A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 16 de janeiro de 2011

A semana na Ciência

A semana 1 - Passado submerso

Maior levantamento já realizado sobre os naufrágios na costa brasileira revela histórias curiosas sobre seis séculos de navegação no País


CAMAQUÃ
A corveta escoltou mais de 700 navios durante a Segunda
Guerra. Sucumbiu a uma onda gigante em 1944
 

Repousam no fundo do mar, na extensa costa brasileira, cerca de 20 mil carcaças de navios, transatlânticos, cargueiros e galeões que sucumbiram em desastres marítimos nos últimos seis séculos. Deste vasto ferro-velho submarino, 1.895 embarcações (ou o que restou delas) são conhecidas e catalogadas pela Marinha, e hoje constituem verdadeiros santuários ecológicos, hábitat natural de uma centena de espécies marinhas e pontos turísticos que atraem aventureiros de todo o mundo. Muitos desses navios guardam histórias trágicas ou permanecem mergulhados em grandes mistérios. Com o objetivo de investigar e trazer à tona a trajetória desses soçobros, o pesquisador José Carlos Silvares – expert no tema –, um grupo de mergulhadores especializados em naufrágios e o fotógrafo subaquático Fernando Clark viajaram o País ao longo de dois anos para recolher informações e captar imagens inéditas, agora reunidas na publicação “Naufrágios do Brasil – Uma Cultura Submersa” (Editora CulturaSub).

Um dos precursores nessa área é Carlos Alfredo Ha­blitzel, responsável pelo Museu Histórico e Naval de São Vicente, no litoral paulista, pioneiro no Brasil da pesquisa histórico-subaquática. A mergulhadora especializada em naufrágios Ana Carolina Xavier, que viaja o mundo para conhecer navios submersos, afirma que há uma lacuna no Brasil no que diz respeito ao contexto histórico dessas tragédias marítimas. “É comum você visitar um naufrágio e ir embora sem ter nenhuma informação sobre como ele aconteceu, quando e por quê”, diz ela. O livro resgata o que aconteceu em 35 casos, escolhidos pelo interesse histórico e arqueológico. O transatlântico Príncipe das Astúrias, que afundou na região de Ilhabela (SP) em 1916, é considerado ainda hoje o “Titanic brasileiro”. Cerca de 600 pessoas morreram, entre elas Luis Descotte, avô do escritor argentino Julio Cortazar. 

Durante os séculos XIX e XX, Ilhabela era uma espécie de Triângulo das Bermudas, isso em razão da atração exercida pelo grande bloco rochoso do arquipélago nos controles náuticos. “A região atraiu mais naufrágios que outras. Ali ocorreram mais de 20. Mas Ilhabela é a metade do caminho da rota entre Rio de Janeiro e Santos, dois dos mais importantes portos desde a época do império e, portanto, uma área de grande movimentação marítima”, diz Silvares. Recife, Salvador, Florianópolis e a entrada de Rio Grande são as regiões onde mais ocorrem acidentes por causa do grande número de ilhas e arrecifes. Outra história curiosa, que envolve a disputa amorosa entre dois marinheiros, é a dos navios Bahia e Pirapama, que se chocaram em 24 de março de 1887, perto do Recife. O primeiro vinha do Ceará e o outro saía do Recife, em direção ao Norte. O imediato do Bahia percebeu que as duas embarcações estavam em rota de colisão e avisou com sinais sonoros, mas não deu tempo de reverter o acidente. Das 200 pessoas a bordo do Bahia, 52 morreram. Uma das causas alardeadas na época é de que os capitães dos navios eram desafetos e vinham disputando o amor de uma mesma mulher. E a colisão teria sido proposital. O comandante do Pirapama foi preso sob a acusação de ter provocado o acidente. Tornou-se o vilão da história. A tragédia virou poesia escrita por Manoel Segundo Wanderley.





A semana 2 - Tempestades no deserto

Acredite se quiser: suíços afirmam que conseguiram fazer chover nos Emirados Árabes Unidos em pleno verão


MIRAGEM ?
Mantido em segredo, o projeto teria
levado água fresca ao deserto de Al Ain
 

Segundo informações divulgadas por uma empresa de tecnologia suíça na semana passada, algo impensável aconteceu no deserto de Al Ain, nos Emirados Árabes Unidos, entre julho e agosto do ano passado. Em pleno verão, época em que a estiagem assola a região ao longo de pelo menos dois meses, 52 tempestades – com direito a raios e trovoadas – foram registradas pelos meteorologistas. O feito, mantido sob sigilo até agora, causou estranhamento na população local. Ele seria resultado do sucesso de uma tecnologia especialmente encomendada pelo presidente do país, o xeque Khalifa Bin Zayed Al Nahyan.

