A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

quinta-feira, 31 de março de 2011

A Terra é redonda?

Dados enviados por satélite à ESA (Agência Espacial Europeia), durante dois anos, possibilitaram o estudo preciso da gravidade do planeta Terra de uma forma inédita.

Os cientistas agora detêm um dos mais exatos modelos geoide (forma mais aproximada do nosso planeta, visto que ele não é totalmente redondo) do lugar onde vivemos.


ESA/HPF/DLR
Modelo da gravidade na Terra fornecerá dados oceanográficos e da estrutura interna do planeta
Modelo da gravidade na Terra fornecerá dados oceanográficos e da estrutura interna do planeta


A imagem foi divulgada nesta quarta-feira durante uma conferência em Munique (Alemanha) --para ver uma versão animada, acesse aqui.
O geoide é uma superfície projetada da Terra e nesta apresentada pela ESA se considerou sua gravidade sem a ação de marés e correntes oceânicas.

O modelo serve como referência para medir a movimentação dos oceanos, a mudança do nível do mar e a dinâmica do gelo, o que pode abrir precedente para entender com maior profundidade as mudanças climáticas.

Além desses dados oceanográficos, também servirá para o estudo da estrutura interna do planeta --como os processos que levam à formação de terremotos de grande magnitude e que podem provocar danos devastadores, como aconteceu com o Japão no sismo de 11 de março.

Do espaço, é praticamente impossível para os satélites observarem a dinâmica dos tremores, visto que o movimento das placas tectônicas ocorrem abaixo do nível dos oceanos.

Contudo, explica a ESA em seu site, os tremores costumam deixar um "rastro" na gravidade do planeta, o que pode ajudar a entender o mecanismo de um terremoto e, quem sabe, antecipar sua ocorrência.

Fonte : UOL Notícias

                                 gravidade da Terra revelou em detalhes sem precedentes
                                  
Melhor ainda ver de gravidade global

31 mar 2011
Depois de apenas dois anos em órbita, o satélite GOCE da ESA reuniu dados suficientes para mapear a gravidade da Terra com uma precisão inigualável. Os cientistas agora têm acesso ao modelo mais acurado da "geóide" já produzido para promover nossa compreensão de como a Terra funciona.

quarta-feira, 30 de março de 2011

O Bullying de Zangief Kid

Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.
bullying se divide em duas categorias:
a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos;
b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. 
bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullyingentre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.
As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.
As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.
O(s) autor(es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.
No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.
Os atos de bullying ferem princípios constitucionais – respeito à dignidade da pessoa humana – e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos debullying que ocorram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho.

Caros queridos, avaliem com carrinho o tema, e a história abaixo:

Ato 1 - A cena é forte, o agressor parece ter se machucado feio, se tinha razão, tire sua conclusão. 




Update: O fato aconteceu no colégio Chifley College Dunheved Campus em St. Marys North, Austrália, o gordinho que ficou conhecido como Zangief Kid na verdade chama-se Casey e ele foi vítima de Bullying durante toda sua vida escolar,mas apesar disso só ele foi suspenso nesse caso.
Chegou a hora de ver o outro lado da história, Richard diz se arrepender do ocorrido, mas alega também ser vitima e que Casey pediu por aquilo.
UPDATE:  consegui a tradução  desta entrevista que mostra o outro lado da história, pra mim ele está claramente mentindo, tentando reverter a situação complicada em que se meteu, mas errou ao tentar se passar por vítima em vez de apenas demostrar arrependimento por seus atos e pedir desculpas.
Entrevista: Casey Heines o Zangief Kid. 

O programa ACA (A Current Affair) do canal Australiano Channel 9 entrevistou o gordinho Casey Heynes que ficou conhecido como Zangief Kid e se tornou um herói na luta contra o bullying.

terça-feira, 29 de março de 2011

Moonbow




Se o título deste post parece estranho, provavelmente é porque você associa o fenômeno do arco-íris com a luz do Sol. Mas saiba que é possível acontecer um arco-íris noturno, tendo a Lua como fonte de luz! 

