A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 20 de março de 2011

A semana na Ciência

A semana 1- Cientistas criam árvore de mentira que transforma CO2 em oxigênio 



Pesquisadores americanos criaram uma árvore artificial capaz de transformar CO2 (dióxido de carbono ou gás carbônico) em oxigênio.
A ideia dos cientistas é compensar a crescente derrubada das árvores e o aumento na produção de dióxido de carbono para ajudar a equilibrar a produção de oxigênio no mundo.
Para tentar resolver esse impasse, pesquisadores do Centro Lenfest de Energia Sustentável da Universidade de Columbia, liderados por Klaus Lackner, criaram uma árvore artificial que deverá fazer o trabalho de uma de verdade. 
Projetada por Lackner, Mario Caceres e Christian Canonico, do Influx Studio, a máquina absorve o CO2 do ar e emite oxigênio ao ambiente. Batizada de projeto Boston Treepod Initiative, a ávore é parecida com o dragoeiro (Dracaena draco), que é nativo dos arquipélagos das ilhas Canárias, Ilha da Madeira e Açores.
O dragoeiro foi escolhido como modelo por causa de seus amplos ramos e por sua copa na forma de um guarda-chuva, capaz de suportar os enormes painéis solares que fornecem energia à arvore artificial.
Depois de várias tentativas, os pesquisadores perceberam que as árvores não poderiam funcionar apenas à base de energia solar.
Em vez de depender de plugues ou baterias, a fonte secundária escolhida foi a energia cinética das pessoas. As árvores de mentira vão ganhar redes e gangorras que vão fornecer, por meio do balanço, energia para acionar os dispositivos. 

A semana 2 - Será o fim da energia atômica?

