A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 23 de janeiro de 2011

A semana na Ciência

A semana 1 - Conexão sem fio

Quem são, o que pensam e como se comunicam os participantes da Campus Party, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, que reuniu nerds de todo o País em São Paulo

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ESPAÇO
Os gaúchos que criaram um simulador
apreciado pela Nasa


Durante uma semana, o gaúcho Kaíque Slongo, 11 anos, esteve no paraíso. Participante da quarta edição da Campus Party no Brasil, em São Paulo, ele pôde dedicar dias inteiros à sua grande paixão: os games. Vindo da cidade de Tapejara, no Rio Grande do Sul, Kaíque chegou à capital paulista depois de 15 horas dentro de um ônibus, acompanhado da irmã mais velha, que trabalhou para o evento – o maior do mundo sobre “inovação, ciência, criatividade e entretenimento digital”. Para alguém de fora desse mundo, a Campus Party não vai muito além disso: um encontro de aficionados por internet, computação e games. Para quem participa, porém, é uma oportunidade de encontrar pessoalmente amigos de outras partes do País e conhecer novas pessoas com os mesmos interesses.

É também o evento em que celebridades da web e especialistas compartilham suas experiências em palestras e workshops. Com isso, acaba atraindo tipos variados de nerds, com objetivos bem distintos. O estudante Bruno Carvalho, 20 anos, foi até lá para competir. Ele é adepto do modding – customização da CPU dos computadores, parte onde ficam os principais componentes da máquina. Há apenas cinco meses praticando o hobby, Bruno impressionou os visitantes com um boneco do Hulk que carrega placas, chips e fios enquanto pisa sobre um “prédio” de madeira e porcelana. “Independentemente do campeonato de modding, eu queria estar com pessoas que têm o mesmo interesse”, diz o universitário, que cursa licenciatura em informática em Aracaju, onde vive.

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FORÇA VERDE Bruno Carvalho e
seu computador disfarçado de Hulk
 

Há quem tenha viajado ainda mais para chegar ao evento. O mineiro Adir Magno de Souza vive há dez anos no México. Ele participou de duas edições da Campus Party naquele país e acredita que há uma diferença fundamental entre os participantes daqui e de lá. “No México, existe uma preocupação maior em adquirir conhecimento. As pessoas vão para assistir às palestras”, diz. “Aqui eu vejo cada um no seu computador navegando, baixando arquivos.”

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ESPAÇO
Os gaúchos que criaram um simulador apreciado pela Nasa
 

Um dos coordenadores da área de mídias sociais do evento, Alexandre Inagaki vai além. “Assim como em casa, há quem entre na internet apenas para ver pornografia, aqui tem gente que veio só para uma palestra, ou para ficar jogando, ou ainda para programar em paz”, diz. “É um reflexo do que é a internet: pessoas diferentes com interesses diferentes”, analisa.

Além dos patrocinadores, que usam o evento para promover suas marcas, empresas que, no resto do ano, têm uma divulgação tímida também se aproveitam do evento. O analista de mídias sociais Heitor Ramon Ribeiro, por exemplo, trabalha para uma loja de games em Brasília. Durante o encontro, proporcionou a quem passava pela sua mesa a oportunidade de jogar o game Guitar Hero, no qual o jogador usa um controle no formato de guitarra. A estrutura era simples: um videogame e um computador. Além disso, ele postava constantemente no Facebook e no Twitter notícias do evento sob a perspectiva da empresa. “Foi uma maneira divertida de falar de games e da loja”, afirma.

No meio de tanta gente com tantos interesses, havia mesmo quem simplesmente passasse um tempo espairecendo depois de perder o emprego. “Fui demitida pouco antes de começar a Campus Party e vim para cá com alguns amigos”, disse a ilustradora Veridiana Cantelmo, de São Paulo. De cabelo roxo e cercada por homens vestidos de preto com personagens diabólicos na tela do computador, ela se revezava entre jogar e falar com outros “campuseiros” – como são chamados os participantes – pelo Twitter. Para encontrar alguém, nada de sair a pé procurando. “O que a gente precisa posta aqui e, rapidinho, alguém responde.” Retrato perfeito de uma geração.

