A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 7 de agosto de 2011

A Semana na Ciência


Amadores, mas nem tanto

Cada vez mais entusiastas da astronomia ajudam cientistas em 

novas descobertas e ganham prestígio entre os profissionais

André Julião
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OBSERVAÇÃO 
O estudante Anderson Leite investiga
os mistérios do cosmos em casa
Fábio Carvalho é dono de um pequeno observatório astronômico em Assis, a 450 quilômetros da capital paulista. Em julho, seu nome constava entre os autores de um estudo sobre o planeta Saturno publicado na prestigiada revista científica "Nature". Em 2008, ele já havia assinado um trabalho sobre Júpiter na mesma publicação. Carvalho, porém, não tem formação em astronomia nem recebe um tostão sequer pelo trabalho de observar e fotografar o cosmos. "Consegui os equipamentos que tenho hoje ao longo de três anos, com meu próprio dinheiro", diz. Ele é um astrônomo amador.

Assim como Carvalho, que é professor de ciências, milhões de pessoas ao redor do mundo (muitas no Brasil), com diferentes profissões, se dedicam a observar o céu noturno em telescópios de diferentes tamanhos e preços, com maior ou menor grau de sucesso. O hobby dessas pessoas tem se tornado cada vez mais importante para a ciência, desde que o músico britânico-alemão William Herschel classificou Urano pela primeira vez como um planeta em 1781 (leia quadro).
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PUBLICADO 
As descobertas do professor Fábio Carvalho
ganharam destaque na célebre revista "Nature"
O australiano Alex Cherney venceu, só neste ano, três concursos de fotografia astronômica. No mais recente, o consultor de TI (tecnologia da informação) ganhou como prêmio a participação no festival Starmus, um dos maiores eventos da área, nas Ilhas Canárias (Espanha). Lá ele pôde fazer observações no maior telescópio do mundo, o Gran Telescópio Canárias. Cherney ainda comemorou seu aniversário de 36 anos durante o encontro. Entre os célebres convidados, que cantaram parabéns para ele num jantar de gala, estava o astronauta americano Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na Lua. "Foi um momento para lembrar para sempre", disse Cherney à ISTOÉ.

"O trabalho dessas pessoas é insubstituível", diz o astrônomo Victor D'Ávila, do Observatório Nacional. "Não podemos registrar tanto em tão pouco tempo, como fazem esses outros observadores diariamente", avalia. A internet facilitou essa colaboração graças à criação de redes globais de astrônomos amadores e profissionais. Carvalho, por exemplo, conseguiu publicar na "Nature" no mês passado depois que colegas de outras partes do mundo viram um movimento diferente em Saturno e deram um alerta. Outros como ele, então, focaram suas lentes no astro e registraram inúmeras imagens. Pelas fotos, os cientistas notaram, pela primeira vez, que um tipo particular de tempestade ocorre no planeta a cada 30 anos.

Para ser um astrônomo amador, porém, não é preciso ter um observatório em casa nem ganhar concursos internacionais. O estudante universitário Anderson Leite, 21 anos, comprou seu primeiro telescópio há um ano e o utiliza, junto com seu computador, para observar planetas, satélites naturais e algumas nebulosas. "Já deixei a webcam ligada no telescópio e, depois, vi no computador um satélite artificial passando em frente à Lua", conta. A popularização de equipamentos e a comunicação cada vez mais intensa entre entusiastas como ele tendem a tornar o Universo cada vez mais conhecido.  
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O KIT DO ASTRÔNOMO AMADOR
Montar um pequeno observatório em casa pode custar mais de R$ 10 mil. Mas, para começar, poucos itens são suficientes. A pedido de ISTOÉ, o professor de ciências e astrônomo amador Fábio Carvalho recomendou um kit básico para os iniciantes
Binóculo 7x50 
Carta celeste ou planisfério celeste e/ou software de simulação do céu em tempo real 
Valor: gratuito
DownloadsTELESCÓPIOS
Telescópio Newtoniano de 114 mm (4,5 polegadas) com razão focal f/8 em montagem dobsoniana/altazimutal ou equatorial
Ou


Telescópio refrator de 80mm com razão focal f/10 em montagem altazimutal ou equatorial
Valores: entre R$ 650 e R$ 900


MAIS:
Ficção de cientista

ONU convoca pesquisadores para discutir soluções mirabolantes 

para combater o aquecimento global a partir de mudanças 

radicais no ambiente

André Julião
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ÁRVORES ARTIFICIAIS
Ilustração mostra estruturas projetadas por britânicos, capazes de capturar CO2 da atmosfera
 
Nem todo cientista acredita que reduzir as emissões de gases do efeito estufa seja suficiente para conter o aquecimento global. Para esses pesquisadores, o futuro se assemelha mais a um filme de ficção científica do que a uma era de carros não poluentes e processos industriais sem emissão de carbono. A solução, segundo eles, consiste em alterar o ambiente por meio da chamada geoengenharia. As ideias mirabolantes chamaram a atenção do IPCC, o Painel do Clima da ONU, que, recentemente, convocou estudiosos do assunto para falar da viabilidade e dos impactos ambientais que esses inventos causariam, num evento em Lima, capital do Peru.


