A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 10 de julho de 2011

A Semana na Ciência


Faxina no passado

Americanos voltam ao Vietnã para eliminar o Agente Laranja do 

solo, um dos tristes legados da guerra encerrada há 35 anos

André Julião
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ALERTAS 
Agentes vietnamitas demonstram como será o trabalho de limpeza em Da Nang
A Guerra do Vietnã permanece viva no ambiente daquele país. Mais de três décadas após o fim do conflito, só agora os EUA põem em prática um plano, junto com o governo vietnamita, para tentar sanar os danos ambientais causados pelo Agente Laranja, veneno usado para derrubar as folhas das árvores durante o conflito. Era assim que os americanos tiravam dos vietcongues uma das poucas vantagens que tinham no combate: os esconderijos. E acabavam ainda com as plantações, tirando o alimento do inimigo.

O Agente Laranja foi criado como um regulador de crescimento de plantas, fazendo-as florescer mais cedo. Em grandes quantidades, porém, fazia as folhas caírem. Quando jogado no ar por aviões, o produto – cujo nome deriva da cor dos galões em que era estocado na guerra – matava todo tipo de vegetação, destruindo inclusive raízes. Sem elas para segurar o solo, as chuvas carregavam boa parte da terra. Espécies invasoras de grama cresceram, impedindo que a vegetação nativa voltasse. Mas o mal não acabou junto com o combate, pois grandes quantidades de dioxina, um dos componentes do veneno, continuaram no ambiente.

Especialistas consideram esse um dos piores legados do Agente Laranja. A Cruz Vermelha estima que mais de três milhões de vietnamitas já tenham sofrido com problemas de saúde relacionados à substância, além de centenas de milhares de soldados americanos que lidaram com o veneno durante a guerra. Os danos causados vão de doença de Parkinson até diferentes tipos de câncer (leia quadro acima). Em 1984, uma ação coletiva na corte americana fez com que sete empresas que produziram Agente Laranja pagassem um total de US$ 180 milhões (R$ 281 milhões) em indenizações a 291 mil pessoas, principalmente veteranos do conflito.
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ATAQUE
Lançado no ar, o veneno laranja destruía árvores e plantações
O trabalho de limpeza deve se iniciar no começo do ano que vem na antiga base dos EUA em Da Nang, na parte central do Vietnã, onde a arma química era armazenada. Além da retirada da dioxina, minas não detonadas também serão removidas. Outras bases americanas a serem descontaminadas – Bien Hoa e Phu Cat, no sul do país – foram identificadas como locais em que o veneno era misturado, estocado e carregado nos aviões durante a guerra, fazendo com que a dioxina escoasse para o solo e o lençol freático.

Virginia Palmer, embaixadora interina dos EUA em Hanói, lembrou que este é um grande passo para os dois países. “Como disse a Secretária de Estado Hillary Clinton quando visitou o Vietnã, em outubro, a dioxina no solo é ‘um legado do passado de dor que compartilhamos’. A ação que vamos empreender aqui, com nossas duas nações trabalhando unidas para limpar o local, é sinal de um futuro de esperança, a ser construí­do em conjunto”, disse. O projeto deve custar pouco mais de R$ 50 milhões e vai remover a dioxina de 29 hectares de terra. Em 2009, uma empresa ambiental canadense detectou níveis do material 300 a 400 vezes acima do que os limites reconhecidos internacionalmente como toleráveis. 
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