A imagem  ratifica esta afirmação: ela foi feita em 24 de março passado, de madrugada, sem a luz solar direta. Logo, foi a Lua quem forneceu luz para a formação do arco com as cores dispersas. Veja os comentários do autor da postagem:


Localização: Kamuela Havaí

Tenho estado a tentar obter uma imagem do Moonbow ilusória por um longo tempo. Esta noite, no caminho de volta do vulcão lá estava ele! Estava frio, ventando e chovendo, mas eu contornar o problema. Depois de receber algumas imagens do cartão CF falhou e todas as fotos tinham ido embora. Destemido eu revirei minha bolsa de câmera e puxou outro cartão! Tive tempo suficiente para obter duas imagens antes que ele desapareceu! Aqui está o que eu tenho!!

Para acontecer um arco-íris diurno, o Sol deve estar às suas costas, não muito alto em relação ao horizonte, e você estar de frente para uma cortina de gotinhas d'água suspensas na atmosfera que farão o papel de elementos dispersores para formar os diversos arcos concêntricos nas cores que vão do vermelho ao violeta. No arco-íris noturno a Lua deve estar às suas costas, fazendo o papel de fonte de luz. O resto é igual. Em alguns casos pode acontecer um arco secundário, fruto de mais de uma reflexão dentro da gota d'água. 

Vale ressaltar que a luz da Lua é bem mais fraca que a luz direta do Sol. Por conta disso, um arco-íris noturno pode parecer para os nossos olhos apenas como um arco de tênue luz branca no céu.  Neste caso, há tão pouca luz que os nossos olhos não conseguem perceber detalhes das diferentes cores. Mas uma foto de longa exposição consegue capturar as diferentes cores separadas por refração nas gotículas de água revelando-nos o arco-íris noturno.


Veja Mais ( Fonte )

  • No site nightskyhunter.com você tem uma galeria com fotos de vários arco-íris de dia (rainbows) e de noite (moonbows). Confira aqui.
  • Moonbow


Zidane detona goleiro durante treino



O jovem e acanhado goleiro deve ter ficado muito envergonhado ao cair 3 vezes daquele jeito, mas pudera ele estava diante do zizou um dos melhores do mundo.
Pelo menos ele se desculpou com o goleiro depois de humilhá-lo daquele jeito, admirável.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Diagrama de Fases

1. O DIAGRAMA DE ESTADO

O gráfico que representa as fases da matéria termodinamicamente em função da pressão e da temperatura é chamado de diagrama de fases.
A curva 1, que delimita as regiões das fases sólida e líquida, representa a curva de fusão, onde os estados sólido e líquido da substância estão em equilíbrio. 

A curva 2, que delimita as regiões das fases líquido e vapor, representa a curva de vaporização, onde os estados líquido e vapor estão em equilíbrio. 

A curva 3, que delimita as regiões das fases sólida e vapor, representa a curva de sublimação, onde os estados sólido e vapor estão em equilíbrio. 

O ponto P é um ponto comum às três curvas e é denominado ponto triplo ou ponto tríplice, neste ponto as três fases – sólido, líquido e gasoso, estão em equilíbrio. 

O ponto triplo da água ocorre quando a mesma está à temperatura 0,01°C sob pressão de 611,73 pascal.

Água nas três fases, representando o ponto tríplice


2. CURVAS DO DIAGRAMA
2.1 Curva de Fusão 

A curva de fusão é avaliada sob dois aspectos: para substâncias que se dilatam na fusão (grande parte das substâncias) e para substâncias que se contraem na fusão (água, bismuto, ferro e antimônio). 
Grande parte das substâncias: o aumento da pressão é seguido do aumento da temperatura de fusão. 
Água – Bismuto – Ferro – Antimônio: o aumento da pressão é seguido de diminuição da temperatura de fusão. 

2.2 Curva de Vaporização 

A vaporização pode ocorrer de duas formas: por ebulição ou por evaporação. A temperatura de vaporização por ebulição depende da pressão de tal forma que à medida que aumentamos a pressão, a temperatura de ebulição também aumenta. 
A vaporização por evaporação é um processo que pode ocorrer sob pressão atmosférica, independente da temperatura (moléculas de um líquido, por exemplo, não possuem a mesma velocidade; algumas mais velozes conseguem escapar da superfície do líquido, fazendo com que o mesmo evapore). 