Já patenteado pelos suíços da Meteo Systems, o invento se baseia nas propriedades de partículas carregadas eletricamente (leia quadro abaixo). Quando lançadas no ar quente do deserto por torres que parecem com o “esqueleto” de guarda-chuvas, elas são capazes de subir pela atmosfera, concentrando minúsculas gotas d’água em torno da poeira que paira na região. As nuvens – e as chuvas – são consequência natural do processo. Para que tudo dê certo, é necessário que a umidade do ar alcance ao menos 30%. 
De acordo com os cientistas responsáveis pelo experimento, cinco campos com 20 torres cada já estão em operação perto de Abu Dhabi, capital do país localizado no Oriente Médio.

O segredo em torno do projeto e a inexistência de documentação que comprove sua eficácia levantaram suspeitas na comunidade científica. Apesar das críticas, ao menos um pesquisador de renome deu o seu aval. “Estamos perto de aumentar o acesso à água potável para todos, mesmo em tempos de mudanças climáticas”, disse Peter Wilderer, diretor de estudos sobre sustentabilidade da Universidade de Munique (Alemanha) e uma das supostas testemunhas oculares do experimento. Seja como for, o invento pode significar uma reviravolta sem precedentes para nações que sofrem com a falta d’água para o abastecimento humano e a agricultura. Enfim, tudo indica que o homem fez chover.




A semana 3 - Telescópio Planck envia resultados e anima cientistas

Instrumento é fruto de 20 anos de pesquisa e pode ajudar a desvendar grandes estruturas do espaço


O satélite Planck, lançado em busca dos sinais da primeira luz que surgiu no Universo após o Big Bang, também recolheu dados sobre os objetos mais frios do céu - o que é considerado uma mina de ouro para os cientistas.
Lançado em maio de 2009 e implantado em órbita a 1,5 milhão de quilômetros da Terra com o objetivo de analisar a radiação fóssil, rastro agora frio que o Universo deixou de sua juventude, o satélite Planck foi "concebido" para detectar também outros objetos muito frios, informou nesta terça-feira à imprensa Jan Tauber, cientista da Agência Espacial Europeia (ESA).
Um catálogo de 15 fontes compactas muito frias foi estabelecido a partir do mapa do céu realizado por Planck desde a metade de 2009, um verdadeiro "baú de tesouros" para os astrônomos, que poderão se dedicar ao estudo destes objetos celestes, incluindo 30 novas nebulosas de galáxias. "Poderemos fazer muita ciência com isso", disse.
Para os cientistas da "colaboração Planck", reunidos de 10 a 14 de janeiro em Paris, "é um grande dia, ainda que seja difícil para nós transmitir a emoção que sentimos", afirmou. No total, 25 estudos científicos são publicados paralelamente na revista científica Astronomy and Astrophysics.
Diferente de outros instrumentos de observação que estudam uma estreita região do céu, Planck já varreu por diversas vezes a abóbada celeste e permanecerá trabalhando por mais um ano, o que deve permitir que estabeleça mapas completos. Uma das tarefas que o telescópio tem superado é remover uma "névoa" de emissões de micro-ondas - um brilho difuso que durante décadas tem distorcido a visão de regiões empoeiradas do espaço profundo.
Os dados coletados pelo Planck confirmam a teoria de que a "névoa" vem dos grãos em escala nanométrica espalhados ao rodopiar várias dezenas de bilhões de vezes por segundo, por colisão com átomos em grande movimento ou com raios de luz ultravioleta. "É uma máquina para todo o céu, o que nos dá a possibilidade de fazer estatística", disse Tauber, lembrando que o satélite Planck, fruto de cerca de 20 anos de trabalho científico, está antes de tudo destinado a descobrir os segredos da origem e da formação das grandes estruturas do Universo.
Para compreender como se formaram as estrelas e as galáxias após o Big Bang, os astrônomos tentam encontrar na radiação fóssil o rastro dos primeiros germes de matéria que permitiram sua criação. Cerca de 380 mil anos depois do Big Bang, o universo, que era até então uma fogueira tão opaca como o interior do sol, se esfriou de forma suficiente para que se formassem os primeiros átomos de hidrogênio neutro: os primeiros fótons (grãos de luz) puderam escapar, a luz surgiu pela primeira vez neste universo que se tornou transparente.
Emitida a uma temperatura de aproximadamente 3 mil graus, esta primeira luz fóssil que banha todo o espaço é agora uma radiação cósmica ultrafria (-270ºC) cujas ínfimas flutuações podem informar sobre a infância do universo. Invisível a olho nu, é detectado no comprimento de onda milimétrica.
Estes fotóns fósseis que viajaram mais de 13 bilhões de anos antes de chegar à Terra podem conservar o rastro de sua passagem através das nebulosas ou supernebulosas de galáxias, o que permitiu detectar a presença de cerca de 30 nebulosas até então desconhecidas. Uma nebulosa pode agrupar centenas e até milhares de galáxias, que contêm cada uma milhares de estrelas.
Com o objetivo de realizar, em 2013, um novo mapeamento preciso da radiação cósmica de fundo, os astrônomos devem primeiro contabilizar com precisão os outros brilhos de comprimento de onda similar (objetos celestes frios, poeira) que podem ser confundidos com ele. A grande ferramenta do Planck é um telescópio de 1,5 metro de comprimento que concentra a radiação em dois conjuntos de detectores, que são refrigerados a quase zero absoluto. Seu nome é em homenagem ao físico alemão Max Planck, fundador da teoria quântica.