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CONTATO Veridiana Cantelmo se
comunicou pelo Twitter no evento


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TIRINHA DO DIA


CURIOSIDADE DO DIA

Como cães e gatos foram domesticados?


Segundo o velho ditado, "o cão é o melhor amigo do homem". E não é por acaso. O cachorro foi o primeiro animal a ser domesticado pelos humanos. Mas quando isso ocorreu?

Segundo a veterinária e especialista em comportamento animal Ceres Faraco, "há indícios arqueológicos de que a domesticação tenha iniciado no período da era glacial, há cerca de 500 mil anos. A motivação inicial parece ter sido a caça compartilhada, pois a parceria com os cães facilitava a busca das presas".
Um conjunto de fatores justifica a escolha dos nossos antepassados por esta espécie e é provável que tenham ocorrido tentativas para domesticar outros animais, mas que não obtiveram êxito. "Para alcançar a domesticação, primeiramente é necessário um marcante comportamento social e gregário do animal, além da habilidade em estabelecer vínculos e capacidade de interagir socialmente durante todos os períodos do ano, e não apenas em algumas estações", explica Faraco.
Além disso, houve uma adaptação evolutiva com resultados anatômicos e comportamentais. Estudos já realizados sobre a sequência genética canina mostram que existem diferenças significativas entre o cão doméstico e o seu antecessor, o lobo. Estas divergências são evidenciadas nas características que permitem identificar com facilidade se um crânio, por exemplo, pertenceria a um lobo ou a um cão.
No entanto, apesar dessas diferenças, é possível estabelecer paralelos comportamentais. "Muitos aspectos do comportamento expresso pelo lobo são reconhecidos também nos cães e recordam sua origem selvagem. Um exemplo é a posição típica e tensa de cães na caça, que nada mais é do que uma herança do seu passado lupino. Assim, quando um cão espreita um alvo, ele se detém no momento que o detecta. Assume por instantes uma postura de tensão nervosa típica, que pode ser percebida pela elevação e tensão de uma das patas anteriores, para permitir a realização de um salto brusco, ou levar o predador a avançar lentamente", diz a especialista.

Felinos 


No caso dos gatos domésticos, o antecessor é o Felis silvestris, o gato selvagem. A divergência genética entre ambos é tão pequena que poderia ocorrer até mesmo entre dois gatos domésticos. Por consequência, a distinção anatômica entre o gato selvagem e o doméstico não é tão evidente como ocorre com os cães. Então, como ocorreu a domesticação dos gatos por parte dos humanos?

"A domesticação desses felinos ocorreu quando as populações humanas abandonaram a vida nômade e se fixaram nas margens do Rio Nilo. É nesse contexto que os gatos iniciam uma convivência próxima e desejável com as pessoas, pois impediam que roedores invadissem os locais para armazenamento de alimentos", explica Faraco.
Outra curiosidade relacionada ao processo evolutivo do gato doméstico e que o distingue das demais espécies de animais de estimação consiste no fato que os antecessores das demais espécies - incluindo a canina - tendem à extinção. Porém, o antecessor felino selvagem continua prosperando, sobrevivendo e se reproduzindo normalmente.
"No caso dos gatos, mistérios não faltam. Estes felinos de olhos brilhantes e caminhar silencioso foram considerados deuses e são constantemente fontes de superstição, assombro e imensa admiração", opina a veterinária, que não acredita que animais já domesticados possam voltar a ser selvagens, apesar de uma possível mudança brusca de comportamento.
"Ainda que se admitisse a vida destes animais de estimação sem supervisão humana, o que ocorreria seria uma adesão a outro tipo de vida e de padrão comportamental que caracteriza os animais reconhecidos como ferais. Esses são cães e gatos independentes e irrestritos e tendem a constituir grupos que permanecerem afastados dos aglomerados humanos. Os animais ferais sobrevivem à custa de resíduos dos alimentos humanos dispersos na periferia das cidades e de caçar pequenas presas. Têm por característica uma alteração comportamental adaptativa, que é a expressão de agressividade extrema, inclusive sendo mais acentuada que a dos animais de vida selvagem", completou Faraco.






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