Planta comum em matas ciliares de Manaus pode absorver metais pesados de áreas contaminadas
A orelha-de-elefante-gigante pode ser utilizada para descontaminar solos e água de metais como chumbo e cobre, comprova pesquisa
A planta conhecida como orelha-de-elefante-gigante (Alocasia macrorhiza) tem potencial para absorver metais pesados de áreas contaminadas. A orelha-de-elefante-gigante pode ser encontrada nas matas ciliares de Manaus, embora não seja nativa da Amazônia.
Pesquisa realizada em solos de Manaus altamente contaminados por metais apontou que esta planta pode ser utilizada como biorremediadora.
A pesquisa foi conduzida entre 2008 e 2010 por Josias Coriolano de Freitas, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e é fruto do trabalho de doutorado denominado “Avaliação da Alocasia macrorhiza como fitorremediadora dos metais Cd, Cr, Cu, Ni, Pb e Zn”.
A coleta das plantas foi realizada em áreas cujo nível de contaminação é elevado, como locais próximos aos igarapés da Universidade Luterana, no conjunto Atílio Andreazza, no Japiim, na Zona Sul; na Avenida Torquato Tapajós, no bairro Flores, na Zona Norte; no Conjunto Jardim de Versalles, no bairro Planalto, na Zona Centro-Oeste; no Posto Rodoviário de Manaus da Rodovia BR-174, quilômetro 7, e em uma área não impactada localizada na Ufam, no bairro Coroado, na Zona Leste.
O chumbo foi o metal que apresentou maior concentração na planta, seguido por cromo, cádmio, cobre, níquel e zinco, sequência que se repete nas partes (caule, folhas e raízes) analisadas da planta.
“O resultado permite afirmar que a Alocasia macrorhiza é uma planta promissora para ser usada na implantação de um programa de fitorremediação, pois ela é hiperacumuladora desses metais”, destacou.
Índice
Freitas disse que a ocorrência de metais pesados se deve ao processo de ocupação desordenada, resíduos industriais, principalmente, na estação seca, quando foram encontrados os maiores valores de concentração.
Ele destacou que, conforme levantamentos feitos em 2007, as concentrações dos metais pesados estavam acima dos valores permitidos pela Resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
“Outras fontes comuns são os resíduos urbanos, pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes que contêm mercúrio (Hg), muitas tintas contêm chumbo, enquanto baterias de celular e plásticos coloridos contêm cádmio (Cd)”, pontuou.
Descontaminação
O pesquisador disse que o uso de plantas para a descontaminação do solo e da água contaminados por produtos químicos é utilizado há mais de três séculos e que fitorremediação alcançou importância mundial por ser uma tecnologia que extrai e/ou imobiliza contaminantes de origem orgânica e inorgânica.
O pesquisador disse que o uso de plantas para a descontaminação do solo e da água contaminados por produtos químicos é utilizado há mais de três séculos e que fitorremediação alcançou importância mundial por ser uma tecnologia que extrai e/ou imobiliza contaminantes de origem orgânica e inorgânica.
O pesquisador explicou que a planta não prioriza uma região para acumular metais. Ou seja, ao ser absorvido pelas raízes, as substâncias se distribuem por toda a planta.
Acredita-se que a fisiologia e/ou o mecanismo molecular de transporte facilita a distribuição dos metais. Plantas com essa característica são conhecidas como exclusoras. Significa que a concentração do metal nos tecidos é mantida constante até um determinado nível.
Plantas exclusoras, normalmente, são capazes de tolerar grandes quantidades de metais pesados em tecidos, além de ser tolerantes a múltiplos metais.
Segundo Freitas, todos os metais foram absorvidos da mesma forma independentemente do local (impacto e não impactado). Todas as concentrações encontradas dos metais Pb, Cr, Cd, Cu e Ni estavam acima dos limites normais de absorção de uma planta, apenas o Zn permaneceu no limite.
A pesquisa foi realizada por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), via Programa RH Posgrad.
Com informações da assessoria de comunicação da Fapeam.
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