ScienceCast da NASA (dá para habilitar legendas em português)
O ScienseCast da NASA (vídeo acima, originalmente em inglês) nos revela que no último dia 3 de abril, cientistas liderados por Samuel Ting, nobel de Física em 1976 (confira aqui) e pesquisador do MIT - Massachusetts Institute of Tecnology, anunciaram que o AMS - Alpha Magnetic Spectrometer, um detector de partículas instalado na ISS - International Space Station (ou Estação Espacial Internacional) detectou cerca de 400.000 pósitrons analisando, ininterruptamente, 25 bilhões de eventos em raios cósmicos, partículas como prótons ou núcleos de hélio que vêm do espaço, muitas vezes viajando a altíssimas energias, aceleradas a partir de eventos cósmicos violentos.
O pósitron é exatamente como um elétron, exceto que possui carga elementar positiva, + 1,6.10-19 C (em vez de negativa). Em Física de Partículas dizemos que o pósitron é a antipartícula do elétron. Positron é, portanto, antimatéria.
Por razões ainda desconhecidas, no início do Universo a antimatéria deu lugar à matéria. Por isso mesmo não encontramos antimatéria em qualquer esquina. E isso foi fundamental para a evolução do Universo como ele é já que matéria e antimatéria se aniquilam, dando origem à energia, de acordo com a Equivalência Massa-Energia de Albert Einstein (1879-1955), mais famosa equação da Física (saiba mais sobre E = mc² ) . E ainda bem que houve essa assimetria entre matéria e antimatéria. Se, a partir do Big Bang, tivéssemos iguais quantidades de matéria e antimatéria, o Universo seria hoje apenas energia resultante desta aniquilação.
Nosso Universo tem basicamente três componentes: energia escura, matéria escura e matéria ordinária . Estas três fatias do bolo do Universo não têm o mesmo tamanho. Segundo estimativas mais recentes:
- A matéria ordinária, esta da qual somos todos feitos, representa apenas uma fatia minúscula de 5% do Universo.
- Uma fatia maior, de 27 %, seria composta por matéria escura, algo ainda desconhecido, um tipo exótico de matéria capaz de 'gerar' gravidade mas que não emite luz nem nada, daí o nome escura. Sabemos que a matéria escura existe pelos efeitos gravitacionais que provoca, como diferenças nas velocidades de rotação de galáxias, por exemplo.
- A maior fatia é a da energia escura, com os 68% restantes do Universo. A energia escura, também de origem incerta, é a responsável pela aceleração a expansão do Universo .
A
detecção dos pósitrons de altas enegias no AMS da ISS pode ser uma
pista do que poderia ser a matéria escura. Uma hipótese prevê que a
matéria escura seria feita de neutralinos, uma partícula elementar
hipotética prevista pela Teoria da Super Simetria (ou SUSY). A teoria
diz que colisões entre neutralinos produziriam uma quantidade grande de
pósitrons de altas energias, daí a ideia de que o resultado do
experimento possa ser uma pista para a matéria escura. Mas os pósitrons
podem vir também de outros mecanismos que envolvam muita energia, como
os Pulsares, estrelas de nêutrons formadas a partir de Supernovas, com
campos magnéticos intensos e que giram ao redor de um eixo, espalhando
radiação pelo espaço como se fosse um gigantesco farol marritmo.
Como
saber com certeza a origem dos pósitrons detectados pelo AMS? Por
enquanto não hpá como. Os dados do AMS ainda são insuficientes. Mas é
"somente uma questão de tempo, meses ou anos", nos alerta Samuel Ting,
lembrando que o AMS ainda vai continuar trabalhando e coletando dados em
eventos de raios cósmicos e talvez atinja quantidade tal que possa
eliminar a dúvida.
Este experimento, como
tantos outros, nos dá respostas mas também nos instiga a outras
perguntas. É desta forma que estamos caminhando. Sabemos muito pouco
sobre o Universo hoje. Mas muito mais do que ontem. Há um século atrás,
antes de Edwin Hubble (1889-1953), por exemlo, desconhecíamos que o
Universo era feito de bilhões de galáxias. E nem desconfiávamos de que o
Universo estava em expansão .
É
por essas e outras que adoro a Ciência, um processo lento e delicado,
cheio de possibilidades e, por isso mesmo, muito instigante. E o melhor
de tudo: muito divertido! Concorda?
NASA
O AMS, módulo com quase 7 toneladas instalado na ISS
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