A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Antes e Depois

Manipulação de fotos, antes e depois do Photoshop


O Photoshop facilitou a adulteração, mas não a começou: manipular a fotografia é um expediente tão antigo como a própria fotografia.
O famoso retrato do presidente abolicionista, Abraham Lincoln, é um bom exemplo para começar. Há muitos mais, como poderão ver a seguir.
Lincoln nunca posou para a foto pela simples razão de que já tinha sido assassinado quando aquela foi composta, em 1865. A cabeça de Lincoln foi retirada de uma fotografia mais antiga tirada por Mathew Brady e «colada» ao corpo de outra pessoa, um político sulista que provavelmente teria combatido as ideias abolicionistas de Lincoln.
O autor do truque foi Thomas Hicks, um pintor, não um fotógrafo; Hicks era essencialmente um retratista, dos importantes e bem relacionados, pois já pintara o próprio Lincoln. Os historiadores acreditam que o truque se revelou necessário por não existir em arquivo uma foto do presidente em «pose heroica».
Hicks utilizou na composição a pose napoleónica do político sulista e antigo vice-presidente americano, John C. Calhoun.
E isto é uma enorme ironia, tendo em conta o carácter iconográfico deste retrato, o que Lincoln representa para os americanos e as ideias de Calhoun.
Calhoun, filho de ricos, considerava a escravatura um «bem positivo»; a sua figura serviu de inspiração aos secessionistas que Lincoln combateu. Se não tivesse morrido dez anos antes do início da Guerra Civil, Calhoun ter-se-ia provavelmente colocado ao lado das forças que combateram a União.
O conteúdo da mesa onde este Lincoln apoia a mão também foi alterado: na fotografia original de Calhoun, os papéis sobre a mesa diziam «estrita constituição», «comércio livre» e «soberania dos Estados»; na versão com a cabeça de Lincoln, os papéis já diziam «constituição», «união» e «proclamação de liberdade».

MANIPULAÇÕES MODERNAS

Abril de 2007: Allan Detrich achou que a foto ficava mais interessante se «plantasse» uma bola de basquetebol. Ao todo, o jornal The Blade registou 79 fotos digitalmente alteradas por Detrich.
Julho de 2007: a revista Redbook usou o Photoshop para emagrecer e maquilhar o rosto da cantora e atriz Faith Hill.
Julho de 2008: o sítio Sepah News, braço mediático dos Guardas da Revolução iranianos, publicou uma foto retocada de um teste de lançamento de mísseis: o míssil adicional foi colocado na foto para tapar o que se avariou.
Fevereiro deste ano: na ânsia de provar que o Barcelona conseguira um golo em fora-de-jogo no desafio com o Atlético de Bilbau, o jornal As «apagou» um defesa que colocava o avançado do Barça em posição legal. Mais tarde desculpou-se com um «erro infográfico».
Ao exemplo do iconográfico retrato de Lincoln, seguiram-se incontáveis manipulações – por razões de propaganda, editoriais, estéticas ou pura aldrabice.
Este fantástico sítio, da autoria de Hany Farid, professor de Ciência Computacional e diretor do Instituto Neukom de Ciência Computacional, escreveu um artigo apontando inúmeros exemplos de manipulações ocorridas ao longo de quase 200 anos de história – só este trabalho é de leitura obrigatória, mas todo o sítio é de uma enorme riqueza para quem se interessa por fotografia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário