A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 9 de outubro de 2011

A Semana na Ciência


O gênio do nosso tempo

As atuais gerações tiveram o privilégio de conviver com 

um daqueles seres humanos que transformam a história 

com suas ideias. Sem ele, o mundo vai mudar mais 

devagar

Hélio Gomes
 Assista ao vídeo com trechos do histórico discurso de Steve Jobs para estudantes da Universidade de Stanford, em 2005. O visionário cofundador da Apple dá uma aula de vida:
Parte 1
Jobs1_site.jpg

Parte 2
Jobs2_site.jpg
 

chamada.jpg
ÍCONE
Montagem sobre foto de 2009, uma das muitas imagens
de Jobs a ilustrar a capa da revista americana “Fortune”
"Há sempre uma forma de fazer algo melhor – descubra-a." A frase, atribuída a Thomas Alva Edison (1847-1931), um dos maiores inventores e empreen­dedores de todos os tempos, revela muito sobre a conduta de um seleto grupo de seres humanos. Movidos pelo combustível da inovação, eles entraram para a história graças ao seu dom de literalmente transformar o modo como vivemos com suas ideias. No final da quarta-feira 5, o mundo perdeu um desses raros indivíduos. Rapidamente, o anúncio da morte de Steve Jobs – criador da Apple e responsável por uma verdadeira revolução comportamental – espalhou uma incômoda sensação de desamparo por todos os cantos da sociedade digital contemporânea. O timoneiro de nossa nau, feita de chips e bytes, não está mais entre nós.

Ao fundar a Apple e forjar uma sucessão de pequenos milagres tecnológicos, ditando tendências e produzindo máquinas que ajudaram a reinventar indústrias como a do entretenimento e a da comunicação, Jobs fez por merecer toda sorte de comparação com figuras míticas. Há quem simplesmente o chame de Deus – ou iGod. Outros, talvez mais românticos, enxergam traços de Leonardo da Vinci em sua genialidade. Já aqueles com os pés mais fincados no chão traçam paralelos entre a sua trajetória e as de Henry Ford e do próprio Thomas Edison, já citado neste texto. Na verdade, a questão se torna menor diante da singularidade do americano Steven Paul Jobs. Seu legado é incomparável.
img.jpg
CUMPLICIDADE
Jobs e sua mulher, Laurene Powell, depois da
última aparição pública do empresário, em junho
O mundo se comoveu diante da notícia da sua morte, já esperada depois de anos de batalha contra o câncer e do afastamento do trabalho, anunciado no fim de agosto. Mensagens de condolências e agradecimentos públicos não paravam de emergir, até mesmo do Vaticano. “O mundo perdeu um dos mais inventivos, criativos e geniais empreendedores de nossa era”, afirmou o primeiro-ministro inglês, David Cameron. Já o francês Nicolas Sarkozy enalteceu o pioneirismo do empresário. “Seu talento para revolucionar setores inteiros da economia com o poder da imaginação e da tecnologia inspira milhões pelo mundo”, disse o presidente francês.

Os principais nomes do universo digital – concorrentes e desafetos de Jobs inclusive – lamentaram a perda em tom solene. Bill Gates, que fez o papel de concorrente e parceiro ao longo das quatro últimas décadas, falou de sua experiência pessoal. “Quem teve a sorte de trabalhar com ele sabe que foi uma honra”, afirmou o criador da Microsoft. Já a nova geração, que tinha o dono da Apple como referencial absoluto, acusou um pouco mais o golpe. “Steve, obrigado por ter sido meu mentor e amigo. Obrigado por me mostrar que aquilo que construímos pode mudar o mundo. Sentirei sua falta”, resumiu Mark Zuckerberg, o jovem gênio por trás do fenômeno Facebook.

Por sua vez, celebridades, anônimos e applemaníacos reuniram-se em uma espécie de velório virtual nas redes sociais. Apenas o Twitter registrou o absurdo número de 10.000 posts por segundo. Entre as hashtags – palavras-chave sobre os temas mais citados no momento –, termos como #iSad e #iHeaven se destacavam. As homenagens também invadiram o mundo real. Em diversas cidades dos Estados Unidos e da Europa, fãs da marca e de seu criador acenderam velas, carregaram maçãs e deixaram ramalhetes de flores às portas de Apple Stores. Cada um deles representava o seguidor quase religioso idealizado por Jobs, que costumava dizer que “não é tarefa do consumidor saber o que quer comprar”.

Apenas cinco semanas depois de sua aposentadoria, aos 56 anos, Jobs voltou a ser o principal personagem do noticiário – ironicamente ocupado pelo lançamento do iPhone 4S no dia anterior (leia quadro) à sua morte. Como o presidente americano, Barack Obama, fez questão de lembrar, milhões de pessoas usaram iPads, iPods e Macs para saber mais sobre a vida privada do inventor, suas realizações e suas idiossincrasias. “Ele conseguiu algo raro na história da humanidade. Steve mudou a forma como cada um de nós enxerga o mundo”, disse Obama.
img1.jpg
INTIMIDADE 
A internet foi inundada por relatos e histórias suspeitas sobre
a vida íntima do sempre reservado Jobs, nesta foto, em 1985
A curiosidade despertada pela trajetória do empresário inundou a internet de relatos de todo tipo. Brotaram histórias de conteúdo um tanto suspeito e até mesmo fotos guardadas durante anos por um ex-funcionário da Apple, que mostravam o patrão se divertindo com mais uma de suas invenções. No meio da avalanche de informações, destaca-se o depoimento de Walter Mossberg, um dos mais importantes jornalistas de tecnologia dos Estados Unidos e principal colunista especializado do “Wall Street Journal”. 

