Essa é uma das principais perguntas sobre o universo, e até agora a resposta para ela é quase perfeita. Tudo que nos rodeia, desde as coisas mais pequenas até as enormes, é composto por dezessete peças.
Essas dezessete peças interagem e se combinam entre si, dando forma ao mundo tal como conhecemos. Os cientistas chamam esse conjunto de partículas e interações de modelo padrão. Mas até dez anos atrás, uma peça-chave desse modelo só existia em teoria.
O famoso Bóson de Higgs, que alguns chamam de partícula de Deus, foi uma verdadeira revolução na física moderna. Isso aconteceu quando a sua existência foi comprovada no mundo real, confirmando a melhor explicação que temos até agora sobre o funcionamento do universo.
Para compreender o Bóson de Higgs, temos que viajar até o mundo quântico, ou seja, de partículas menores que o átomo. Há cerca de um século, pensávamos que tudo era formado por átomos e que esses átomos eram compostos de um núcleo de prótons e nêutrons, ao redor dos quais os elétrons orbitavam, e que não havia nada menor do que isso. No entanto, isso mudou com a chegada do modelo padrão, uma teoria que diz que existem partículas ainda menores e indivisíveis.
Elas se agrupam em duas grandes famílias: os quarks e os leptons. Os quarks se unem para formar os prótons e nêutrons, que compõem o núcleo de um átomo, enquanto os leptons incluem os elétrons que orbitam ao redor do núcleo do átomo.
A outra grande família de partículas é a dos bósons, que transportam as forças responsáveis por fazer as partículas interagirem. Podemos imaginar os férmions como peças de lego espalhadas pelo chão. Os bósons transmitem o conjunto de forças que influenciam essas peças e permitem que elas se juntem umas às outras. As infinitas combinações possíveis entre Férmions e Bósons podem formar desde uma bola de gude até um poderoso sol que queima a milhões de graus.
Assim, ficamos sabendo do que a matéria é composta e o que permite que ela assuma diversas formas. Mas havia ainda uma pergunta importante que perturbava os cientistas: todos os objetos têm massa, mas de onde vem a massa que forma a matéria? É aqui que aparece o grande protagonista dessa história.
A resposta é que o nosso universo está permeado por um campo invisível. Um dos primeiros a descrever esse campo foi o físico britânico Peter Hangs, por isso ele leva seu nome. O bóson de Higgs, que é apenas uma perturbação desse campo.
Quando uma partícula viaja pelo campo de Higgs, vão impregnando-se de massa. Podemos imaginar isso como uma cereja caindo dentro de um milkshake cremoso, onde a cereja vai sendo untada com o creme e ganhando massa. Nesse caso, o creme é o campo de rigs e a cereja é a partícula que vai ganhando massa à medida que se afunda no milkshake.
Por anos, esse mecanismo também era apenas uma teoria. Os cálculos indicavam que o bóson de Higgs era peças-chave para que todo o modelo padrão funcionasse, mas ninguém havia conseguido observá-los. Isso mudou no dia 4 de julho de 2012, graças ao maior e mais poderoso acelerador de partículas já construído, o Grande Colisor de Hádrons.
Nesse dia, os pesquisadores que trabalhavam no Colisor confirmaram que, durante um de seus experimentos com choques de partículas, eles conseguiram observar a presença fugaz do que só poderia ser o Bóson de Higgs. Encontrar a chamada partícula de Deus permitiu resolver na prática a pergunta sobre a origem da massa das partículas e fez com que o modelo padrão fosse comprovado e ficasse completo.
Mas isso não significa que essa viagem quântica terminou aí. Os cientistas continuam buscando outras possíveis partículas de matéria e forças que ainda não conhecemos. E como tudo na ciência, novas descobertas nos obrigariam a repensar o que consideramos completo. Mesmo assim, o modelo padrão é até hoje a melhor explicação que temos para responder do que é feito o universo.
Fonte: ciência universal
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