2.3 Curva de Sublimação 

Sólido ou vapor que se encontra abaixo da pressão do ponto triplo, se aquecido ou resfriado respectivamente, passa diretamente de uma fase para outra. 

3. INFLUÊNCIA DA PRESSÃO
A pressão influi sobre as temperaturas em que ocorrem as mudanças de estado físico.

3.1 INFLUÊNCIA NA FUSÃO
   Quase todas as substâncias, ao fundirem, aumentam de volume. No entanto existem algumas exceções, como a água, a prata, o antimônio, o bismuto, que diminuem de volume ao fundirem.
   A pressão influencia a temperatura de fusão desses dois grupos de maneira distinta, vejamos.

 Tudo o que foi dito sobre a temperatura de fusão também é válido para a temperatura de solidificação.

3.2 INFLUÊNCIA NA EBULIÇÃO
   A influência da pressão sobre a ebulição é muito mais simples que sobre a fusão, pois a regra agora é única:






Pura diversão....


É nem todo mundo leva as coisas na esportiva… E se fosse com seu carro, você encararia a situação com bom humor?


Um vídeo devastador do tsunami ocorrido no Japão varrendo a cidade de Kesennuma, em questão de minutos.



Série Sagan – A vida procura pela vida



Legendas do Bule Voador — confira também o primeiro capítulo: A Fronteira estava em Toda Parte.


Bebê vestido de Dinossauro…



… demonstra a que ao final, o ser humano gosta de sofrer. [via Marcianos]



domingo, 27 de março de 2011

A semana na Ciência

A semana 1 - O laboratório mais gelado da Terra

Neto de Jacques Cousteau lidera expedição ao Círculo Polar

Ártico para estudar o aquecimento global no ambiente mais

vulnerável às suas consequências

Fred Leal
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AVENTURA
Cientista encara as adversidades do Ártico para estudar o aquecimento global
Considerado por cientistas de todo o mundo como “o ar-condicionado da Terra”, o Ártico é peça fundamental no entendimento do processo de aquecimento global. Exatamente por isso, uma equipe multinacional de cientistas segue em direção ao gelado Polo Norte pelo terceiro ano consecutivo, buscando estudar o impacto potencial das mudanças no meio ambiente ao longo dos próximos anos. Trata-se da mais ambiciosa expedição científica à região até hoje.
O Círculo Polar Ártico envolve a região polar e o Oceano Ártico, além de áreas mais extremas da América do Norte, Europa e Ásia – que incluem cidades da Noruega, Finlândia e Groenlândia e do Alasca. A Rússia é a grande potência regional, abrigando a maior cidade dentro do Círculo (Murmansk, com cerca de 325 mil habitantes). Um dos líderes da nova expedição é neto do renomado explorador marinho Jacques Cousteau, o jovem ambientalista e apresentador de tevê Philippe Cousteau, 31 anos.
Enquanto a maioria das incursões polares acontece a partir de bases navais ou laboratórios permanentes, a expedição aposta no alto risco como fonte das maiores recompensas: para estudar as condições do Ártico in loco, os exploradores optaram por montar acampamento em cima de uma geleira na ilha de Ellef Ringnes, parte do território canadense localizada a apenas 675 milhas náuticas de distância do Polo Norte geográfico.
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EXTREMO
Cientistas liderados por Philippe Cousteau chegam à base
na remota ilha de Ellef, no Canadá, a bordo de helicópteros
O Oceano Ártico é o menor e mais raso do planeta, mas tem importância incomparável por causa da alta refletividade da neve e do gelo e do seu papel na regulação das correntes atmosféricas e oceânicas. Além disso, a região interfere na distribuição de calor entre trópicos e polos, fazendo com que a maior parte do globo seja habitável. “À medida que o gelo polar derrete, a refletividade da calota diminui e as correntes oceânicas são alteradas”, afirma Philippe Cousteau. “Essa função crucial pode mudar, com consequências drásticas para todo o planeta.”
A base de Ellef Ringnes será formada por 17 barracas, e os primeiros cientistas aventureiros já chegaram até ela no dia 12 de março. A equipe ainda contará com um produtor de tevê e operador de câmera do canal americano CNN, além de biólogos, oceanógrafos e até um cachorro da raça husky siberiano chamado Tuk – o principal alarme contra as possíveis visitas de ursos polares. A pesquisa vai até 29 de abril.

