A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

sábado, 9 de abril de 2011

Demócrito e o átomo : uma grande idéia sobre algo pequeno


Demócrito e o átomo : uma grande idéia sobre algo pequeno





Pelos registros, Demócrito era originário de Abdera, uma cidade da Trácia, província grega. Pode ter sido aluno de Leucipo, ou não, o relacionamento deles é incerto, mas parece-me que era um tipo de faz tudo escrevendo sobre física, matemática, música, astronomia, literatura e ética – com registro de 50 obras ao todo. Nenhuma delas sobreviveu, porem já foi escrito o suficiente sobre ele e suas realizações para lhe garantir um lugar entre os gigantes dos antigos pensadores gregos.

Demócrito, como Empédocles, perguntou sobre os elementos básicos da natureza. Se você cortar uma torra em dois pedaços, depois cortar de novo, de novo....o que restaria? Com uma faca perfeita você continuaria cortando para sempre? Não pensou Demócrito, tem de haver algum limite menor. Tem de haver um ponto onde a matéria não pode ser mais dividida, algum elemento básico que não pode mais ser cortado. Ele chamou aquela entidade de atomon – literalmente, indivisível. Hoje chamamos de átomo elemento básico da matéria. Disse Demócrito, que o processo de cortar é uma ilusão. Quando dizemos estamos cortando um objeto em dois, o que realmente queremos dizer é que estamos inserindo uma faca no espaço vazio entre átomos, empurrando alguns átomos para direita e outros para esquerda. Quando estamos reduzidos a um único átomo, esse tipo de divisão não é mais possível.

Para Demócrito, os átomos eram fundamentais, as complexidades da natureza, o comportamento dos flamenguistas e bestas feras – tudo foi resultado de diferentes tipos de átomos se juntando em várias configurações.
Segundo Demócrito, existem átomos em um número infinito de formas e tamanhos diferentes, porem cada um individual, eterno e imutável. Ele até sugeriu o mecanismo pelo qual os átomos podiam se ligar uns aos outros:

Ao átomos tem toda sorte de formas, aparências e tamanhos diferentes...alguns são ásperos, alguns têm forma de gancho, alguns são côncavos, alguns são convexos e outros inúmeras variações...alguns deles ricocheteiam em direções aleatórias, enquanto outros se encandeiam por causa da simetria de suas formas, posições e arranjos, e assim permanecem juntos. Foi assim que começaram os corpos compostos.
Podemos pensar nesse átomo como peças de Lego da natureza: cada um contém pinos ou buracos que possibilitam um conexão com os vizinhos. Os átomos em si podem ser simples, mas, com bilhões deles organizados em infinitas combinações podem formar objetos e toda forma e tamanho.

Demócrito como Tales e Empédocles, merecem o rótulo de materialistas pois procuram explicações materiais, ou física, para o que viam na natureza.

Ele via o mundo natural com causa e efeito lógico e não como uma loteria da caixa econômica federal ou uma diversão dos deuses gregos. Diz o que lemos que preferia descobrir uma única nova causa do que ser Rei da Pérsia. Na sua teoria Demócrito incluiu os deuses gregos em sua teoria, dizendo que também eram compostos por seus quatro elementos, pode até ter comparado uma divindade específica a cada um dos elementos. Demócrito, contudo, manteve os deuses numa posição inferior; eles tinham pouco a ver com seus átomos, um gigante no pensar.

Como resultado, podemos observar uma linha divisória entre a ciência e a religião, tremendo.
Os gregos deram um tremendo passo para além da mitologia, oferecendo-nos um novo modo de pensar sobre o mundo. Comentei em sala com os meus alunos que a continuidade da filosofia grega, nos teria deixado hoje numa maior evolução científica, eu acredito nisso, pois após os pré-socráticos a ciência teve uma nova visão apenas com a revolução copernicana, mais esta é uma outra História; estudar a filosofia grega é algo que estou descobrindo como grandioso, aproveitem ao máximo suas aulas. Espero que tenham gostado do post, um abraço.


Texto sugerido pela Professora Ara Magna


Demócrito (460 - 371 a.C.)

Para Demócrito é impossível o não ser. O ser é pleno, o não ser é o vazio.
As coisas nascem quando se juntam e a morte é a separação das coisas. O que origina as coisas reais é um infinito número de corpos que são invisíveis porque tem um volume muito pequeno. Esses corpos são os átomos que em grego significa não divisível. Eles não são divisíveis porque se fossem divisíveis ao infinito eles iriam se dissolver no vazio. Os átomos são naturalmente indestrutíveis, não criados e imutáveis. Os átomos não se diferenciam quanto à qualidade, todos eles são igualmente um ser completo, o que os diferencia é a forma ou a figura geométrica que eles assumem. São diversos entre si como as letras do alfabeto, mas podem formar diversas palavras e discursos através das suas combinações.