Colapso em Fukushima coloca as usinas nucleares no banco dos

 réus mais uma vez. Medo de novos acidentes faz com que líderes

 de vários países repensem o seu uso

Fred Leal
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NA ALEMANHA 
Manifestante protesta em frente à usina nuclear de Neckarwestheim, em Stuttgart, no sábado 12
Pouco mais de uma semana depois do terremoto que devastou o nordeste do Japão, todas as atenções do mundo permanecem voltadas para os seis reatores que compõem o complexo nuclear da usina de Fukushima 1. A central nuclear é operada pela Tokyo Electric Power Company (Tepco), que acabou se tornando protagonista involuntária na discussão sobre segurança e validade da energia nuclear. Suas operações de contenção no Japão estão sob escrutínio internacional – com direito a transmissão em tempo real pela internet –, ao passo que líderes de diversos países expressam seus receios quanto aos benefícios da tecnologia.
Mesmo as nações de forte tradição nuclear, como a Alemanha, anunciaram medidas que aceleram a redução da dependência atômica. A chanceler do país europeu, Angela Merkel, anunciou na segunda-feira 14 – depois de uma série de manifestações populares – uma moratória nas políticas pró-nucleares do país, efetivamente impondo revisões de segurança nas usinas alemãs. Um dia depois, Angela paralisou o funcionamento de sete delas, provocando reações indignadas dentro de seu próprio partido, que tem viés conservador.
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NA FRANÇA 
Ativistas pedem o fim do uso da energia atômica em Paris, no domingo 13
É o primeiro sinal de que o acidente no Japão deve gerar uma queda significativa no uso de uma tecnologia que sempre assombrou o mundo por conta de seu potencial e das catástrofes ligadas a ela. A crise do petróleo de 1973 aumentou o interesse da população e dos políticos por fontes renováveis de energia – vide a introdução do etanol no Brasil –, mas também deixou o planeta ainda mais dependente da queima do carvão mineral e das usinas nucleares. Agora, em um mundo também preocupado com o aquecimento global e as emissões de gases do efeito estufa, países europeus, como França e Suécia, enfrentam uma crise energética peculiar: a da opinião pública. É hora de mudar.
“A situação em Fukushima é extremamente excepcional e improvável de se repetir em qualquer outra usina nuclear”, afirma Patrick Moore, um dos fundadores e hoje dissidente do grupo de defesa do meio ambiente Greenpeace. Moore se afastou do núcleo da ONG que ajudou a criar por discordar dos métodos empregados pelos ativistas nos últimos anos. “O Greenpeace está errado porque a energia nuclear é a única tecnologia que pode substituir o consumo de carvão mineral. Se um barco afunda, não banimos os barcos”, compara. Moore – protagonista das primeiras campanhas do então desconhecido Greenpeace – tornou-se um pária entre os ambientalistas, que o acusam de representar o interesse de madeireiras e de usineiros atômicos.
Por maior que tenha sido a evolução da tecnologia nuclear nas últimas décadas, fatores como a ação imponderável da natureza e a falha humana não podem ser descartados da equação. “Os benefícios superam os riscos”, afirma Moore, que hoje atua como consultor sobre meio ambiente e sustentabilidade à frente da empresa GreenSpirit Strategies. Sua opinião é rechaçada por especialistas de diversos países – como o ex-reitor da USP e ex-presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), José Goldemberg, que joga por terra o conceito de que a energia nuclear pode ser considerada verde. “Energia nuclear só é ‘limpa’ porque não provoca a emissão de gases do efeito estufa, como dióxido de carbono. Ela é ‘suja’ porque o lixo radioativo é perigosíssimo e acidentes nucleares como o do Japão podem lançar radioatividade na atmosfera”, diz Goldemberg.
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Hiroshima
1945 – A cidade em ruínas depois do bombardeio nuclear norte-americano
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Natori
2011 – Casal carrega seus poucos pertences
nas ruas ainda enlameadas da cidade devastada
A preocupação com os níveis de emissão de gases poluentes na atmosfera se tornou uma das principais bandeiras ambientalistas e o movimento ganhou força com as mudanças climáticas sendo sentidas por todo o mundo nos últimos anos. Mas os acontecimentos em Fukushima trouxeram à tona o medo de um acidente como o de Chernobyl. Em 1986, uma fração significativa do material radioativo foi exposta após um acidente crítico na usina soviética, impondo a criação de uma zona de exclusão de 30 quilômetros ao redor da área atingida. O evento é considerado o único a alcançar o nível máximo de risco (nível 7) na escala para medição de eventos nucleares internacionais (International Nuclear and Radiological Event Scale).
O acidente em Fukushima foi classificado pelo governo japonês em nível 5 na mesma escala, indicando que as consequências ultrapassaram os limites locais. Especialistas russos e franceses discordam da análise, alegando que o evento deveria ser classificado no nível 6, de maior alcance e risco. Se houve má-fé na avaliação ou o intuito de esconder a real situação dos reatores, o efeito alcançado acabou sendo o inverso. Com a cobertura ostensiva da imprensa internacional, que acompanha o que acontece minuto a minuto nos reatores da usina, uma classificação de “apenas” nível 4 provoca ainda mais insegurança e receio de um possível acidente em nível 6 ou 7. Apenas na sexta-feira 18 é que o governo japonês reclassificou o acidente para o nível 5.
O resultado é que boa parte dos países dependentes da energia nuclear começa a buscar políticas mais severas para a avaliação de suas usinas. Além da Alemanha, Rússia, Índia e Espanha já encomendaram novos relatórios sobre o estado de suas instalações em funcionamento, e a Venezuela de Hugo Chávez optou por suspender os planos de erguer uma central ­nuclear. A China, que atualmente constrói 27 plantas atômicas, anunciou na quarta-feira 16 que as aprovações de novos projetos também foram interrompidas até que seus padrões de segurança sejam revistos. O Chile, país de histórico sísmico parecido com o japonês, enfrenta onda de protestos desde que seu governo anunciou a assinatura de um acordo de cooperação nuclear com os Estados Unidos, também na quarta-feira 16.
Nações asiáticas muito populosas, como Índia, China e Coreia do Sul, enfrentam o problema adicional do alto consumo, virtualmente impossível de ser garantido a curto prazo com alternativas consideradas “verdes”. O perigo se repete nas regiões em desenvolvimento, como América Latina, Leste Europeu e África, nas quais economias aquecidas e o crescimento acelerado impulsionam a demanda.
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DEPENDÊNCIA
Usina de Tarn-et-Garonne, uma das 58 em atividade na França
A reação internacional foi quase imediata, com protestos antinucleares tomando ruas do Chile, da Inglaterra, França, Turquia e África do Sul. Na Alemanha, onde 80% da população afirma ser contra o uso da energia nuclear, 60 mil pessoas formaram uma corrente humana de 45 quilômetros entre a cidade de Stuttgart e a usina de Neckarwestheim.
O ano de 2002 marcou o pico histórico do número de reatores nucleares em operação ao redor do mundo: eram, ao todo, 444. O começo da década chegou a ser chamado de “Renascimento Nuclear”, impulsionado pela necessidade de redução da dependência do carvão mineral e da emissão de gases poluentes na atmosfera e pelo aumento do preço do petróleo. Os acontecimentos em Fukushima e a iminência de um acidente que alcance os mesmos níveis de risco apresentados em Chernobyl representam, no entanto, um golpe talvez definitivo ao lobby atômico.
O Japão – única nação atingida por bombas atômicas em situação de guerra na história – foi um dos primeiros países a lançar as bases do uso pacífico da energia nuclear durante sua recuperação no pós-guera. Agora, mais uma vez, serve de exemplo para o mundo ao mostrar como somos impotentes diante da fúria da natureza. Resta saber quantos “eventos excepcionais” serão necessários até que se chegue a um consenso razoável sobre quais são as fontes de energia verdadeiramente confiáveis e benéficas para todos nós.
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A Semana 3 - Esse homem escapou de Hiroshima

