A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

quarta-feira, 8 de maio de 2013

::: O SOL PISCOU PRA NÓS :::


SDO/NASA

Flare solar registrado hoje com origem na mancha solar AR 1719

A imagem acima, feita hoje pelo SDO - Solar Dynamics Observatory, mostra um flare solar, evento que corresponde a um flash de radiação eletromagnética visível e invisível que ocorre quando a energia armazenada no campo magnético próximo à manchas solares é liberada. Esta radiação compreende comprimentos de onda que vão desde as ondas de rádio (infravermelho) até os raios X e raios gama (ultravioleta). Não deixe de ver vídeo do evento capturado pelo coronógrafo do SOHO - Solar and Heliospheric Observatory.

Um flare solar geralmente é acompanhado por uma ejeção de massa coronal que corresponde a erupçõe gigantes que lançam gás ionizado para o espaço. Quando esta ejeção está voltada para a Terra, nosso planeta será atingido pela radiação (num primeiro momento) e pelas partículas carregadas do gás inonizado (num segundo momento). Cientistas já sabem que houve ejeção de massa coronal no flare solar de hoje.

Este evento já era esperado. Imagem do SDO de 8 de abril  já mostrava a rápida evolução das manchas solares AR 1718 e AR 1719 que já tinham potencial para gerar um flare solar. Note na foto que a mancha AR 1719, que deu origem ao flare de hoje, está começando a aparecer à esquerda do disco solar. Com a rotação do Sol, quando ela explodiu hoje, estava voltada para a Terra que, sendo assim, tornou-se alvo da radiação e das partículas* ejetadas da nossa estrela.

:: Calculando os tempos de chegada da radiação e das partículas

A radiação liberada no flare, viajando no vácuo, atingiu o nosso planeta minutos depois do evento.
Podemos calcular exatamente quanto tempo (Δt) depois do evento a radiação nos atingiu. É simples. Basta partir da ideia de velocidade média. Veja:



Como vemos logo acima, conhecendo a distância (ΔS) a ser percorrida (neste caso a distância Sol-Terra que é de aproximadamente 150 milhões de quilômetros) e a velocidade (V), podemos estimar o tempo (Δt).
  • Para a radiação liberada no eventoA velocidade da radiação liberada no flare é a mesma da luz no vácuo (V = c = 300.000 km/s).
    Logo:


  • Conclusão: A radiação atingiu a Terra cerca de 500 s após o evento. Lembrando que cada minuto tem 60 s, 500 s correspondem a 8 minutos e ainda "sobram" 20s. A radiação demorou 8min20s para atingir o nosso planeta.

    Para as partículas liberadas no eventoAs partículas ejetadas do Sol, que constituem o que os cientistas chamam de vento solar, estão viajando com velocidade média atualmente medida em torno de 500 km/s, bem menor que a velocidade da luz no vácuo. Por racioncínio análogo ao que fizemos logo acima, podemos calcular o tempo que elas vão demorar para chegar aqui na Terra:


  • No entanto, sabe-se que partículas mais energéticas podem ter até o dobro desta velocidade (cerca de 1000 km/s) e, portanto, atingirão a Terra na metade do tempo acima, ou seja:

    Conclusão: Lembrando que cada hora tem 3600 s, 300000 s correspondem a aproximadamente 83 h ou cerca de 3,5 dias. Mas as partículas mais rápidas podem chegar na Terra na metade deste tempo, ou seja, pouco menos de dois dias. Cientistas estimam que, a contar de hoje, do momento do flare solar, a Terra será atingida pela chuva de partículas entre os dias 13 de abril e 15 de abril, o que pode provocar auroras boreais. 

:: Classificação de um flare solar

Este flare de hoje foi classificado como de classe M6. O critério leva em conta quatro classes  (B, C, M e X), cada uma graduada em subclasses de 1 a 9 pela ordem crescente de energia liberada pelo Sol na faixa dos raios X de comprimento de onda (λ) compreendidos entre 1 e 8 angstrons (1.10-10 m < λ < 8.10-10 m). A tabela abaixo resume esta ideia.



Eventos da classe X podem, em tese, causar danos em satélites e outros equipamentos elétricos e eletrônicos na Terra. No entanto, eles são raíssimos, improváveis de ocorrerem. Mas pela estatística sabemos que improvável está bem longe de ser impossível. Nunca se sabe o que o nosso Sol ainda poderá provocar aqui na Terra.

Astronautas da ISS - Estação Espacial Internacional têm um módulo especial blindado para, em caso de um flare solar perigoso, abrigarem-se com segurança, livrando-se de uma possível intensa chuva de partículas.




* Estas partículas podem ser eletricamente carregadas como íons, prótons ou elétrons. Podem ser ainda neutrinos solares. O Sol emana um fluxo mais ou menos constante destas partículas (a uma taxa de cerca de 7 prótons/cm³, valor medido na Terra). Este fluxo é o que chamamos de Vento Solar. No caso de ejeção de massa coronal, a quantidade de matéria ejetada para o espaço é muto maior e corresponde a um pico.

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