O átomo tem uma forma originária e única. A forma do átomo também é indivisível. O que diferencia um átomo dos outros é a sua figura, a sua posição e a sua organização. Esses três elementos que distinguem um átomo do outro podem assumir variações infinitas. Os nossos sentidos não conseguem perceber o átomo, mas a nossa inteligência consegue conhece-los. Eles são eternamente contínuos o por isso diferente dos outros corpos que são a junção de diferentes e diversos átomos. A qualidade de todos os corpos depende da forma e da ordem dos átomos que os compõem.

Os átomos possuem qualidades próprias como movimento, número, dureza e forma, mas cor, sabor, odor, calor e frio são aparências que provocam sensações em nossos sentidos mas não pertencem aos átomos. Os átomos provocam essas essas qualidades objetivas devido à suas combinações.
Os átomos são espontaneamente animados, eles se chocam ou se ricocheteiam entre si, gerando o nascimento a morte ou a mudança das coisas. As leis que regem o movimento dos átomos são imutáveis. O movimento dos átomos é giratório e eles ao girar chocam-se em todas as direções produzindo um vértice, nesse movimento as partes mais pesadas vão para o centro e as mais leves vão para a periferia. No movimento vertical os átomos mais pesados descem empurrando os átomos mais leves para cima. Através desse movimento são gerados infinitos mundos que se criam e se dissolvem também infinitamente.

O conhecimento também é explicado através desse movimento. A imagem que emana do átomo produz nas pessoas uma sensação, essas sensações são percebidas através do tato que é gerado pelo contato dos átomos com o corpo das pessoas. Mas mesmo com essas possibilidades para Demócrito nosso conhecimento ainda é limitado. Além de limitado o conhecimento modifica de pessoa para pessoa e vai depender também das circunstâncias. Esse conhecimento não nos dá um critério incontestável para definirmos a verdade e a falsidade. Podemos chegar a um conhecimento mais aprofundado dessa realidade utilizando o conhecimento racional que é uma ferramenta mais sensível que possuímos. Através do conhecimento racional pode ser distinguida a aparência da realidade.

A Ética

A concepção de ética em Demócrito não tem relação com as suas concepções físicas. Para ele o mais nobre bem que o homem pode alcançar é a felicidade. Essa felicidade não está no possuir as coisas, na riqueza. A felicidade mora somente na alma. A justiça e a razão é que nos tornam felizes. Somente através da razão vamos conseguir superar o medo da morte. Os excessos perturbam a alma do homem pois geram nele movimentos muito fortes. Os excessos geram movimentos de um extremo ao outro criando a inconstância e o descontentamento no homem. A alegria espiritual não está ligada ao prazer que não é em si mesmo um bem. O que é realmente necessário vai vir do belo. Devemos respeitar a nós mesmos antes de qualquer coisa.

Demócrito condenava o matrimônio porque este se fundamenta nas relações sexuais e as relações sexuais reduzem o domínio que o homem tem de si mesmo. Condenava o casamento também porque a educação dos filhos diminui a dedicação ao trabalho.

Sentenças:
- Fama e riqueza sem inteligência não são posses seguras.
- A palavra é uma sombra das ações.
- O homem é um pequeno mundo.
- Para mim um homem vale tanto quanto uma multidão e uma multidão tanto quanto um homem.
- É sinal de alma elevada suportar os excessos dos outros.
- Quem cede diante do dinheiro não será jamais um homem justo.
- O ignorante pensa sempre que não tem o que ele não conheça.
- Tudo que existe no universo é fruto do acaso e da necessidade.
- Não por medo, mas por obrigação, temos que nos distanciar dos erros.
- É adequado cedermos diante da lei, diante do governante e diante do mais sábio.
- Para persuadirmos muitas vezes a palavra é mais funcional do que o ouro.
- Muitos dos que cometem as ações mais vergonhosas argumentam com as melhores razões.
- Em matéria de virtude é necessário esforçar-se por fatos e atitudes e não por palavras.
- A quem tem um jeito de ser ordenado a sua vida resulta ser ordenada.
- É arrogância querer falar de tudo e não querer ouvir nada.
- Viver não vale a pena para quem não tem um bom amigo.
- A música é a mais jovem das artes, porque não é feita por necessidade, mas surge do supérfluo.
- O melhor para o homem é passar a vida o mais contente e o menos aflito possível. Isso seria possível se os prazeres não se baseassem em coisas passageiras. 
- Os homens em sua fuga da morte a vai perseguindo.
- Uma vida sem festas é um longo caminho sem repouso.
- Discreto é aquele que não se aflige com o que não tem, mas se alegra com o que tem.
- Nada existe além de átomos e do vazio.
- O animal é tão ou mais sábio do que o homem: conhece a medida da sua necessidade enquanto o homem a ignora


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