A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ora (dires) ouvir estrelas

Flash solar reg

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso"! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...


E conversamos toda a noite, enquanto

A via láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas". 
(Olavo Bilac)


Neste último domingo, dia 13 de fevereiro, o SDO - Solar Dynamic Observatory da NASA registrou na faixa de ultravioleta um intenso flash de uma explosão solar voltada para a Terra (veja foto acima). Isso quer dizer que radiação eletromagnética e partículas emitidas nesta explosão solar foram arremessadas para cá. O encontro com o nosso planeta é inevitável.
Mas a grande pergunta é: dá para saber quanto tempo depois do flash radiação e partículas chegarão na Terra?

A resposta é sim. E vamos calcular. Nem é complicado. Usaremos a ideia de velocidade média: Vm = ΔS/Δt.

Isolamos Δt na expressão acima e encontramos: Δt = ΔS/Vm
  • Para a radiação eletromagnética
    Esta radiação viaja entre o Sol e a Terra (ΔS = 150.000.000 km, aproximadamente) com a velocidade da luz no vácuo (c = 300.000 km/s, valor também aproximado). 
    Logo: 
    Δt = ΔS/V= 150.000.000 km / 300.000 km/s = 500s.
    Em minutos teremos: Δt = 500s / 60 s/min = 8,33 min. Ou seja: demora cerca de 8 min e 20s para esta radiação atingir a Terra.
E exatamente 8 min e 20s depois do flash, radioamadores na faixa terrestre em que era dia captaram (e ouviram) esta radiação chegando em suas antenas na faixa de 19 a 21 MHz (ondas curtas).

Ouvir estrelas? Não perdi o senso. E vos direi que para ouvr o Sol, nossa estrela, é só clicar aqui! Ruídos eletromagnéticos convertidos em sons por um aparelho de radiofrequencia (por Thomas Ashcraft, radioamador do Novo México, Estados Unidos. Link de SpaceWeather.com. Arquivo em mp3).
  • Para as partículas ejetadas do Sol, também chamadas de Vento Solar
    A velocidade média do vento solar varia entre V=  400 km/s e V=  800 km/s que também viaja entre o Sol e a Terra (ΔS = 150.000.000 km, aproximadamente). 
    Assim: 
    Δtmin = ΔS/V= 150.000.000 km / 400.000 km/s = 375000s = 104 h = 4,3 dias.
    Δtmáx = ΔS/V= 150.000.000 km / 800.000 km/s = 187500s = 52 h = 2,1 dias.
Entre dois e quatro dias as partículas ejetadas do Sol, portadoras de carga elétrica, vão chegar na Terra. Como o evento (flash) aconteceu neste domingo, 13 de fevereiro, as primeiras partículas solares devem atingir a Terra hoje, terça-feira, 15 de fevereiro. E este "sopro" solar deve durar até quinta-feira.

E o interessante é que estas partículas carregadas atingem o campo magnético terrestre numa direção tal(*) que são "capturadas" e entram numa trajetória helicoidal formando o Cinturão de Van Allen, descoberto pelo físico americano James Alfred Van Allen (1914-2006) em 1958. De certa forma, o campo magnético terrestre funciona como um escudo protetor que impede estas partículas de viajarem pela atmosfera da Terra atingindo a superfície do planeta. No entanto, mais próximo aos pólos magnéticos da Terra (mais ou menos nas regiões polares geográficas), as partículas carregadas penetram na atmosfera e interagem com os átomos provocando o fenômeno da excitação, ou seja, colidem com elétrons que "ganham" energia saltando para camadas mais energéticas (mas instáveis). Os elétrons, por causa da instabilidade, acabam retornando para o nível energético original "devolvendo" a energia que receberam na forma de um fóton, um "pacote" de energia que para o oxigênio e o nitrogênio encontram-se na faixa de luz visível. Desta forma a atmosfera "acende", ou seja, emite luz provocando o belíssimo fenômeno das Auroras (Boreais, no hemisfério norte, e Austrais, no hemisfério sul).    

Como o hemisfério norte, mais perto da região polar, é mais populado do que a região polar sul, os privilegiados moradores destas regiões de latitudes altas podem observar as incríveis Auroras Boreais.

Potanto, entre hoje (terça-feira, 15 de fevereiro) e depois de amanhã (quinta-feira, 17 de fevereiro) existem alertas de Aurora Boreal. Não podemos vê-las ao vivo aqui no Brasil. Estamos muito longe dos pólos da Terra. Mas ficamos esperando fotos (como esta logo abaixo) e vídeos que com certeza estarão disponíveis pela internet.
LundeImages.com (in SpaceWeather.com)



Aurora Boreal no norte da Noruega (clique para ampliar noutra janela) 

Um site bacana com muitas imagens de Auroras Boreais é o Aurora Hunters. Consulte a aba Gallery. Imagens e vídeos incríveis! No SpaceWeather.com também existe uma galeria de fotos de Auroras Boreais em constante atualização. Clique aqui para abrir a página mais recente. E depois "volte no tempo". Vasto material, desde 2002.

:: A origem desta atividade solar do último domingo
A explosão solar regisrada no domingo passado teve origem na mancha solar 1158 (veja imagem abaixo) que já vinha sendo monitorada.

Clique para abrir gif animado

Clique na imagem acima para abrir noutra janela um gif animado (1024 pixels X 184 pixels ~2,1 Mb) que mostra a evolução temporal desta mancha solar que cresceu rapidamente até o flash (explosão, no domingo). O filminho resume em poucos segundos o que aconteceu ao longo de aproximadamente dois dias.


Fonte : Prof. Braz JR.


CURIOSIDADE DO DIA
Por que não conseguimos provocar cócegas em nós mesmos?



Uma sessão de "tortura" de cócegas pode causar risos intermináveis e descontrolados, alguns sentem até falta de ar e entram em pânico. Todas as pessoas têm "aqueles" lugares que são proibidos de tocar. No entanto, não conseguimos provocar cócegas em nós mesmos, não é verdade? Você sabe por que isso acontece?
»De acordo com o livro 'Oh dúvida cruel', a capacidade de prever as conseguencias das nossas ações faz o cérebro reagir diferentemente a um autoestimulo. Ou seja, se você sabe que vai sentir cócegas, pois é você mesmo quem está provocando, deixa de senti-las.
Segundo alguns estudos, acredita-se que uma região do cérebro, o cerebelo, seja responsável por prever as conseguencias dos nossos próprios movimentos. Neste caso, o cerebelo detecta sinais para cancelar as respostas sensoriais interpretadas como cócegas, quando 
produzidas pela própria pessoa.






TRAILER DO DIA



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