Takashi Morita, que vive no Brasil, era policial militar na cidade

 japonesa arrasada pela bomba nuclear na Segunda Guerra

 Mundial. Ele conta o que viu e como sobreviveu à explosão

Bruna Cavalcanti, Fotos Pedro Dias
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“Fui empurrado para longe e quando consegui levantar vi
um clarão forte. Depois, veio a chuva preta. Desesperadas por água,
as pessoas engoliam a radiação que vinha das nuvens”
Takashi Morita, fundador da Associação Hibakusha Brasil pela Paz
As vítimas do bombardeio de Hiroshima e Nagasaki sempre recusaram a denominação de “sobreviventes”. Elas entendem que esta palavra dá uma ênfase exagerada ao fato de elas estarem vivas, o que poderia sugerir um certo desrespeito para com os mortos sagrados. Assim, num exemplo característico do extremado recato japonês, quem escapou com vida daquele inferno adotou um termo mais neutro para se qualificar. Elas se chamam apenas de “hibakusha”, que significa, literalmente, pessoa afetada pela explosão. Takashi Morita é uma delas. Aos 88 anos ele vive no bairro paulistano de Jabaquara e se considera um abençoado por Deus. Chegou ao Brasil em 1956 com a mulher e dois filhos. Carregava um diagnóstico de leucemia, junto com a esperança de que poderia recuperar a saúde mudando de ares. A leucemia jamais se manifestou por aqui. Ativo, em 1984 ele fundou a Associação Hibakusha Brasil pela Paz, que reúne 120 sobreviventes da tragédia e seus descendentes. Hoje, Morita se vê novamente às voltas com o drama do perigo nuclear: seu neto Victor Massamichi, 33 anos, mora em Tóquio com a mulher.
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"Os sobreviventes de Hiroshima sempre se
posicionaram contra o uso da energia nuclear"
Na foto, Morita, quando era da Polícia Militar japonesa
ISTOÉ – Onde o sr. estava e o que fazia em Hiroshima no dia da explosão da bomba?Morita – Lembro de cada detalhe daquele dia como se fosse hoje. Vi, vivi e senti tudo de perto. Foi o inferno. Na época, eu tinha 21 anos e integrava a Polícia Militar japonesa. Estava em missão havia dois dias em Hiroshima, que ainda não tinha sido bombardeada como outras cidades. Quando a bomba explodiu, eu estava a apenas 1,3 quilômetro do hipocentro. O dia estava ensolarado e muito bonito. Havia muitas crianças na rua. Fui empurrado para longe e quando consegui levantar vi um clarão forte. Depois, veio a chuva preta. Desesperadas por água, as pessoas engoliam a radiação preta que vinha das nuvens porque achavam que aquilo iria acabar com a sensação de sede que sentiam. Ao meu redor, várias pessoas, inclusive crianças, gritavam por socorro. Eu só conseguia pensar: a maioria morreu e eu me salvei. O terror era absoluto. Ninguém tinha ideia do que estava acontecendo.
ISTOÉ – Como o sr. se salvou?
Morita – Minha sorte é que estava de costas para o lado da explosão e fardado. A vestimenta e o boné que usava me protegeram. Tive apenas queimaduras fortes no pescoço. Vaguei pelas ruas arrasadas de Hiroshima. Minha única preocupação era salvar a vida de quem podia. Por onde passava no centro da cidade, o rastro era de destruição. Até hoje sou capaz de lembrar do cheiro fétido dos cadáveres amontoados pelas calçadas. Lembro da pele das pessoas caindo e da fome e sede que sentiam. Tudo o que eu queria era prestar socorro às vítimas. Fiz até o parto de uma mulher no meio da rua. Só depois de dois dias é que fui tratar dos ferimentos que já estavam infeccionados na minha nuca.
ISTOÉ – Muitos japoneses sentiam vergonha por terem sobrevivido à bomba. O sr. tem esse sentimento?
Morita – Quem sobrevive a isso carrega pelo resto da vida a radiação e a memória de todo aquele horror. Mas não sinto remorso nem culpa. Ajudei a salvar a vida de muita gente. Considero-me abençoado e tenho muita motivação para viver. Acho que Deus me deixou vivo por uma missão: falar para as pessoas sobre os perigos da radiação. As pessoas precisam aprender definitivamente que a humanidade e a energia nuclear não podem caminhar juntas.
ISTOÉ – Como o sr. vê hoje o risco nuclear em Fukushima?
Morita – Os sobreviventes de Hiroshima sempre se posicionaram contra o uso de energia nuclear. Chegaram a nos chamar de arcaicos e antiquados por isso. O governo sempre falou que era seguro. Onde está agora essa segurança? O uso de energia nuclear é uma ameaça silenciosa.
ISTOÉ – O sr. acha que o Japão vai conseguir se recuperar de toda essa tragédia?
Morita – Mais uma vez, os japoneses vão trabalhar muito e conseguirão reconstruir o país. Nosso povo é unido. A vida vai continuar.
ISTOÉ – O seu neto, Victor, está em Tóquio neste momento e já falou para o sr. que não vai abandonar o país. Sente medo de que aconteça alguma coisa com ele?
Takashi – Deus vai cuidar dele como cuidou de mim.

Pra curtir o domingo....




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