A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

terça-feira, 21 de setembro de 2010

As 10 + do Enem - A política externa



Direto ao ponto: Ficha-resumo

Dois países continuarão em destaque, regendo a sinfonia econômica do planeta: Estados Unidos e China. Deles dependem não somente a recuperação das finanças globais como os acordos referentes à diminuição da emissão de gases causadores do efeito estufa, cujas metas foram deixadas em aberto com o fracasso da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em dezembro de 2009.

Na América Latina, a política estará em foco, sobretudo no Brasil, com as eleições presidenciais e o início da era pós-Lula. Mas, antes disso, os olhares do mundo se voltarão para a África do Sul, que sediará o principal evento internacional do ano, a Copa do Mundo da Fifa.

Fim da "obamania"

O ano de 2010 será particularmente delicado para o presidente americano Barack Obama. Passada a euforia da eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, o democrata precisará colocar as finanças domésticas em ordem, administrando um rombo bilionário por conta dos empréstimos que salvaram instituições financeiras e a indústria automobilística durante a crise econômica.

Na política externa, precisará cumprir metas que visam encerrar duas guerras, no Afeganistão e no Iraque, iniciadas há quase uma década pelo antecessor, o ex-presidente George W. Bush. No Iraque, este ano será de desocupação e entrega definitiva do governo aos iraquianos, enquanto que, no Afeganistão, a aposta é no reforço de efetivo para fortalecer as autoridades locais contra os talebans.

Soma-se a isso a queda de popularidade de Obama, que tinha um índice de aprovação de 70% no começo de 2009 e que, hoje, bate na casa dos 50%. A insatisfação de metade da população com promessas não cumpridas e falta de ações mais enérgicas deve refletir nas eleições parlamentares em novembro. Apesar de fechar 2009 com a sanção do projeto de reforma do sistema de saúde, o presidente corre o risco de perder este ano a maioria na Câmara dos Deputados, o que pode complicar seus dois últimos anos de governo. Já no Senado americano, são poucas as chances de os democratas saírem derrotados.

Dragão chinês

A China, em 2010, vai se tornar a segunda maior economia mundial, ultrapassando o Japão, além de, pela primeira vez, gerir 10% das exportações no comércio internacional. Depois de se recuperar da crise econômica mais rápido que outros países desenvolvidos, a China manterá a taxa de crescimento apenas um pouco menor que os 10% anuais que vinha registrando nas últimas três décadas. Nesse ritmo, especialistas preveem que ultrapasse os Estados Unidos em vinte anos (a mesma previsão era feita sobre o Japão nos anos 1980, antes que o país entrasse em recessão nos anos 1990).

Na política, o Partido Comunista Chinês vai tirar o máximo de vantagens da "Exposição Mundial", evento internacional realizado desde o século 19 e que este ano será em Xangai. Enquanto isso, o presidente Hu Jintao prepara suas substituições na liderança do partido, em 2012, e na Presidência, em 2013.

Contudo, a face mais dura do regime comunista será posta à prova em negociações com os Estados Unidos, em torno dos temas economia e mudanças climáticas, e, internamente, frente à tensão com minorias étnicas no Tibete e em Xinjiang, palcos de revoltas nos dois anos anteriores. O governo já se previne contra novas ondas de protestos, em especial no mês de outubro, quando será lembrado o aniversário de 60 anos da invasão do Tibete pela China.

Pós-Lula

No caldeirão da América Latina, a fervura será política, com destaque para as eleições presidenciais de outubro no Brasil. Será a primeira vez, desde o retorno das eleições diretas em 1989, que Luiz Inácio Lula da Silva ficará fora da disputa. O ex-metalúrgico perdeu três eleições para presidente e está no poder desde 2003, em dois mandatos consecutivos (veja filme indicado abaixo). Ele possui uma aprovação recorde da população brasileira, amparada pela estabilidade econômica do país e a despeito dos escândalos de corrupção em seu governo.

Os candidatos com maiores índices de intenção de votos são: o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e a chefe da Casa Civil, Dilma Roussef (PT). Serra tem maioria no Estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, ao passo que a eleição de Dilma depende da capacidade de Lula de transferir para ela sua popularidade.

O ano eleitoral deverá ainda interferir em uma das decisões mais importantes do Congresso em 2010, sobre o marco regulatório da exploração do petróleo descoberto na camada pré-sal. A comemoração dos 50 anos de Brasília também colocará em evidência a capital do país.

Outras eleições importantes ocorrem em países da América Latina, no ano em que se comemoram dois séculos de independência da América Espanhola. Para o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, 2010 será decisivo para testar sua influência na região. Disso depende a condução da economia do país e o preço do petróleo, que financia o socialismo "bolivariano" de Chávez, além dos resultados das eleições parlamentares em setembro.

Mudanças devem ocorrer no Chile, onde a direita tem chances de retornar ao poder depois de quase duas décadas fora dele, com Sebastián Piñera, que concorre à Presidência no segundo turno, disputado em janeiro. Na Colômbia, o desenlace das eleições presidenciais depende de uma decisão da Corte Constitucional sobre um referendo que permita mudar a Carta, para que o presidente Álvaro Uribe, desde 2002 no cargo, concorra a um terceiro mandato. Caso seja candidato, são grandes as chances de vitória.

Chantagem atômica

Em segundo plano, a Europa amarga uma taxa de desemprego que, estima-se, deve atingir uma marca histórica de 10%, o que corresponde a cerca de 57 milhões de desempregados na UE (União Europeia). A economia em ritmo lento deve dar vazão a políticas protecionistas dos mercados internos, incluindo medidas restritivas à imigração, além de protestos de rua. Mas os 27 países integrantes da UE começam o ano com novas regras, definidas pelo Tratado de Lisboa, que pretende, na prática, conferir maior representatividade ao bloco.

Na Europa Oriental, as disputas energéticas, como a que opôs Rússia e Ucrânia em 2009e deixou boa parte da Europa sem gás em pleno inverno, deverão ter novos capítulos.
Entretanto, é no Oriente Médio que estarão alguns dos maiores nós da diplomacia em 2010. O Irã, mais uma vez, será o centro das atenções. Além do desgaste político com as revoltas de parte da população, a insistência em levar adiante o programa nuclear sem a fiscalização da Organização das Nações Unidas (ONU) poderá levar a um conflito com Israel, caso sanções econômicas não surtam efeito.

Assim como a Coreia do Norte, que insiste em fazer testes com armas nucleares, o Irã também se coloca na contramão de debates sobre o desarmamento nuclear que ocorrerão em 2010. Na Coreia do Norte, continuarão ocorrendo especulações sobre o estado de saúde do líder Kim Jong-il, que nos bastidores prepara sua sucessão no poder. Longe da diplomacia oficial, as duas Coreias - Norte e Sul - irão medir forças pela primeira vez numa mesma Copa do Mundo, no ano em que lembram o centenário da ocupação japonesa.

Em 2010, Estados Unidos e China continuam em evidência. Dos dois países depende a lenta recuperação econômica global em consonância com uma política que previna o mundo dos efeitos catastróficos da mudança climática. Mas o ano também será de países emergentes como o Brasil, que realiza em outubro a primeira eleição presidencial desde 1989 sem a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja aprovação é recorde. E, além disso, será um ano de Copa do Mundo, realizada na África do Sul.

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