A semana 4 - A tecnologia não detém a chuva, mas pode evitar mortes

Novo supercomputador de R$ 50 milhões começou a funcionar há duas semanas no Inpe



PREVISÃO
Técnicos do Inpe na central de
Cachoeira Paulista (SP)

 
Desde a última semana do ano passado, um computador de última geração é o responsável por grande parte do trabalho do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC / Inpe). Batizado de Tupã em homenagem à divindade indígena responsável pelos trovões, a máquina de R$ 50 milhões processa em minutos o volume de dados que um computador normal administraria em dois meses. Informações como temperatura, umidade do ar, pressão atmosférica e velocidade do vento, fornecidas por uma rede global de satélites, geram previsões com dez dias de antecedência para qualquer região do mundo – informações já usadas com precisão por setores como o do agronegócio.
Apesar de não controlar as tempestades, Tupã será nosso maior mecanismo de alerta para evitar novas tragédias. Para isso, no entanto, é preciso que ele esteja constantemente conectado a instrumentos mais finos, tais como os radares meteorológicos. Essas máquinas podem fazer a previsão do clima em tempo real e dizer com exatidão o volume de chuvas que irá cair. Dessa maneira, poderiam prever as tempestades com precisão de horas para que as áreas de risco sejam evacuadas em caso de perigo. De acordo com o Inpe, existem cerca de 20 radares espalhados pelo Brasil, principalmente em aeroportos. “Mas não há uma rede que interligue essas informações aos institutos de pesquisa”, diz Luiz Augusto Toledo, coordenador do CPTEC.
Na prevenção de deslizamentos como os da semana passada, porém, ainda é preciso levar em conta a análise do solo. Isso porque cada tipo de rocha e de matéria orgânica absorve a água de maneira diferente. “Para prever se um morro pode desabar, por exemplo, primeiro preciso conhecer detalhadamente a composição das áreas, para então saber qual volume de chuva representa risco para o local”, explica Paulo Etchichury, pesquisador da Somar Meteorologia. Na avaliação do especialista, é preciso que dados geológicos e climáticos sejam monitorados 24 horas por dia e que a população seja treinada para agir em caso de desastre. “Isso já acontece em países que são constantemente atingidos por terremotos, como o Chile e o Japão. Por que não no Brasil?”, questiona.



Clique para ampliar

CURIOSIDADE DO DIA  
Qual a diferença entre um asteroide e um cometa? 


Um asteroide é um corpo composto por minerais e metais que orbita no Sistema Solar. Já o cometa é uma bola de poeira e gelo, embora também contenha rocha em sua composição, que se forma no Cinturão de Kuiper ou na Nuvem de Oort.
Normalmente, os asteroides ficam em órbitas bem definidas e estáveis, concentrados entre as órbitas de Marte e Júpiter. Esta região é conhecida como Cinturão de Asteroides. Com formato irregular, a maioria dos asteroides tem cerca de 1 km de diâmetro - mas alguns podem chegar a centenas de quilômetros.
Os cometas também orbitam o Sol, mas têm órbitas muito maior do que a dos asteróides, que são geralmente mais elípticas. Conforme os cometas se aproximam do sol, a energia solar começa a evaporar o gelo, criando a sua cauda característica.
Um dos cometas mais famosos é o Halley. Ele foi identificado como cometa periódico em 1696 por Edmond Halley. Aproximadamente a cada 76 anos, o cometa Halley orbita em torno do Sol. Sua próxima aparição está prevista para 29 de julho de 2061.

TIRINHA DO DIA






Nenhum comentário:

Postar um comentário