Para explicar o que motiva os pesquisadores a ir às partes mais remotas do planeta, Philippe Cousteau cita um dos mais importantes personagens do Ártico, o explorador irlandês Ernest Shackleton (1874-1922). “Ele disse que o homem viaja aos espaços mais ermos da natureza por vários motivos, como a paixão por aventura, a sede de conhecimento e o fascínio pelo desconhecido. Essa expedição é um pouco de todos os três – aventura, ciência e mistério –, em um esforço para explorar um mundo que conhecemos muito pouco, mas é crucial para a manutenção da vida como a conhecemos.”
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A semana 2 - O veneno da radiação

A água de Tóquio já está contaminada. Agora partículas

 radioativas da usina de Fukushima I atingem até a Islândia

Luiza Villaméa
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PERIGO
Médicos usam proteção para receber dois trabalhadores feridos na usina nuclear
A água continua jorrando em abundância nas torneiras de Tóquio. A aparência não mudou, mas o medo da contaminação radioativa é tanto que o líquido encanado virou uma ameaça em potencial e o estoque de água engarrafada no comércio está esgotado. A corrida pela água de garrafa foi a reação imediata dos moradores aos testes que detectaram níveis de radioatividade acima dos normais na estação de tratamento de Kanamachi, que abastece Tóquio e cinco cidades do entorno. “A água corrente pode ser usada, mas recomendamos que seja evitada na preparação de mamadeiras para bebês”, alertou o governador de Tóquio, Shintaro Ishihara. De nada adiantou o governador insistir que o índice de radiação detectado era contra-indicado apenas para crianças com menos de um ano. Pais e mães deixaram de diluir o leite em pó dos bebês na água da torneira – 80 mil famílias começaram a receber uma cota diária de água engarrafada –, mas ninguém quer se arriscar a consumir um índice além do normal de iodo-131, o elemento radioativo que, a longo prazo, aumenta o risco de câncer de tireoide.
Como se não bastassem as suspeitas em torno da água, na sequência foram encontrados níveis de césio-171, outra substância radioativa prejudicial à saúde, em verduras cultivadas nos arredores de Tóquio. Onze legumes já haviam sido vetados para o consumo depois de apresentar altíssimos índices de contaminação na região da usina Fukushima I, desestabilizada desde o dia 11 de março, quando um terremoto de 9 graus na escala Richter abalou suas estruturas. Mas Tóquio fica a 250 quilômetros da usina e os cientistas ainda não sabem como a radioatividade atingiu a capital. A mesma dificuldade ocorre em relação à forma pela qual a radioatividade está escapando de Fukushima I. “Não sabemos se o maior vazamento vem da contenção do reator ou das piscinas de combustível”, admitiu James Lyons, da Agência Internacional de Energia Atômica.
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SEM RISCO
Em Tóquio, bebês de até um ano têm direito à cota de água engarrafada