Como a maioria das criações da geoengenharia nunca saiu do papel, o limite é apenas a criatividade dos cientistas – sem levar em conta custos ou possíveis danos ao ambiente. Todas as “soluções” se baseiam em dois pilares: refletir a luz do sol, para que menos calor chegue à atmosfera terrestre, e capturar o carbono diretamente do ar, compensando as emissões da queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão). Como fazer isso? Desde a construção de “árvores artificiais” que absorvam CO2 até a colocação de espelhos na órbita da Terra, para refletir a luz solar, tudo é cogitado (leia quadro).


“A geoengenharia não substitui a necessidade de reduzir as emissões de gases do efeito estufa”, diz Paulo Artaxo, físico da Universidade de São Paulo (USP) e membro do IPCC. O pesquisador estava na reunião em Lima. Ele afirma que o evento foi realizado para avaliar os aspectos científicos das tecnologias e que o Painel do Clima não endossa nenhuma das iniciativas por não haver estudos suficientes sobre os impactos ambientais que possam causar. “Os efeitos colaterais podem ser desastrosos”, diz. Alguns deles são tema de um artigo científico assinado pelo cientista que será publicado nos próximos meses na revista especializada “Ambio”. Alterar as nuvens, por exemplo, mudaria o regime global de chuvas. “Se isso for feito nos oceanos Pacífico e Atlântico, haverá uma redução na taxa de precipitação da Amazônia”, afirmou.


Na última Convenção da Biodiversidade da ONU (COP-10), no ano passado, em Nagoya (Japão), foi definida uma moratória para a aplicação da geoengenharia. Mesmo assim, pesquisas na área continuam sendo feitas por órgãos como a Nasa e a Royal Society, do Reino Unido. Nesta última, o oceanógrafo John Shepherd é um dos maiores defensores dessas tecnologias, apesar de não descartar os riscos ambientais. “É aceitável a preocupação de que algo pode dar errado, mas eu não acredito que ela seja tão prejudicial para o meio ambiente como o efeito estufa”, disse no final de 2010. “Nós ainda sabemos muito pouco sobre os possíveis impactos e é por isso que fazemos as pesquisas”, disse.


Phil Rasch, especialista em ciências climáticas do Pacific Northwest National Laboratory, nos EUA, diz que não se trata simplesmente de considerar ou descartar a geoengenharia. “Acho que a maioria dos pesquisadores nessa área está confiante em dizer que não sabemos o suficiente sobre o sistema climático”, disse à ISTOÉ. “Acredito que a maior parte desses mesmos cientistas concorda que é preciso muito mais pesquisas.” 
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Nasa teria descoberto água em estado líquido em 

Marte

"Isso reafirma o planeta como um importante destino futuro para 

a exploração humana", afirmou o diretor da Agência Espacial 

Americana

Do Portal Terra
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 Uma sonda da Nasa - a agência espacial americana - que orbita Marte registrou imagens do que parece ser água em estado líquido no planeta vermelho. Já se sabe que há água no astro, mas sempre foi encontrada em forma de gelo.
"O programa de exploração de Marte continua a nos trazer mais próximos de determinar se o planeta vermelho poderia abrigar vida de alguma forma (...) e isso reafirma Marte como um importante destino futuro para a exploração humana", diz Charles Bolden, diretor da Nasa.
Segundo a Nasa, o registro mostra manchas escuras que aparentemente se estendem para baixo pelas encostas durante a passavam da primavera para o verão na região observada. "A melhor explicação para essas observações é o fluxo de água salgada", diz Alfred McEwen, da Universidade do Arizona, autor do artigo que explica o registro e que será publicado na revista especializada Science.
Segundo a Nasa, as manchas superficiais aparecem nas encostas de Marte durante a temporada de calor e desaparecem na temporada de frio e poderiam ser formadas por água salgada. 
A descoberta foi feita graças à análise de uma série de imagens obtidas pelo Experimento Científico de Imagens de Alta Resolução (HiRise) do Orbitador de Reconhecimento de Marte (MRO, na sigla em inglês), que explora o planeta vermelho desde 2006. O diretor da Nasa para pesquisa científica do programa de prospecção a Marte, Michael Meyer, fez o anúncio em entrevista coletiva junto ao professor Alfred McEwen da Universidade do Arizona, entre outros membros da equipe. 

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