A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 10 de abril de 2011

A semana na Ciência


A opção ainda é suja


Os Estados Unidos apostam no gás de xisto como substituto do

 petróleo e do carvão na fase de transição rumo às energias

 limpas

Fred Leal
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PRODUÇÃO 
Operária em central de distribuição de gás de xisto nos EUA
Enquanto o Brasil discute os rumos do petróleo na camada do pré-sal e lida com a alta do etanol, potências como os Estados Unidos correm contra o tempo para reequilibrar suas balanças energéticas sem deixar de lado as metas de redução de gases poluentes. A bola da vez é o gás de xisto, considerado um combustível até duas vezes mais limpo que o carvão mineral. Não por acaso, a revista “Time” dedicou a capa de sua edição da semana passada ao recurso natural, sob o título “Esta rocha poderia energizar o mundo”.
O maior empecilho para o gás de xisto é o seu custo, bem superior ao da concorrência. Ainda assim, o crescimento do interesse por energias limpas, somado à descoberta de novas reservas do combustível nos EUA, pode turbinar a fonte energética. Trocando em miúdos, ela é a mais forte candidata a opção número 1 na transição entre a suja era do petróleo e um futuro verde, assim como o nosso etanol.
Apesar de já ser usado no aquecimento de mais de 60 milhões de casas nos EUA, além de fornecer cerca de 25% de toda a eletricidade consumida no país, o gás de xisto ainda é envolto por uma espessa nuvem de dúvidas, até mais perigosa que a poluição que causa. Diferentemente do etanol brasileiro, que conta com forte subsídio governamental desde sua criação, o pouco conhecido processo de extração do gás obtido a partir da rocha sedimentar folhelho – popularmente conhecida como xisto betuminoso – foi desenvolvido pela iniciativa privada.
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IN NATURA
Reservas de xisto betuminoso no nordeste dos EUA
No entanto, a situação pode começar a mudar. A paranoia nuclear despertada após o acidente em Fukushima ecoa nos grandes polos de extração do gás de xisto nos EUA, como o Estado da Pensilvânia. Em áreas como Bradford County, moradores reclamam há anos dos efeitos nocivos da exploração, responsabilizando-a pela contaminação de lençóis freáticos, envenenamento de animais e redução da flora. O processo conhecido como fraturação hidráulica, usado para direcionar o gás de volta à superfície (leia quadro), consiste na perigosa injeção no subsolo de água misturada a areia e diversos elementos tóxicos.
A consequência mais impressionante, porém, acabou virando tema de documentário indicado ao Oscar no começo do ano: “Gasland” mostra o impacto da exploração do gás na vida de famílias que vivem ao redor de suas fontes. Na cena mais chocante do filme, uma torneira comum de cozinha cospe fogo devido aos altos índices de concentração de metano na água. A descoberta da gigantesca fonte Marcellus, no populoso nordeste americano, lançou uma nova corrida similar à busca pelo petróleo no Texas no começo do século XX. A adoção do gás de xisto, no entanto, ainda depende de fatores como a evolução da tecnologia de extração e maior transparência nos métodos utilizados pelas grandes companhias energéticas. Com o começo deste século apontando para a necessidade de transição entre combustíveis fósseis e renováveis, o gás sai na frente.
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Resgate no fundo do mar


Como submarinos-robôs acharam novos destroços do voo 447 da

Air France a quase 4 km de profundidade e podem ajudar a 

esclarecer o acidente ocorrido em 2009

Fred Leal
Assista a vídeo que mostra como o equipamento conseguiu encontrar os destroços do Airbus A330 :
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TRAGÉDIA 
Imagem captada por robô-submarino mostra trem de pouso do Airbus
Já se passaram quase dois anos desde que o Airbus A330 da Air France caiu no Oceano Atlântico, no caminho entre Rio de Janeiro e Paris. Inicialmente, apenas os corpos de 50 das 228 vítimas a bordo da aeronave foram encontrados, mas descobertas próximas ao arquipélago de São Pedro e São Paulo, no nordeste de Fernando de Noronha, revelaram a presença de mais destroços da aeronave na semana passada, além de um número não divulgado de restos mortais. O achado é fundamental para as investigações do caso porque pode ajudar a esclarecer as circunstâncias da tragédia e levar alento a centenas de familiares que ainda não puderam enterrar os seus entes queridos.
A descoberta só foi conseguida graças ao uso da tecnologia de Veículos Submarinos Autônomos – uma classe de pequenos robôs submarinos controlados remotamente, capazes de analisar as áreas mais profundas e inacessíveis no fundo do oceano. Desenvolvido pela Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI) em parceria com os escritórios de pesquisa e oceanografia naval dos Estados Unidos, o submarino Remus 6000 é considerado uma das mais modernas ferramentas de exploração marítima disponíveis. Equipado com sensores não muito diferentes dos encontrados em um smartphone, como GPS e sistema de navegação inercial, o Remus 6000 é utilizado principalmente no mapeamento do fundo oceânico para empresas petroleiras ou de exploração mineral. Acrescido de ferramentas adicionais, como câmera de vídeo e sonar 3D, o veículo se torna um aliado poderoso em missões de busca como a do avião da Air France.
A combinação das diferentes tecnologias de mapeamento, somada à análise das características oceânicas, garante uma avaliação bastante precisa da área explorada pelo Remus 6000, gerando mosaicos de imagens capturadas tanto por câmeras quanto por sonar. Os recursos tecnológicos possibilitam investigações em áreas mais profundas do oceano – os destroços do Airbus da Air France foram localizados a quase quatro quilômetros da superfície, distância recorde em buscas desse tipo. Para entender melhor a dimensão do mergulho, é preciso lembrar que os equipamentos tradicionais de exploração submarina alcançam, em média, apenas 50 metros abaixo da superfície.
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TRIBUTO 
Memorial em Paris homenageia as vítimas do acidente ocorrido em 2009
O resgate do Airbus também será feito por robôs-submarinos e, devido ao ineditismo do caso, a fragilidade dos destroços preocupa as autoridades francesas. A área onde os restos do avião se encontram, a 3.900 metros, é considerada um dos fatores de maior risco na recuperação dos corpos das vítimas. A janela de quase dois anos entre a queda do avião e sua recuperação também preocupa, por causa do efeito do tempo na decomposição. Mas o grupo comandado pelo governo francês guarda esperança no fato de que, a quase quatro quilômetros da superfície, a temperatura do oceano chega bem próxima do zero, favorecendo a conservação.
O submarino Remus 6000 tem preço estimado de US$ 2,5 milhões – valor considerado baixo em relação aos seus benefícios garantidos, principalmente no caso das explorações comerciais. Ain­da assim, é possível encontrar modelos menores e mais simples da ferramenta, também fabricados pela empresa americana Hydroid. O Remus 100, por exemplo, é utilizado pela Marinha americana no rastreamento de minas marítimas.
No Brasil, os parentes das vítimas do acidente com o avião francês se organizam para encontro com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e com a assessoria da Presidência da República. A Associação dos Familiares do Voo da Air France, presidida por Nelson Faria Marinho, exige maior participação do governo brasileiro nas buscas, até agora comandadas por equipes do país europeu. A alegação dos associados é de que os familiares das vítimas brasileiras não recebem o mesmo suporte que os parentes dos passageiros franceses, sendo vítimas de discriminação pela Air France. Outro importante ponto levantado pela associação brasileira é o conflito de interesses existente na investigação: o governo francês também é acionista tanto da empresa Airbus, fabricante do avião, quanto da companhia aérea Air France.
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