A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 14 de agosto de 2011

A Semana na Ciência


O tsunami de Olímpia

Descoberta arqueológica sugere que antigo santuário 

grego foi soterrado por ondas gigantes no século VI d.C.

Paula Rocha
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ACHADO
A forma como os fragmentos das colunas estavam dá força à hipótese de tsunami
Durante séculos, o santuário de Olímpia, na Grécia, ficou soterrado sob metros de areia e história. Localizado a 262 quilômetros da capital Atenas, esse sítio arqueológico, considerado um dos mais importantes do mundo, foi o berço dos Jogos Olímpicos e o principal local de devoção dos gregos a suas divindades. Desde seu descobrimento, há cerca de 250 anos, acreditava-se que Olímpia teria desaparecido após um forte terremoto, seguido de uma enchente causada por um rio próximo. Essa teoria, presente até hoje em livros de história do mundo todo, está prestes a desmoronar. Segundo o arqueólogo Andreas Vött, do Instituto de Geografia da Universidade de Mainz, na Alemanha, Olímpia desapareceu após uma série de tsunamis que atingiram a costa oeste da Grécia ao longo do século VI d.C. 

A nova hipótese para a destruição do santuário partiu de um projeto liderado por Vött, que estuda tsunamis registrados na região do Mediterrâneo nos últimos 11 mil anos. Analisando amostras dos sedimentos de Olímpia e arredores, o arqueólogo encontrou fósseis de organismos marinhos, como conchas e moluscos. Outra evidência é a forma como os destroços dos templos repousavam. “Se Olímpia tivesse sido des­truída por um terremoto, fragmentos de colunas estariam caídos uns em cima dos outros. Mas, na verdade, eles estavam ‘boiando’ em sedimentos”, disse Vött. Para Lilian de Angelo Laky, doutoranda em arqueologia grega e especialista em sítios arqueológicos de Olímpia pela Universidade de São Paulo, essa nova descoberta promete enterrar de vez as antigas crenças sobre o desaparecimento do santuário. “As escavações alemãs em Olímpia no século XIX marcaram o início da arqueologia moderna na Grécia. Agora, os alemães mais uma vez participam de uma descoberta relevante para o estudo da história”, diz.  
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O fim das tomadas

Ao investir alto para viabilizar a transmissão de 

eletricidade sem o uso de fios, empresas de tecnologia 

prometem desplugar o mundo nos próximos anos

Larissa Veloso
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Você está no trânsito, a caminho de uma reunião importante. Ao perceber que irá se atrasar, saca seu smartphone para avisar os colegas. Mas a bateria do aparelho também acabou. E seus contatos estão todos nele. Se depender das empresas de tecnologia, cenas como essa estão por um fio. Sem muito alarde, companhias americanas e europeias estão começando a desenvolver a tecnologia que permitirá transmitir energia a longas distâncias. Isso significa que a bateria de um tablet, por exemplo, poderá ser recarregada automaticamente quando você entrar com o aparelho em casa, e o mesmo poderá acontecer com todos os eletrodomésticos e eletrônicos da residência (leia quadro). Tudo sem cabos, sem carregadores.

A transmissão de eletricidade sem fios tem história. Há cerca de um século, o cientista austríaco Nikola Tesla (1856-1943) desenvolveu algo semelhante nos Estados Unidos. Era uma época sem celulares ou notebooks, o que fez o invento parecer sem propósito e ser abandonado. Mas ele não foi esquecido. Em 2007, um grupo de pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA, liderados pelo professor Marin Soljacic, decidiu retomar o experimento e dar o próximo salto. A ideia surgiu quando o cientista foi acordado pela terceira noite seguida pelo celular de sua esposa, que apitava avisando que a bateria estava no fim. Com tanta energia circulando pela casa, a possibilidade de criar meios para que o simples aparelho pudesse se recarregar sozinho ganhou fôlego.

Depois de alguns estudos, o grupo conseguiu acender uma lâmpada de 60 watts a dois metros de distância de qualquer fonte. A partir daí, o que parecia despropositado virou um negócio potencialmente rentável em tempos de smartphones e tablets que consomem cada vez mais energia. Em consequência, os pesquisadores fundaram nos EUA a WiTricity, empresa responsável por desenvolver, produzir e vender a tecnologia da transmissão de energia elétrica sem fios. 

Hoje, o grande desafio tecnológico e operacional é tornar os transmissores mais portáteis e padronizar cada dispositivo eletrônico – eletrodomésticos, ferramentas, celulares, etc. – disponível no mercado. “É complicado fazer com que os grandes fabricantes de eletrônicos adotem uma tecnologia que nunca viram antes e tornem seus produtos recarregáveis sem o uso de fios. Mas acreditamos que a próxima geração de aparelhos portáteis virá com carregador wireless de fábrica”, disse à ­ISTOÉ o diretor de marketing e produtos da WiTricity, Yinon Weiss.

E não são apenas os aparelhos domésticos que poderão ser recarregados dessa maneira. De acordo com os pesquisadores, quem dirigir um carro elétrico poderá no futuro reabastecer o veículo simplesmente estacionando-o próximo a uma fonte na garagem de casa. Grandes companhias, como a Toyota, já estão formando parcerias com empresas que desenvolvem a eletricidade sem fio. Além disso, outras iniciativas semelhantes surgiram no mercado, como a HaloIPT, que desenvolveu um carregador wireless para carros elétricos. De acordo com o presidente da companhia, Anthony Thomson, o produto deve estar à venda dentro de três ou quatro anos.

Nem todo mundo compartilha o otimismo das empresas. Para o especialista em eletromagnetismo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo José Roberto Cardoso, a tecnologia não chegará tão longe. “Esse sistema funciona para aparelhos que exigem baixa potência, como celulares. Para o grande volume de energia exigido para os carros, o campo magnético teria que ser muito intenso, o que colocaria em risco a saúde das pessoas”, explica o especialista. 

Essa é, aliás, uma das primeiras preocupações de quem quer se livrar de vez dos fios e carregadores. Afinal, a imagem de vários campos de ondas magnéticas percorrendo a sala de estar enquanto assistimos à tevê não é nada tranquilizante. Mas Weiss afirma que não há perigo. “Nossa tecnologia não é radioativa. Os campos magnéticos que criamos têm força semelhante aos que existem naturalmente na Terra. Além disso, a baixa densidade dos sinais emitidos pelos dispositivos quase não interage com organismos vivos”, defende o executivo da WiTricity. Que assim seja. Ao mesmo tempo que nos livra dos fios, essa tecnologia pode levar embora também os choques. 
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