A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 30 de setembro de 2012

A Semana na Ciência


Exército de insetos

Cientistas equipam animais e controlam seus movimentos para, 

no futuro, encontrar feridos, obter informações sobre inimigos e 

policiar as fronteiras contra a entrada de drogas

Juliana Tiraboschi
Assista ao vídeo que mostra uma barata, uma mariposa e um besouro transformados em robôs: 
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PROJETO 
Ilustração do século 19 já mostrava o sonho de “turbinar” insetos
As baratas podem ser repugnantes para a maioria das pessoas, mas vão acabar se tornando nossas heroínas. Pelo menos é isso que indica um trabalho desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (EUA). Eles criaram uma tecnologia que controla a trajetória desses insetos. A ideia é usá-los na localização de vítimas em casos de desastres, explosões ou campo de batalha. É mais um passo na ciência que equipa insetos, em vez de produzir robôs a partir do zero.

“Os insetos exibem uma habilidade inigualável de navegar por uma grande variedade de ambientes mantendo o controle e a estabilidade”, diz Alper Bozkurt, professor-assistente de engenharia elétrica e computacional da universidade. Para transformar as baratas em robôs, os cientistas inseriram nos insetos um chip composto por um receptor e um transmissor sem fio. As antenas e os cercis – pequenos pelos abdominais que detectam movimento no ar, como as birutas de aeroportos – foram ligados a esse sistema. “Por meio do toque das antenas, as baratas formam um mapa mental do ambiente onde estão”, diz Bozkurt. Usando um joystick, os cientistas enviaram pulsos elétricos ao chip. Esse sinal engana as baratas, fazendo-as entender que a antena está em contato com uma barreira física, o que as faz mudar de direção. A ideia dos pesquiadores é equipar esse sistema com câmeras e microfones, para ajudar nas buscas de vítimas de desastres.
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Além das baratas, outras espécies compõem o exército de insetos-robôs que vão nos ajudar a salvar vítimas, fornecer informações sobre o inimigo e monitorar ambientes. Cientistas da Universidade de Berkeley, também nos EUA, e da Darpa, a agência militar americana de pesquisas, já criaram besouros e mariposas controlados remotamente. Segundo Amit Lal, professor da Universidade de Cornell e desenvolvedor das mariposas da Darpa, esses insetos poderiam ajudar na agricultura, prevendo infestações por bactérias. Bastaria equipá-los com sensores capazes de identificar os gases emitidos pelos micro-organismos. Também seriam muito úteis em projetos de segurança, como monitoramento de fronteiras e pontos de tráfico de drogas e detecção de explosivos. “Se você expõe uma substância química às antenas da mariposa quando pupa (estágio intermediário do desenvolvimento do inseto), ela aprende a identificá-la”, diz Lal. No futuro, em vez de policiais armados, talvez seja tarefa das mariposas impedir que substâncias ilegais produzidas em países vizinhos façam escala no Brasil. 
Fotos: Mike Libby/Rex Features; divulgação

Sólidos que se desmancham

Pesquisadores americanos criam chip que se dissolve e abrem 

caminho para um futuro livre do lixo eletrônico

Juliana Titraboschi
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SOLÚVEL 
Na presença de água ou de fluidos corporais, o novo chip torna-se biodegradável
Nascer, cumprir seu destino e morrer. Esse roteiro é comum a estruturas orgânicas e eletrônicas. A diferença é que as primeiras são absorvidas pelo ambiente e as segundas alimentam pilhas de lixo. Uma pesquisa liderada pela Universidade de Illinois (EUA) promete apagar a linha que separa o epílogo das vidas orgânicas e eletrônicas. Os cientistas criaram um chip feito de silício e magnésio capaz de se dissolver depois de um tempo programado quando exposto a água ou fluidos corporais. 

O dispositivo foi testado em ratos e serviu para aplicar um medicamento bactericida. Depois de três semanas, os pesquisadores observaram a redução da infecção no local da ferida e encontraram apenas resíduos do implante, que depois desapareceu completamente. Os cientistas afirmam que a tecnologia pode ser usada em aparelhos eletrônicos.
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“Desde o início da indústria eletrônica, o objetivo dos designers foi construir equipamentos que durassem para sempre, com uma performance estável. Mas, se você pensar na possibilidade oposta – dispositivos que são desenvolvidos para desaparecer fisicamente de uma maneira controlada e programada –, oportunidades completamente novas se abrem”, diz John Rogers, professor de engenharia da Universidade de Illinois. O que determina a duração do dispositivo é a estrutura da “embalagem” do chip, feita de seda natural. “Dependendo da espessura da cobertura e de seu grau de cristalinidade, a dissolução pode demorar segundos ou anos”, diz Rogers. 

Em 2010, pesquisadores da Universidade de Stanford (EUA) já haviam criado um chip biodegradável. A diferença é que ele era produzido a partir de uma combinação de substâncias menos eficientes na amplificação de sinais elétricos do que o silício, porém mais flexíveis. “Agora estamos trabalhando no aperfeiçoamento dos materiais”, diz Zhenan Bao, uma das autoras do estudo. Num futuro próximo, organismos e eletrônicos terão roteiro de vida comum: vieram do pó e ao pó voltarão. 



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