Seja qual for a principal fonte da radioatividade, o certo é que ela vem se espalhando. Na quarta-feira 23 chegou até a Islândia, que fica a quase nove mil quilômetros de distância de Tóquio. A concentração de partículas radioativas detectadas na ilha europeia é, no entanto, menor do que a registrada no continente logo após a explosão de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. “Não há motivos para se preocupar com os níveis de radioatividade na Islândia nem em qualquer lugar da Europa”, assegurou Sigurdur Emil Palsso, do Departamento de Emergências islandês. O mesmo não ocorre nas imediações de Fukushima I, que teve um diâmetro de 20 quilômetros evacuados, ampliado para 30 quilômetros na sexta-feira 23. Pesquisadores, no entanto, já detectaram no solo a 40 quilômetros a presença de iodo-131 em patamar 430 vezes superior ao normal. No mesmo local, havia 47 vezes mais césio-137 do que o recomendável. Ambos são radioativos, mas o césio-137 preocupa mais, pois pode provocar danos por até 30 anos. O iodo-131, por sua vez, tende a perder o potencial radioativo em oito dias.
O risco de contaminação já criou uma barreira para todos os produtos que saem da região, inclusive dentro do arquipélago. No cenário internacional, os Estados Unidos foram os primeiros a proibir a importação de leite, verduras e frutas de quatro províncias próximas a Fukushima I. Medidas similares foram tomadas pela Austrália, China e por Hong Kong. O Brasil, por enquanto, mantém a posição de não adotar medidas restritivas quanto aos produtos vindos do Japão. A última remessa chegou ao País em fevereiro, antes do desastre em Fukushima I. Eram misturas e pastas para a preparação de produtos de padaria, pastelaria e da indústria da bolacha, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Enquanto o mundo tenta se proteger de uma possível contaminação, em Fukushima I continua a dramática batalha de um grupo de 180 trabalhadores para restabelecer os sistemas de refrigeração danificados pelo terremoto. Pelo menos 17 deles receberam cargas radioativas acima do admissível, mesmo em situações de emergência. Dois deles foram internados na quinta-feira 24 com queimaduras nos pés, causadas pela infiltração de água radioativa em seus equipamentos de proteção. Apesar do empenho dos trabalhadores, não há previsão quanto ao desfecho da crise. Se a usina não for estabilizada, Fukushima I corre o risco de virar outra Chernobyl. Vinte e cinco anos depois da mais grave explosão atômica da história, dentro do antigo reator encontram-se 200 toneladas de ameaçadores detritos nucleares.
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SEIS DIAS PARA FAZER UMA ESTRADA
O Banco Mundial estima que o Japão levará pelo menos cinco anos para apagar as marcas do terremoto seguido por tsunami que assolou o país. A comparação entre duas imagens da estrada que liga a cidade de Naka à capital Tóquio (fotos abaixo) faz questionar se a capacidade de superação dos japoneses não está sendo subestimada pelo organismo internacional. Em apenas seis dias, um trecho de 150 metros da estrada de Naka destruído pelo terremoto surgiu completamente restaurado. Até a cerca de proteção do acostamento estava alinhada na noite de reabertura da rodovia, na quarta-feira 23. Esforços similares de reconstrução estão sendo feitos em todo o nordeste do país, paralelamente à assistência aos abrigados e à busca dos desaparecidos. Um dia antes da reabertura da estrada de Naka, a autopista Tohoku, que atravessa a região atingida pela tragédia, também havia sido reaberta. Pelas contas do governo japonês, os danos diretos do desastre natural são de US$ 310 bilhões, o mais alto já registrado na história. Diante da cifra sem precedentes, vale lembrar o passado recente. Menos de 20 anos depois das bombas atômicas que destruíram Hiroshima e Nagasaki, Tóquio sediou os Jogos Olímpicos e inaugurou o trem-bala.

A Semana 3 -Cobaias com Ph.D.