Organizador do tradicional evento D:All Things Digital, que reúne os maiores líderes do mundo da tecnologia todos os anos, Moss­berg se tornou amigo e confidente de Jobs naturalmente. Em seu blog, o jornalista contou detalhes da relação com o dono da Apple. “Quando Steve voltou à empresa, em 1997, começou a ligar para a minha casa nos domingos à noite. Percebi que ele estava tentando me bajular, mas acabamos nos entendendo. Minha mulher não gostava daquelas maratonas de 90 minutos ao telefone, mas é claro que eu adorava”, diz o colunista.

Meses depois, Jobs passou a apresentar os lançamentos da Apple em primeira mão para Mossberg, em encontros na sede da empresa. O ritual se repetiu até a chegada do primeiro iPad, quando o inventor, já muito debilitado pelo câncer, recebeu o amigo em sua casa, em Palo Alto (Califórnia). “Na última vez em que o vi, Steve me convidou para uma caminhada. Ele já tinha feito o transplante de fígado e estava muito mal. Demos alguns passos, ele parou e fez uma cara de dor. Implorei para voltarmos e disse que não queria ver a manchete ‘repórter deixa Steve Jobs morrer na calçada’ no dia seguinte”, lembra o jornalista. “Ele riu, sentamos em um banco, conversamos um pouco e retornamos para dentro de casa.” Jobs sabia que sua missão já estava cumprida.
img2.jpg
TRIBUTO 
Dono de iPad ergue o tablet em frente à loja da Apple em Tóquio, no Japão, na quarta-feira 5
img3.jpg
 

Explorador das profundezas

Nova geração de submarinos-robôs ajuda desde a 

exploração de petróleo até o estudo de planetas fora 

do Sistema Solar

André Julião
chamada.jpg
"Esses submarinos serão muito importantes
para explorar o petróleo no pré-sal"

Andy Bowen, chefe do Nereus
As profundezas dos oceanos podem revelar muito mais do que areia e criaturas estranhas. Para chegar às profundidades abissais, porém, os cientistas precisam da ajuda de veículos cada vez mais sofisticados. Um deles é o Nereus, que em breve vai mergulhar na Fossa de Kermadec, na Nova Zelândia, um buraco de mais de dez quilômetros de profundidade quase inexplorado – o recorde de um ser humano submerso com um cilindro de oxigênio é 381 metros. O objetivo dos cientistas, liderados pelo engenheiro Andy Bowen, do Wood Hole Oceanographic Institution (WHOI), nos EUA, é conhecer melhor a geologia, a biologia e outras características do local, até hoje um mistério para a ciência.

O grande desafio de Bowen, porém, começa depois dessa missão, ainda sem cronograma. Ele e sua equipe acabam de receber um financiamento da National Science Foundation, também dos EUA, para adaptar o veículo às duras condições das gélidas águas do Ártico. “Estamos modificando o Nereus para o ambiente gelado. Os aspectos físicos desse ambiente exigem algumas alterações, que começaremos a fazer em breve”, disse Bowen à ISTOÉ. O submarino, que se move de forma autônoma, ganhou notoriedade em 2009, quando chegou até as Fossas Marianas, ponto mais profundo dos oceanos, com mais de 11 quilômetros de profundidade.

O veículo adaptado deve estar pronto em 2014, quando vai poder investigar as mudanças climáticas durante missões no Mar Ártico. Bowen, que participou da criação do Jason Jr., robô submarino que investigou os destroços do Titanic em 1980, diz que as aplicações dessa tecnologia vão além do interesse científico pelos oceanos. “No Brasil, esses submarinos serão muito importantes para a exploração de petróleo na camada do pré-sal, que fica em grandes profundidades”, diz o cientista.

Ele revela, inclusive, que já foram realizadas conversas informais entre a WHOI e institutos de pesquisa brasileiros. E que, em breve, deve haver uma visita oficial dos americanos ao Brasil para tratar de colaboração tecnológica entre ambas as partes nessa área. “Seu país certamente vai aumentar sua capacidade nesse setor”, afirma. Das profundezas do subsolo, passando pelas fossas oceânicas, os submarinos-robôs possuem aplicações mesmo no espaço. 

“Saber explorar o fundo do mar é fundamental para o estudo de um possível planeta habitável fora do sistema solar”, acrescenta Bowen. Ele se baseia numa máxima da astrobiologia, ciência que estuda a vida fora do sistema solar, de que, se houver um outro planeta com organismos vivos, este será oceânico – água em grande quantidade torna maiores as chances de haver micro-organismos, plantas ou animais.

Não deixa de ser paradoxal o fato de os seres humanos explorarem o oceano para alcançar os astros, pois já pisamos mais vezes na Lua do que nas partes mais profundas dos oceanos. Os avanços obtidos desde o Jason Jr. têm um grande peso nisso. Movido a três mil baterias de íons de lítio, o Nereus não precisa de cabos grossos e pesados, que comprometem o deslocamento do veí­culo. Um único fio, da espessura de um fio de cabelo, é suficiente para transmitir toda a informação coletada pelo submarino. “A melhoria dos sistemas de controle, a confiabilidade do equipamento, a redução dos custos... Tudo isso são apenas alguns fatores que evoluíram desde as primeiras missões desse tipo”, diz Bowen. Se o espaço e o fundo do mar não são mais o limite, para onde mais podemos ir?
img.jpg

Nenhum comentário:

Postar um comentário