa estrela é a única coisa
( que parece) imóvel em todo e céu.. A única coisa que
ela tem de especial é ser a direção para
onde casualmente aponta nosso “espeto”, quer dizer, o eixo da
Terra. Mesmo fazendo sua grande órbita ao redor do Sol, o eixo da
Terra sempre fica apontado para a Estrela Polar ou simplesmente Polaris.
Essa estrela, a Polaris, fica do lado Norte. Do outro lado (Sul), o eixo
também aponta para um ponto que fica imóvel no céu.
Só que do nosso lado(hemisfério Sul) não
há nenhuma estrela visível para esse outro ponto
também imóvel. Esses dois pontos imóveis do céu
chamam-se Polos Celestes e são importantes por várias
razões de ordem pratica.
Especialmente a estrela polar do Norte ou Polaris, desde a antigüidade
foi usada como orientação. E’ ela que indica a
direção Norte. Todos os grandes deslocamentos, em terra e no
mar sempre foram orientados por essa estrela. O cristianismo começa
com a história do presépio. Os reis magos vêm de longe
e são orientados por uma estrela. Essa estrela é a Estrela
Polar. As crenças populares, o folclore e as lendas entenderam a seu
modo e puseram essa estrela como se ela estivesse pousada sobre o
presépio. A crença popular ainda acrescentou uma cauda a essa
estrela. Por volta do ano 70 dC, deve ter passado o cometa de Halley,
tomado como “espada de fogo” a prenunciar a
destruição de Jerusalém pelos romanos. Esse mesmo
cometa (Halley) deve ter passado próximo ao tempo do nascimento de
Jesus.
Além de indicar a direção Norte (também todas
as outras em relação a ela), a Estrela Polar indica a
latitude em que estamos. Quando um viajante chega ao Polo Norte ele
terá a Polaris exatamente sobre sua cabeça. Todas as outras
estrelas, para esse observador, passarão a se deslocar
paralelamente ao horizonte, sem ocaso e sem “nascimento”. Essa
é a maneira do viajante saber se está exatamente no polo
Norte da Terra. À medida que o observador for se deslocando do Polo
Norte na direção Sul, a altura (ângulo) da Estrela
Polar em relação ao horizonte vai diminuindo. Quando o
observador estiver chegando no Equador Terrestre, a Estrela Polar
estará chegando no horizonte. A altura da Estrela Polar em
relação ao horizonte indica a latitude geográfica
desse lugar. Esse é’um conhecimento muito antigo e que serviu
a Cristóvão Colombo para ele que viajasse sempre para Oeste e
controlando sua latitude pela altura da Estrela Polar.
Você se lembra de que a lâmpada do frango da nossa
história estava imóvel pelo simples fato de estar para ela
apontado o espeto em que estava girando o frango. Qualquer mudança
na direção do espeto mudaria o ponto que fica imóvel.
Aquela lâmpada que ficava parada, logo se movimentará se
houver qualquer mudança na direção do espeto. E’
também com essa mesma ideia que se estuda as lentas e
pequeníssimas variações nos movimentos da Terra. Hoje
sabemos, por exemplo que o eixo faz um pequeno bamboleio. Uma só
volta desse bamboleio leva cerca de 25.800 anos. Além desse
movimento que se chama precessão, o eixo da Terra faz um
pequeníssimo balanço que se chama nutação
e leva cerca de 18 anos e meio.
Espero que nosso Fazde Konta tenha ajudado você, leitor,
a entender coisas importantes e interessantes. Espero também que
além do efeito principal de ajudar a entender coisas que não
são óbvias, tenha lhe proporcionado um “efeito
colateral” de mostrar quanto é ilusória nossa
impressão de estarmos e sermos o centro e razão de ser do
Universo. Talvez a maior grandeza do homem seja em entender e admitir sua
insignificância diante da grandeza do Universo. Isso pode produzir em
nós uma verdadeira vertigem da solidão e desamparo. Talvez
essa sensação de pequenez possa sugerir e
inspirar uma maior solidariedade entre os homens e a necessidade de
preservarmos o habitat de tanta vida que o nosso planetinha viajando entre
esse Mundão de estrelas.
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