A semana 1 - Astrônomos encontram o maior sistema planetário já observado
Sistema contém pelo menos cinco planetas orbitando uma estrela parecida com o Sol.
O sistema planetário está a 127 anos-luz da Terra, na constelação de Hydrus, visível apenas no hemisfério sul.Utilizando um telescópio de alta precisão, pesquisadores do European Southern Observatory, no Chile, descobriram o maior sistema planetário já observado. Cinco planetas — e possivelmente mais dois — orbitam a estrela HD 10180, a 127 anos-luz da Terra, na constelação de Hydrus, visível no hemisfério sul da Terra. Se os outros dois planetas forem confirmados, um deles com a massa 140% maior que a da Terra, o sistema será, até agora, o mais parecido com o Sistema Solar em relação ao número de planetas — sete, comparado aos oito em nosso sistema. Além disso, a equipe encontrou provas de que a distância entre os planetas e a estrela seguem um padrão regular, fato também percebido no Sistema Solar.
A semana 2 - 400 anos após Galileu, nascem os megatelescópios
Uma nova geração de observatórios gigantes está em construção. O Brasil precisa decidir se fará parte da próxima revolução astronômica
Em 1609, Galileu Galilei aperfeiçoou o telescópio, criado em 1608 pelo holandês Hans Lippershey. O telescópio de Galileu tinha uma lente de 6 centímetros e ampliava em três vezes a imagem dos objetos observados. Hoje, os maiores observatórios ficam no Havaí e no norte do Chile. Com espelhos de 8 a 10 metros de diâmetro, observam-se galáxias a bilhões de anos-luz, porém com pouca nitidez. Por isso, está sendo construída uma nova geração de megatelescópios. O maior é o Telescópio Europeu Extremamente Grande (E-ELT), a ser inaugurado no Deserto do Atacama, norte do Chile, em 2018. O Ministério da Ciência e Tecnologia defende a adesão do Brasil ao projeto. O investimento assusta: R$ 1,24 bilhão em 20 anos. Os astrônomos estão divididos. Muitos aprovam a ideia, pois teriam pela primeira vez acesso a um instrumento de ponta. Os opositores defendem prioridades mais baratas. A decisão ficará para o próximo presidente da República.
A semana 3 - "Cientistas criam com sucesso córnea artificial"
Cientistas canadenses desenvolveram em laboratório córneas artificiais – o seu tecido é de colágeno sintetizado, proteína que estrutura as córneas naturais. Elas já foram experimentadas em dez pacientes e seis deles recuperaram completamente a capacidade de enxergar – não houve caso de rejeição. “Essa é a primeira vez que um trabalho mostra uma córnea criada artifi cialmente se integrando ao olho e estimulando a regeneração”, diz o pesquisadora May Griffith, uma das líderes do estudo.
A semana 4 - A Física por trás do filme A Origem
Neurocientista explica quais são os erros e acertos científicos da produção estrelada por Leonardo DiCaprio
A Origem é um filme desafiador. Num mundo não muito distante do nosso, em que existe tecnologia para invadir sonhos é realidade, um espião altamente capacitado tem sua chance final de redenção condicionada à realização de uma missão impossível: implantar uma idéia estranha na mente de uma pessoa, capaz de levá-la a fazer algo que não quer. Na superfície, trata-se de um barulhento filme de ação típico de Hollywood, com tiros, perseguições de carros e muitas explosões. Na profundeza, é uma condensação vertiginosa de cem anos de psicanálise, neurobiologia, filosofia e cinema. Cientificamente, acerta um tanto e erra outro tanto.
O filme é composto de cinco narrativas, uma dentro da outra, articuladas em diferentes velocidades temporais com uma clareza desconcertante. Além do protagonista, cinco personagens adentram o sonho da vítima do golpe, para ajudar na difícil tarefa de semear o germe de uma ideia indesejada. Atuando de forma coordenada, tentam convencer a vítima a descer mais e mais profundamente, passando de um sonho a outro, até um local em que a ideia estrangeira possa ser plantada com sucesso.
Indução — Cientificamente é possível sonhar que se está sonhando, como muitos de vocês já devem ter experimentado e como acontece no filme. Mas ninguém sabe ao certo quantas camadas um sonho pode ter. Talvez milhares, talvez apenas duas ou três. Também não há dados sólidos a respeito.
Invasão — Em A Origem, tudo acontece como se a tecnologia para fazer o implante fosse algo já estabelecido. Fora das telas, nada disso existe. Para realizar a invasão de sonhos seria necessário decodificar o sonho a ser invadido e ser capaz de inserir conteúdo novo nele, não próprio do sonhador original. A primeira parte talvez seja possível em um futuro não muito distante, a segunda parece mais difícil.
Enquanto no filme o equipamento necessário para entrar nos sonhos cabe em uma maleta, os aparelhos atualmente existentes que permitem ver um cérebro sonhando são uma combinação de magnetoencefalografia (bem mais poderosa do que a eletroencefalografia comum) e ressonância magnética funcional. São técnicas que requerem o uso de aparelhos enormes, do tamanho de um carro cada, caríssimos. Mesmo eles não resolveriam o problema, esbarraríamos nas limitações citadas acima, mas pelo menos seria o melhor possível.
Ritmo acelerado — Uma vez dentro do sonho, o filme mostra que a cada camada o tempo passa mais devagar: um segundo no mundo dos acordados significa cinco minutos na primeira camada de sonho, duas horas na segunda, e assim por diante. Ponto para o filme. Existem algumas evidências em ratos de que a compressão temporal do processamento neuronal varia conforme as diferentes fases do sono. O resto é a imaginação de Christopher Nolan, o diretor do filme. Mas ele chega perto quando define a morte, dentro do sonho, como uma das formas para despertar. É muito difícil que as pessoas sonhem com a própria morte, embora algumas afirmem ter sonhos assim. No caso de A Origem, como acontece com a maioria das pessoas, morrer faz com que a pessoa acorde.
O filme também acerta em mostrar pessoas que sabem que estão dentro de um sonho, como os agentes contratados para implantar as ideias. Quando começamos a perceber que estamos sonhando, há quem consiga permanecer nesse estado sem despertar ou regressar para o sonho comum, equilibrando-se entre o espanto e a inconsciência. Se torna um sonhador lúcido, capaz de criar o enredo onírico com sua própria vontade, simulando o que quiser.
Chuva onírica — A perturbação do sonho através da interferência sensorial - como a cena em que chove porque o dono do sonho está com vontade de ir ao banheiro - tem base científica. Como notou Freud, estímulos externos entram no sonho e são ressignificados, de forma que "o sonho protege o sono". Isso ocorre até um certo ponto, além do qual a pessoa acorda.
O mais interessante em “A Origem” é como o personagem principal enfrenta a impossibilidade de ter certeza sobre os limites da realidade. O desejo é motor do sonho, e o sonho não cessa. Repressão de memórias e loucura se entrelaçam, seguindo o fio condutor das idéias de Freud. Mas o espectador é levado ainda mais longe, saltando por cima das divergências acadêmicas no campo das psicologias e das neurociências para interrogar de modo incisivo, equipado com tudo que sabemos, qual é a arquitetura última da mente. Nada mal para um blockbuster.
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