As histórias dos cientistas que usam os próprios corpos para 

experiências de todo tipo

Fred Leal
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CIBORGUE
O inglês Kevin Warwick segura um dos chips que implantou em si mesmo
Alguns superpoderes provavelmente ficarão para sempre reservados às histórias em quadrinhos. Outros, como a possibilidade de enxergar sem utilizar a visão, já estão mais próximos da realidade do que podemos imaginar. Professor de cibernética da Universidade de Reading, o inglês Kevin Warwick é um dos pioneiros no uso de implantes eletrônicos. Suas pesquisas oferecem resultados impressionantes: em uma delas, o uso de sensores ultrassônicos na ponta dos dedos permite que o sujeito da experiência seja capaz de “sentir” a distância dos objetos – como em um sonar.
Suas cobaias foram seus próprios alunos, partes intrínsecas da experiência em diversos sentidos. Os jovens cientistas não teriam motivos para duvidar do professor, afinal, Warwick é um dos pioneiros em auto-experimentação cibernética. Uma de suas mais conhecidas expe­riências, realizada em 2002, envol­veu o implante de 100 eletrodos, conectados ao seu sistema nervoso e ligados a um computador. “Pre­cisamos lembrar que o cérebro funciona atra­vés de sinais eletroquímicos. Temos nos concentrado na parte química para a medicina, mas, no futuro, os aspectos elétricos do cérebro serão usados em diversos tipos de tratamento”, afirmou o pesquisador à ISTOÉ.
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LOUCURA 
Em “O Médico e o Monstro” (1941), Spencer Tracy vive o estereótipo
Com a ferramenta instalada, Warwick foi capaz de controlar uma mão robótica que nem sequer precisava estar ligada ao seu corpo. “Ela era conectada à rede junto com meu sistema nervoso; então a mão poderia estar até mesmo em outro continente”, afirma. As possibilidades são infinitas: cirurgias remotas, novas habilidades em pacientes com deficiência e até o tratamento de doenças neurodegenerativas, como as de Alzheimer e e Parkinson.
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OBSESSÃO 
Em “A Mosca” (1986), Jeff Goldblum transforma ciência em terror
No entanto, o uso do próprio corpo como plataforma para experiências científicas suscita questões éticas que vão além dos dilemas mais tradicionais. A decisão de enfrentar os riscos do desconhecido prova a confiança do cientista em sua teoria ou reflete o desespero por reconhecimento a qualquer preço? Segundo Warwick, “a autoexperimentação é, sem dúvida, sobre acreditar em si mesmo”. E explica: “Como um autoexperimentador, você tem a consciência de que o mundinho da ciência é supercrítico quanto ao seu trabalho, há muito ciúme por parte dos outros cientistas. Por isso é muito mais difícil.”
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NOBEL 
Barry Marshall ganhou o prêmio depois de servir de cobaia em sua busca pela cura da gastrite
Historicamente, o processo nem sempre foi assim e algumas das maiores descobertas da medicina contaram com importantes contribuições de gente disposta a pagar o preço da exploração científica na própria pele. A febre amarela, por exemplo, só pôde ser combatida depois que quatro médicos do Exército americano deram continuidade à pesquisa de Stubbins Ffirth (leia quadro abaixo). Liderada por Walter Reed, a equipe americana foi a Cuba na tentativa de provar que a transmissão da doença ocorria por meio da picada de mosquitos. Conseguiu, mas um de seus médicos, Jesse Lazear, pagou o preço da experiência com a própria vida.
O cientista australiano Barry Marshall também precisou apelar a medidas drásticas para ter sua pesquisa reconhecida. Defendendo que a gastrite e a úlcera não eram provocadas por estresse, mas sim por uma bactéria comum (H. pylori), Marshall decidiu beber um copo cheio da solução bacteriológica, desenvolvendo em poucos dias um severo caso de colite. Sua pesquisa foi finalmente aceita e o cien­tista acabou premiado com o Nobel de Medicina em 2005. “Eu achava a resposta às minhas apresentações muito ilógicas e bastante irritantes. Um dia, após apresentar meus resultados mostrando a cura da gastrite com Bismuto, o patologista-sênior do hospital afirmou que as mudanças pareciam muito sutis. Na verdade, elas eram bastante dramáticas: era a primeira vez que alguém no mundo conseguia curar a gastrite”, diz Marshall.
“Preciso obter aprovação de um comitê de ética para todas as minhas pesquisas”, explica Warwick. “E acho isso apropriado. O maior problema é quando o politicamente correto se coloca à frente dos valores éticos e científicos, e o comitê não compreende um assunto por pressão política. Claro que conclusões puramente políticas são completamente sem sentido no meio científico e, por isso, apesar de soarem bem para o mundo lá fora, nenhum cientista realmente dá ouvidos a essas coisas”, afirma o britânico. E é essa combinação de coragem, autoconfiança e um pouco de desprezo por limites que leva pesquisadores a deixar de lado a própria integridade física e reputação na busca por respostas.
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