A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

terça-feira, 20 de julho de 2010

::: Vamos pula, vamos pular...... :::


Fonte: Prof. Dulcidio Braz Júnior

"Vamos pular, vamos pular..." Até parece música de Sandy & Júnior! Mas não é. Hoje, 20 de julho, é o World Jump Day ou Dia Mundial do Pulo. Pelo menos é o que diz Dr. Hans Peter Niesward, ou melhor, Torsten Lauschmann, artista proprietário do domínio www.worldjumpday.org.

Segundo o site, que tem animações e até vídeos "convincentes", se pelo menos 600 milhões de pessoas saltarem juntas, o efeito combinado do empurrão sobre a Terra poderá alterar a sua órbita, afastando o planeta do Sol. E o objetivo é stop global warming, extend daytime hours and create a more homogenous climate. Traduzindo: parar o aquecimento global, aumentar a duração do dia em horas e criar um clima mais homogêneo no planeta.

Será que isso é fisicamente possível?

:: 1 - A Terceira Lei de Newton

Pela Terceira Lei de Newton, se um corpo A exerce uma força (AÇÃO) sobre outro corpo B, recebe de volta uma outra força (REAÇÃO) de mesma intensidade, mesma direção, mas em sentido oposto.


Quando saltamos, empurramos o chão para baixo (AÇÃO). Segundo Newton, o chão nos empurra para cima (REAÇÃO) e, por isso aceleramos e subimos na vertical. É mais ou menos como duas pessoas de patins, paradas uma em relação à outra. Se uma empurra a outra (AÇÃO), recebe automaticamente um empurrão de volta (REAÇÃO) e as duas movem-se na mesma direção mas em sentidos opostos.


Mas a Terra tem um campo gravitacional não desprezível. Assim, subimos quando saltamos mas caímos novamente no chão. A atração da Terra nos trás de volta. E aí entra a Terceira Lei de Newton outra vez. Se a Terra nos atrai (AÇÃO), então também atraímos a Terra (REAÇÃO).

Diferente do caso dos patinadores, que separam-se após o empurrão pois a atração gravitacional é desprezível, a pessoa que saltou e a Terra vão juntar-se novamente.

Assim, um saltinho ou um saltão (equivalente físico da soma de saltinhos simultâneos), conjugado com a gravidade, não consegue alterar a trajetória do nosso planeta. Entendeu?

Seria possível tirar a Terra do seu lugar se conseguíssemos ejetar um pedaço dela para o espaço. Mas, para jogarmos um corpo de forma que ele não voltasse mais para o chão, ele teria que vencer o campo gravitacional terrestre. Isso só é possível se for lançado com uma velocidade mínima chamada de velocidade de escape e que na superfície da Terra vale cerca de 11 km/s. Não dá para atingir uma velocidade dessas num salto, dá? E quem seriam os suicidas que saltariam para o espaço infinito só para mover a Terra?

E, para que o efeito fosse perceptível, a massa ejetada não poderia ser desprezível em comparação com a massa total do planeta. 600 milhões de pessoas, como sugerido no site, supondo uma massa média de 70 kg para cada indivíduo, dá uma massa total de 600.106 X 70 = 4,2.1010 kg, muito menor do que a massa do planeta que é da ordem de 6.1024kg. É mais ou menos como se um dos patinadores fosse um ácaro (de patins, claro!) tentando empurrar uma pessoa de 70 kg, também sobre rodinhas! Não dá!



:: 2 - A Terceira Lei de Kepler

A Terceira Lei de Kepler diz que "o quadrado do período T de translação de um planeta ao redor do Sol é proporcional ao cubo da sua distância média r ao Sol". Matematicamente temos:


onde K é uma constante que depende da massa do corpo central (no caso, da massa do Sol).

Por esta idéia de Kepler, afastar a Terra do Sol não alteraria a duração do dia terrestre, ligado ao tempo de rotação da Terra sobre si mesma. Alteraria sim o ano terrestre, o período T de translação, ou seja, o tempo que a Terra demora para completar uma volta ao redor do Sol. Numa órbita mais afastada a Terra teria um ano maior do que 365 dias. E poderia continuar a ter um dia de 24h, sem problemas.



:: 3 - A Órbita da Terra e as Estações

Pela Primeira Lei de Kepler, sabemos que a órbita da Terra (e de todos os outros planetas do Sistema Solar) não é circular, é elíptica. Sendo assim, a Terra já se afasta ou se aproxima do Sol dependendo da época do ano. Agora, por exemplo, no período de inverno aqui no hemisfério sul, a Terra está mais longe do Sol. No verão, no hemisfério sul, a Terra passa mais perto do Sol. E o duro é que muita gente justifica a temperatura mais baixa ou mais alta justamente pelo afastamento ou pela aproximação da Terra em relação ao Sol. Bobagem! Está mais frio aqui no hemisfério sul enquanto está mais quente lá no norte. E, quando lá for inverno, aqui será verão e a situação apenas se inverte. Mas os dois hemisférios continuam a estar no mesmo planeta, à mesma distância do Sol!

As estações do ano e a distribuição do clima no planeta não têm nada a ver com a distância da Terra ao Sol e sim com o fato de que o eixo de rotação da Terra é inclinado em relação ao plano orbital. Como essa inclinação é constante, ao longo da viagem da Terra ao redor do Sol há um período em que os raios solares atingem mais diretamente o hemisfério norte e um outro período, com a Terra em uma posição diametralmente oposta na sua órbita, em que o hemisfério sul recebe os raios do Sol diretamente, como pode ser visto nas figuras abaixo.



4 - O Efeito Estufa e o Aquecimento Global

Pela emissão de gases, a atmosfera terrestre está ficando gradativamente mais opaca para a radiação térmica. Raios solares penetram na atmosfera e aquecem o planeta. Mas, a radiação térmica emitida pela Terra tem maior dificuldade para escapar de volta para o espaço. Assim, a Terra vai acumulando energia, alterando o seu equilíbrio térmico, como numa estufa ou num automóvel exposto ao Sol em que a luz entra mas a radiação térmica não sai, causando drástico aumento da temperatura interna.

Simplesmente afastar um pouco o planeta do Sol não vai diminuir o Efeito Estufa e parar o aquecimento global.



:: CONCLUSÃO

Se for para perder calorias, pule! World Jump Day now! Mas deixe esse negócio de mudar a órbita da Terra por conta do próprio Universo, tá?

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