Concurso premia fotos em escala reduzida que revelam a beleza oculta nos experimentos científicos
Certas vezes, as fronteiras entre arte e ciência simplesmente desaparecem. A explosão de cores de uma galáxia capturada por um telescópio espacial ou a linguagem musical das baleias são apenas dois exemplos superlativos desse fenômeno. Mas há quem prefira buscar o belo em escala muito menor. Na semana passada, foram anunciados os vencedores da edição 2010 do concurso Nikon Small World. Realizado há 36 anos, ele premia as melhores imagens microscópicas captadas por cientistas e fotógrafos de todo o planeta.
Neste ano, o número 1 entre os mais de 2.200 trabalhos inscritos alcançou o topo graças ao inusitado. O que parece ser as linhas de um monitor cardíaco, daqueles usados para acompanhar pacientes em hospitais, é uma foto das fibras do coração de um mosquito, realizada com o auxílio de reagentes fluorescentes e ampliada 100 vezes. “Meu trabalho é entender como os mosquitos transportam nutrientes, hormônios e doenças como a malária”, diz o autor da imagem, o pesquisador da Universidade Vanderbilt (EUA) Jonas King. Mãos à obra.
A semana 2 - Novo tratamento para o suor em excesso
Cientistas brasileiros provam que é possível controlar o problema com comprimidos, sem necessidade de cirurgia
A expressão “suar em bicas” pode parecer exagero para muita gente. Não para o corretor de imóveis Hamilton Fernando Silva, 41 anos, portador de hiperidrose – um distúrbio nas glândulas sudoríparas no qual elas trabalham demais e levam a pessoa a transpirar muito além do normal. Para evitar o constrangimento do excesso de suor descendo pelo rosto, fizesse frio ou calor, Silva criou o hábito de andar sempre com uma toalhinha. A companheira inseparável, porém, foi aposentada há oito meses. Na verdade, substituída. Em vez do pedaço de pano, ele agora leva consigo comprimidos de oxibutinina, que toma uma vez por dia. “É maravilhoso. Antes precisava enxugar o rosto o tempo todo. Com a medicação, isso acabou”, comemora.
Silva é um dos participantes de um estudo recém-concluído da Universidade de São Paulo sobre o uso da oxibutinina para o tratamento da hiperidrose. Os resultados desse trabalho, coordenado pelo médico Nelson Wolosker, professor do departamento de cirurgia vascular, são alentadores: entre 50% e 70% dos pacientes responderam bem ao medicamento. “Antes, as opções disponíveis para tratar o problema eram a cirurgia ou o botox”, fala Wolosker. No entanto, o efeito da toxina botulínica não é definitivo e a substância precisa ser reaplicada periodicamente. O procedimento cirúrgico também não é garantia de cura. Há pessoas que, após a operação, passam a suar exageramente em outras regiões do corpo. É a chamada hiperidrose compensatória.
As tentativas de usar remédios contra a hiperidrose não são novidade. Substâncias da mesma família da oxibutinina são testadas há décadas, sem muito sucesso devido aos efeitos colaterais. O avanço obtido pelo grupo brasileiro foi testar a oxibutinina e minimizar as reações adversas. “Dor de cabeça e boca seca eram as principais reclamações”, conta Wolosker. Além disso, a oxibutinina provou ser uma solução para quem desenvolve a forma compensatória da doença. Por isso há expectativa pelo uso do tratamento por outros especialistas. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, Guilherme Pitta, o órgão aguarda apenas a publicação dos estudos para divulgar a nova diretriz aos seus associados. “Com a comprovação científica da eficiência do método, podemos orientar outros médicos a usá-lo também”, diz Pitta.
A semana 3 - O primeiro idoso
Cientistas encontram ossada de 500 mil anos e comprovam que, naquela época, nossos ancestrais já estavam na terceira idade aos 45
Ele andava com as costas curvadas, os joelhos permanentemente dobrados e sempre apoiado por um bastão, que lhe servia de bengala. Sofria com fortes dores nas costas devido a doenças ósseas, que também o impediam de caçar. Por causa de seu estado frágil, dependia da solidariedade alheia para poder comer. Essa era a rotina de um senhor no alto de seus 45 anos no Pleitoceno Médio, cerca de 500 mil anos atrás, no norte da Espanha. Quase todas as suas vértebras lombares e a pelve (os ossos que formam o quadril) foram encontrados no sítio Sima de Los Huesos. É o primeiro registro de “velhice” entre os ancestrais do homem.
A descoberta foi revelada na edição da semana passada da revista especializada “PNAS”. O indivíduo pertencia à espécie Homo heidelbergensis, provavelmente um ancestral dos neandertais – que dominaram a Europa antes da chegada do homem atual ao continente. “Os restos encontrados são os únicos desse período”, diz o espanhol Juan Luis Arsuaga, chefe do estudo. Cicatrizes em várias das vértebras sugerem um choque constante entre elas enquanto o sujeito andava, o que fez com que se remodelassem e adquirissem um formato diferente das de pessoas saudáveis. As dores podem ter sido intensificadas graças a longas caminhadas na juventude, carregando grandes caças.
Embora hoje seja, no mínimo, precipitado chamar alguém de 45 anos de idoso, os pesquisadores acreditam que os indivíduos de Sima de los Huesos se desenvolviam mais rápido do que os humanos atuais. Além do fator genético, é preciso levar em conta os hábitos nômades e a necessidade de caçar. A descoberta, no entanto, revela uma característica até então sem registros anteriores em hominídeos tão remotos: a solidariedade. Como não podia caçar, é possível que companheiros do mesmo grupo levassem comida para o quarentão. Por mais dura que fosse a vida naquela época, um velhinho ainda podia esperar que alguém cuidasse dele.
"Superbactérias estão matando"
A superbactéria KpC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase) pode ter causado 18 mortes no Distrito Federal este ano. Há outros 187 casos suspeitos de infecção. a bactéria circula por Utis de grandes hospitais de são paulo desde 2008. a KpC afeta especialmente pacientes que estão sob cuidados intensivos e neonatais. para infectologistas, a batalha contra bactérias assim está quase perdida. o assustador é que o simples ato de lavar as mãos com frequência – que não chega a 40% em grande parte dos hospitais de são paulo – poderia ajudar
"Encontro das águas, tombado e protegido"
O Encontro das Águas venceu a primeira batalha. Por ora, o local onde as águas escuras do rio Negro se misturam às do rio Solimões para, mais à frente, formar o rio Amazonas, está protegido. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tombou provisoriamente uma área de 30 quilômetros quadrados onde se dá o fenômeno. A proteção surge em função da obra do Porto das Lajes, a 2,4 quilômetros do fenômeno e orçada em R$ 220 milhões, mas embargada há cinco meses por falta de licenciamento ambiental. Idealizado para servir à Zona Franca de Manaus, o porto ficaria próximo ao Encontro das Águas e ao lado de um sistema de captação de água. O temor do Ministério Público é claro: que a obra destrua o fenômeno e contamine a água que abastece 300 mil pessoas. Caberá ao conselho consultivo do Iphan nos próximos dias a decisão final sobre o tombamento e o que fazer com a obra iniciada.
TIRINHA DO DIA
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