A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 3 de julho de 2011

A Semana na Ciência


Velório no espaço

Nasa desenvolve método de "enterro" para o caso de uma morte 

durante a longa missão até Marte

André Julião
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DESTINO
Uma missão a Marte pode durar até três anos
Com os planos da Nasa – além dos anunciados pelas agências espaciais europeia, russa e chinesa – de enviar uma missão tripulada até Marte por volta de 2030, a morte no espaço se tornou uma possibilidade factível. São pelo menos sete meses de viagem só para chegar até o planeta vermelho. Somados a volta e o tempo de permanência em solo marciano, são até três anos de jornada. O que fazer com o corpo de um tripulante que morrer no trajeto? O casal de ecologistas suecos Susanne Wiigh-Mäsak e Peter Mäsak desenvolveu um método alternativo ao enterro e à cremação – procedimentos impossíveis fora da Terra.

A tecnologia, batizada de Promessa, consiste em congelar o corpo, quebrá-lo em pequenos pedaços e então evaporar toda a água até que reste apenas um pó. De volta à Terra e sepultado, o que sobra se decompõe em até um ano e meio e pode servir como adubo para uma árvore ou arbusto em memória do morto. O método de sepultamento ecologicamente correto foi criado há dez anos – completados nesta semana – mas só recentemente foi adaptado, em parceria com a Nasa, para ser usado em missões espaciais.

Enquanto aqui na Terra usa-se nitrogênio líquido a 196oC negativos para congelar o corpo, no espaço ele é simplesmente colocado num caixão dobrável e posto para fora da nave com a ajuda de um braço mecânico. Uma hora é suficiente para que ele congele (leia detalhes no quadro abaixo). “Como a viagem para Marte só deve ocorrer por volta de 2030, teremos tempo para aperfeiçoar e simplificar o processo”, diz Peter Mäsak. “Não se pode deixar um corpo no espaço, ele pode colidir com algo e causar acidentes. Tampouco se pode enterrá-lo, ou, simplesmente, deixá-lo em outro planeta, contaminando o meio ambiente”, explica. A cremação também é impossível, já que não existe fogo sem oxigênio, gás inexistente no espaço.

Além de todo o processo tecnológico, um ritual fúnebre que se aproxime ao máximo dos que ocorrem em Terra consta no procedimento da Nasa. No espaço, porém, tudo não deve durar mais que 24 horas, para evitar o risco de contaminação da tripulação. Trazer os restos mortais de astronautas de volta é também uma forma de respeito à família, tradição e religião, entre outros fatores. Vale lembrar que, mesmo na guerra, o morto é levado para casa quando possível. Segundo especialistas, é importante que parentes e amigos tenham os restos mortais presentes, a fim de lidarem com o luto. 
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2010, o segundo ano mais quente desde o final do 

século XIX

A temperatura média da Terra foi, em 2010, cerca de 0,62 grau 

mais quente do que a média do século XX

AFP
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O ano de 2010 foi o segundo mais quente desde o final do século XIX, segundo indica um relatório da Agência Atmosférica e Oceanográfica americana (NOAA), o que confirma o aquecimento do planeta.
A temperatura média da Terra foi, em 2010, cerca de 0,62 grau mais quente do que a média do século XX. O ano 2010 se situou, assim, atrás de 2005, considerado o ano mais quente desde que as temperaturas começaram a ser registradas em 1880.
Vários fenômenos meteorológicos sazonais muito conhecidos, como El Niño, uma corrente quente, tiveram uma influência considerável sobre o clima durante todo o ano, segundo os autores do estudo.
Este informe anual, realizado em coordenação com a Sociedade Americana de Meteorologia (AMS), é uma recompilação de observações e medidas feitas por 368 cientistas em 45 países.

Como desatar esse nó

A tecnologia está aí, mas a falta de incentivos fiscais e o lobby do 

etanol travam a chegada dos carros verdes ao Brasil

Larissa Veloso e Hélio Gomes
Assista ao vídeo e embarque com a reportagem de ISTOÉ Online para uma volta no Nissan Leaf :
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TOMADA
O cabo que alimenta as baterias do Nissan Leaf
(ao fundo), modelo que  só veio ao Brasil de visita
Na última semana, a reportagem de ISTOÉ viveu horas na pele de um alienígena. A bordo de um Nissan Leaf, modelo movido a baterias de lítio com emissão zero de CO2 na atmosfera, nossa equipe foi alvo de olhares curiosos, dedos apontados e conversas ao pé do ouvido. Afinal, não é todo dia que um carro 100% elétrico roda por São Paulo. Até aí, tudo bacana. O problema é que, muito provavelmente, os veículos mais limpos do mundo nunca deixem de ser como naves de outro planeta por aqui. Graças a uma disputa política e econômica, eles correm o sério risco de jamais chegar às nossas lojas.

“O maior receio do governo é que os elétricos matem o etanol”, diz Fábio Maggion, supervisor de engenharia e planejamento da Mitsubishi Motors no Brasil, que chegou a importar alguns carros do modelo MiEV em 2010. Não há como negar a importância de uma das principais matrizes energéticas brasileiras, um dos músculos da nossa economia e a alternativa limpa brasileira aos combustíveis fósseis. Mas impedir que o consumidor – em especial, aquele preocupado com a questão ambiental – tenha acesso a uma tecnologia totalmente limpa pode ser um erro grave.

A principal trava no caminho dos 100% elétricos no País é econômica. Como ainda são muito mais caros do que os automóveis convencionais, eles dependem de incentivos – sobretudo fiscais – para se tornar vendáveis. Nos EUA, na Europa e na Ásia, um número cada vez maior de governos toma atitudes nesse sentido. Por aqui, ainda nada foi planejado (leia abaixo). “O lobby pelo etanol é forte demais”, diz Chris Paine, diretor do documentário “Quem Matou o Carro Elétrico?”.
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DERRAPOU
Lula guiou um elétrico em 2010, mas apoio não saiu
Qual seria a alternativa? “A melhor opção são os híbridos”, diz Pietro Erber, diretor da Associação Brasileira de Veículos Elétricos. Ele cita os modelos que rodam com motores a combustão e elétricos. A tecnologia é sucesso fora do Brasil há anos. Apenas o Toyota Prius, que roda com gasolina, já alcançou a marca de um milhão de unidades vendidas nos EUA. O importado Ford Fusion Hybrid chegou ao Brasil em outubro de 2010, mas a alternativa continua um luxo para poucos. Enquanto os americanos pagam cerca de R$ 45.000 pelo modelo, os brasileiros desembolsam proibitivos R$ 134.000.

Resta saber se essa disparidade de preços impulsionará uma corrida pelo primeiro – e bem mais barato – modelo comercial made in Brazil movido a eletricidade e álcool. Em recente evento, o ministro Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, afirmou que o “etanol elétrico” é promissor. Enquanto isso não ocorrer, os elétricos devem continuar a vir ao País apenas a passeio. Uma iniciativa que ao menos mostra como a inovação pode fazer muito bem a uma das indústrias mais poluidoras. “Montar uma fábrica e criar modelos elétricos foi uma decisão tomada há quase dez anos”, diz Murilo Moreno, diretor de marketing da Nissan. 
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